sábado, 1 de agosto de 2015

Os inimigos desencarnados

Ainda outros motivos tem o espírita para ser indulgente com os seus inimigos. 

Sabe ele, primeiramente, que a maldade não é um estado permanente dos homens; que ela decorre de uma imperfeição temporária e que, assim como a criança se corrige dos seus defeitos, o homem mau reconhecerá um dia os seus erros e se tornará bom.

Sabe também que a morte apenas o livra da presença material do seu inimigo, pois que este o pode perseguir com o seu ódio, mesmo depois de haver deixado a Terra; que, assim, a vingança, que tome, falha ao seu objetivo, visto que, ao contrário, tem por efeito produzir maior irritação, capaz de passar de uma existência a outra. 

Cabia ao Espiritismo demonstrar, por meio da experiência e da lei que rege as relações entre o mundo visível e o mundo invisível, que a expressão: extinguir o ódio com o sangue é radicalmente falsa, que a verdade é que o sangue alimenta o ódio, mesmo no além-túmulo. 

Cabia-lhe, portanto, apresentar uma razão de ser positiva e uma utilidade prática ao perdão e ao preceito do Cristo: 
Amai os vossos inimigos. 

Não há coração tão perverso que, mesmo a seu mau grado, não se mostre sensível ao bom proceder. 

Mediante o bom procedimento, tira-se, pelo menos, todo pretexto às represálias, podendo-se até fazer de um inimigo um amigo, antes e depois de sua morte.

 Com um mau proceder, o homem irrita o seu inimigo, que então se constitui instrumento de que a justiça de Deus se serve para punir aquele que não perdoou.

Pode-se, portanto, contar inimigos assim entre os encarnados, como entre os desencarnados. 

Os inimigos do mundo invisível manifestam sua malevolência pelas obsessões e subjugações com que tanta gente se vê a braços e que representam um gênero de provações, as quais, como as outras, concorrem para o adiantamento do ser, que, por isso; as deve receber com resignação e como conseqüência da natureza inferior do globo terrestre. 

Se não houvesse homens maus na Terra, não haveria Espíritos maus ao seu derredor. 

Se, conseguintemente, se deve usar de benevolência com os inimigos encarnados, do mesmo modo se deve proceder com relação aos que se acham desencarnados.

Outrora, sacrificavam-se vítimas sangrentas para aplacar os deuses infernais, que não eram senão os maus Espíritos. 

Aos deuses infernais sucederam os demônios, que são a mesma coisa. 

O Espiritismo demonstra que esses demônios mais não são do que as almas dos homens perversos, que ainda se não despojaram dos instintos materiais; que ninguém logra aplacá-los, senão mediante o sacrifício do ódio existente, isto é, pela caridade; que esta não tem por efeito, unicamente, impedi-los de praticar o mal e, sim, também o de os reconduzir ao caminho do bem e de contribuir para a salvação deles. 

É assim que o mandamento: 

Amai os vossos inimigos não se circunscreve ao âmbito acanhado da Terra e da vida presente; antes, faz parte da grande lei da solidariedade e da fraternidade universais.

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XII, itens 5 e 6.)
Mundos de expiações e provas

Que vos direi dos mundos de expiações que já não saibais, pois basta observeis o em que habitais? 

A superioridade da inteligência, em grande número dos seus habitantes, indica que a Terra não é um mundo primitivo, destinado à encarnação dos Espíritos que acabaram de sair das mãos do Criador. 

As qualidades inatas que eles trazem consigo constituem a prova de que já viveram e realizaram certo progresso. 

Mas, também, os numerosos vícios a que se mostram propensos constituem o índice de grande imperfeição moral. 

Por isso os colocou Deus num mundo ingrato, para expiarem aí suas faltas, mediante penoso trabalho e misérias da vida, até que hajam merecido ascender a um planeta mais ditoso.

Entretanto, nem todos os Espíritos que encarnam na Terra vão para aí em expiação. 

As raças a que chamais selvagens são formadas de Espíritos que apenas saíram da infância e que na Terra se acham, por assim dizer, em curso de educação, para se desenvolverem pelo contacto com Espíritos mais adiantados. 

Vêm depois as raças semicivilizadas, constituídas desses mesmos os Espíritos em via de progresso. 

São elas, de certo modo, raças indígenas da Terra, que aí se elevaram pouco a pouco em longos períodos seculares, algumas das quais hão podido chegar ao aperfeiçoamento intelectual dos povos mais esclarecidos.

Os Espíritos em expiação, se nos podemos exprimir dessa forma, são exóticos, na Terra; já tiveram noutros mundos, donde foram excluídos em conseqüência da sua obstinação no mal e por se haverem constituído, em tais mundos, causa de perturbação para os bons. 

Tiveram de ser degredados, por algum tempo, para o meio de Espíritos mais atrasados, com a missão de fazer que estes últimos avançassem, pois que levam consigo inteligências desenvolvidas e o gérmen dos conhecimentos que adquiriram. 

Daí vem que os Espíritos em punição se encontram no seio das raças mais inteligentes. 

Por isso mesmo, para essas raças é que de mais amargor se revestem os infortúnios da vida. 

É que há nelas mais sensibilidade, sendo, portanto, mais provadas pelas contrariedades e desgostos do que as raças primitivas, cujo senso moral se acha mais embotado.

A Terra, conseguintemente, oferece um dos tipos de mundos expiatórios, cuja variedade é infinita, mas revelando todos, como caráter comum, o servirem de lugar de exílio para Espíritos rebeldes à lei de Deus. 

Esses Espíritos tem aí de lutar, ao mesmo tempo, com a perversidade dos homens e com a inclemência da Natureza, duplo e árduo trabalho que simultaneamente desenvolve as qualidades do coração e as da inteligência. 

É assim que Deus, em sua bondade, faz que o próprio castigo redunde em proveito do progresso do Espírito. – 
Santo Agostinho. (Paris, 1862.)

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. III, itens 13 a 15.)

               Proteção de Deus



 Clamamos pela proteção de Deus, mas, não raro, admitimos que semelhante cobertura
aparece nos dias de caminho claro e céu azul.

O Amparo Divino, porém, nos envolve e rodeia, em todos os climas da existência. 
Urge reconhecê-los nos lances mais adversos.

Às vezes, o auxílio do Todo Misericordioso tão somente se exprime através das doenças de longo curso ou das dificuldades materiais de extensa duração, preservando-nos contra quedas espirituais em viciação ou loucura. 
Noutros ângulos da experiência, manifesta-se pela cassação de certas oportunidades de serviço ou pela supressão de regalias determinadas que estejam funcionando para nós à feição de corredores para a
morte prematura.

Proteção de Deus, por isso mesmo, é também o sonho que não se realiza, a esperança adiada, o ideal insatisfeito, a prova repentina ou o transe aflitivo que nos colhe de assalto.

Encontra-se no amor de nossos companheiros, na assistência de benfeitores abnegados, na dedicação dos amigos ou no caminho dos familiares, mas igualmente na crítica dos adversários, no tempo de solidão, na separação dos entes queridos ou nos dias cinzentos de angústia em que nuvens de lágrimas se nos represam nos olhos.

Isso ocorre porque a vida é aprimoramento incessante, até o dia da perfeição, e todos nós com frequência necessitamos do martelo do sofrimento e do esmeril do obstáculo para que se nos despoje o espírito dos envoltórios inferiores.

Pensa nisso e toda vez que te sacrifiques ou lutes, de consciência tranquila, ou toda vez que te aflijas e chores, sem a sombra da culpa, regozija-te e espera o melhor, porque a dor, tanto quanto a alegria, 
 são recursos da proteção de Deus, impulsionando-te o coração para a luz das bênçãos eternas.

Emmanuel
Chico Xavier

Além do Corpo Físico

Depois da morte do corpo:

- A frase amiga que houvermos proferido no estímulo ao bem será um
trecho harmonioso do cântico de nossa felicidade.
- A opinião caridosa que formulamos acerca dos outros converter-se-á em
recurso de benignidade da Justiça Divina, no exame de nossos erros.
- O pensamento de fraternidade e compreensão com que nos recordamos do
próximo transformar-se-á em fator de nosso equilíbrio.
- O gesto de auxílio aos irmãos de nosso caminho oferecer-nos-á farta
colheita de alegria.

Mas, igualmente, além do túmulo:

- A maledicência que partiu de nossa boca será espinheiro a provocar-nos
dilacerações de ordem mental.
- A nossa indiferença para com as amarguras do próximo nos aparecerá por
geada desoladora.
- A nossa preguiça surgirá por gerador de inércia.
- A nossa possível crueldade exibirá, na tela de nossas consciências, a
constante repetição dos quadros deploráveis de nossos delitos e de nossas
vítimas, compelindo-nos à demora em escuras paisagens purgatoriais.

A morte é o retrato da vida.

A verdade revelará na chapa do teu próprio destino as imagens que estiveres
criando, sustentando e movimentando no campo da existência.

Se desejas alegria e tranquilidade, além das fronteiras de cinza do
sepulcro, semeia, enquanto é tempo, a luz e a sabedoria que pretendes
recolher, nas sendas da ascensão espiritual.

Hoje - plantação, segundo a nossa vontade.

Amanhã - seara, conforme a Lei.

Se agora cultivamos a treva, decerto encontraremos, depois, a resposta
respectiva.

Se, porém, semearmos o amor e a simpatia onde nos encontrarmos,
indiscutivelmente, mais tarde, penetraremos a luz e a beleza da
imortalidade vitoriosa.

Emmanuel
 Francisco Cândido Xavier
É possível ao médium distinguir as alterações psiquicas e orgânicas que lhe são próprias das que estão procedendo dos Espíritos desencarnados? (27)
Responde Divaldo.
Um dos comportamentos iniciais do médium deve ser o de educar-se. 
Daí ser necessário estudar a mediunidade. 
Eu por exemplo, quando comecei o exercício da mediunidade, ia a uma festa e assimilava de tal forma o psiquismo do ambiente que me tornava a pessoa mais contente dali. 
Se ia a um casamento eu ficava mais feliz que o noivo. 
Se ia a um enterro ficava mais choroso que a viúva, porque me contaminava psiquicamente, e ficava muito difícil saber como era a minha personalidade. 
Pois, de acordo com o local, havia como que um mimetismo, isto é, eu assimilava o efeito do ambiente.
Lentamente, estudando a minha personalidade, as minhas dificuldades e comportamentos, logrei traçar o meu perfil pessoal, e estabelecer uma conduta medial para que aqueles que vivem comigo saibam como eu sou, e daí possam avaliar os meus estados mediúnicos.
De início, o médium terá algumas dificuldades, porque o fenômeno produz uma interposição de personalidades estranhas à sua própria personalidade. 
Somando-se velhas dificuldades à sensibilidade mediúnica, o sensitivo passa a ter muito aguçadas as reminiscências das vidas pretéritas, não o caráter da consciência, mas o somatório das experiências.
Recordo-me que, em determinada época da minha vida, terminada uma palestra ou reunião mediúnica, eu tinha uma necessidade imperiosa de caminhar. 
Caminhar até a exaustão física. 
Naquele período claro-escuro da mediunidade sem saber exatamente como encontrar a paz, os Espíritos receitaram-me trabalho físico para que, cansado, fosse obrigado ao repouso físico, porque tinha dificuldades de dormir.
A vida física era-me muito ativa e, mesmo quando o corpo caía no colapso, a mente continuava excitada, e eu me levantava no dia seguinte pior do que havia deitado. Então, às veres, eu preferia não deitar.
Com o tempo fui formando meu perfil de comportamento, de personalidade, aprendendo a assumir a responsabilidade dos insucessos e a transferir para os mentores os resultados das ações positivas que são sempre de Deus, enquanto os erros são sempre nossos. 
Estaremos sempre em sintonia com Espíritos de comportamento idêntico ao nosso. Daí, o médium vai medindo as suas reações, suas mágoas, ciúmes, invejas, e irá identificando as ações positivas, a beleza, o desejo de servir. 
Por fim, aprende a selecionar quando é ele e quando são os Espíritos que estão agindo por seu intermédio.

                   Agir corretamente




Age corretamente sempre.

Não te anestesies com os vapores do erro moral ou de qualquer outra procedência.

Sofre hoje a falta, de modo a não padeceres longamente, mais tarde, o que usaste de forma indevida.

O júbilo de poucos momentos, não vale o remorso de muito tempo.

Felicidade sem renúncia é capricho dourado que se converte em pesadelo.

Tudo passa!

Eis que o tempo, na sucessão das horas, conceder-te-á em paz o que agora te falta, durante o conflito.

Tem paciência e persevera no Bem, na retidão.


Joanna de Ângelis

Com Deus venceremos



É possível que a provação te visite algumas vezes.

Quando isso ocorra, não te aconselhes com o desânimo.

Encoraja-te na fé e caminha para a frente com as tarefas que a vida te confiou.

Recorda que as dificuldades que te alcançaram o caminho terão atingido outros companheiros.

É razoável reflitas que não és a única criatura atravessando as sombras que te parecem excessivamente pesadas nos ombros.

Outros choram e sofrem.

Não percas tempo com o frio do desalento ou com a febre do desespero.

Ao invés disso, conquanto as provações que te assinalem a marcha, estende mãos socorredoras aos que talvez estejam suportando problemas muito mais difíceis do que os teus.

Não te marginalizes.

Confiando na Divina Providência, segue adiante e não temas.

Sabemos todos que a Infinita Bondade de Deus que nos sustentou ontem, nos sustentará igualmente hoje e, dentro de semelhante convicção, manteremos a certeza de que com Deus venceremos.

Emmanuel
Chico Xavier 

             Companheiros e Amigos


Quando te dispuseres a reclamar contra certos traços psicológicos daqueles que o Senhor te confiou ao ministério familiar, medita na diversidade das criações que compõem a Natureza. 

Cada estrela se destaca por determinada expressão.

Cada planta mostra finalidade particular.

A rosa e a violeta são diferentes, conquanto ambas sejam flores.

Os caminhos do mundo guardam linhas diversas entre si.

Também nós, as criaturas de Deus, somos seres que se identificam pela semelhança, mas não somos rigorosamente iguais.

Conforme os princípios de causa e efeito, que nos traçam a lei da reencarnação, cada qual de nós traz consigo a soma de tudo o que já fez de si, com a obrigação de extrair os males que tenhamos colecionado até a completa extinção, multiplicando os bens que já possuamos, para dividi-lo com os outros, na construção da felicidade geral.

Não queira transformar os entes queridos sob o martelo da força.

Ninguém precisa apagar a luz do vizinho, para iluminar a própria casa.

Uma vela acende outra sem alterar-se.

Ama os teus, aqueles com quem Deus te permite compartilhar a existência, entretanto, respeita o caminho de realização a que se ajustem.

Esse escolheu a senda do burilamento próprio; aquele procurou a via do trabalho constante; outro escolheu a trilha de responsabilidades intransferíveis a fim de produzir o melhor; e outro, ainda, indicou a si mesmo, para elevar-se, a vereda espinhosa das provações e das lágrimas.

Auxilia a cada um, como puderes, entretanto, não busques transfigurar-lhes o espírito, de repente, reconhecendo que também nós não aceitaríamos a nossa própria renovação em bases de violência.

Ama os entes queridos, tais quais são e quando nas provas a que sejam chamados para efeito de promoção na Espiritualidade Maior, se não consegues descobrir o melhor processo de auxiliá-los, acalma-te e ora pelo fortalecimento e paz deles todos, na certeza de que Deus está velando por nós e de que nós todos somos filhos de Deus. 
  Emmanuel
Chico Xavier
Afinidades nas práticas mediúnicas.

Que determinará a qualidade dos Espíritos que, pela lei das afinidades, serão impelidos a se afinarem conosco nas práticas mediúnicas? (27).
Raul responde: 
Compreendemos que todos nós renascemos com determinadas tarefas a realizar, e para esse entendimento, há aqueles que renascem com a tarefa da mediunidade. 
O chamamento da mediunidade na hora correta mostra aquele que porta o comportamento ajustado. 
Normalmente as entidades que deverão trabalhar, que deverão atuar no campo mediúnico, dirigindo as lides entre os companheiros da Terra, já vêm ajustadas desde os seus contatos no mundo espiritual. 
Elas posicionam-se como verdadeiros guardiães, para que, em momento oportuno, o indivíduo apresente-se diante do chamado.
Há outros Espíritos que estão associados a está programação reencarnatória e que se afinam com o encarnado fora do labor da mediunidade; e à, semelhança de alguém que se transfira de uma casa para outra, de um bairro para outro, vai surgindo a vizinhança nova e vão mostrando os Espíritos que se unem por afinidades, por sintonia de gosto com aqueles que são os médiuns.
O médium, desejoso que a sua vizinhança espiritual seja do melhor naipe, deverá preparar-se para ser também de bom teor a sua vida. Como nos ensina Emmanuel, deverá ligar-se aos que estão na faixa do Cristo. 
E, mesmo quando se manifestem entidades enfermas, o médium estará servindo à enfermagem espiritual, da mesma forma que um enfermeiro no hospital da comunidade, embora atenda a diversos doentes, a, vários pacientes de múltiplas características, nem por isso assimilará as mazelas do doente. 
Um médico que trabalhe com doenças contagiosas, nem por isso contrairá as moléstias das quais trata. 
Então, esses médiuns que estão laborando com os diversificados tipos espirituais procurarão ajustar-se aos Espíritos bem feitores unir-se pela vivência, pela prática do amor e da caridade, em suas várias dimensões.
Entendemos, com a doutrina espírita, que para nos ajustarmos aos Espíritos nobres, será necessário enquadrar nossa romagem, pensamentos e hábitos ao bem e ao trabalho da caridade.
Txto Extraído do Livro: Diretrizes de Segurança.
Postado por Divaldo Franco e Joanna de Ângelis