segunda-feira, 22 de agosto de 2016

O VERDADEIRO LADO DA VIDA DE UM ANSIOSO


Não há como entender a ansiedade sem mostrar o que se passa na cabeça de uma pessoa ansiosa.
Este texto será uma viagem dentro da cabeça de um ansioso.
E só para constar: ansiedade não é esperar por um telefonema, como dizem outros textos. 
É uma patologia, que se não trabalhada, evolui para pânico, depressão e até suicídio.
Dormia e me remexia na cama, o coração apertado, a respiração ofegante. 
Pensava:-eu deveria estar dormindo melhor, por quê não me acalmo?
Estou com sono, quero dormir em paz, e reviro, me reviro e começo a despertar aos poucos.
Olhei para o relógio. Eram 07:30.
Mas como se fui dormir às quatro?
Lembrei que cheguei um pouco alegre, derrubei algumas coisas, mas estava bem.
Passei a lembrar daquele pub, muito Rock n`Roll, muitas pessoas bonitas, mas o clima era pesado.
Voltei a tentar dormir, não conseguia.
Fui ficando com frio, mais frio e os pensamentos de culpa não saíam de minha cabeça.
Pensava que logo teria que me arrumar para viajar, mas não me sentia bem.
Como sairia daquela cama sem me sentir bem?
Coração acelerado, frio, enjôo e dor de barriga.
Decidi me levantar e tomar um banho.
Durante o banho, sentia aquela ducha quente tentar me acalmar.
Tentava me convencer de que aquela ducha me acalmaria.
Coração apertado, ofegante e cabeça a mil.
Começava então a me culpar.
Você não conseguiu nada de útil em sua vida até hoje. 
Quem é você? 
Quando terá uma vida melhor? 
Por quê não consegue levantar cedo e ir caminhar como as pessoas sãs conseguem?
Você está sozinho, está longe de tudo e de todos.
Quem é o seu grupo? O que faz neste mundo?
Quantos anos você tem? 
Como esperava que sua vida estivesse quando atingisse esta idade?
Onde mora? 
O que te pertence?
Quem te pertence?
O que você fez até hoje?
Para onde quer ir?
Por quê não está estudando mais?
Por quê foi beber aquela cuba libre ontem?
Por quê está se condenando de ter bebido esta cuba libre se existem pessoas que bebem garrafas de vinho ou vodka sozinhos e nada sentem de culpa logo após?
Por quê todos conseguem rir menos você?
Como queria que sua vida fosse?
Por quê não existe naturalidade em nada que faz?
Por quê você não pertence? Por quê sonha com coisas tão inalcançáveis?E se tivesse escolhido outro caminho?Como será o futuro?Esta tortura psicológica irá passar um dia?Quando serei feliz de verdade?
Quando poderei ver meus valores e seguir com segurança?Segurança?
O que isto significa? Não estou seguro. Esta cidade está um caos. Demorarei séculos para chegar a algum lugar.
Tudo caro.Quando terei um lar próprio?Estou longe de todos que conheço. Não, espera! Tem amigos próximos.Amigos?
Que amigos?
Não me sinto à vontade para chamá-los para sair.
Sempre saio sem fazer aquilo que realmente gosto.
O que eu gosto?
Poucas coisas eu gostei em minha vida. Dança, filmes, momentos raros, abraços raros, praias raras, sensações de pertencimento raras.
Por quê todos conseguem se divertir com coisas banais e eu não?
Por quê não pertenço?
A onde pertenço?
Quero viver, sonhar, voar, mas para onde?
Teria coragem de voar?
Tenho medo, muito medo.
Quero conquistar o mundo.
Que mundo?
Teria eu habilidade para dominar este mundo?
Será que fiz escolhas que me trouxessem sanidade?Ou será que escolhi o caminho que será mais tortuoso?Mas se tivesse escolhido o caminho mais fácil, seria eu feliz, sem me intrigar?Oh, quantas indagações…Ignorância realmente é uma benção…Será que todos são assim como eu?Estou com medo de sair de casa.Que lugar é esse?Pertenço a aqui?Meu estômago ainda recusa o pensamento de comida, meu coração não desacelera.
Deveria eu tomar um calmante?Mas e se eu tomar calmante e não relaxar?E se eu só relaxar com calmantes no futuro?Como lidarei com problemas maiores em minha vida se não consigo lidar com as pequenas pressões de hoje?Pequenas pressões?Seriam pequenas as pressões de tentar se criar uma identidade neste mundo cheio de pessoas tão melhores do que eu?Auto estima…Porquê penso eu que estas pessoas são melhores?
Você deveria trabalhar melhor esta auto estima ai…
Cansado.
Cansado de pensar tanto.
Só queria relaxar e ser ignorante.
Queria não querer saber de tudo.
Queria ter o mesmo sorriso leve das pessoas na rua.
Como são suas vidas?
São completas?
Ou seriam todos fúteis querendo comprar a felicidade num shopping?
Ignorantes, felizes todos os ignorantes…
Estou eu ficando doente?
Por quê não me sinto bem?
Preciso de terapia…
Terapia é caro! óh meu Deus, nada tem solução!
Onde estará a felicidade em mim mesmo?
Seria eu feliz quando estiver velho?
Quando já tiver vivido tudo o que tinha para viver e já saberia como foi minha vida? Sem medo do que será o futuro que já teria passado?
Ah sim, eu com meus netos num jardim nos fundos de casa… Aí sim relaxaria.
Meu parceiro já estaria velho e assexuado, não tendo eu que me preocupar com fidelidades…
Ah, o senso de família feliz… quando foi que te perdi?
Oh vida feliz de Disney, onde estará?
Oh Príncipe encantando, existes?
Não se pode confiar em ninguém.
As pessoas sempre desapontam. Elas dizem coisas para ganhar sua atenção e depois se mostram tudo o que antes criticavam… As pessoas são fracas. As pessoas são doidas. As pessoas não têm valores. A quem admirar? Não há. Quando virei uma pessoa tão realista? Para onde foram os sonhos? A vida teria graça em si? Ou nós faríamos esta graça? O que será do amanhã? E o agora? Deveria estar vivendo o agora. Ainda estou neste banho e estou cansado, cansado de pensar, cansado de sofrer. Quero ser leve. Quero ser livre. Quero morrer. Haveria liberdade nos céus? Mas a igreja criou o céu? O que há depois daqui? Não, não quero mais morrer, quero encontrar a felicidade aqui. Aqui. E aqui. Estou cansado de pensar. Vou ligar uma música. E assim os pensamentos se esvaem no modo automático de se viver, onde todos aqueles ignorantes vivem. Oh dom incoerente o de pensar e questionar. Oh dom causador de toda esta necessidade de ser ter o controle sobre tudo. Oh maldita necessidade de acelerar as coisas e controlar aquilo que não posso. Oh vida…
Saía do banho, tentava ver o mundo como algo a que pertenço e começava a arrumar minhas coisas para viajar. Aos poucos o coração foi desacelerando. A crise de ansiedade ia passando… O corpo se aquietando. E a busca por um dia de paz se iniciava… Os prantos e as orações para alguém que talvez estivesse me olhando invadiam o peito e a paz ia entrando. Como fazer para manter esta paz? Já não se sabia mais, afinal, de que adiantava pensar tanto? Ligava o botão do desligamento e do modo automático e sonhava com uma vida tranquila numa varanda, numa rede e um copo de café. Ah não, desta vez, chá, porque café incita a ansiedade.
Caros, esta foi uma viagem dentro da cabeça de um ansioso.
Chamo suas atenções para um problema que está dominando a sociedade atual. Estamos vivendo em um mundo competitivo e vivemos sob muitas pressões. Muitos de nós já acordamos com taquicardia, respiração ofegante e medos. Medos de como será o futuro. Medos de, se a pessoa que está conosco, está de fato conosco, medo de viver. Esse medo de viver, nos coloca dentro de uma caixa de pensamentos auto destrutivos que precisam ser buscados em sua origens e tratados. Devemos ter um ponto de equilíbrio e este ponto tem que ser imbatível. Nos colemos a orações, a fés em alguma coisa, a tratamentos e à criação de pensamentos positivos. Somos a sociedade da loucura.
Dos remédios para dormir e dos remédios para acordar. Somos robôs. Somos marionetes de um sistema que nos quer sugar tudo o que temos. Não nos deixemos virar fruto dessa sociedade agitada. Mantenhamos nossos próprios ritmos. Ansiedade é normal, mas passando de certo ponto, há de se investigar sua causa e tratamento. Pensar demais pode levar à um quadro de loucura e perda de controle de seus pensamentos, que podem levar à síndrome do pânico, a ataques violentos e até ao suicídio. Precisamos sair um pouco deste modo de vida. Ansiedade não é bobeirinha de querer que alguém responda rápido a uma mensagem. Não é só roer as unhas. É tremer, perder o controle e se questionar se ainda somos sãos. Se ainda somos donos de nossas escolhas. Não banalizem um problema sério da sociedade atual!


 


                                               O Amor suporta tudo!



Ainda que eu fale todas as línguas do mundo,
Se me faltar o amor,
Sou como um bronze que soa ou um sino que toca.
Ainda que eu tenha o dom da profecia
E conheça todos os mistérios e toda a ciência,
Ainda que eu tenha uma grande fé
Capaz de mover montanhas,
Se não tiver amor, nada sou.
Ainda que eu distribua todos os meus bens
Para alimentar os pobres e entregue o meu corpo às chamas,
Se me faltar o amor,
De nada me serve.
O amor é paciente, é prestável;
O amor não é invejoso,
Não é arrogante,
Não é orgulhoso,
Não age com baixeza,
Não procura o seu próprio interesse.
O amor não se deixa levar pala ira;
Esquece e perdoa as ofensas.
Nunca se alegra com a injustiça
E rejubila sempre com a verdade.
O amor tudo desculpa, tudo crê,
Tudo espera e tudo suporta.
O amor jamais passará.
As profecias terão o seu fim,
O dom das línguas terminará
E a ciência será inútil,
(porque a nossa ciência é imperfeita
e as nossas profecias limitadas.)
Mas, quando vier o que é perfeito,
O imperfeito desaparecerá.
Quando era criança, falava como criança,
Sentia como criança, pensava como criança,
Mas, quando me tornei homem,
Deixei o que era próprio de criança.
Da mesma forma,
Agora vemos como por um espelho, de maneira difusa,
Mas depois veremos tudo face a face.
Assim, agora permanecem estas três coisas:
A fé, a esperança e o amor.
Mas a maior de todas é o amor.

(Saulo de Tarso) -



Diário de uma criança que não nasceu


05 de outubro.
Hoje teve início a minha vida. 
Papai e mamãe não sabem. 
Eu sou menor que um alfinete, contudo, sou um ser individual.
Todas as minhas características físicas e psíquicas já estão determinadas. 
Terei os olhos de papai e os cabelos castanhos e ondulados da mamãe. 
E isso também é certo: eu sou uma menina.

19 de outubro.
Hoje começa a abertura de minha boca. 
Dentro de um ano poderei sorrir quando meus pais se inclinarem sobre meu berço.
A minha primeira palavra será Mamãe. 
Seria verdadeiramente ridículo afirmar que eu sou somente uma parte de minha mãe. 
Isso não é verdade, pois sou um ser individual.

25 de outubro.
O meu coração começou a bater. 
Ele continuará sua função sem parar jamais, sem descanso, até o fim dessa minha existência. 
De fato, é isso uma grande dádiva de Deus.

02 de novembro.
Os meus braços e as minhas perninhas começaram a crescer até ficarem perfeitas para o trabalho; isto requererá algum tempo, mesmo depois de meu nascimento. 
Assim que for possível, enroscarei meus bracinhos no pescoço da mamãe e lhe direi o quanto eu a amo.

20 de novembro.
Hoje, pela primeira vez, minha mãe percebeu, pelo seu coração, que me traz em seu seio. 
Acho que ela teve uma grande alegria.

28 de novembro.
Todos os meus órgãos estão completamente formados. 
Eu sou muito grande.

02 de dezembro.
Logo mais poderei ver, porém, meus olhos ainda estão costurados com um fio.
Luz, cor, flores... como deve ser magnífico! Sobretudo, enche-me de alegria o pensamento de que deverei ver minha mãe... 
Oh! Se não tivesse que esperar tanto tempo! 
Faltam ainda mais de seis meses.

12 de dezembro.
Crescem-me os cabelos e as sobrancelhas. 
Já imagino como minha mãe ficará contente com a sua filhinha!

24 de dezembro.
O meu coraçãozinho está pronto. 
Deve haver crianças que nascem com o coração defeituoso. 
Nesse caso, precisam sujeitar-se a delicada cirurgia para corrigir o defeito. 
Graças a Deus o meu coração não tem nenhuma anomalia, e serei uma menina cheia de vida e forças. Todos ficarão alegres com meu nascimento.

28 de dezembro.
Hoje minha mãe amanheceu diferente, está um pouco angustiada. 
Mas uma coisa é certa: nós vamos sair para um passeio.
Creio que ela quer se distrair um pouco, talvez comprar roupinhas para mim. 
É isso mesmo, estamos saindo para algum lugar.
Ih! Acho que estamos entrando em uma clínica. 
Deve ser para checar se a minha saúde vai bem. 
Que ótimo! 
Quando eu sair daqui, direi à minha mamãe o quanto lhe sou grata.
O médico está chegando...
Mas... esses instrumentos não são para um exame... Não, mamãe! Não o deixe se aproximar!
Ai, que horror! 
Esta é uma clínica de abortamento! Socorro! Deixem-me nascer!
... Ninguém escuta meus gritos!
E meus sonhos de felicidade...
Minha vontade de ver a luz, as flores, as cores...
Tudo acabado...
Sim... Hoje... Hoje minha mãe me assassinou...

A história é dramática e triste, mas, infelizmente, se repete diariamente nas clínicas de abortamento do nosso país ou em casas de pessoas que se alimentam com o dinheiro ganho com o sangue de vítimas indefesas.
Hoje já não se pode mais alegar que o feto não é um ser individual, distinto da mãe, pois a ciência afirma o contrário todos os dias.
Assim, tanto quem pratica o abortamento quanto quem o consente, deverá responder perante as Leis Divinas sobre esse crime.
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita, com base em texto
 atribuído a  H. Schwab ( Nur ein Hinderland ist ein Vaterland), ed. Herder.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 1 e no CD Momento Espírita, v. 4, ed. Fep.