quarta-feira, 17 de junho de 2015

                                          A Vingança
A vingança é um dos últimos remanescentes dos costumes bárbaros que tendem a desaparecer dentre os homens. 
E, como o duelo, um dos derradeiros vestígios dos hábitos selvagens sob cujos guantes se debatia a Humanidade, no começo da era cristã, razão por que a vingança constitui indício certo do estado de atraso dos homens que a ela se dão e dos Espíritos que ainda as inspirem. 
Portanto, meus amigos, nunca esse sentimento deve fazer vibrar o coração de quem quer que se diga e proclame espírita. 
Vingar-se é, bem o sabeis, tão contrário àquela prescrição do Cristo: 
"Perdoai aos vossos inimigos", que aquele que se nega a perdoar não somente não é espírita como também não é cristão. 
A vingança é uma inspiração tanto mais funesta, quanto tem por companheiras assíduas a falsidade e a baixeza. 
Com efeito, aquele que se entrega a essa fatal e cega paixão quase nunca se vinga a céu aberto. 
Quando é ele o mais forte, cai qual fera sobre o outro a quem chama seu inimigo, desde que a presença deste último lhe inflame a paixão, a cólera, o ódio. 
Porém, as mais das vezes assume aparências hipócritas, ocultando nas profundezas do coração os maus sentimentos que o animam. 
Toma caminhos escusos, segue na sombra o inimigo, que de nada desconfia, e espera o momento azado para sem perigo feri-lo. 
Esconde-se do outro, espreitando-o de contínuo, prepara-lhe odiosas armadilhas e, em sendo propícia a ocasião, derrama-lhe no copo o veneno, 
Quando seu ódio não chega a tais extremos, ataca-o então na honra e nas afeições; não recua diante da calúnia, e suas pérfidas insinuações, habilmente espalhadas a todos os ventos, se vão avolumando pelo caminho. 
Em conseqüência, quando o perseguido se apresenta nos lugares por onde passou o sopro do perseguidor, espanta-se de dar com semblantes frios, em vez de fisionomias amigas e benevolentes que outrora o acolhiam. 
Fica estupefato quando mãos que se lhe estendiam, agora se recusam a apertar as suas. 
Enfim, sente-se aniquilado, ao verificar que os seus mais caros amigos e parentes se afastam e o evitam.
Ah! o covarde que se vinga assim é cem vezes mais culpado do que o que enfrenta o seu inimigo e o insulta em plena face.
Fora, pois, com esses costumes selvagens! 
Fora com esses processos de outros tempos! 
Todo espírita que ainda hoje pretendesse ter o direito de vingar-se seria indigno de figurar por mais tempo na falange que tem como divisa: 
Sem caridade não há salvação! 
Mas, não, não posso deter-me a pensar que um membro da grande família espírita ouse jamais, de futuro, ceder ao impulso da vingança, senão para perdoar. - Júlio Olivier. (Paris, 1862.)
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. Capítulo 12. Item 9. Livro eletrônico gratuito em

A PROFECIA DE CHICO XAVIER PARA 2019 – PARA LER, RELER, REFLETIR E MEDITAR!

Revelações apontam que o futuro da Terra está nas mãos do homem
Chamada de capa do jornal Folha Espírita, ano XXXV, nº 439, edição de maio de 2011
Marlene Nobre
Em razão da gra­vi­dade do as­sunto, tra­zemos aos lei­tores da Folha Es­pí­rita a re­ve­lação feita pelo mais im­por­tante mé­dium da his­tória hu­mana, Fran­cisco Cân­dido Xa­vier, a Ge­raldo Lemos Neto, fun­dador da Casa de Chico Xa­vier, de Pedro Le­o­poldo (MG), e da Vinha de Luz Edi­tora, de Belo Ho­ri­zonte (MG), em 1986, sobre o fu­turo que está re­ser­vado ao pla­neta Terra e a todos os seus ha­bi­tantes nos pró­ximos anos.
“Há muito tempo car­rego este fardo co­migo e sempre me pre­o­cupei no sen­tido de que Chico Xa­vier não me fa­laria tudo o que re­lato nesta edição da Folha Es­pí­rita à toa, senão com uma fi­na­li­dade es­pe­cí­fica. 
Na oca­sião da con­versa que des­crevo nas pá­ginas se­guintes, senti que minha mente es­tava re­ce­bendo um tra­ta­mento memô­nico di­fe­rente para que não vi­esse a es­quecer aquelas pa­la­vras pro­fé­ticas, e que, em mo­mento opor­tuno do fu­turo, eu seria cha­mado a tes­te­munhá-las.
Estou aqui na con­dição de um car­teiro, ou me­lhor di­zendo, de um men­sa­geiro de um car­tório de notas a quem fosse con­fiada a ta­refa de en­tregar de­ter­mi­nada no­ti­fi­cação por ordem de uma au­to­ri­dade su­pe­rior. 
Cons­ci­ente da im­por­tância do que me foi con­fiado às mãos, en­trego-o hoje em sua com­ple­tude aos nossos ir­mãos em hu­ma­ni­dade, na cer­teza de que estou cum­prindo um dever e nada mais. 
O seu con­teúdo não foi la­vrado por mim e sim pelo maior mé­dium que a hu­ma­ni­dade co­nheceu desde os tempos do Cristo, que é Chico Xa­vier. Guardo a cer­teza de que o mé­dium, por sua vez, o re­ce­berá por parte da Grande Co­mu­ni­dade dos Pra­ti­cantes do Evan­gelho de Jesus no Mais Além.” (Pá­ginas 4 e 5 da edição de maio da re­vista Folha Es­pí­rita)
Ano-limite do mundo velho
Matéria de Marlene Nobre publicado no jornal Folha Espírita, ano XXXV, nº 439, edição de maio de 2011
Marlene Nobre
O tema da trans­for­mação da Terra de mundo de ex­pi­ação e provas para mundo de re­ge­ne­ração, le­van­tado pelo pró­prio co­di­fi­cador da Dou­trina Es­pí­rita, Allan Kardec, sempre in­te­ressou e in­trigou Ge­raldo Lemos Neto, fun­dador da Casa de Chico Xa­vier, de Pedro Le­o­poldo (MG).
Com 19 anos de idade, já tendo lido e es­tu­dado toda a obra de Kardec, co­nheceu o mé­dium Chico Xa­vier, amigo da fa­mília desde os tempos de sua me­ni­nice em Pedro Le­o­poldo. “Na­quela época, como já havia ou­vido inú­meros casos re­la­tivos à sua me­diu­ni­dade e ca­ri­dade para com o pró­ximo, tinha muita von­tade de co­nhecê-lo e ouvi-lo pes­so­al­mente, o que de fato ocorreu em ou­tubro de 1981, em São Paulo”, lembra Lemos Neto. 
A partir da­quele pri­meiro en­contro, uma grande afi­ni­dade os ligou, con­forme conta, o que fez com que o também fun­dador da Edi­tora Vinha de Luz o vi­si­tasse re­gu­lar­mente em Ube­raba (MG), acom­pa­nhado de fa­mi­li­ares.
Em 1984 Lemos Neto casou-se com Eliana, irmã de Vi­valdo da Cunha Borges, que mo­rava com Chico Xa­vier desde 1968 e di­a­gra­mava todos os seus li­vros. A partir de então, passou a des­frutar de uma in­ti­mi­dade maior com Chico em Ube­raba, vi­si­tando-o com mais frequência e hos­pe­dando-se em sua re­si­dência. “Posso dizer que essa época foi para meu co­ração um ver­da­deiro te­souro dos céus. Re­cordo-me até hoje da­queles anos de con­vi­vência amo­rosa e ins­tru­tiva na com­pa­nhia do sábio mé­dium e amigo com pro­funda gra­tidão a Deus, que me per­mitiu se­me­lhante con­cessão por acrés­cimo de Sua Mi­se­ri­córdia In­fi­nita. Assim, tive a fe­li­ci­dade de con­viver na in­ti­mi­dade com Chico Xa­vier, di­a­lo­gando com ele vezes sem conta, ma­dru­gada a dentro, sobre va­ri­ados as­suntos de nossos in­te­resses co­muns, no­ta­da­mente sobre es­cla­re­ci­mentos pal­pi­tantes acerca da Dou­trina dos Es­pí­ritos e do Evan­gelho de Jesus”, re­corda.
Um desses temas, como lembra Lemos Neto, foi em re­lação ao Apo­ca­lipse, do Novo Tes­ta­mento. “Sempre me as­som­brei com o tema, re­la­tando a Chico Xa­vier minha di­fi­cul­dade de en­tender o livro sa­grado es­crito pela me­diu­ni­dade de João Evan­ge­lista. Desde então, em nossos co­ló­quios, Chico Xa­vier tinha sempre uma ou outra pa­lavra es­cla­re­ce­dora sobre o as­sunto, pon­tu­ando esse ou aquele ver­sí­culo e fa­zendo-me com­pre­ender, aos poucos, o mo­mento de tran­sição pelo qual passa o nosso orbe pla­ne­tário, a ca­minho da re­ge­ne­ração”, afirma. Foi em uma dessas con­versas ha­bi­tuais, lem­brando o livro de sua psi­co­grafia, Brasil, Co­ração do Mundo, Pá­tria do Evan­gelho, es­crito pelo es­pí­rito Hum­berto de Campos, que Lemos Neto ex­ternou ao mé­dium sua dú­vida quanto ao tí­tulo do livro, uma vez que ainda na­quela oca­sião, em me­ados da dé­cada de 80, o Brasil vivia às voltas com a hi­pe­rin­flação, a mi­séria, a fome, as grandes dis­pa­ri­dades so­ciais, o des­con­trole po­lí­tico e econô­mico, sem falar nos es­cân­dalos de cor­rupção e no atraso cul­tural.
“Lembro-me, como hoje, a ex­pressão sur­presa do Chico me res­pon­dendo: ‘Ora, Ge­ral­dinho, você está que­rendo pri­vi­lé­gios para a Pá­tria do Evan­gelho, quando o fun­dador do Evan­gelho, que é Nosso Se­nhor Jesus Cristo, viveu na po­breza, cer­cado de do­entes e ne­ces­si­tados de toda ordem, ex­pe­ri­mentou toda a sorte de vi­cis­si­tudes e per­se­gui­ções para ser su­pli­ciado quase aban­do­nado pelos seus amigos mais pró­ximos e morrer cru­ci­fi­cado entre dois la­drões? Não nos es­que­çamos de que o fun­dador do Evan­gelho atra­vessou toda sorte de pro­va­ções, pa­deceu o mar­tírio da cruz, mas de­pois ele largou a cruz e res­sus­citou para a Vida Imortal! Isso deve servir de ro­teiro para a Pá­tria do Evan­gelho. Um dia ha­ve­remos de res­sus­citar das cinzas de nosso pró­prio sa­cri­fício para de­mons­trar ao mundo in­teiro a imor­ta­li­dade glo­riosa!’”, es­cla­receu.
Sobre essas e ou­tras re­ve­la­ções feitas a ele por Chico Xa­vier sobre fatos re­la­ci­o­nados ao ano em que se dará a grande trans­for­mação do nosso pla­neta, Lemos Neto fala mais abaixo:
Folha Es­pí­rita – No livro A Ca­minho da Luz, nosso ben­feitor Em­ma­nuel já havia pre­visto que no sé­culo XX ha­veria mais uma reu­nião dos Es­pí­ritos Puros e Eleitos do Se­nhor, a fim de de­ci­direm quanto aos des­tinos da Terra. A reu­nião acon­teceu e a ela com­pa­re­ceram Chico e Em­ma­nuel – os mis­si­o­ná­rios que tra­ba­lham ab­ne­ga­da­mente, por sé­culos a fio, em favor da re­no­vação hu­mana.
Quais os re­sul­tados dessa reu­nião?
Ge­raldo Lemos Neto – Na sequência da nossa con­versa, per­guntei ao Chico o que ele queria exa­ta­mente dizer a res­peito do sa­cri­fício do Brasil. Es­taria ele a prever o fu­turo de nossa nação e do mundo? Chico pensou um pouco, como se es­ti­vesse vis­lum­brando cenas dis­tantes e, de­pois de algum tempo, re­tornou para dizer-nos: “Você se lembra, Ge­ral­dinho, do livro de Em­ma­nuel, A Ca­minho da Luz? Nas pá­ginas fi­nais da nar­ra­tiva de nosso ben­feitor, no ca­pí­tulo XXIV, cujo tí­tulo é O Es­pi­ri­tismo e as Grandes Tran­si­ções? Nele, Em­ma­nuel afir­mara que os es­pí­ritos ab­ne­gados e es­cla­re­cidos fa­lavam de uma nova reu­nião da co­mu­ni­dade das po­tên­cias an­gé­licas do Sis­tema Solar, da qual é Jesus um dos mem­bros di­vinos, e que a so­ci­e­dade ce­leste se reu­niria pela ter­ceira vez na at­mos­fera ter­restre, desde que o Cristo re­cebeu a sa­grada missão de re­dimir a nossa hu­ma­ni­dade, para, enfim, de­cidir no­va­mente sobre os des­tinos do nosso mundo.
Pois então, Em­ma­nuel es­creveu isso nos idos de 1938 e estou in­for­mado que essa reu­nião de fato já ocorreu. Ela se deu quando o homem fi­nal­mente in­gressou na co­mu­ni­dade pla­ne­tária, dei­xando o solo do mundo ter­restre para pisar pela pri­meira vez o solo lunar. O homem, por seu pró­prio es­forço, con­quistou o di­reito e a pos­si­bi­li­dade de vi­ajar até a Lua, fato que se ma­te­ri­a­lizou em 20 de julho de 1969. Na­quela oca­sião, o Go­ver­nador Es­pi­ri­tual da Terra, que é Nosso Se­nhor Jesus Cristo, ou­vindo o apelo de ou­tros seres an­ge­li­cais de nosso Sis­tema Solar, con­vo­cara uma reu­nião des­ti­nada a de­li­berar sobre o fu­turo de nosso pla­neta. O que posso lhe dizer, Ge­ral­dinho, é que de­pois de muitos diá­logos e de­bates entre eles foram dadas di­versas su­ges­tões e, ao final do ce­leste con­clave, a bon­dade de Jesus de­cidiu con­ceder uma úl­tima chance à co­mu­ni­dade ter­rá­quea, uma úl­tima mo­ra­tória para a atual ci­vi­li­zação no pla­neta Terra. Todas as in­jun­ções cár­micas pre­vistas para acon­te­cerem ao final do sé­culo XX foram então sus­pensas, pela Mi­se­ri­córdia dos Céus, para que o nosso mundo ti­vesse uma úl­tima chance de pro­gresso moral.
O cu­rioso é que nós vamos re­co­nhecer nos Evan­ge­lhos e no Apo­ca­lipse exa­ta­mente este pe­ríodo atual, em que es­tamos vi­vendo, como a un­dé­cima hora ou a hora der­ra­deira, ou mesmo a cha­mada úl­tima hora.”
FE – Como você re­agiu di­ante da des­crição do que acon­te­cera nessa reu­nião nas Altas Es­feras?
Ge­ral­dinho – Ex­tre­ma­mente cu­rioso com o de­sen­rolar do re­lato de Chico Xa­vier, per­guntei-lhe sobre qual fora então as de­li­be­ra­ções de Jesus, e ele me res­pondeu: “Nosso Se­nhor de­li­berou con­ceder uma mo­ra­tória de 50 anos à so­ci­e­dade ter­rena, a ini­ciar-se em 20 de julho de 1969, e, por­tanto, a findar-se em julho de 2019. Or­denou Jesus, então, que seus emis­sá­rios ce­lestes se em­pe­nhassem mais di­re­ta­mente na ma­nu­tenção da paz entre os povos e as na­ções ter­res­tres, com a fi­na­li­dade de co­la­borar para que nós in­gres­sás­semos mais ra­pi­da­mente na co­mu­ni­dade pla­ne­tária do Sis­tema Solar, como um mundo mais re­ge­ne­rado, ao final desse pe­ríodo. Al­gumas po­tên­cias an­gé­licas de ou­tros orbes de nosso Sis­tema Solar re­ce­aram a di­lação do prazo extra, e foi então que Jesus, em sua sa­be­doria, re­solveu es­ta­be­lecer uma con­dição para os ho­mens e as na­ções da van­guarda ter­restre. Se­gundo a im­po­sição do Cristo, as na­ções mais de­sen­vol­vidas e res­pon­sá­veis da Terra de­ve­riam aprender a se su­por­tarem umas às ou­tras, res­pei­tando as di­fe­renças entre si, abs­tendo-se de se lan­çarem a uma guerra de ex­ter­mínio nu­clear. A face da Terra de­veria evitar a todo custo a cha­mada III Guerra Mun­dial. Se­gundo a de­li­be­ração do Cristo, se e so­mente se as na­ções ter­renas, du­rante este pe­ríodo de 50 anos, apren­dessem a arte do bom con­vívio e da fra­ter­ni­dade, evi­tando uma guerra de des­truição nu­clear, o mundo ter­restre es­taria enfim ad­mi­tido na co­mu­ni­dade pla­ne­tária do Sis­tema Solar como um mundo em re­ge­ne­ração. Ne­nhum de nós pode prever, Ge­ral­dinho, os avanços que se darão a partir dessa data de julho de 2019, se apenas sou­bermos de­fender a paz entre nossas na­ções mais de­sen­vol­vidas e cultas!”
FE – Quais são os acon­te­ci­mentos que po­demos prever com essas re­ve­la­ções para a Terra?
Ge­ral­dinho – Per­guntei, então, ao Chico a que avanços ele se re­feria e ele me res­pondeu: “Nós al­can­ça­remos a so­lução para todos os pro­blemas de ordem so­cial, como a so­lução para a po­breza e a fome que es­tarão ex­tintas; te­remos a des­co­berta da cura de todas as do­enças do corpo fí­sico pela ma­ni­pu­lação ge­né­tica nos avanços da Me­di­cina; o homem ter­restre terá amplo e total acesso à in­for­mação e à cul­tura, que se fará mais ge­ne­ra­li­zada; também os nossos ir­mãos de ou­tros pla­netas mais evo­luídos terão a per­missão ex­pressa de Jesus para se nos apre­sen­tarem aber­ta­mente, co­la­bo­rando co­nosco e ofe­re­cendo-nos tec­no­lo­gias novas, até então ini­ma­gi­ná­veis ao nosso atual es­tágio de de­sen­vol­vi­mento ci­en­tí­fico; ha­ve­remos de fa­bricar apa­re­lhos que nos fa­ci­li­tarão o con­tato com as es­feras de­sen­car­nadas, pos­si­bi­li­tando a nossa sau­dosa con­versa com os entes que­ridos que já par­tiram para o além-tú­mulo; enfim es­ta­ríamos di­ante de um mundo novo, uma nova Terra, uma glo­riosa fase de es­pi­ri­tu­a­li­zação e be­leza para os des­tinos de nosso pla­neta.”
Foi então que, fa­zendo as vezes de ad­vo­gado do diabo, per­guntei a ele: Chico, até agora você tem me fa­lado apenas da me­lhor hi­pó­tese, que é esta em que a hu­ma­ni­dade ter­restre per­ma­ne­ceria em paz até o fim da­quele pe­ríodo de 50 anos. Mas, e se acon­tecer o caso das na­ções ter­res­tres se lan­çarem a uma guerra nu­clear? “Ah! Ge­ral­dinho, caso a hu­ma­ni­dade en­car­nada de­cida se­guir o in­feliz ca­minho da III Guerra mun­dial, uma guerra nu­clear de con­sequên­cias im­pre­vi­sí­veis e de­sas­trosas, aí então a pró­pria mãe Terra, sob os aus­pí­cios da Vida Maior, re­a­girá com vi­o­lência im­pre­vista pelos nossos ho­mens de ci­ência. O homem co­me­çaria a III Guerra, mas quem iria ter­miná-la se­riam as forças te­lú­ricas da na­tu­reza, da pró­pria Terra can­sada dos des­mandos hu­manos, e se­ríamos de­fron­tados então com ter­re­motos gi­gan­tescos; ma­re­motos e ondas (tsu­namis) con­se­quentes; ve­ríamos a ex­plosão de vul­cões há muito ex­tintos; en­fren­ta­ríamos de­gelos ar­ra­sa­dores que avas­sa­la­riam os polos do globo com trá­gicos re­sul­tados para as zonas cos­teiras, de­vido à ele­vação dos mares; e, neste caso, as cinzas vul­câ­nicas as­so­ci­adas às ir­ra­di­a­ções nu­cle­ares ne­fastas aca­ba­riam por tornar to­tal­mente ina­bi­tável todo o He­mis­fério Norte de nosso globo ter­restre.”
O que aconteceria especificamente com o Brasil?

Em certa oca­sião, Ge­raldo Lemos Neto, fun­dador da Casa de Chico Xa­vier, de Pedro Le­o­poldo (MG), fez essa mesma per­gunta a Chico Xa­vier. Se­gundo o mé­dium, “em todas as duas si­tu­a­ções, o Brasil cum­prirá o seu papel no grande pro­cesso de es­pi­ri­tu­a­li­zação pla­ne­tária. Na me­lhor das hi­pó­teses, nossa nação cres­cerá em im­por­tância so­ci­o­cul­tural, po­lí­tica e econô­mica pe­rante a co­mu­ni­dade das na­ções. Não só se­remos o ce­leiro ali­men­tício e de ma­té­rias-primas para o mundo, como também a grande fonte ener­gé­tica com o des­co­bri­mento de enormes re­servas pe­tro­lí­feras que farão da Pe­tro­bras uma das mai­ores em­presas do mundo.”
E pros­se­guiu Chico: “O Brasil cres­cerá a passos largos e ocu­pará im­por­tante papel no ce­nário global, isso terá como con­sequência a ele­vação da cul­tura bra­si­leira ao ce­nário in­ter­na­ci­onal e, a re­boque, os li­vros do Es­pi­ri­tismo Cristão, que aqui ti­veram solo fértil no seu de­sen­vol­vi­mento, atin­girão o in­te­resse das ou­tras na­ções também. Agora, caso ocorra a pior hi­pó­tese, com o He­mis­fério Norte do pla­neta tor­nando-se ina­bi­tável, grandes fluxos mi­gra­tó­rios se for­ma­riam então para o He­mis­fério Sul, onde se situa o Brasil, que então seria cha­mado mais di­re­ta­mente a de­sem­pe­nhar o seu papel de Pá­tria do Evan­gelho, exem­pli­fi­cando o amor e a re­núncia, o perdão e a com­pre­ensão es­pi­ri­tual pe­rante os povos mi­grantes.
A Nova Era da Terra, neste caso, de­mo­raria mais tempo para chegar com todo seu es­plendor de con­quistas ci­en­tí­ficas e mo­rais, porque seria ne­ces­sário mais um longo pe­ríodo de re­cons­trução de nossas na­ções e so­ci­e­dades, for­çadas a se re­or­ga­ni­zarem em seus fun­da­mentos mais bá­sicos.”
FE – Se­gundo Chico Xa­vier, esses fluxos mi­gra­tó­rios se­riam pa­cí­ficos?
Ge­ral­dinho – In­fe­liz­mente não. Se­gundo Chico me re­velou, o que res­tasse da ONU aca­baria por de­cidir a in­vasão das na­ções do He­mis­fério Sul, in­cluindo-se aí ob­vi­a­mente o Brasil e o res­tante da Amé­rica do Sul, a Aus­trália e o sul da África, a fim de que nossas na­ções fossem ocu­padas mi­li­tar­mente e di­vi­didas entre os so­bre­vi­ventes do ho­lo­causto no He­mis­fério Norte. Aí é que nós, bra­si­leiros, iríamos ser cha­mados a exem­pli­ficar a ver­da­deira fra­ter­ni­dade cristã, en­ten­dendo que nossos ir­mãos do Norte, em­bora in­va­sores a “mano mi­li­tare”, não dei­xa­riam de estar so­bre­car­re­gados e aflitos com as con­sequên­cias ne­fastas da guerra e das he­ca­tombes te­lú­ricas, e, por­tanto, ainda assim, de­vendo ser con­si­de­rados nossos ir­mãos do ca­minho, ne­ces­si­tados de apoio e ar­rimo, com­pre­ensão e amor.
Neste ponto da con­versa, Chico fez uma pausa na nar­ra­tiva e com­pletou: “Nosso Brasil como o co­nhe­cemos hoje será então des­fi­gu­rado e di­vi­dido em quatro na­ções dis­tintas. So­mente uma quarta parte de nosso ter­ri­tório per­ma­ne­cerá co­nosco e aos bra­si­leiros res­tarão apenas os Es­tados do Su­deste so­mados a Goiás e ao Dis­trito Fe­deral. Os nor­te­a­me­ri­canos, ca­na­denses e me­xi­canos ocu­parão os Es­tados da Re­gião Norte do País, em sin­tonia com a Colômbia e a Ve­ne­zuela. Os eu­ro­peus virão ocupar os Es­tados da Re­gião Sul do Brasil unindo-os ao Uru­guai, à Ar­gen­tina e ao Chile. Os asiá­ticos, no­ta­da­mente chi­neses, ja­po­neses e co­re­anos, virão ocupar o nosso Centro-Oeste, em co­nexão com o Pa­ra­guai, a Bo­lívia e o Peru. E, por fim, os Es­tados do Nor­deste bra­si­leiro serão ocu­pados pelos russos e povos es­lavos. Nós não po­demos nos es­quecer de que todo esse in­trin­cado pro­cesso tem a sua as­cen­dência es­pi­ri­tual e somos for­çados a re­co­nhecer que temos muito que aprender com os povos in­va­sores.
Ve­jamos, por exemplo: os norte-ame­ri­canos podem nos en­sinar o res­peito às leis, o amor ao di­reito, à ci­ência e ao tra­balho. Os eu­ro­peus, de uma forma geral, po­derão nos trazer o amor à fi­lo­sofia, à mú­sica eru­dita, à edu­cação, à his­tória e à cul­tura. Os asiá­ticos po­derão in­cor­porar à nossa gente suas mais altas no­ções de res­peito ao dever, à dis­ci­plina, à honra, aos an­ciãos e às tra­di­ções mi­le­nares. E, então, por fim, nós bra­si­leiros, ofer­ta­remos a eles, nossos ir­mãos na carne, os mais altos va­lores de es­pi­ri­tu­a­li­dade que, mercê de Deus, en­te­sou­ramos no co­ração fra­terno e amigo de nossa gente sim­ples e hu­milde, essa gente boa que re­en­carnou na grande nação bra­si­leira para dar cum­pri­mento aos de­síg­nios de Deus e de­mons­trar a todos os povos do pla­neta a fé na Vida Su­pe­rior, tes­te­mu­nhando a con­ti­nui­dade da vida além-tú­mulo e o exer­cício se­reno e nobre da me­diu­ni­dade com Jesus.”
FE – O Brasil, em­bora so­frendo o im­pacto moral dessa ocu­pação es­tran­geira, es­taria imune aos mo­vi­mentos te­lú­ricos da Terra?
Ge­ral­dinho – In­fe­liz­mente, não. Se­gundo Chico Xa­vier, o Brasil não terá pri­vi­lé­gios e so­frerá também os efeitos de ter­re­motos e tsu­namis, no­ta­da­mente nas zonas cos­teiras. Acon­tece que, de acordo com o mé­dium, o im­pacto por aqui será bem menor se com­pa­rado com o que so­bre­virá no He­mis­fério Norte do pla­neta.
FE – Por tudo que se de­pre­ende da fala de Chico Xa­vier, você também crê que a ida do homem à Lua, em julho de 1969, tenha pre­ci­pi­tado de certa forma a pre­o­cu­pação com as con­quistas ci­en­tí­ficas dos hu­manos, que po­de­riam co­locar em risco o equi­lí­brio do Sis­tema Solar?
Ge­ral­dinho – Sim, creio que a re­ve­lação de Chico Xa­vier a res­peito traz, nas en­tre­li­nhas, essa pre­o­cu­pação ce­leste quanto às pos­sí­veis in­ter­fe­rên­cias dos hu­manos ter­rá­queos nos des­tinos do equi­lí­brio pla­ne­tário em nosso Sis­tema Solar. Pelo que Chico Xa­vier falou, al­guns dos seres an­gé­licos de ou­tros orbes pla­ne­tá­rios não es­ta­riam dis­postos a nos dar mais este prazo de 50 anos, que ven­cerá daqui a apenas oito anos, te­me­rosos talvez de nossas ne­fastas e per­ni­ci­osas in­fluên­cias. Essa úl­tima hora bem que po­deria ser por nós con­si­de­rada como a úl­tima bênção mi­se­ri­cor­diosa de Jesus Cristo em nosso favor, uma vez que, pela ex­pli­cação de Chico Xa­vier, foi ele, Nosso Se­nhor, quem ad­vogou em favor de nossa causa, ainda uma vez mais.
FE – A reu­nião da co­mu­ni­dade ce­leste teria de­ci­dido algo mais, se­gundo a ex­po­sição de Chico Xa­vier?
Ge­ral­dinho – Sim. Outra de­cisão dos ben­fei­tores es­pi­ri­tuais da Vida Maior foi a que de­ter­minou que, após o al­vo­recer do ano 2000 da Era Cristã, os es­pí­ritos em­pe­der­nidos no mal e na ig­no­rância não mais re­ce­be­riam a per­missão para re­en­carnar na face da Terra. Re­en­carnar aqui, a partir dessa data, equi­va­leria a um va­lioso prêmio justo, des­ti­nado apenas aos es­pí­ritos mais fortes e pre­pa­rados, que sou­beram ame­a­lhar, no trans­curso de múl­ti­plas re­en­car­na­ções, con­quistas es­pi­ri­tuais re­le­vantes como a man­sidão, a bran­dura, o amor à paz e à con­córdia fra­ternal entre povos e na­ções. In­sere-se dentro dessa pro­gra­mação de ordem su­pe­rior a pró­pria re­en­car­nação do mentor es­pi­ri­tual de Chico Xa­vier, o es­pí­rito Em­ma­nuel, que, de fato, veio a re­nascer, se­gundo Chico in­formou a va­ri­ados amigos mais pró­ximos, exa­ta­mente no ano 2000. Cer­ta­mente, Em­ma­nuel, re­en­car­nado aqui no co­ração do Brasil, ha­verá de de­sem­pe­nhar sig­ni­fi­ca­tivo papel na evo­lução es­pi­ri­tual de nosso orbe.
Todos os de­mais es­pí­ritos, re­cal­ci­trantes no mal, se­riam então, a partir de 2000, en­ca­mi­nhados for­ço­sa­mente à re­en­car­nação em mundos mais atra­sados, de ex­pi­a­ções e de provas as­pér­rimas, ou mesmo em mundos pri­mi­tivos, vi­ven­ci­ando ainda o es­tágio do homem das ca­vernas, para po­derem purgar os seus des­mandos e a sua in­sub­missão aos de­síg­nios su­pe­ri­ores. Chico Xa­vier tinha co­nhe­ci­mento desses mundos para onde os es­pí­ritos re­ni­tentes es­ta­riam sendo de­gre­dados. Se­gundo ele, o maior desses pla­netas se cha­maria Kírom ou Quírom.
FE – Pra­ti­ca­mente só nos restam oito anos pela frente. Em­ma­nuel fala na en­tre­vista da dé­cada de 1950, já pu­bli­cada nestas pá­ginas, que é ur­gente a trans­for­mação moral da hu­ma­ni­dade. Qual deve ser a nossa con­duta frente a re­ve­la­ções tão as­sus­ta­doras e ao con­selho do mentor?
Ge­ral­dinho – Então, ca­rís­sima Mar­lene, a úl­tima hora está de fato aí de­mons­trada. Basta termos “olhos de ver e ou­vidos de ouvir”, se­gundo a as­ser­tiva de Jesus. É a nossa úl­tima chance, é a úl­tima hora… Não há mais tempo para o ma­te­ri­a­lismo. Não há mais tempo para ilu­sões ou en­ganos ime­di­a­tistas. Ou se­gui­remos com a Luz que efe­ti­va­mente bus­carmos, ou nos afun­da­remos nas som­bras de nossa pró­pria ig­no­rância. Que será de nós? A res­posta está em nosso livre-ar­bí­trio, in­di­vi­dual e co­le­tivo. É a nossa es­colha de hoje que vai gerar o nosso des­tino. Po­de­remos optar pelo me­lhor ca­minho, o da fra­ter­ni­dade, da sa­be­doria e do amor, e a re­ge­ne­ração che­gará para nós de forma bri­lhante a partir de 2019; ou po­de­remos sim­ples­mente es­co­lher o ca­minho do so­fri­mento e da dor e, neste caso in­feliz, te­remos um longo pe­ríodo de re­cons­trução que po­derá durar mais de mil anos, se­gundo Chico Xa­vier. En­tre­tanto, se­jamos oti­mistas. Lem­bremo-nos que deste pe­ríodo de 50 anos já se pas­saram 42 anos em que as na­ções mais de­sen­vol­vidas e res­pon­sá­veis do pla­neta con­se­guiram se su­portar umas às ou­tras sem se lan­çarem a uma guerra de ex­ter­mínio nu­clear. Essa era a pré-con­dição im­posta por Jesus. Até aqui se­guimos bem, em­bora entre trancos e bar­rancos. Faltam-nos hoje apenas o per­curso da úl­tima milha, os úl­timos oito anos deste pe­ríodo de ex­ceção e mi­se­ri­córdia do Al­tís­simo. Oxalá pros­si­gamos na me­lhor com­pa­nhia!
Como po­de­remos fa­cil­mente con­cluir, tudo de­pen­derá, em úl­tima aná­lise, de nossas pró­prias es­co­lhas, en­quanto en­ti­dades in­di­vi­duais ou co­le­tivas, para nosso pro­gresso e as­censão es­pi­ri­tual. É o “A cada um será dado se­gundo as suas pró­prias obras!” que o Cristo nos en­sinou.
Não es­tamos en­tre­gues à fa­ta­li­dade nem pre­de­ter­mi­nados ao so­fri­mento. Es­tamos di­ante de uma en­cru­zi­lhada do des­tino co­le­tivo que nos une à nossa casa pla­ne­tária, aqui na Terra. Temos di­ante de nós dois ca­mi­nhos a se­guir. O ca­minho do amor e da sa­be­doria nos le­vará a mais rá­pida as­censão es­pi­ri­tual co­le­tiva. O ca­minho do ódio e da ig­no­rância acar­retar-nos-á mais amplo dis­pêndio de sé­culos na re­cons­trução ma­te­rial e es­pi­ri­tual de nossas co­le­ti­vi­dades. Tudo virá de acordo com nossas es­co­lhas de agora, in­di­vi­duais e co­le­tivas. Oremos muito para que os Ben­fei­tores da Vida Maior con­ti­nuem a nos ajudar e in­cen­tivar a se­guir pelo Ca­minho da Ver­dade e da Vida. O pró­prio es­pí­rito Em­ma­nuel, através de Chico Xa­vier, res­pon­dendo a uma en­tre­vista já pu­bli­cada em livro nos diz que as pro­fe­cias são re­ve­ladas aos ho­mens para não serem cum­pridas. São na re­a­li­dade um grande aviso es­pi­ri­tual para que nos me­lho­remos e afas­temos de nós a hi­pó­tese do pior ca­minho.
Com­par­tilho com os lei­tores da Folha Es­pí­rita men­sagem de nosso ben­feitor es­pi­ri­tual The­ophorus, psi­co­gra­fada por nosso in­ter­médio, na noite de 14 de agosto de 2006 em reu­nião pú­blica no Centro Es­pí­rita Luz, Amor e Ca­ri­dade, de Belo Ho­ri­zonte (MG). Com o tí­tulo A Terra da Pro­missão, seu con­teúdo versa exa­ta­mente sobre o tema desta en­tre­vista.

A Terra da Promissão
A mensagem abaixo foi psicografada em reunião pública no Centro Espírita Luz, Amor e Caridade, na noite de 14 de agosto de 2006, por Geraldo Lemos Neto
Ir­mãos,
Na aber­tura do Ca­pí­tulo IX de O Evan­gelho Se­gundo o Es­pi­ri­tismo, Allan Kardec, com muita pro­pri­e­dade, es­co­lheu a frase ines­que­cível de Nosso Se­nhor Jesus Cristo:
“Bem-aven­tu­rados os mansos, porque eles her­darão a terra!” (Ma­teus, 5: 5)
Por muitos sé­culos, a frase au­gusta do di­vino Mestre restou não com­pre­en­dida pela co­le­ti­vi­dade cristã na face ter­restre. Afinal, que terra pro­me­tida é essa a que se re­fere o Cristo, re­ser­vando-a aos brandos de co­ração e aos hu­mildes do es­pí­rito?
Não obs­tante o as­pecto pro­fundo, muitas vezes atri­buindo às pa­la­vras ilu­mi­nadas de Jesus de Na­zaré o sen­tido fi­gu­rado, em que muitos es­tu­di­osos da letra cristã con­si­de­raram essa terra sob o sig­ni­fi­cado es­pi­ri­tual da terra sim­bó­lica da paz rei­nante nos co­ra­ções dos justos, for­çoso é re­co­nhe­cermos que o real al­cance da pro­messa do Cristo a esse res­peito vai mais longe. Os mundos, es­tân­cias de tra­balho e aper­fei­ço­a­mento que en­xa­meiam a col­meia uni­versal da Cri­ação di­vina, também pro­gridem es­pi­ri­tu­al­mente, gal­gando novos postos de ser­viço como edu­can­dá­rios va­li­osos dos es­pí­ritos de suas hu­ma­ni­dades cor­re­latas, em con­tínuo pro­cesso de as­censão. À me­dida que avançam as no­ções su­pe­ri­ores do es­pí­rito en­car­nado, le­van­tando o pró­prio olhar para as re­a­li­dades da vida im­pe­re­cível, soa o clarim de uma nova era para as co­le­ti­vi­dades hu­manas se­dentas de paz e de pro­gresso.
É che­gado o mo­mento de novo de­grau evo­lu­tivo para a casa pla­ne­tária a que cha­mamos Terra. O prazo de 20 sé­culos da men­sagem es­pi­ri­tual do Mestre ines­que­cível, desde sua pas­sagem re­no­va­dora às mar­gens do mar da Ga­li­leia, che­gará no pró­ximo ano de 2030. Desde o ad­vento do novo sé­culo XXI, por de­ter­mi­nação su­pe­rior, apenas têm acesso à porta da re­en­car­nação os es­pí­ritos que atin­giram em suas con­quistas es­pi­ri­tuais a man­sidão, a bran­dura e a hu­mil­dade. Aqueles que não sou­beram ad­quirir esses pa­trimô­nios mo­rais na con­ta­bi­li­dade de seus cré­ditos pes­soais, no trans­curso de suas su­ces­sivas re­en­car­na­ções em 20 sé­culos de vida cristã na face da Terra, serão, como já estão sendo, con­du­zidos a mundos de ex­pi­ação e provas que se lhes afinem com as ten­dên­cias in­fe­ri­ores e in­fe­lizes.
Os bons alunos, que se têm es­for­çado por domar as suas más ten­dên­cias, re­a­jus­tando-se-lhes os co­ra­ções em sin­tonia com o amor uni­versal e a sa­be­doria de todos os tempos, são estes que o di­vino Mestre ape­lida de brandos e hu­mildes, mansos e pa­cí­ficos, que hão de herdar a nova Terra. Muitos deles já estão entre vós, apre­sen­tando-se com a in­fância na­tural de seus pri­meiros anos de cri­anças ter­res­tres.
À me­dida que forem che­gando à ju­ven­tude e à ma­du­reza, con­tudo, as­su­mirão cada vez mais o re­le­vante papel para o qual foram cha­mados na so­ci­e­dade ter­restre, o que im­pri­mirá vi­go­rosa trans­for­mação no am­bi­ente con­tur­bado que ainda vos en­volve o co­ti­diano.
Apro­xima-se a fase final desta tran­sição que ha­verá de elevar a Terra à con­dição de “mundo re­ge­ne­rado” para a qual se des­tina. Este pe­ríodo final será jus­ta­mente aquele entre o cen­té­simo ani­ver­sário do nas­ci­mento do após­tolo con­so­lador Chico Xa­vier, a co­me­morar-se no pró­ximo ano de 2010, em 2 de abril, e o ani­ver­sário do bi­cen­te­nário do ad­vento do Con­so­lador pro­me­tido pelo Cristo, a co­me­morar-se no fu­turo ano de 2057, mais pre­ci­sa­mente no dia 18 de abril.
Até lá ainda ex­pe­ri­men­ta­reis os es­ter­tores da vida som­bria dos sen­ti­mentos in­fe­ri­ores que ainda vos cir­cundam a exis­tência, fa­dada, in­va­ri­a­vel­mente, a ser var­rida da nova Terra pela pre­sença da Luz. Es­te­jamos, pois, con­fi­antes que Jesus, nosso di­vino Mestre, está no leme de nossa em­bar­cação pla­ne­tária, con­du­zindo-a ao porto se­guro da paz e da es­pe­rança, da ale­gria e do amor, que ha­verá de nos ir­manar, uns aos ou­tros, como ge­nuínos her­deiros dessa nova hu­ma­ni­dade.
Ir­mãos, amigos que­ridos e com­pa­nheiros de jor­nada, fa­çamos, pois, nossa parte para me­recê-la!
“Tudo de­pen­derá, em úl­tima aná­lise, de nossas pró­prias es­co­lhas, en­quanto en­ti­dades in­di­vi­duais ou co­le­tivas, para nosso pro­gresso e as­censão es­pi­ri­tual. É o ‘A cada um será dado se­gundo as suas pró­prias obras!’ que o Cristo nos en­sinou”


Suicídio consciente e inconsciente

               

                             umbral

Um tema importante esclarecido pelo Espiritismo é o suicídio. 
Em O Livro dos Espíritos, os Espíritos respondem a Allan Kardec sucintamente:
944. O homem tem o direito de dispor da sua própria vida? 
— Não; somente Deus tem esse direito. 
O suicídio voluntário é uma transgressão dessa lei.
Podemos achar que o corpo é nosso, fazemos o que bem entendemos com ele. 
Não é bem assim. 
O corpo - esta existência, reencarnação - é um empréstimo divino, oportunidade de escoarmos nossos pesados débitos e crescermos. 
Respondemos justamente a todas as ações com ele, que vão do pensamento à alimentação.
O suicídio consciente - isto é, deliberadamente tirar a própria vida - é uma falta muito grave, sentida pelo indivíduo, que continua sofrendo após o rompimento com a carne. 
Os efeitos variam de espírito a espírito, contexto a contexto, circunstância a circunstância. 
Todavia, sempre é sentido.
957. Quais são, em geral, as conseqüências do suicídio sobre o estado do Espírito? — As consequências do suicídio são as mais diversas. 
Não há penalidades fixadas e em todos os casos elas são sempre relativas às causas que o produziram. 
Mas uma conseqüência a que o suicida não pode escapar é o desapontamento. 
De resto, a sorte não é a mesma para todos, dependendo das circunstâncias. 
Alguns expiam sua falta imediatamente, outros numa nova existência, que será pior que aquela cujo curso interromperam.
O suicida, frequentemente fazendo isso para ter suas dores e males cessados, não se livra de nada. 
Pelo contrário, as dificuldades vêm aumentadas. 
Tirar a própria vida é a pior coisa que um sofredor pode fazer, é um ato de desespero que espiritualmente custa caro, muitas vezes, outras encarnações.
Outra forma de suicídio é o inconsciente. 
Ocorre, por exemplo, quando alguém morre devido ao uso do cigarro, do álcool, outras drogas, além de formas de alimentação. 
Exemplificando ainda mais, o espírito André Luiz conta em Nosso Lar que era chamado de ''suicida'' pelos espíritos do umbral. 
Tal fato o espantou, já que não se matou... conscientemente. 
Além de presente nas obras de André Luiz, pelo médium Chico Xavier, o tema foi tratado por Allan Kardec em O Céu e o Inferno:
"O suicídio não consiste somente no ato voluntário que produz a morte instantânea, mas em tudo quanto se faça conscientemente para apressar a extinção das forças vitais."
Esse ensinamento nos faz refletir: como estamos cuidando do nosso corpo? 
Além dos aspectos inteiramente materiais, os pensamentos constituem fatal influência. 
A cada vibração odiosa comprometemos o nosso sistema cardíaco, assim por diante.
Todo o ato de desespero tem más consequências. 
Calculado friamente, o suicídio consciente é produto de depressão e outros fatores agressivos. 
Em suma, analisamos que nenhum sofrimento carnal - necessário e útil para o progresso e felicidade futura, se aproveitado bem e sem rebeldia - se compara com o de se despor da vida. Indiretamente, devemos cuidar física e moralmente do corpo e, logo, do espírito.

Allan Kardec



GRANDES VULTOS DO ESPIRITISMO - ALLAN KARDEC
Nascido em Lyon, França, no dia 3 de outubro de 1804 e desencarnado em Paris, no dia 31 de março de 1869.
Muito se tem escrito sobre a personalidade de Allan Kardec, existindo mesmo várias e extensas biografias sobre a sua obra missionária.
É sobejamente conhecida a sua vida anteriormente ao dia 18 de abril de 1857, quando publicou a magistral obra "O Livro dos Espíritos", que deu início ao processo de codificação do Espiritismo.
Nesta súmula biográfica, procuraremos esboçar alguns informes sobre a sua inconfundível personalidade, alguns deles já do conhecimento geral.
O seu verdadeiro nome era Hippolyte-Léon-Denizard Rivail. 
"Hippolite" em família; "Professor Rivail" na sociedade e "H-L-D. Rivail" na literatura era, desde os 18 anos mestre colegial de Ciências e Letras, e, desde os 20 anos renomado autor de livros didáticos. 
Suas obras espíritas foram escritas com o pseudônimo de Allan Kardec.
Destacou-se na profissão para a qual fora aprimoradamente educado na Suíça, na escola do maior pedagogo do primeiro quartel do século XIX, de fama mundial e até hoje paradigma dos mestres: João Henrique Pestalozzi. 
E, em Paris, sucedeu ao próprio mestre.
Allan Kardec contava 51 anos quando se dedicou à observação e estudo dos fenômenos espíritas, sem os entusiasmos naturais das criaturas ainda não amadurecidas e sem experiência. A sua própria reputação de homem probo e culto constituiu o obstáculo em que esbarraram certas afirmações levianas dos detratores do Espiritismo. 
Dois anos depois, em 1857, divulgava "O Livro dos Espíritos". 
Em 1858 iniciava a publicação da famosa "Revue Spirite". 
Em 1861 dava a lume "O Livro dos Médiuns". 
Em 1864 aparecia "O Evangelho segundo o Espiritismo"; seguido de "O Céu e o Inferno" em 1865. Finalmente, em 1868 "A Gênesis Os Milagres e as Predições", completava o pentateuco do Espiritismo.
Na ingente tarefa de codificação do Espiritismo, Allan Kardec contou com o valioso concurso de três meninas que se tornaram as médiuns principais no trabalho de compilação de "O Livro dos Espíritos": 
Caroline Baudin, Julie Baudin e Ruth Celine Japhet. As duas primeiras foram utilizadas para a concatenação da essência dos ensinos espíritas e a última para os esclarecimentos complementares. 
Ultimada a obra e ratificados todos os ensinamentos ali contidos, por sugestão dos Espíritos, Allan Kardec recorreu a outros médiuns, estranhos ao primeiro grupo, dentre eles Japhet e Roustan, médiuns intuitivos; a senhora Canu, sonâmbula inconsciente; Canu, médium de incorporação; a Sra. Leclerc, médium psicógrafa; a Sra. Clement, médium psicógrafa e de incorporação; a Sra. De Pleinemaison, auditiva e inspirada; Sra. Roger, clarividente; e Srta. Aline Carlotti, médium psicógrafa e de incorporação.
Escrevendo sobre a personalidade do ínclito mestre, o emérito Dr. Silvino Canuto Abreu afirmou o seguinte: 
"De cultura acima do normal nos homens ilustres de sua idade e do seu tempo, impôs-se ao geral respeito desde moço. 
Temperamento infenso à fantasia, sem instinto poético nem romanesco, todo inclinado ao método, à ordem, à disciplina mental, praticava, na palavra escrita ou falada, a precisão, a nitidez, a simplicidade, dentro dum vernáculo perfeito, escoimado de redundâncias.
De estatura meã, apenas 165 centímetros, e constituição delicada, embora saudável e resistente, o professor Rivail tinha o rosto sempre pálido, chupado, de zigomas salientes e pele sardenta, castigado de rugas e verrugas. 
Fronte vertical comprida e larga, arredondada ao alto, erguida sobre arcadas orbitárias proeminentes, com sobrancelhas abundantes e castanhas. 
Cabelos lisos e grisalhos, ralos por toda a parte, falhos atrás (onde alguns fios mal encobriam a larga coroa calva da madureza), repartidos, na frente, da esquerda para a direita, sem topetes, confundidos, nos temporais, com as barbas grisalhas e aparadas que lhe desciam até o lóbulo das orelhas e cobriam, na nuca, o colarinho duro, de pontas coladas ao queixo. 
Olhos pequenos e afundados, com olheiras e pápulas. 
Nariz grande, ligeiramente acavaletado perto dos olhos, com largas narinas entre rictos arqueados e auteros. 
Bigodes rarefeitos, aparados à borda do lábio, quase todo branco. 
Pera triangular sob o beiço, disfarçando uma pinta cabeluda. 
Semblante severo quando estudava ou magnetizava, mas cheio de vivacidade amena e sedutora quando ensinava ou palestrava. 
O que nele mais impressionava era o olhar estranho e misteriosos, cativante pela brandura das pupilas pardas, autoritário pela penetração a fundo na alma do interlocutor. 
Pousava sobre o ouvinte como suave farol e não se desviava abstrato para o vago senão quando meditava, a sós. 
E o que mais personalidade lhe dava era a voz, clara e firme, de tonalidade agradável e oracional, que podia mesclar agradavelmente desde o murmúrio acariciante até as explosões de eloqüência parlamentar. 
Sua gesticulação era sóbria, educada. 
Quando distraído, a ler ou a pensar, confiava os "favoris". 
Quando ouvia uma pessoa, enfiava o polegar direito no espaço entre dois botões do colete, a fim de não aparentar impaciência e, ao contrário, convencer de sua tolerância e atenção. Conversando com discípulos ou amigos íntimos, apunha algumas vezes a destra no ombro do ouvinte, num gesto de familiaridade. 
Mantinha rigorosa etiqueta social diante das damas."
Pelo seu profundo e inexcedível amor ao bem e à verdade, Allan Kardec edificou para todo o sempre o maior monumento de sabedoria que a Humanidade poderia ambicionar, desvendando os grandes mistérios da vida, do destino e da dor, pela compreensão racional e positiva das múltiplas existências, tudo à luz meridiana dos postulados do ninfo Cristianismo.
Filho de pais católicos, Allan Kardec foi criado no Protestantismo, mas não abraçou nenhuma dessas religiões, preferindo situar-se na posição de livre pensador e homem de análise. Compungia-lhe a rigidez do dogma que o afastava das concepções religiosas. 
O excessivo simbolismo das teologias e ortodoxias, tornava-o incompatível com os princípios da fé cega.
Situado nessa posição, em face de uma vida intelectual absorvente, foi o homem de ponderação, de caráter ilibado e de saber profundo, despertado para o exame das manifestações das chamadasmesas girantes
A esse tempo o mundo estava voltado, em sua curiosidade, para os inúmeros fatos psíquicos que, por toda a parte, se registravam e que, pouco depois, culminaram no advento da altamente consoladora doutrina que recebeu o nome de Espiritismo, tendo como seu codificados, o educador emérito e imortal de Lyon.
O Espiritismo não era, entretanto, criação do homem e sim uma revelação divina à Humanidade para a defesa dos postulados legados pelo Meigo Rabi da Galiléia, numa quadra em que o materialismo avassalador conquistava as mais pujantes inteligências e os cérebros proeminentes da Europa e das Américas.
A primeira sociedade espírita regularmente constituída foi fundada por Allan Kardec, em Paris, no dia 1o. de abril de 1858. 
Seu nome era "Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas"
A ela o codificador emprestou o seu valioso concurso, propugnando para que atingisse os nobilitantes objetivos para os quais foi criada.
Allan Kardec é invulnerável à increpação de haver escrito sob a influência de idéias preconcebidas ou de espírito de sistema. 
Homem de caráter frio e severo, observava os fatos e dessas observações deduzia as leis que os regem.
A codificação da Doutrina Espírita colocou Kardec na galeria dos grandes missionários e benfeitores da Humanidade. 
A sua obra é um acontecimento tão extraordinário como a Revolução Francesa. 
Esta estabeleceu os direitos do homem dentro da sociedade, aquela instituiu os liames do homem com o universo, deu-lhe as chaves dos mistérios que assoberbavam os homens, dentre eles o problema da chamada morte, os quais até então não haviam sido equacionados pelas religiões. 
A missão do ínclito mestre, como havia sido prognosticada pelo Espírito de Verdade, era de escolhos e perigos, pois ela não seria apenas de codificar, mas principalmente de abalar e transformar a Humanidade. 
A missão foi-lhe tão árdua que, em nota de 1o. de janeiro de 1867, Kardec referia-se as ingratidões de amigos, a ódios de inimigos, a injúrias e a calúnias de elementos fanatizados. Entretanto, ele jamais esmoreceu diante da tarefa.


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''A Missão de Allan Kardec''

Allan Kardec nasceu na cidade de Lyon, na França, a 3 de outubro de 1804, recebendo na pia batismal o nome de Hippolyte.

Seu pai se chamava Jean Baptiste Antoine Rivail. 
Seu nome era, pois, Hippolyte Léon Denizard Rivail.
Diz o Dr. Canuto Abreu, em interessante artigo publicado na revista "Santa Aliança", de fevereiro de 1956, que encontrara nos Arquivos do Espiritismo, antes de destruídos pelos alemães, quatro formas diferentes do nome Denizard.

Os companheiros do Mestre na Société Parisiènne des Etudes Spirites inverteram a ordem dos primeiros apelidos, escrevendo Léon-Hippolyte, em vez de Hippolyte-Léon.

Reportando-se à etimologia, conclui o nosso erudito patrício:
"Segundo creio, o nome Denizard deriva da velha expressão latina Dionysos Ardenae, designativa de Deus Dyonisio, da floresta de Ardenas. 
Dentro dessa imensa mata gaulesa que Júlio César calculava em mais de 500 milhas, os Druidas celebravam as evocações festivas do Deus Nacional da Gá1ia, denominado Te-Te-Te, Altíssimo, representado por um carvalho secular.
A sombra do carvalho divino os legionários romanos, após a derrota de Vercingetorix, ergueram a estátua do Deus Dionysius, também conhecido pelo nome de Bacchus, deus das selvas, das campinas, das uvas, dos trigais, amante da rusticidade e da liberdade. 
E, de conformidade com o costume dos conquistadores, inscreveram uma legenda latina ao pé do monumento. Supõe-se que rezava assim: Dionysio Rústico Eleuthero, com a significação de Dionisio campestre em liberdade".
O povo deturpou os nomes:
``Dionysius sofreu a evolução simplificativa Dionysio-Dionys-Denls. Ardenae, latinização de ard-nae, mata grande, simplificou-se em ard".
Com a introdução do Cristianismo, surgiram três santos, Denis, Rústico e Eleutério.
Alan Kardec foi consagrado a Denis-Ard, evocativo do Protetor Espiritual da França. O primeiro nome apresentado ao Maire foi o de Denizard.
Tal é o relato resumido do Dr. Canuto Abreu.

Os estudos de Kardec foram iniciados em Lyon, tendo-os completado em Iverdun, na Suíça, sob a direção do célebre e inesquecível Professor Pestalozzi.
Os seus detratores, entre outros defeitos que lhe apontam, costumam apresentá-lo como ignorante, confiados que a calúnia, ligeira brisa a princípio, como se diz no Barbeiro de Sevilha, converter-se-á em terrível vendaval.
Ora, o Mestre teve uma sólida instrução, servida por uma robusta inteligência. 
Ele conhecia o alemão, o inglês, o italiano, o espanhol, o holandês, sem falar na língua materna, e tinha grande cultura científica.
É fácil comprovar o nosso asserto, verificando-se a lista dos importantes trabalhos que publicou, tais como:
Plano para melhoramento da instrução pública, que deu a lume em 1828.
Em 1829, o Curso prático e teórico de Aritmética.
Em 1831, a Gramática Francesa Clássica.
Alguns anos mais tarde entregava à Livraria Acadêmica de Didier mais dois livros didáticos de grande valor: Soluções nacionais das questões e Problemas de Aritmética e Geometria.
Manual dos Exames para os títulos de capacidade.
Em 1846, Programa dos cursos usuais de Química, Física, Astronomia e Fisiologia.
Em 1848, Catecismo gramatical da língua francesa para os iniciantes do idioma.
E ainda:
Ditados especiais sobre as dificuldades ortográficas. Pontos para exames.
Ditados normais dos exames da Municipalidade de Sorbonne.
Alguns o apresentam como doutor em Medicina, e disto se aproveitou a crítica adversária para denegrir a memória do Codificador, acoimando-o de embusteiro.
Kardec nunca se fez passar por médico, sendo a sua profissão a de mestre-escola. 
O equivoco provém de que costumava curar os enfermos pelo hipnotismo e com aplicações de passes magnéticos.
Bacharelou-se, entretanto, em Ciências e Letras.
Além da sua obra científica e literária, há que acrescentar as da Codificação Espírita, que vinham abrir um caminho novo no campo da Filosofia. Assim é que ele publicou:
Em 18-4-1857—O Livro dos Espíritos.
Em 1861 —O Livro dos Médiuns.
Em 1864—O Evangelho segundo o Espiritismo.
Em 1865—O Céu e Inferno ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo.
Em 1868—A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo.
Estas obras constituem o Pentateuco Espírita. A elas poderemos ainda acrescentar:
O que é o Espiritismo.
Introdução ao estudo da doutrina espírita.
Obras Póstumas.
Esta última fora publicada quase 21 anos após a desencarnação do mestre.
A Revue Spirite.
Fundou, ainda, a Société Parisiènne des Etudes Spirites.
Kardec exerceu, por muito tempo, o professorado, sendo conhecido como Le Professeur Rivail.

O EDUCADOR

Allan Kardec era o educador por excelência. Além das obras que publicou, traduziu várias outras, algumas de fundo moral como Telêmaco, de Fénelon, que verteu para o alemão, e comentou, o que lhe valeu os aplausos sinceros e calorosos de Pestalozzi.
O seu desprendimento por dinheiro, o seu desinteresse pelas coisas materiais, a sua dedicação ao ensino e o seu amor ao bem levaram-no a dar aulas gratuitas. E assim, durante seis anos, na sua casa à rua de Sèvres, ministrava ensinos de Química, Física, Anatomia, Astronomia e outras matérias.
Possuidor de um método original, procurava usar de meios mnemônicos, de forma a não cansar o estudante e fazê-lo aprender as lições com facilidade e rapidez.
Levando mais além a frase de Flammarion, quando dizia que Kardec era o bom senso encarnado, Virgílio Sobrinho (Allan Kardec educador e jornalista) escrevia:
"Conhecedor profundo da psique infantil, levava a escola aos moços não esperando que estes fossem procurá-la. Allan Kardec, realmente, era o senso pedagógico em sua mais bela perfeição.
As obras legadas aos homens esclarecidos prestam-se a esta assertiva. Nenhum dos seus livros foge ao crivo do raciocínio. Os volumes que deixou, como herança mais caras aos livres pensadores, constituem-se em, insigne escola, porque instruem e elevam o espirito às acepções da majestade divina. A lógica do pensamento desenvolvida nos seus trabalhos. Por isto o conceito pedagogo americano é muito bem ajustado: "A única coisa que a escola pode e deve fazer é desenvolver a aptidão para pensar". As palavras de Dewey ajustam-se muito bem à escola viva de Kardec. O pensamento, a investigação cientifica e a observação séria formam o laboratório mais perfeito para a reforma intima do homem. E Kardec logrou isto nos seus escritos".

O HOMEM E SEU CARÁTER

Sobre Allan Kardec, como homem, e estudando o caráter adamantino, merecem lidas as páginas de Crysanto de Brito, escritor que, à sua extraordinária modéstia, ali uma grande competência. Assim escrevia ele no seu livro "Allan Kardec e o Espiritismo":
"Há duas fases na vida de Allan Kardec:—uma anterior à constituição do Espiritismo, mais material, conquanto superior na ordem moral, outra inteiramente espiritual, que, admitindo e aceitando a doutrina nascente, faz dela a preocupação constante do resto de sua vida."
Todas as qualidades morais, que concorrem para mar o homem de bem, foram logo desabrochando no jovem Hipólite Rivail e constituíram sempre o fundo do seu caráter.
"Quando apareceu depois o grande movimento espírita de que foi diretor, era já um homem experimentado nas li da vida, contando já mais de cinqüenta anos, mas sendo guiado por uma consciência reta. O Espiritismo não lhe trazer a transformação súbita do caráter. Não veio modificá-lo de chofre, dando-lhe imediatamente qualidades que possuía. Já o encontrou formado. Apenas o lapidou. Era já um espírito evoluído, com um longo tirocínio de outras existências e de outras missões, perfeitamente aparelhado, por. tanto, para desempenhar a nova missão que trazia.
"Na vida a coragem nunca lhe faltou. Ele não desanimava nunca. A calma foi sempre uma das feições mais salientes do seu caráter. Ficando logo arruinado, perdendo toda sua pequena fortuna no começo da vida, sempre exercitou a caridade, e já casado com a mulher que foi depois, incansável na propaganda de suas idéias, ele consegue, por meio de um obstinado labor, readquiri-la quase toda no ensino, escrevendo ao mesmo tempo trabalhos didáticos, fazendo traduções de obras estrangeiras, ou preparando a escrituração de estabelecimentos comerciais.
"E, ainda assim, não lhe faltava a coragem para fazer benefícios à mocidade pobre, abrindo cursos gratuitos de ciências e línguas. Era essa mesma coragem que ele devia mostrar mais tarde, no momento tempestuoso da formação da Doutrina, recebendo sempre, com a maior serenidade, sem nunca revidá-los, os ataques mais veementes dos adversários, a injustiça e as ingratidões dos amigos. As cartas anônimas, as traições, os insultos e a difamação sistemática, lembra Leymarie, um seu íntimo, no dia de seu passamento, perseguiam esse homem laborioso, esse gênio benfazejo, e lhe abriam, moralmente, feridas incuráveis. Tudo, porém, ele sabia perdoar.
"Nunca fugia às discussões, ao contrário, as desejava sempre, não por espírito de combatividade, pelo gosto da polêmica, mas para elucidar os assuntos. Nós queremos a luz, venha donde vier—dizia ele. Nunca procurava impor as suas opiniões. Discutia sempre lealmente e, naquilo que não constituía uma questão já resolvida pelos Espíritos numa concordância geral, os seus esclarecimentos eram mantidos como uma opinião meramente individual, eram emitidos, apenas, como sua maneira de ver. E sempre estava disposto a renunciá-la desde que ficasse demonstrado que estava em erro. Todos os homens podem enganar-se, dizia uma vez a Jobard, mas, se há grandeza em reconhecer os erros, há sempre baixeza em perseverar numa opinião que se repute falsa.
"Dessa ausência de orgulho provinha necessariamente a tolerância. Assim como não pretendia impor suas opiniões a ninguém, também respeitava a dos outros, inclusive as crenças. Sempre ele praticou o que alegou depois em 1868:— 'A tolerância, sendo uma conseqüência da moral espírita, impõe-nos o dever de respeitar todas as crenças. Não se atirando pedras em ninguém, desaparece o pretexto das represálias, ficando os dissidentes com a responsabilidade de suas palavras e de seus atos. Se eu tiver razão os outros acabarão por pensar como eu, se eu não tiver razão, acabarei por pensar como os outros'.
"E essa tolerância, sendo um dos vestígios de sua elevação moral, não era somente aplicada nos atos da vida pública mas também nos atos da vida privada.
"De um humor às vezes alegre, era um causeur despreocupado, mas brilhante, tendo um talento especial, refere um seu biógrafo, para distrair os amigos e convidados, que os tinha sempre em casa, dando algumas vezes, certo encanto às reuniões.
"Quem contempla hoje um retrato de Allan Kardec não pode ter a idéia do que foi o seu caráter, não pode imaginar que naquela figura vigorosa, de fisionomia austera, aparentando uma rigidez exagerada de sentimentos, pouco disposta a perdoar faltas, se escondia uma alma tão boa, tão simples, tão generosa.
"O princípio, enfim, que constitui para o Espiritismo o fundamento de sua moral:—Fora da caridade não há salvação, pode-se garantir, foi sempre a sua bandeira.— 'Faço o bem quanto o permitem minhas condições', já dizia ele num antigo documento encontrado entre seus papéis, 'presto os serviços que posso, nunca os pobres foram enxotados de minha casa, nem tratados com dureza, antes são acolhidos com benevolência. Continuarei a fazer o bem que me for possível, mesmo aos meus inimigos, porque o ódio não me cega, estender-lhes-ei sempre as mãos para os arrancar aos precipícios, quando para isso se me oferecer ocasião".
Esta declaração que o Autor não publicou, encontra-se, entretanto, nas Obras Póstumas, que, como se sabe, foram escritos seus, compilados e publicados depois de sua morte.
* * *
Para macular-lhe a reputação, corre, entre os adversários do Espiritismo, uma falsidade, a de que Kardec foi despejado por falta de pagamento.
Esta contumélia será devidamente esclarecida na História que, sobre o Espiritismo e Allan Kardec, está compilando o mais erudito dos nossos escritores em tal assunto.
Devemos desde já adiantar que a balela se originou por haver um sócio seu, pouco ou mesmo nada escrupuloso, levado um estabelecimento à falência. Livre do sócio pela dissolução da firma, Kardec pagou, do seu bolso, e integralmente, todas as dívidas oriundas da velhacaria do outro.
Mas, despejo nenhum.

Carlos Imbassahy

MORAL ESPÍRITA


EXIGE A MORAL ESPÍRITA UMA CONDUTA ESPONTÂNEA

Há uma tendência bastante forte, no meio espírita, para um tipo de moral religiosa que se caracteriza pelo artificialismo. 
Compreende-se que grande número de pessoas, em consequência das heranças do passado e dos exemplos de presente, não consigam adotar outra forma de conduta. 
Mas não é justo que os espíritas mais esclarecidos, de mente suficientemente aberta para as novas perspectivas que a doutrina abre sobre o mundo, continuem a formalizar-se na vida social.

O Espiritismo, ensina Kardec: "é uma questão de fundo e não de forma".

De nada vale o exagero nas boas maneiras, a voz macia e os extremos de pureza formal, — não comer carne, não fumar, não tomar bebidas alcoólicas, não frequentar festas mundanas, não contar nem ouvir anedotas picantes, — se o coração não estiver limpo. 
A pureza que o Espiritismo nos ensina é interior. 
Deve, por isso mesmo, reger a nossa conduta, em vez de esperarmos que uma conduta artificial nos purifique.


Quando o Espiritismo ensina que os formalismos do culto exterior são inúteis, ensina também que toda exterioridade sem raízes no coração é igualmente inútil. 
E é o mesmo que Jesus ensinava, ao repelir os formalismos da hiprocrisia farisaica. 
Veja-se o caso do ascetismo, da fuga ao mundo, às responsabilidades. pesadas da vida em sociedade, que o Espiritismo condena como produto do egoísmo. 
Se a encarnação é a nossa possibilidade de relações com pessoas e meios sociais, a que estamos ligados em virtude do passado, é claro que devemos aproveitar essa oportunidade e não inutilizá-la. 
Estamos, agora, no lugar certo, como diz uma recente mensagem mediúnica, e seria prejudicial fugirmos a ele.


O espírita não tem motivo algum para retornar às práticas da moral farisaica. A doutrina lhe ensina a espontaneidade, a naturalidade, e a correção dos seus erros e dos seus defeitos na própria relação com os semelhantes. 
É na vida de relação que podemos evoluir. 
Querer forçar a evolução com abstenções e atitudes falsas, seria iludir-nos a nós mesmos e também aos outros, o que é ainda mais grave. 
Ninguém vira santo por meio de fórmulas. 
Não é o que entra pela boca o que contamina o homem, como Jesus ensinou, mas o que sai da boca. 
Nossa conduta deve refletir o que somos, e por isso devemos cuidar muito mais do nosso coração do que das nossas aparências.O HOMEM NOVO

J.HERCULANO PIRES