sábado, 13 de fevereiro de 2016

A MEDIUNIDADE E O SOBRENATURAL

A mediunidade é conhecida de todos os tempos e sempre foi praticada por todas as raças, num processo de interação energética entre o mundo físico e o mundo espiritual, sem que isso represente nada de assombroso ou sobrenatural, mas simplesmente uma conexão entre o que é visível e o invisível, através da intervenção dos espíritos, agitando, sacudindo ou alterando o clima psíquico dos encarnados, que já possuem certa sensibilidade para se comunicar com os chamados mortos.

É importante ressaltar que ninguém morre, e que aqueles que se foram, através do fenômeno que chamamos morte, estão em algum lugar, e recebem com carinho, alegria e felicidade, os nossos pensamentos e os nossos sentimentos.


Muito do nosso folclore popular teve sua origem na mediunidade, que com o passar do tempo vem ganhando espaço na mídia, deixando de ser apenas um baú de superstições e fatos maravilhosos, para se tornar uma realidade do próprio homem. Até mesmo aqueles que combatiam a mediunidade já se posicionam de uma forma diferente, como é o caso da Igreja Católica, que durante séculos combateu a manifestação dos espíritos, e hoje já possui grupos que estudam os fenômenos mediúnicos, com o nome de ``carismáticos´, e que de uma forma sigilosa mantém contato com os mortos, não divulgando, porém, o resultado de suas pesquisas, que, depois de analisadas pelos chefes da Igreja, são guardadas a sete chaves, para que, em outras oportunidades que possam interessar ao clero católico, sejam aproveitadas.


Em épocas remotas, os feiticeiros das tribos utilizavam rituais, danças, e outras formas visuais de apresentação, para esconjurar os maus espíritos e atrair os bons, e um passo mais à frente, os nossos matutos do interior se apegam a sortilégios, simpatias, promessas e rezas, tentando conseguir com isso a proteção dos mortos, principalmente daqueles que se tornaram famosos ou santificados pelo próprio povo, como é o caso do Padre Cícero, do Nordeste, que atrai milhares de pessoas para visitar sua estátua.


As lendas que conhecemos, e que fazem parte do nosso folclore, também são oriundas de fatores psíquicos. Conhecidas como ``mula sem cabeça´´, ´´lobisomem´´, ``mãe-d´água´´, ``saci-pererê´´ e outras entidades, umas benfeitoras, outras dedicadas ao mal, representam apenas estados mentais alucinógenos, em que a excitação mediúnica cria através da tela mental, figuras bizarras que desafiam a ação do tempo, passando de geração em geração, e só mesmo o avanço da parte moral e intelectual do homem pode apagar.


A codificação kardecista veio exatamente para isso, ou seja, desmistificar a prática mediúnica, retirando todos os recheios de aforismo, superstições, apetrechos, rituais, cantorias, paramentos, libações e sacrifícios, para deixá-la apenas com a força do pensamento contínuo, o maior instrumento já concedido ao espírito imortal, esse viajor da eternidade, esse andarilho do infinito, esse nômade do espaço, na sua caminhada gloriosa para o seu Criador.


Do livro: Segredos da Vida e da Morte (Djalma Santos)

Onde estará meu cãozinho que morreu?

Somente quem passa pela perda de um cãozinho ou outro animal de estimação muito querido sabe precisar estes momentos de dor. 
Para alguns a sensação é tão dolorosa que os sentimentos emanados parecem se assemelhar à perda de um ente querido. 
E assim, seguem dias, meses e até anos guardados na saudosa lembrança daqueles que reservam um espaço no coração para cuidar destas maravilhosas criaturas de Deus.
Mas para onde vão nossos amigos após o desencarne? 
Poderemos vê-lo ou estar com ele antes ou após o nosso desencarne?
Para entender um pouco destas questões, voltemos em maio de 1865, quando a Revista Espírita nº 5 publicou uma carta escrita oriunda da cidade de Dieppe, norte da França, contando um fato relativamente comum aos dias atuais: a perda de cãozinho muito querido pela família.
Em linhas rápidas, um dos filhos desencarnados do escritor da carta tinha ganhado de seus amigos uma linda cachorrinha da raça Galga. 
Mika, como era chamada, foi adestrada com extremo cuidado. 
Seus adoráveis gestos, sua interação com os donos, o seu olhar tornaram a cachorrinha na preciosidade da casa.
Com o desencarne do jovem dono, Mika passou a dormir aos pés da cama do pai da família. 
Nos dias de frio europeu ela sussurrava lamentos que eram logos interpretados pelo dono como um pedido para subir até ele. 
Conhecendo-a muito bem, o patriarca a chamava e num salto ela dividia com ele os lençóis onde ambos aqueciam o corpo e o coração.
Eram dias inesquecíveis.
No entanto, mesmo sob todos os cuidados, Mika não resistiu às mazelas da carne que chegaram até ela. 
Para a família, a perda fora registrada nos corações junto à perda do filho tamanho o amor e carinho que tinham pela cadelinha.
Decorrido algum tempo, no meio de uma das noites frias, o referido senhor ainda estava acordado em meio aos lençóis quando ouviu aquele murmúrio que lhe era tão familiar. 
Acreditando ser real, estendeu o braço como se esperasse sentir nas mãos novamente a sua cachorrinha se aproximando para subir no leito. 
Na mesma noite, a esposa e a filha mais nova adoentada também ouviram o mesmo sussurro. Sem entender bem o que estava ocorrendo, ele escreve para a Revista Espírita.
No dia 21 de abril de 1865, por ocasião de uma reunião na Sociedade de Paris, a carta é lida e recebe uma mensagem em resposta pelo médium Sr. E. Vézy. 
Nesta comunicação o Espírito ressalta, logo de início, que não basta crer nos processos contínuos de evolução pelos quais passam todos os Espíritos. 
Mas devemos crer que os primeiros passos de nossa centelha Divina começam no mineral, passam pelo vegetal e o animal até chegar à condição da “humanimalidade” (humanidade animal, na falta de melhor interpretação do termo). 
E que entre estas fases existem “períodos intermediários” ou “latentes” necessários para que ocorram as sucessivas transformações do princípio vital.
Desta forma, os sussurros ouvidos no caso realmente eram da Mika, trazendo até eles uma lembrança antes de adentrar em um estado intermediário. 
Isto não quer dizer que o “espírito do animal” encontrava-se na erraticidade. 
De acordo com a pergunta de número 600 do Livro dos Espíritos, “Espírito errante é um ser que pensa e obra por sua livre vontade. 
De idêntica faculdade não dispõe o dos animais”. 
Eles não têm consciência de si mesmos. Logo depois de seu desencarne, eles são classificados “quase que imediatamente” por Espíritos incumbidos desta tarefa.
O que Mika possuía, e assim também o é para os demais animais, era um “crisálida espiritual”, levando consigo os “germes de alma” cuja passagem pelo plano espiritual é muito rápida e sem descrições para nossa linguagem rudimentar. 
Esta comparação feita pelo Espírito comunicante, posteriormente também empregada pelo Espírito André Luiz no Livro Evolução em Dois Mundos, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, remete-nos à fase de transição da lagarta rastejante para a borboleta livre, passando pela crisálida onde ocorrem as transformações esperadas.
O leitor mais atento às obras do Espírito André Luiz irá lembrar-se do capítulo 7(Explicações de Lísias) do Livro “Nosso Lar”, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, onde o escritor Espiritual relata ver das janelas de onde estava “animais domésticos” por entre “árvores frondosas”. 
No entanto, na obra Evolução em dois Mundos, em seu capítulo 13 (Alma e fluídos), André Luiz descreve no item “Vida na espiritualidade” que “plantas e animais domesticados…podem ser aí aclimatados e aprimorados, por determinados períodos de existência, ao fim dos quais regressam aos seus núcleos de origem no solo terrestre, para que avancem na romagem evolutiva, compensados com valiosas aquisições de acrisolamento”.
Isto nos responde a questão de para onde vão os nossos queridos amigos de estimação. Após o seu desencarne, Espíritos logo se incumbem de classificá-los e trazê-los de volta à carne. 
Em períodos intermediários de evolução, entram em um estado comparativo a uma crisálida para que avancem os germens de seus princípios vitais, retornando à carne, em seguida. 
Em nenhum destes momentos coloca-se em situação de erraticidade tal qual ocorre com o homem.
Considerando a dinâmica deste ciclo e distância que o mesmo se separa da dinâmica do progresso humano, somente os desígnios Divinos podem responder no que tange a vê-los após o nosso desencarne. 
Mas sabemos por meio do item “a” da questão número 597 do Livro dos Espíritos que a alma dos animais (na ausência de outro termo para designar o princípio vital que os regem) está para o homem assim como a alma do homem está para Deus. Logo, há uma distância muito significativa entre os planos de evolução de ambos.
Por fim, as ligações que criamos com os animais são fruto das interações de nossas cargas fluídicas com o princípio ativo que animam os corpos destes seres ainda em seus primeiros estágios de evolução. 
No caso dos cães, especificamente, o Espírito Charlet, na Revista Espírita de junho de 1860, nos diz que ele ainda pode perceber um Espírito do dono desencarnado por meio do olfato, mas principalmente, por meio do seu fluido magnético.
Logo, o cãozinho percebe o dono, sente a sua presença e o segue, podendo até amá-lo com devoção, como se fosse um Deus, esteja ele encarnado ou não.
Cabe, então, de nossa parte, cuidarmos da melhor forma possível destas criaturas que nos foi dado por Deus para nos auxiliar, e no caso de outros animais, vestir e secundar. 
Se a perdermos pelas vicissitudes naturais da carne, devemos buscar na resignação e na fé Divina o agradecimento pela oportunidade que tivemos de evoluir nossos sentimentos e percepções através do ser que nos foi colocado em nosso caminho.
Lágrimas e dor são legítimas na perda destes amigos de estimação e devem ser respeitadas por tratarem-se de sentimentos humanos. 
Mas esta dor deve ser, tão logo possível, substituída por outros sentimentos motivadores ao progresso individual. Sejam eles representados por novos amigos de estimação ou outros focos para onde possamos convergir nossos sentimentos.
Márcio Martins da Silva Costa


Será útil sabermos quem fomos e o que fizemos em outras vidas? - Wellington Balbo

Um dos tópicos que mais chamam o interesse do público quando se fala em reencarnação é a possibilidade de saber quem foi quem em existência pregressa, ou, ainda, identificar algumas experiências vividas no passado com os nossos entes da atualidade.
Natural a curiosidade da esposa que quer saber quem foi e o que representou em sua vida pregressa seu atual marido, ou mesmo a mãe que tem muitas afinidades com os filhos e quer saber de onde vem todo esse bem querer.
Aqueles que trazem consigo gostos requintados, não raro, desejam saber se usaram coroas ou foram nobres. Os que muito sofrem intentam desvendar as razões pelas quais a dor bate-lhes tão cruel à porta.
Esta curiosidade faz parte da condição de seres em progresso, o complicado é quando se torna uma fixação.
Conheço muita gente que daria esta vida para saber o que foi na outra e, por isso, procuram médiuns que infelizmente abrem o baú das revelações, como se tivessem uma lista completa do que fomos e o que fizemos em pregressas estadias por este mundo.
Esses médiuns revelam situações e casos, parcerias, romances vividos, assassinatos e intrigas.
Já vi muita gente desequilibrar-se e entrar em parafuso por conta dessas revelações.
Certa feira um médium disse ao esposo de uma amiga que o filho dela havia sido seu assassino em anterior existência.
O marido acreditou e a relação com o enteado estremeceu.
Quase colocou fim ao seu casamento por conta disto.
Após alguns entreveros o esposo desta amiga resolveu deixar pra lá a “suposta” violência do enteado.
Este caso teve final feliz, contudo, o desfecho poderia ter sido outro.
O tema é tão palpitante que há muitos confrades estudando para saber as reencarnações de Chico Xavier, Allan Kardec e tantos outros.
Não sei se existe algum proveito real em sabermos se Chico foi Kardec ou não, como, também, não sei se há utilidade em identificarmos se fomos padres, coroinhas ou um operário.
Nosso foco não deve ser no passado, mas no presente.
Que importa quem fomos?
O fundamental é como estamos.
E, como estamos?
Como anda nosso progresso?
Antes de buscar o passado vale viver o presente.
Farol seguro é o Espiritismo, e este diz que o esquecimento temporário do que fomos e o que fizemos em existências passadas é fundamental para que possamos agir sem as culpas do passado a inibir iniciativas no presente, ou criar entraves de relacionamento.
Kardec, aliás, ensina que ao estudarmos nosso próprio comportamento, tendências e aptidões, temos a intuição do que fizemos anteriormente.
Definitivamente não teríamos condições psicológicas de conviver com alguém que sabemos ter sido nosso algoz.
Esta, porém, é apenas uma das razões pelas quais nosso passado fica sob um véu, e penso ser bem forte para justificar tal regra imposta pela espiritualidade.
As revelações de outras existências, segundo os Espíritos, vêm apenas em situações especialíssimas.
Portanto, útil guardarmos serenidade ante ao passado.
Foco no presente, foco no hoje, no agora.
Nada nos importa mais do que saber como estamos.
E, repito a pergunta acima:
Como estamos?
Wellington Balbo

Velhos e Moços - Reflexão sobre a idade do espírito - 

Irmão X / Francisco Cândido Xavier

- Simão - disse o Mestre com desvelado carinho - poderíamos acaso perguntar a idade de Nosso Pai? 
E, se fôssemos contar o tempo, na ampulheta das inquietações humanas, quem seria o mais velho de todos nós? 
A vida, na sua, expressão terrestre, é como uma árvore grandiosa. 
A infância é a sua ramagem verdejante. 
A mocidade se constituí de suas flores perfumadas e formosas. 
A velhice é o fruto da experiência e da sabedoria. Há ramagens que morrem depois do primeiro beijo do Sol, e flores que caem ao primeiro sopro da Primavera. 
O fruto, porém, é sempre uma bênção do Todo-Poderoso. 
A ramagem é a esperança, a flor uma promessa, o fruto é realização; só ele contém o doce mistério da vida, cuja fonte se perde no infinito da divindade!...
Ao passo que o discípulo lhe meditava os conceitos, com sincera admiração, Jesus prosseguia, esclarecendo:
- Esta imagem pode ser também a da vida do espírito, na sua radiosa eternidade, apenas com a diferença de que aí as ramagens e as flores não morrem nunca, marchando sempre para o fruto da edificação. 
Em face da grandeza espiritual da vida, a, existência humana é uma hora de aprendizado, no caminho infinito do Tempo; essa hora minúscula encerra, o que existe no todo. 
É por isso que ai vemos, por vezes, jovens que falam com uma experiência milenária e velhos sem reflexão e sem e sem esperança.
- Então, Senhor, de qualquer modo, a velhice é a meta do espírito? - 
Perguntou o discípulo, emocionado.
- Não a velhice enferma e amargurada, que se conhece na Terra, mas a da experiência que edifica o amor e a sabedoria. 
Ainda aqui, devemos recordar o símbolo da arvore, para reconhecer que o fruto perfeito é a frescura da ramagem e a beleza da flor, encerrando o conteúdo divino do mel e da semente.

Fonte: Boa Nova - Francisco Candido Xavier, pelo espírito Irmão X