domingo, 28 de fevereiro de 2016

O AUTISTA






Hoje não me sinto só, realmente nunca estive, mas não conseguia sentir a presença de ninguém. 
Quantos tentaram chegar perto de mim e eu simplesmente não permitia tal aproximação.
Sempre gostei de ficar sozinho e ia para um mundo onde eu era eu somente, ali eu ficava a brincar, estudar e muitas das vezes a morar, pois ficava nesta situação por dias, entregue aos meus pensamentos.
Meus pais estavam preocupados comigo, sou de uma família grande, eu tinha quatro irmãos e todos viviam de acordo com as convicções da vida, todos estudavam, brincavam com amiguinhos e ficavam sempre ligados nos acontecimentos familiares e corriqueiros. 
Eu não vivia só e sozinho ficava, as  vezes eu pegava um brinquedo e ficava com ele por hora, mas sempre no meu mundo, um mundo onde só existia eu, somente eu.
Meus pais já não aguentava mais ver aquele menino tão bonito e inteligente, pois possuía um QI muito elevado, não tinha nenhuma dificuldade com os números, mas gostava de viver no seu mundo sozinho.
Visitei vários médicos, possuía um distúrbio, mas eles não sabiam qual, e principalmente como lidar. 
E eu ali vivendo no meu mundo sozinho, eu não conseguia explicar que eu estava feliz, pois eu estava num lugar onde eu queria estar, que eu havia criado e era o meu mundo.
Um dia minha mãe já muito angustiada de não poder me ajudar, pois havia crescido e virado um homem, um homem que não deixou de viver no mundo que eu gostava de ficar. 
Ela ficou me olhando e tentando entender, onde um rapaz como eu poderia estar, onde sua cabeça o levava e ele ficava por horas e dias em estado de plena fixação e disse: eu tenho que achar um profissional que vai ajudar o meu filho a sair deste estado e viver a vida que todos viviam. 
Vou procurar um psiquiatra, não que eu acho meu filho louco, na época havia muitos preconceitos que com os psiquiatras somente loucos eram tratados.
O dia da consulta chegou e logo o medico Dr Joaquim falou: seu filho é uma criança autista e com uma inteligência maravilhosa, a senhora tem que leva-lo a uma escola, onde tem profissionais capacitados que iriam ajudar e a fazer seu filho a viver com menos frequência no mundo dele, trazendo ele para viver um pouco mais aqui e com vocês.
Hoje já desencarnado e tendo já um pouco de conhecimento e estudo muito a respeito do autista, e vejo que eu precisava mesmo estar em um mundo que eu havia criado, pois não seria um ser humano normal e sim um ser humano terrível.
Quero deixar aqui os meus agradecimentos aos meus pais que com um pouco de conhecimento e amor, conseguiram muitas das vezes me trazer para o mundo real.   
Um grande abraço a todos.  

João Gabriel.                               

 Psicografia recebida em dezembro 2015.

             Médium:  M. Nicodemos.

                                                     

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