quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Como Neutralizar as Más Influências Espirituais

A influência dos Espíritos em nossos pensamentos e atos é tão comum que os orientadores espirituais afirmam categoricamente: “Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, pois, frequentemente, de ordinário, são eles que vos dirigem.”1 Esta informação dos Espíritos pode até surpreender. Porém, se analisarmos mais detidamente a questão, concluiremos que a resposta não poderia ser outra, uma vez que vivemos mergulhados em um universo de vibrações mentais, influenciando e sendo influenciados, como bem  esclarece Emmanuel:
O homem permanece envolto em largo oceano de pensamentos, nutrindo-se de substância mental, em grande proporção.
Toda criatura absorve, sem perceber, a influência alheia nos recursos imponderáveis que lhe equilibram a existência.
Em forma de impulsos e estímulos, a alma recolhe, nos pensamentos que atrai, as forças de sustentação que lhe garantem as tarefas no lugar em que se coloca.
[…] A mente, em qualquer plano, emite e recebe, dá e recolhe, renovando-se constantemente para o alto destino que lhe compete atingir.
Estamos assimilando correntes mentais, de maneira permanente. De modo imperceptível, “ingerimos pensamentos”, a cada instante, projetando, em torno de nossa individualidade, as forças que acalentamos em nós mesmos.2

Por efeito da vontade podemos, conscientemente, aprender a administrar nossas emissões mentais, mantendo-nos em sintonia com os Espíritos benfeitores, encarnados e desencarnados. Da mesma forma, é possível estabelecermos com eles ligações de simpatia, selecionando os diferentes matizes de influências espirituais que favoreçam  nossa harmonia íntima  e que estimulem o nosso progresso moral-intelectual.

Faz–se necessário, pois, desenvolver controle sobre as próprias emissões e recepções mentais, selecionando as que garantam paz e harmonia e nos  livram das ações dos Espíritos ainda distanciados do Bem:  “Por isso, quem não se habilite a conhecimentos mais altos, quem não exercite a vontade para sobrepor-se às circunstâncias de ordem inferior, padecerá, invariavelmente, a imposição do meio em que se localiza.3

As influências espirituais podem ser leves ou profundas; ocultas, perceptíveis apenas do próprio indivíduo, ou ostensivas, claramente detectadas pelos circunstantes. Neste contexto, é importante distinguir  as nossas ideias  e as que procedem de outras mentes. Trata-se de um aprendizado que exige tempo e perseverança para alcançar bons resultados, pois nem sempre é fácil fazer tal distinção, sobretudo quando a influência é oculta e sutil.
É válido, portanto,  desenvolver um programa de autoconhecimento em que se considere: a) observar com mais atenção o teor dos pensamentos que usualmente emitimos; b) analisar a carga emocional que impregna as nossas manifestações verbais e as nossas ações; c) procurar identificar, de maneira honesta, inclinações, tendências, imperfeições, assim como virtudes, conquistas intelectuais e morais; d) delinear necessidades reais, estabelecendo um plano de como atendê-las sem lesar o próximo; e) habituar-se a fazer um balanço das influências, boas ou ruins, exercidas pelo meio social (família, amigos, colegas de profissão), no qual estamos inseridos.
As seguintes orientações de Santo Agostinho, encontradas em O Livro dos Espíritos, nos auxiliam  na elaboração e execução do programa de autoconhecimento:

Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Portanto, questionai-vos, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objetivo agis em dada circunstância; se fizestes alguma coisa que censuraríeis, se feita a outrem; se praticastes alguma ação que não ousaríeis confessar. Perguntai ainda isto; Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo dos Espíritos, onde nada é oculto?  Examinai o que podeis ter feito contra Deus, depois contra vosso próximo e, finalmente, contra vôs mesmos. As respostas acalmarão a vossa consciência ou indicarão um mal que precise ser curado.
O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do progresso individual.  Mas, direis, como pode alguém julgar-se a si mesmo? […]. Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, perguntais como a qualificaríeis se praticada por outra pessoa.  Se a censurais nos outros, ela não poderia ser mais legítima, caso fôsseis o seu autor, pois Deus não usa de duas medidas na aplicação de sua justiça.  Procurai também saber o que pensam os outros e não desprezeis a opinião dos vossos inimigos, já que estes não têm nenhum interesse de disfarçar a verdade e Deus muitas vezes os coloca ao vosso lado como espelho, a fim de que sejais advertidos com mais franqueza do que o faria um amigo. Aquele, pois, que tem o desejo de melhorar-se perscrute a sua consciência, a fim de extirpar de si as más tendências, como arranca as ervas daninhas do seu jardim; faça o balanço de sua jornada moral, avaliando, a exemplo do comerciante, seus lucros e perdas, e eu vos garanto que o lucro sobrepujará os prejuízos. […].
Formulai, portanto, a vós mesmos, perguntas claras e precisas e não temais multiplicá-las: pode-se muito bem consagrar alguns minutos para conquistar a felicidade eterna. […].4

DUPLO ETÉRICO


Já é conhecido dos estudiosos que, desde os primeiros instantes da reencarnação, o perispírito do reencarnante, passa a servir de suporte ao embrião. Porém, existe outra estrutura que serve de reservatório de vitalidade, durante a vida física, à reposição de energias gastas ou perdidas. É o chamado duplo etérico que conserva contingentes de energia vital ou bioenergia. O duplo etérico que guarda mais semelhanças com o corpo físico que com o perispírito, assim parece-nos uma duplicação do corpo físico.

Em verdade, perispírito, duplo etérico e corpo físico se interpenetram dinamicamente, sendo distinguidos apenas aos olhos de Espíritos Superiores. Cabe deixar bem claro que o duplo etérico é como que uma túnica do corpo físico e com a desencarnação está estrutura se desintegra, não é carregado pelo perispírito no além tumulo. Trata-se de um complexo sistema de redes de intercomunicação e interação energética, criada pelos centros de força do perispírito, tornando-se sustentadora da organização somática – corpo físico.

A proposito, a carga de energia vital contida no duplo etérico condiciona a maior ou menor longevidade do ser humano. É esta estrutura que distribui as energias vitalizantes pelo corpo físico, ele cuida para que as funções vitais permaneçam equilibradas e o conjunto corporal conserve o equilíbrio harmônico. Portanto, o duplo etéricotem por função estabelecer a saúde automaticamente, sem interferência da consciência, garantindo o pleno equilíbrio entre perispírito e corpo físico.

André Luiz, em psicografia de Chico Xavier – Nos Domínios da Mediunidade – se referindo ao duplo etérico, afirma que este “é formado por emanações neuropsíquicas pertencentes ao campo fisiológico, por isso não conseguem maior afastamento da organização terrestre”. Finalizando nossa pequena reflexão, cabe destacar que é por meio do duplo etérico que o perispírito entra em relação com o corpo e o corpo com o mundo e esta estrutura energética só existe em função da sustentação perispirítica.

Por Valdecir Martins

Bibliografia:
Nos Domínio da Mediunidade. André Luiz – Psicografia de Chico Xavier
Perispírito. Zalmino Zimmermann

Nota: Nos trechos extraídos do livro Perispírito, dispensamos as aspas, visto que este artigo trata-se de quase que em sua totalidade cópias de trechos da obra.