quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Sinto quando Ele quer falar...


Eu ouço uma voz...

No silêncio das palavras...

Mesmo quando não há palavras...

Num minuto de silêncio...

Quando ninguém quer falar...

Ela fala comigo.

Cortando a alma.

Essa voz afiada como uma espada...
Dela nada escapa.

Voz mansa...
Chega leve como a onda
Que de tanto bater na rocha, a quebranta...

Eu a ouço no vento...no ar...
Sabe onde vai meu olhar.
Me observa...me domina...me acompanha...



É um mapa.
Um satélite.
Uma bússola.
É um guia em minha vida.
É o conselho de um pai.
É um amigo muito achegado.
Me diz qual é o próximo passo.
Para não me perder no escuro.
Para chegar á um tesouro preparado para mim.

Essa voz é o conselho do amigo.
Não é anônima.

Sinto que ele quer falar comigo...

Quando vi uma gaivota dar um voo marcante no ar.
Quando as flores da árvore se transformaram em frutos vermelhos
Quando a formiga triste levou sua companheira morta para velar no formigueiro.
Sei que Ele falou comigo...
Quando dei a luz á uma vida.
Quando amei...
Quando perdoei...
Quando a escutei...

Quando minhas palavras se transformaram em melodia
E a melodia se transformou em canção
E a canção virou um louvor.

E a voz se alegrou...
''O Retorno do Apóstolo Chico Xavier''
                                   Foto de Estrela Dalva.
Quando mergulhou no corpo físico, para o ministério que deveria desenvolver, tudo eram expectativas e promessas.
Aquinhoado com incomum patrimônio de bênçãos, especialmente na área da mediunidade, Mensageiros da Luz prometeram inspirá-lo e ampará-lo durante todo o tempo em que se encontrasse na trajetória física, advertindo-o dos perigos da travessia no mar encapelado das paixões bem como das lutas que deveria travar para alcançar o porto de segurança.
Orfandade, perseguições rudes na infância, solidão e amargura estabeleceram o cerco que lhe poderia ter dificultado o avanço, porém, as providências superiores auxiliaram-no a vencer esses desafios mais rudes e a crescer interiormente no rumo do objetivo de iluminação.
Adversários do ontem que se haviam reencarnado também, crivaram-no de aflições e de crueldade durante toda a existência orgânica, mas ele conseguiu amá-los, jamais devolvendo as mesmas farpas, os espículos e o mal que lhe dirigiam.
Experimentou abandono e descrédito, necessidades de toda ordem, tentações incontáveis que lhe rondaram os passos ameaçando-lhe a integridade moral, mas não cedeu ao dinheiro, ao sexo, às projeções enganosas da sociedade, nem aos sentimentos vis.
Sempre se manteve em clima de harmonia, sintonizado com as Fontes Geradoras da Vida, de onde hauria coragem e forças para não desfalecer.
Trabalhando infatigavelmente, alargou o campo da solidariedade, e acendendo o archote da fé racional que distendia através dos incomuns testemunhos mediúnicos, iluminou vidas que se tornaram faróis e amparo para outras tantas existências.
Nunca se exaltou e jamais se entregou ao desânimo, nem mesmo quando sob o metralhar de perversas acusações, permanecendo fiel ao dever, sem apresentar defesas pessoais ou justificativas para os seus atos.
Lentamente, pelo exemplo, pela probidade e pelo esforço de herói cristão, sensibilizou o povo e os seu líderes, que passaram a amá-lo, tornou-se parâmetro do comportamento, transformando-se em pessoa de referência para as informações seguras sobre o Mundo Espiritual e os fenômenos da mediunidade.
Sua palavra doce e ungida de bondade sempre soava ensinando, direcionando e encaminhando as pessoas que o buscavam para a senda do Bem.
Em contínuo contato com o seu Anjo tutelar, nunca o decepcionou, extraviando-se na estrada do dever, mantendo disciplina e fidelidade ao compromisso assumido.
Abandonado por uns e por outros, afetos e amigos, conhecidos ou não, jamais deixou de realizar o seu compromisso para com a Vida, nunca desertando das suas tarefas.
As enfermidades minaram-lhe as energias, mas ele as renovava através da oração e do exercício intérmino da caridade.
A claridade dos olhos diminuiu até quase apagar-se, no entanto a visão interior tornou-se mais poderosa para penetrar nos arcanos da Espiritualidade.
Nunca se escusou a ajudar, mas nunca deu trabalho a ninguém.
Seus silêncios homéricos falaram mais alto do que as discussões perturbadoras e os debates insensatos que aconteciam a sua volta e longe dele, sobre a Doutrina que esposava e os seus sublimes ensinamentos.
Tornou-se a maior antena parapsíquica do seu tempo, conseguindo viajar fora do corpo, quando parcialmente desdobrado pelo sono natural, assim como penetrar em mentes e corações para melhor ajudá-los, tanto quanto tornando-se maleável aos Espíritos que o utilizaram por quase setenta e cinco anos de devotamento e de renúncia na mediunidade luminosa.
Por isso mesmo, o seu foi mediunato incomparável.
...E ao desencarnar, suave e docemente, permitindo que o corpo se aquietasse, ascendeu nos rumos do Infinito, sendo recebido por Jesus, que o acolheu com a Sua bondade, asseverando-lhe:
- Descansa, por um pouco, meu filho, a fim de esqueceres as tristezas da Terra e desfrutares das inefáveis alegrias do reino dos Céus.


  Psicografia de Divaldo Franco.

              ''Fé e confiança...''
Martin Gouveia, jovem ainda, tinha o hábito de invadir residências descuidadas, levando o que pudesse, sem nunca cair nas mãos das autoridades.
Aquela noite espreitara atentamente uma casa fechada onde parecia não haver ninguém.
Sorrateiramente saltou o muro do pátio, forçou a porta de serviço e entrou na residência. Passou pela cozinha e seguiu para o interior. Procurou um dos aposentos onde esperava encontrar maiores valores, e empurrou levemente a porta.
Nisso, ouviu alguém respirando com dificuldades...
Julgando ser uma pessoa que dormia, ressonando, avançou. Mas admirado viu um vulto sobre o leito, e imediatamente levou a mão ao punhal. Ouviu, nesse instante, uma voz débil e entrecortada, de um homem que o fixou na penumbra.
O desconhecido estendeu os braços e falou sob forte emoção:
- Ah! Graças a Deus! Você escutou meus gemidos, filho?
- Foram os espíritos! Você é um enviado dos mensageiros divinos!...
Martin, surpreendido, abandonou a arma.
Aproximou-se do velhinho que pôde, agora, distinguir sob a tênue claridade da lua que entrava pela vidraça.
O ancião repetiu maravilhado:
- Graças a Deus! Meu filho, necessito muito de você... Sou paralítico e sem ninguém...
- Não tenho forças para gritar... Há muito tempo não recebo visitas. Você me escutou...
Depois de uma pequena pausa prosseguiu:
- Traga-me um remédio... Sinto muita falta de ar... Leia alguma coisa que me conforte... para eu não morrer só... Você é um enviado dos espíritos, eles ouviram as minhas preces.
E porque o enfermo lhe oferecesse um livro, Martin, compadecido, acendeu a luz e se dispôs a ler, emocionado...
Era um exemplar de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", ensebado de suor e de lágrimas.
O hóspede imprevisto leu e leu até a madrugada e, desde aquele instante desistiu dos assaltos e furtos.
Dedicou-se a cuidar do velhinho, administrando-lhe remédios, prestando-lhe assistência e lendo para ele os livros de sua predileção.
Depois de cinco meses o enfermo faleceu em clima de paz, deixando-lhe os bens como herança e a alma renovada pelos exemplos de fé nos espíritos superiores.
Uma fé capaz de modificar a própria situação de penúria e atrair um jovem equivocado para o refazimento do caminho.
Fé suficiente para neutralizar a violência atrevida que lhe invadira o lar.
Fé que não vacilou diante do invasor que, certamente, não estava ali por acaso, mas guiado por mãos invisíveis que sabiam o desfecho da história por conhecerem a intimidade dos dois.
No nosso dia-a-dia várias situações se apresentam justamente para que possamos ajudar aqueles que conosco convivem, ou, que simplesmente cruzam o nosso caminho.
Você sabia?
Que a história que contamos foi ditada por um espírito desencarnado que se chama Hilário Silva?
A mensagem foi recebida pelo médium espírita Francisco Cândido Xavier e está inserida no livro "Ideal Espírita".
E você sabia que os espíritos superiores se interessam imensamente pelo nosso progresso intelectual e moral?
Basta que consultemos os vários livros ditados por eles através de médiuns sérios, e chegaremos a essa conclusão.
(Do livro: Ideal Espírita, ed. CEC.)

Tempo para os filhos...

Uma nota publicada em o jornal O globo, alertou que o tempo que os pais dedicam aos filhos está diminuindo.
Segundo um psiquiatra infantil, o convívio diário entre mães e filhos, nas grandes cidades, não ultrapassa duas horas. E há trinta anos, o número era de dez horas.
A mesma coisa acontece nos países ricos. Nos Estados Unidos, mais de dez milhões de crianças costumam ficar sozinhas em casa.
Na Itália, em Bolonha, um pesquisador de nome Ernesto Caffo criou um serviço para receber denúncias de violência contra menores.
De forma surpreendente, um terço das ligações era de crianças sozinhas à noite, que pediam para conversar.
A poetisa Gabriela Mistral, chamando a atenção a respeito do descuido para com os pequenos, diz: Somos culpados de muitos erros e muitas falhas.
Mas o pior crime é abandonar as crianças, desprezando a fonte da vida.
Muitas das coisas que precisamos podem esperar. A criança não pode. É exatamente agora que seus ossos estão se formando, seu sangue é produzido, e seus sentidos estão se desenvolvendo.
Para ela não podemos responder amanhã. Seu nome é hoje.
Ante tais considerações, verifiquemos como anda nossa permanência com nossos filhos.
Considerando, é claro, tanto a quantidade quanto a qualidade dessas horas. Se dispomos de pouco tempo com nossos filhos, busquemos aproveitar ao máximo esse tempo.
Por isso, em vez de assistir televisão juntos, vamos passear juntos. Vamos andar de bicicleta, jogar bola.
Ouvir as histórias das crianças. A maravilhosa encenação que é um dia infantil. Tenhamos paciência e tempo para ouvir todos os detalhes.
Da borboleta que pousou na rosa até o gato que subiu na mesa e lambeu o pão com doce.
Existem pais que não conseguem entender o que seus filhos falam quando esses começam a dizer as primeiras palavras, a comunicarem-se. Precisam de um tradutor, que normalmente é a babá.
Isso é resultado da falta de convívio entre os pais e os filhos.
Estejamos atentos. Dediquemos todos os momentos possíveis aos nossos filhos. Aprendamos a fazer muitas coisas em conjunto.
Aproveitemos todos os tempinhos. Enquanto lavamos o carro a quatro mãos, pai e filho, conversemos a respeito da escola, das suas vontades, dos seus anseios.
E não nos esqueçamos de criar tempo para ouvir, falar, conversar, trocar ideias.
Dediquemos um dia, em sete, na semana, para ouvir o coração do nosso filho bater compassado e nos confidenciar o que ele almeja para si, para sua vida, para o mundo.
* * *
Organize a sua vida. Reconsidere as suas atitudes perante a existência, melhorando-as.
Não se envolva tanto com o trabalho profissional ao ponto de seus filhos não terem espaço para estar com você.
Conseguir recursos para manter a família é louvável, mas se você não passar valores reais aos seus filhos, eles não conseguirão administrar os bens que lhes chegam às mãos.
Cultive, portanto, o amor, o diálogo, o carinho pois o homem não consegue viver sem emoção, sentimento, ideais e virtudes.



                      O consolo...
Um dos maiores serviços que o Espiritismo presta à Humanidade é o consolo.
O consolo de sabermos os porquês da vida: Por que nascemos? Por que sofremos? Por que morremos?
E, quanto a esta última indagação, o conhecimento da vida após a morte representa um dos maiores avanços já conseguidos pelo homem.
Quem de nós nunca chorou pela morte de uma pessoa amada?
Os mais insensíveis, os mais materialistas, tanto quanto os mais descrentes, não importando o tamanho da sua descrença, sofrem pela perda de alguém.
É porque o amor e as pessoas amadas dão significado à nossa vida.
Muitos filósofos materialistas chegaram a afirmar que a vida não vale a pena porque é somente o conjunto de alguns anos de dor que culminam com uma dor maior, a morte.
Outros tantos sonhadores levaram a vida inteira à procura da fonte da juventude, que lhes garantiria vida eterna.
Finalmente, outros ainda esconderam suas mágoas contra a morte, numa frieza superficial, forçando a aceitação de uma fatalidade que a própria razão humana repele.
Allan Kardec expressou muito bem o significado da vida além da vida na seguinte analogia:
Um grupo de pessoas zarpou, numa embarcação, para alto mar.
Os dias passaram e a notícia chegou inesperada: o barco fora tolhido por um naufrágio, não restando sobreviventes.
Todavia, todos os viajantes haviam sobrevivido ao naufrágio e agora viviam numa ilha desconhecida e isolada.
Ao cabo de algum tempo, uma equipe de pesquisadores do mar defrontou-se com a ilha, descobrindo que os ditos mortos ainda viviam.
Retornando ao porto, narraram a descoberta.
Alguns se felicitaram, outros, contudo, duvidaram, exigindo provas.
Assim é com relação à morte.
Os nossos familiares, os nossos amores, os nossos amigos que chamamos mortos, vivem, apesar de termos sepultado os seus corpos.
Assim como durante muito tempo existiram na Terra regiões jamais imaginadas, existem essas regiões espirituais, para onde foram os seres que amamos e para onde todos nós igualmente retornaremos um dia.
Portanto, se a dor da perda de alguém está lhe aturdindo o coração, mude o seu ponto de vista, porque, na realidade, não houve perda, apenas uma separação momentânea.
Não é errado sentir saudade, pelo contrário, é demonstração de afeto.
Só não é justo matarmos em nossos pensamentos de desespero, pessoas que, após a morte, vivem e sentem também saudade.
Não haveria sentido no Universo se a morte fosse o fim.
Você pode acreditar se quiser, e você pode desacreditar, se conseguir, porque, se você parar para pensar, vai descobrir que não pode ser diferente.
A vida continua após a morte, e vai continuar, mesmo que você se recuse a aceitar.

Francisco Cândido Xavier transmitiu milhares de comunicações de Espíritos que forneceram detalhes íntimos de quando estavam vivos e que receberam confirmação dos familiares.
Muitas dessas comunicações podem ser encontradas em vários livros, com o depoimento dos familiares, que comprovam a sua autenticidade.
Todas essas pessoas não poderiam ter sido iludidas ao longo de tantos anos.
Pense nisso, mas, pense agora!

             

Jesus não fraquejou na Cruz

Algumas religiões ensinam que Jesus teve um momento de fraqueza na cruz ao pronunciar a frase: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”
Ocorre, que não há unanimidade entre os quatro evangelistas. Mateus, a cita no capítulo 27, 46 e Marcos no capítulo 15, 34 de seus evangelhos. Lucas e João não a mencionam em seus ensinamentos, respectivamente capítulos 23 e 19.
Respeitando o ensinamento de vários credos, que datam de séculos, a melhor interpretação para esta frase é dada pelos historiadores.
Jesus, profundo conhecedor dos costumes das leis e tradições judaicas, começava a recitar o Salmo 22 quando entregou seu espírito a Deus.
O assunto predominante nos Salmos é o louvor a Deus, seguindo-se dos sofrimentos humanos nas suas variadas formas. Daí, talvez, tenha surgido a interpretação de momento de fraqueza.
Dos 150 poemas, que compõem o livro, a metade foi escrita pelo rei David. O período em que os salmos foram compostos representa um lapso temporal de nove séculos, desde aproximadamente 1440 a.C., quando houve o êxodo dos Israelitas do Egito até o cativeiro babilônico, sendo que muitas vezes esses poemas permitem traçar um paralelo com os acontecimentos históricos.
Abaixo, transcrevemos o salmo 22, cujo início dá causa a interpretação de medo ou fraqueza deste Espírito de Escol e que, no seu corpo, já predizia a divisão das vestes e o sorteio da túnica do Mestre.
Salmo 22
1 Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que estás afastado de me auxiliar, e das palavras do meu bramido?
2 Deus meu, eu clamo de dia, porém tu não me ouves; também de noite, mas não acho sossego.
3 Contudo tu és santo, entronizado sobre os louvores de Israel.
4 Em ti confiaram nossos pais; confiaram, e tu os livraste.
5 A ti clamaram, e foram salvos; em ti confiaram, e não foram confundidos.
6 Mas eu sou verme, e não homem; opróbrio dos homens e desprezado do povo.
7 Todos os que me vêem zombam de mim, arreganham os beiços e meneiam a cabeça, dizendo:
8 Confiou no Senhor; que ele o livre; que ele o salve, pois que nele tem prazer.
9 Mas tu és o que me tiraste da madre; o que me preservaste, estando eu ainda aos seios de minha mãe.
10 Nos teus braços fui lançado desde a madre; tu és o meu Deus desde o ventre de minha mãe.
11 Não te alongues de mim, pois a angústia está perto, e não há quem acuda.
12 Muitos touros me cercam; fortes touros de Basã me rodeiam.
13 Abrem contra mim sua boca, como um leão que despedaça e que ruge.
14 Como água me derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; o meu coração é como cera, derreteu-se no meio das minhas entranhas.
15 A minha força secou-se como um caco e a língua se me pega ao paladar; tu me puseste no pó da morte.
16 Pois cães me rodeiam; um ajuntamento de malfeitores me cerca; transpassaram-me as mãos e os pés.
17 Posso contar todos os meus ossos. Eles me olham e ficam a mirar-me.
18 Repartem entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica lançam sortes.
19 Mas tu, Senhor, não te alongues de mim; força minha, apressa-te em socorrer-me.
20 Livra-me da espada, e a minha vida do poder do cão.
21 Salva-me da boca do leão, sim, livra-me dos chifres do boi selvagem.
22 Então anunciarei o teu nome aos meus irmãos; louvar-te-ei no meio da congregação.
23 Vós, que temeis ao Senhor, louvai-o; todos vós, filhos de Jacó, glorificai-o; temei-o todos vós, descendência de Israel.
24 Porque não desprezou nem abominou a aflição do aflito, nem dele escondeu o seu rosto; antes, quando ele clamou, o ouviu.
25 De ti vem o meu louvor na grande congregação; pagarei os meus votos perante os que o temem.
26 Os mansos comerão e se fartarão; louvarão ao Senhor os que o buscam. Que o vosso coração viva eternamente!
27 Todos os limites da terra se lembrarão e se converterão ao Senhor, e diante dele adorarão todas as famílias das nações.
28 Porque o domínio é do Senhor, e ele reina sobre as nações.
29 Todos os grandes da terra comerão e adorarão, e todos os que descem ao pó se prostrarão perante ele, os que não podem reter a sua vida.
30 A posteridade o servirá; falar-se-á do Senhor à geração vindoura.
31 Chegarão e anunciarão a justiça dele; a um povo que há de nascer contarão o que ele fez.
Um Pouco de Tudo

Transtornos mentais podem ser reflexo de vidas passadas - 

médico psiquiatra Jaider Rodrigues

Para a medicina tradicional, uma questão genética, complexa, que pode ser, talvez, causada por alterações químicas no cérebro. E que, apesar de tantos estudos, ainda não se sabe ao certo a causa deles. Mas para os médicos espíritas, os transtornos mentais têm, sim, explicações. Essa área da medicina, inclusive, é a que mais se distancia da medicina tradicional. Questões emocionais desta e de outras vidas entram em jogo. "O transtorno mental é um resquício do passado", define o presidente da Associação Mineira dos Médicos Espíritas, Andrei Moreira, apontando aí as vidas passadas como ponto de partida para essa discussão.
Uma vez que as interpretações para os males mentais são diferentes para os médicos espíritas, na série do Estado de Minas, A saúde à luz do espiritismo, que começou ontem (clique e leia), o tema a ser tratado nesta segunda reportagem é referente a essas explicações sobre os males da mente. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, as doenças mentais e neurológicas atingem aproximadamente 700 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, estima-se que 23 milhões de pessoas precisam de algum atendimento em saúde mental. Pelo menos 5 milhões sofrem com transtornos graves e persistentes.
Segundo o psiquiatra e diretor-técnico do Hospital André Luiz, Roberto Lúcio Vieira, a psiquiatria é a área da medicina em que os ensinamentos espíritas mais conseguem aparecer. Isso porque, segundo ele, além de levar em consideração questões genéticas, assim como a medicina tradicional, os médicos espíritas, diante de um paciente com transtorno mental grave, levam em conta as vidas passadas. "O adoecer é o caminho para cura. Temos percebido que muitos males, como os quadros graves de esquizofrenia, geralmente são de espíritos que, em outras vidas, abusaram muito do poder que tinham, cometeram homicídios ou tentaram o suicídio várias vezes. Quando eles adoecem nesta vida, é porque bateu a culpa da vida anterior", explica Roberto.
Leia a primeira matéria da série 'A saúde à luz do espiritismo:
Por que adoecemos?
Também membro da Associação Mineira Médico Espírita, Roberto, em um artigo escrito no portal da entidade, diz que a doutrina espírita tem mostrado que os processos mentais seriam frutos da atividade espiritual, com repercussão na estrutura física cerebral. "Sendo assim, o cérebro seria apenas o instrumento. No entanto, para ocorrer essa integração entre a essência espiritual, sua manifestação e a estrutura física, é necessária a existência de um elemento que seja intermediário, tanto na função quanto em sua composição. Esse corpo é chamado espiritual ou perispírito", define.
MATÉRIA
O perispírito, de acordo com o conhecimento espírita, é envoltório fluídico que uniria a alma humana ao corpo físico e, através do qual, o espírito atuaria na matéria. Mas, antes de mais nada, é preciso compreender que, para o espiritismo, somos seres em constante evolução e estar encarnado é o processo para evoluir. No livro a Cura e Auto-Cura, uma visão médico espírita, do homeopata Andrei Moreira, ele explica que a reencarnação é a lei biológica natural, "instrumento da evolução, em que o ser experimenta o contato com a diversidade e desenvolve aptidões necessárias ao progresso." Ele diz que a reercarnação devolve ao homem o fruto de suas escolhas, "em mecanismos naturais de reencontros, saúde ou doença."
O médico psiquiatra Jaider Rodrigues diz que usa recursos da ciência acrescidos da compreensão espírita no tratamento dos pacientes (Maria Tereza Correia/EM/D.A Press)
O médico psiquiatra Jaider Rodrigues diz que usa recursos da ciência acrescidos da compreensão espírita no tratamento dos pacientes
 Segundo explica o psiquiatra espírita Jaider Rodrigues, o paciente da psiquiatria é visto por dois viés: "Levamos em conta a influência espiritual, que pode ser do próprio paciente, ou seja, questões do próprio espírito e, também, as influências externas, que podem ser de outros espíritos que passam a influenciar no quadro mental do paciente", explica, acrescentando que todos os casos são passivos de auxílio. "Usamos os recursos da ciência, acrescidos da compreensão espírita."
Jaider lembra do caso de uma paciente que lhe chamou a atenção. Muito bonita e, com no máximo 30 anos, essa mulher, de BH, desenvolveu um quadro de esquizofrenia grave, sem motivo aparente. "Ela entrou em um quadro psicótico e tivemos que interná-la no Hospital André Luiz, pois estava agressiva, falava coisas sem sentido. Durante as sessões mediúnicas que fazemos para os pacientes, apareceu um espírito dizendo ter sido escravo na vida anterior e contou que aquela mulher, na sua última vida, tinha sido casada com um senhor de engenho e abusava muito dos escravos, com requinte de crueldade. Nesta vida, esses espíritos a perturbaram", conta, dizendo que o espírito avisou ainda que seria difícil livrá-la dessas influências externas, e que por mais que os médicos fizessem, nada ia adiantar. "Por um tempo, ela conseguiu melhorar. Mas não durou muito e faleceu", lamenta Jaider.
Processo de evolução
Geralmente, os transtornos quando se manifestam, é a culpa do que se fez em outra vida, como apontam os estudos espíritas. Mas, de acordo com os médicos, não se trata de um castigo divino. Faz parte do processo de evolução daquele espírito. Ouvir vozes, de acordo com Jaider, pode ser, sim, um espírito falando. A obsessão, de acordo com o precursor do espiritismo, Alan Kardec, é a ação persistente que um espírito mau exerce sobre um indivíduo. "Apresenta caracteres muito diversos, desde a simples influência moral sem perceptíveis sinais exteriores até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais", diz em seu livro, o Evangelho segundo o espiritismo. Ele diz que a obsessão ocorrerá toda vez que alguém, encarnado ou desencarnado, exercer sobre o outro constrição mental negativa.
De acordo com Kardec, há vários tipos de obsessão, sendo o mais grave o de subjugação, em que o obsessor interfere e domina o cérebro do encarnado. A subjugação pode ser psíquica, física ou fisiopsíquica. Assim, as doenças mentais ou físicas podem, sim, de acordo com o conhecimento espírita, sofrer influências externas. Um dos tratamentos indicados são os passes, idas ao centro espírita e sessões de desobsessão, em que os médicos médiuns ajudam os espíritos desencarnados e encarnados envolvidos no processo a receber esclarecimentos, para que ambos tenham bases sólidas para mudar hábitos e atitudes, condicionando-se a atitudes mentais mais saudáveis. Segundo escreveu Francisco Cândido Xavier, ao psicografar a obra de André Luíz, Mundo maior, "o processo obsessivo não é, na realidade, uma doença, é simplesmente um reflexo de mentes doentias que se unem. Ele não é uma causa, é o efeito de um 'mal' anterior".
REBELDES
Nesses casos de transtornos mentais, além do conhecimento espírita, medicamentos são usados. Kardec acreditava que somente medicação não traria alívio. No Hospital André Luiz, em BH, que tem 45 anos de funcionamento, sendo referência para casos psiquiátricos, os pacientes, de acordo com o diretor, Roberto Lúcio Vieira, são de todas as crenças, sendo o diferencial da unidade o tratamento espiritual. Segundo ele, há no hospital 350 funcionários que trabalham voluntariamente. "Com autorização do paciente ou da família, aplicamos os conhecimentos do espiritismo." De acordo com ele, algumas doenças psiquiátricas, geralmente, são de indivíduos mais rebeldes.
É o caso, por exemplo, da depressão, que afeta cerca de 35 milhões de pessoas no Brasil. "É uma doença que demarca a grande rebeldia do espírito", diz Roberto. Segundo Jaider, geralmente, é o espírito não se contentando com a vida que Deus lhe deu. "É como se dissesse 'já que não tenho a vida que quero, não aceito a vida que tenho'. Se o paciente der espaço, a gente estimula a relação com Deus e o hábito da oração", conta. Os pensamentos negativos também contribuem para o quadro.
Outro mal apontado pelos médicos é o de Alzheimer. Segundo Roberto, assim como a medicina tradicional vem tentando entender essa doença que afeta a memória do paciente, o espiritismo também busca suas explicações. Um dos esclarecimentos para a causa da enfermidade é que a grande maioria dos portadores da doença foi culturalmente pobre durante a vida, se prendeu a questões materiais e dificuldades de relacionamento. "Quando ocorre o Alzheimer, é como se fosse uma oportunidade para que essa pessoa chegue mais "limpa" espiritualmente no outro plano. E para os familiares, é uma prova de paciência."
Uma nova visão
•Transtorno mental
Os médicos espíritas passaram a perceber, por meio de estudos e casos clínicos, que muitos pacientes que desenvolvem algum transtorno mental sofrem influência da sua vida anterior. No caso da esquizofrenia grave, por exemplo, tem-se percebido que esses espíritos, em vidas passadas, cometeram alguma transgressão às leis divinas e, nesta vida, sentiram o peso da culpa. O paciente pode, sim, sofrer ainda influência de outros espíritos que tiveram alguma ligação com ele nas outras vidas.
•Mal de Alzheimer
Assim como a medicina tradicional estuda as causas do Mal do Alzhemeir, a doutrina espírita começa a perceber que as pessoas portadoras do mal, geralmente, foram pessoas apegadas a bens materiais e muito vaidosas, que precisam do desapego, do "esquecimento", marca da doença, para evoluir e fazer uma limpeza na alma.
•Depressão
Para os médicos espíritas, a depressão atinge aqueles espíritos rebeldes, que não estão satisfeitos com a vida que Deus lhe deu. Assim, se abrem para os pensamentos negativos e as influências externas que podem contribuir para o agravamento
do quadro.