sexta-feira, 2 de outubro de 2015

           Eficácia da prece 

"Seja o que for que peçais na prece, crede que o obtereis e concedido vos será o que pedirdes." (S. MARCOS, cap. XI, v. 24.)
Há quem conteste a eficácia da prece, com fundamento no princípio de que, conhecendo Deus as nossas necessidades, inútil se torna expor-lhas. 
E acrescentam os que assim pensam que, achando-se tudo no Universo encadeado por leis eternas, não podem as nossas súplicas mudar os decretos de Deus.
Sem dúvida alguma, há leis naturais e imutáveis que não podem ser ab-rogadas ao capricho de cada um; mas, daí a crer-se que todas as circunstâncias da vida estão submetidas à fatalidade, vai grande distância. 
Se assim fosse, nada mais seria o homem do que instrumento passivo, sem livre-arbítrio e sem iniciativa. 
Nessa hipótese, só lhe caberia curvar a cabeça ao jugo dos acontecimentos, sem cogitar de evitá-los; não devera ter procurado desviar o raio. 
Deus não lhe outorgou a razão e a inteligência, para que ele as deixasse sem serventia; a vontade, para não querer; a atividade, para ficar inativo. 
Sendo livre o homem de agir num sentido ou noutro, seus atos lhe acarretam, e aos demais, conseqüências subordinadas ao que ele faz ou não. 
Há, pois, devidos à sua iniciativa, sucessos que forçosamente escapam à fatalidade e que não quebram a harmonia das leis universais, do mesmo modo que o avanço ou o atraso do ponteiro de um relógio não anula a lei do movimento sobre a qual se funda o mecanismo. 
Possível é, portanto, que Deus aceda a certos pedidos, sem perturbar a imutabilidade das leis que regem o conjunto, subordinada sempre essa anuência à sua vontade.
Desta máxima: "Concedido vos será o que quer que pedirdes pela prece", fora ilógico deduzir que basta pedir para obter e fora injusto acusar a Providência se não acede a toda súplica que se lhe faça, uma vez que ela sabe, melhor do que nós, o que é para nosso bem. 
É como procede um pai criterioso que recusa ao filho o que seja contrário aos seus interesses. 
Em geral, o homem apenas vê o presente; ora, se o sofrimento é de utilidade para a sua felicidade futura, Deus o deixará sofrer, como o cirurgião deixa que o doente sofra as dores de uma operação que lhe trará a cura.
O que Deus lhe concederá sempre, se ele o pedir com confiança, é a coragem, a paciência, a resignação. 
Também lhe concederá os meios de se tirar por si mesmo das dificuldades, mediante idéias que fará lhe sugiram os bons Espíritos, deixando-lhe dessa forma o mérito da ação.
Ele assiste os que se ajudam a si mesmos, de conformidade com esta máxima: "Ajuda-te, que o Céu te ajudará"; não assiste, porém, os que tudo esperam de um socorro estranho, sem fazer uso das faculdades que possui. 
Entretanto, as mais das vezes, o que o homem quer é ser socorrido por milagre, sem despender o mínimo esforço. (Cap. XXV, no. 1 e seguintes.)
Tomemos um exemplo. 
Um homem se acha perdido no deserto. 
A sede o martiriza horrivelmente. 
Desfalecido, cai por terra. 
Pede a Deus que o assista, e espera. Nenhum anjo lhe virá dar de beber. 
Contudo, um bom Espírito lhe sugere a ideia levantar-se e tomar um dos caminhos que tem diante de si Por um movimento maquinal, reunindo todas as forças que lhe restam, ele se ergue, caminha e descobre ao longe um regato. 
Ao divisá-lo, ganha coragem. 
Se tem fé, exclamará: "Obrigado, meu Deus, pela ideia que me inspiraste e pela força que me deste." Se lhe falta a fé, exclamará: "Que boa ideia tive! 
Que sorte a minha de tomar o caminho da direita, em vez do da esquerda; o acaso, às vezes, nos serve admiravelmente! 
Quanto me felicito pela minha coragem e por não me ter deixado abater!"
Mas, dirão, por que o bom Espírito não lhe disse claramente: "Segue este caminho, que encontrarás o de que necessitas"? Por que não se lhe mostrou para o guiar e sustentar no seu desfalecimento? Dessa maneira tê-lo-ia convencido da intervenção da Providência. Primeiramente, para lhe ensinar que cada um deve ajudar-se a si mesmo e fazer uso das suas forças. Depois, pela incerteza, Deus põe a prova a confiança que nele deposita a criatura e a submissão desta à sua vontade. Aquele homem estava na situação de uma criança que cai e que, dando com alguém, se põe a gritar e fica à espera de que a venham levantar; se não vê pessoa alguma, faz esforços e se ergue sozinha.
Se o anjo que acompanhou a Tobias lhe houvera dito: "Sou enviado por Deus para te guiar na tua viagem e te preservar de todo perigo", nenhum mérito teria tido Tobias. Fiando-se no seu companheiro, nem sequer de pensar teria precisado. Essa a razão por que o anjo só se deu a conhecer ao regressarem.


KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. Livro eletrônico gratuito em http://www.febnet.org.br.
                Teus Filhos

Se conflitos inquietantes te envenenam a alma, obstando-te a harmonia conjugal, as leis da vida não te impedem a separação do companheiro ou da companheira, com quem a convivência se te fez impraticável, embora, com isso, estejas debitando ao futuro a solução de graves compromissos em tua vida de espírito... Entretanto, pensa nos filhos. Almas queridas que viajaram das estâncias do passado, pelas vias da reencarnação, desembarcaram no presente, através dos teus braços, suplicando-te auxílio e renovação.
Quem são eles? Habitualmente, são aqueles mesmos companheiros de alegria e sofrimento, culpa e resgate, nas existências passadas, em cujo clima resvalaste em problemas difíceis de resolver. Ontem, associados de trabalho e ideal, são hoje os continuadores de tua ação ou intérpretes de tuas obras.
Quase sempre, renascemos na Terra à maneira das vergônteas de uma raiz, e, em nosso caso, a raiz é o conjunto de débitos e aspirações em que se nos desdobram os dias terrestres, objetivando nossa ascensão espiritual.
Os filhos não te pedem apenas dinheiro ou reconforto no plano físico, Solicitam-te igualmente assistência e rumo, apoio e orientação.
Se te uniste com alguém no tálamo doméstico, semelhante comunhão encerra também todos aqueles que acolhes na condição de herdeiros do teu nome, a te rogarem proteção e entendimento, a fim de que não lhes faleçam o dom de servir e a alegria de viver.
Em verdade, repetimos, as leis da vida não te impedem o divórcio, porque situações calamitosas existem no mundo nas quais a alma encarnada se vê sob a ameaça de naufrágio nas pesadas correntes do suicídio ou da criminalidade e o Senhor não faz a apologia da violência. Apesar disso, considera a extensão dos teus compromissos, porquanto não te reunirias com alguém no âmago do recinto caseiro para a criação da família ou para a sustentação de tarefas específicas, sem razões justas nos princípios de causa e efeito, evolução e aperfeiçoamento.
Sejam, pois, quais forem as circunstâncias constrangedoras que te afligem o lar, reflete, acima de tudo, em teus filhos, que precisam de ti. A tua união inclui particularmente cada um deles; e eles, que necessitam hoje de tua bênção, se buscas esquecer-te a fim de abençoá-los, amanhã também te abençoarão.
Pelo Espírito Emmanuel
XAVIER, Francisco Cândido. Vida em Vida. Espíritos Diversos. IDEAL. Capítulo 31.

TUA PROSPERIDADE


Tua prosperidade não transparece unicamente da face material do teu dinheiro, das tuas posses, da tua casa, dos teus bens.

Ela se compõe das experiências que ajuntaste, de alma transida, ante as incompreensões que te cercaram as horas.

Forma-se dos conhecimentos nobilitantes que amealhaste pelo estudo perseverante com que te habilitas ao privilégio de minorar a fadiga e o sofrimento dos irmãos que te acompanham à retaguarda, sem luz que os norteie...

Ergue-se das palavras temperadas de prudência e de amor que as provações atravessadas com paciência te acumularam no escrínio da alma, transfigurando-te em socorro aos caídos...

Eleva-se dos gestos de compaixão, que amontoaste à custa das disciplinas a que te submeteste em favor dos que amas, pelas quais adquiriste o tato capaz de arredar a discórdia no nascedouro...

Avoluma-se das migalhas de tempo, que sabes extrair das obrigações retamente cumpridas, para que te não falte a oportunidade de trabalhar no amparo aos menos felizes...

Tua prosperidade brilha nos exemplos de fraternidade com que dignificas a vida, nas demonstrações de altruísmo com que suprimes a crueldade, nos testemunhos de fé renovadora com que levantas os tíbios ou nos atos de humildade com que desarmas a delinquência.

Reparte com o próximo os valores que transportas no espírito.

Aquele que verdadeiramente serve, distribui sem nunca empobrecer-se.

Quem mais deu e quem mais dá sobre a Terra é Jesus-Cristo, cuja riqueza verte, infinita, dos tesouros do coração.


Emmanuel (Chico Xavier)
De “Estude e Viva”, de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, pelos Espíritos de Emmanuel e André Luiz

ALMAS QUE SE ENCONTRAM NÃO TEM IDADE

Dizem que para o amor chegar não há dia, não há hora, nem momento marcado para acontecer. Ele vem de repente e se instala no mais sensível dos nossos órgãos, o coração.

Começo a acreditar que sim. Mas percebo também que pelo fato deste momento não ser determinado pelas pessoas, quando chega, quase sempre os sintomas são arrebatadores. Vira tudo às avessas e a bagunça feliz se faz instalada. Quando duas almas se encontram o que realça primeiro não é a aparência fisica, mas a semelhança d'almas. Elas se compreendem e sentem falta uma da outra.

Se entristecem por não terem se encontrado antes, afinal tudo poderia ser tão diferente. No entanto sabem que o caminho é este e que não haverá retorno para as suas pretensões. É como se elas falassem além das palavras, entendessem a tristeza do outro, a alegria, o desejo, mesmo estando em lugares diferentes. Quando almas afins se entrelaçam passam a sentir saudade uma da outra num processo contínuo de reaproximação até a consumação.

Almas que se encontram podem sofrer bastante também, pois muitas vezes tais encontros acontecem em momentos onde não mais podem extravasar toda a plenitude do amor que carregam, toda a alegria de amar e querer compartilhar a vida com o outro, toda a emoção contida à espera do encontro fatal.

Desejam coisas que se tornam quase impossíveis, mas que são tão simples de viver. Como ver o pôr-do-sol, caminhar por uma estrada com lindas árvores, ver a noite chegar, ir ao cinema e comer pipocas, rir e brincar, brigar às vezes, mas fazer as pazes com um jeitinho muito especial.

Amar e amar, muitas vezes sabendo que logo depois poderão estar juntas de novo sem que a despedida se faça presente. Porém muitas vezes elas se encontram em um tempo e em um espaço diferentes do que suas realidades possam permitir.

Mas depois que se encontram ficam marcadas, tatuadas e ainda que nunca venham a caminhar para sempre juntas, elas jamais conseguirão se separar. E o mais importante: terão de se encontrar em algum lugar.

Almas que se encontram jamais se sentirão sozinhas porquanto entenderão, por si só, a infinita necessidade que têm uma da outra para toda a eternidade...

Por Edson Pesse

O QUE FAZ UM MÉDIUM FRACASSAR

De “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, retiramos as dez seguintes causas que levam um médium ao fracasso; são elas: falta de análise das comunicações, leviandade, indiferença, presunção, orgulho, suscetibilidade, exploração, egoísmo, inveja e elogios.

A falta de rigorosa análise das comunicações dá margem a que espíritos mistificadores, através de ditados extravagantes, desviem o médium e esterilizem sua mediunidade, que nada mais produzirá de útil.

A leviandade é própria dos médiuns que não tomam sério sua mediunidade e a utilizam para futilidades. Os médiuns levianos vivem constantemente rodeados de espíritos brincalhões e zombeteiros, dos quais nada de bom se pode esperar.

A indiferença caracteriza os médiuns que não procuram melhorar seu procedimento e não tiram proveito dos conselhos que os espíritos protetores lhes dão. Os médiuns indiferentes acabam sendo abandonados por seus protetores, porque os espíritos de boa vontade só auxiliam médiuns que trabalham ativamente para sua própria reforma moral.

A presunção é o traço distintivo dos médiuns que julgam que só recebem comunicações de espíritos elevados por isso, acreditam-se infalíveis. Os médiuns presunçosos arriscam-se a serem facilmente mistificados.

O orgulho: os médiuns orgulhosos pensam valer mais do que seus companheiros e que nada mais precisam aprender. Duras lições os reconduzirão à humildade da qual se afastaram.

A suscetibilidade demonstra que o médium possui excessivo amor-próprio. Lembremo-nos de que o amor- próprio é causador de inúmeras quedas. Os médiuns suscetíveis melindram-se quando as comunicações são analisadas, ressentem-se por qualquer motivo e se esquecem de praticar a sublime virtude que se chama Tolerância.

A exploração da mediunidade traz gravíssimo fracasso. O Espiritismo veio para destruir o egoísmo e não para reforçá-lo; por isso o médium que usa sua mediunidade para explorar seus irmãos desvirtua sua nobre finalidade.

Os médiuns egoístas são aqueles que usam sua mediunidade somente em proveito próprio, esquecidos de servir ao próximo. É claro que os espíritos do bem evitam estes médiuns, os quais passarão a ser assistidos por espíritos ignorantes.

A inveja é o defeito dos médiuns que ficam despeitados, quando outros médiuns produzem mais e melhor do que eles. Não há motivos para invejar ninguém; quem quiser ser alvo das atenções dos espíritos elevados que se esforce por merecê-las pela prática do bem e por um comportamento exemplar.

Um médium nunca dará ouvidos a elogios, venham êles de onde vierem. O elogio desperta nosso amor-próprio e alimenta nosso orgulho. É conveniente sabermos que os homens e os espíritos verdadeiramente superiores dificilmente elogiam e, quando o fazem, é com palavras de estímulo que nos revelam o muito que ainda nos falta trabalhar

para concluirmos o que nos propusemos realizar.

Como vemos, as causas do fracasso residem dentro do próprio médium; por isso é necessária a máxima vigilância para não deixarmos que elas produzam seus maléficos efeitos.

A CURA DA OBSESSÃO


Você é um ser humano adulto e consciente, responsável pelo seu comportamento.
Controle as suas idéias, rejeite os pensamentos inferiores e perturbadores, estimule as suas tendências boas e repele as más. 

Tome conta de si mesmo, é você quem manda em você, nos caminhos da vida; não se faça de criança mimada, aprenda a se controlar em todos os instantes e em todas as circunstâncias. 

Experimente o seu poder e verá que ele é maior do que você pensa. 

A cura da obsessão é uma auto-cura.
Ninguém pode livrar você da obsessão se você não quiser livrar-se.
Comece a livrar-se agora dizendo a você mesmo:
Conheço os meus deveres e posso cumpri-los; Deus me ampara... repita isso sempre que se sentir perturbado. 

Repita e faça o que disse: Tome a decisão de se portar como a criatura normal que realmente é, confiante em Deus e no poder das forças naturais  que estão no seu corpo e no seu espírito, à espera do seu comando.

Dirija seu barco, o leme está em suas mãos.
Reformule o seu conceito de si mesmo, você não é
um pobrezinho abandonado no mundo.
Os próprios vermes são protegidos pelas leis naturais;
porque motivo só você não teria proteção?
Tire da mente a idéia do pecado e do castigo. O que chamam de pecado é o erro,
e o erro pode e deve ser corrigido. Corrija-se, estabeleça pouco a pouco o controle
de si mesmo com paciência e confiança em si mesmo.
Você não depende dos outros, depende da sua mente. Mantenha a mente arejada, abra as suas janelas ao mundo, respire com segurança e ande com firmeza. Lembre-se dos cegos, dos mudos e dos surdos, dos aleijados e deficientes que se recuperam confiando em si mesmos. Desenvolva a sua fé. Fé é confiança. Existe a fé Divina, que é a confiança em Deus e no seu Poder que controla o universo. Você, racionalmente, pode duvidar disso? Existe a fé humana, que é a confiança da criatura em si mesma.
Você não confia na sua inteligência, no seu bom senso, na sua capacidade de ação?
Você se julga um incapaz e se entrega às circunstâncias, deixando-se levar por idéias degradantes a seu respeito? Mude esse modo de pensar, que é falso. Quando for às reuniões de desobsessão, vá confiante. Os que o esperam estão dispostos a auxiliá-lo; seja grato a essas criaturas que se interessam por você e ajude-as com sua boa vontade. Se você fizer isso, a sua obsessão já começou a ser vencida.
Não se acovarde, seja corajoso.
Aprenda a amar-se para poder amar o próximo.
J. Herculano Pires
in “Obsessão – O Passe, A Doutrinação”
QUEM AVISA


Conta-se que um cômico célebre, em pleno espetáculo, recebeu, no entreato, um telegrama triste, anunciando-lhe a morte do pai. Desatando as lágrimas, voltou à ribalta, em suprema consternação, comunicando à platéia : – “Meus senhores, acabo de ser informado de que meu pai morreu!...” Ao invés, porém, da compunção dos ouvintes, recebeu estonteantes aplausos. O público ria gostosamente, acreditando na continuação da peça, embora o patético a caracterizar-se no rosto angustiado do artista. Naquele instante, seu coração era 
uma fonte de lágrimas, sustentando um rio de gargalhadas. 

Onde a culpa do infeliz?

Há pessoas que nascem na Terra com o dom de chorar para que outros desenvolvam a faculdade de rir. 

A propósito, conheço um homem que viveu alguns anos no mundo escrevendo anedotário venenoso, que muitos leitores consumiam, ávidos, no silêncio de salas desertas. Cavalheiros respeitáveis e senhoras bem postas, jovens de ambos os sexos, recolhiam-se, de quando em quando, em obscuros recantos da casa, cultivando a perfídia sorridente e a ironia 
maliciosa. Liam com interesse, lembravam pessoas de suas relações, emoldurando-as nos quadros que a leitura lhes sugeria e, não raro, cerravam a porta, a fim de viverem, mais intensamente, as impressões recolhidas. 

O pobre autor desempenhava atribuições de escriba popular. Nas ruas, nos cafés, nas bancas de jornais, nas rodas de amigos, surpreendia todas as notas picantes, aproveitando-as em molho de escândalo na frigideira da gramática para o consumo geral. Os fregueses eram numerosos e, por isso, não era pequeno o trabalho das linotipos.

O comentarista alegre, contudo, se fazia rir como Triboulet, o palhaço, a fim de ganhar a vida, no fundo de si mesmo desejava ser como Epaminondas, o tebano ilustre, que morreu amando as realizações honestas. E mais tarde, ao apagar das luzes, ele, que vendia risos, passou a exportar sofrimentos. Com a renovação espiritual, modificou-se-lhe a clientela. 
Suas páginas não mais figuravam entre as leituras secretas guardadas a sete chaves. Eram, agora, folhas pálidas de filosofia da desilusão, da sombra, do destino e da dor.

Encontrou, nessa fase, amizades mais sólidas. Junto daqueles que colhem as rosas da existência humana, inumeráveis são as fileiras dos que trabalham entre os espinhos e, se 
alguns espíritos jovens estão bailando despreocupados, no festim da vida carnal, são incontáveis os corações amadurecidos que velam, súplices, nas trevas da noite. Em vista 
disso, talvez, encontrou ele simpatias novas, mais claras e mais sinceras.

Mergulhado nesse campo de vibrações diferentes, transferiu-se para o castelo da morte, onde, surpreendido, encontrou as profundas e maravilhosas revelações da vida. Renovado, feliz, prosseguiu escrevendo para os companheiros de luta, reavivando-lhes a esperança no naufrágio das ilusões. Como marinheiro experiente, sentindo a inesperada segurança da praia, atirava salva-vidas aos irmãos de sonho, que se debatiam a distância, na fúria das águas móveis e traiçoeiras. 

Mantinha-se nesse labor, quando os admiradores de sua primeira fase de serviço, velhos cultivadores da malícia humana, gritaram do alto de sua superioridade: 

– Êle? impossível. Como falar do Céu, quem se agarrava freneticamente à Terra? 

– É mentira! êle não tinha fé! 

– Como é isso?! há subversão na ordem espiritual? a pregação do bem estará confiada aos impenitentes da vida humana? 

O pobre comentarista desencarnado começou a receber acusações e pedradas. Alguns adversários gratuitos, se pudessem, levantá-lo-iam do túmulo, para afrontá-lo a pancadas.

Surgiram discussões, perseguições, atritos. 

Impressionado e comovido com as torturas de que o amigo era vítima,, procurei-o, em pessoa, não só para confortá-la, mas também para recolher-lhe as íntimas impressões. Não fui encontrá-la, porém, descabelado, a gritar, como personagem de ópera, em desespero.

Revelava-se calmo, sereno, seguro de si mesmo ; e, cheio de compreensão pelas fraquezas do próximo, terminou a palestra, esclarecendo com um sorriso:

– Não, meu amigo, não estou desalentado. Se estivesse por lá, no turbilhão, talvez fizesse pior. Se ainda me demorasse na carne e soubesse que um homem, como eu, andava 
escrevendo sobre a iluminação eterna da alma, depois da morte do corpo, admitiria tudo, menos a realidade. Muitos me acusam, gratuitamente, classificando-me de escritor venenoso, mas... que fazer? 

Fez longa pausa, mostrou maior lucidez no olhar compreensivo e concluiu : 

– Não me preocupo, agora, por mim, que tenho a felicidade de resgatar o passado. Como é natural, todavia, preocupo-me pelos meus antigos clientes, porque se me conhecem tão 
bem, dão testemunho de que me leram com atenção. Leram e gostaram. E se eu, presentemente, trabalho para destruir a árvore que plantei, eles que se preparem diante do 
futuro, porquanto é provável que quase todos tenham de vomitar os frutos que ingeriram gostosamente.



pelo Espírito Irmão X - Do livro: Lázaro Redivivo, Médium: Francisco Cândido Xavier.
Allan Kardec
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Homenagem ao Codificador do Espiritismo, Allan Kardec, pseudônimo de Hippolyte Léon Denizard Rivail
“Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei.”
“Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.”
“Fora da caridade não há salvação.”
– Allan Kardec
Pequena biografia:
Hippolyte Léon-Denizard Rivail – Allan Kardec nasceu, em 03 de Outubro de 1804 em Lyon, França, no seio de uma antiga família de magistrados e advogados.
Educado na Escola de Pestalozzi, em Yverdum, Suíça, tornou-se um de seus discípulos mais eminentes.
Foi membro de várias sociedades sábias, entre as quais a Academie Royale d’Arras.
De 1835 à 1840, fundou em seu domicílio cursos gratuitos, onde ensinava química, física, anatomia comparada, astronomia, etc.
Dentre suas inúmeras obras de educação, podemos citar: “Plano proposto para a melhoria da instrução pública” (1828); “Curso prático e teórico de aritmética (Segundo o método de Pestalozzi)”, para uso dos professores primários e mães de família (1829); “Gramática Francesa Clássica” (1831); “Programa de cursos usuais de química, física, astronomia, fisiologia”(LYCÉE POLYMATIQUE); “Ditado normal dos exames da Prefeitura e da Sorbonne”, acompanhado de “Ditados especiais sobre as dificuldades ortográficas (1849).
Por volta de 1855, desde que duvidou das manifestações dos Espíritos, Allan Kardec entregou-se a observações perseverantes sobre esse fenômeno, e, se empenhou principalmente em deduzir-lhe as consequências filosóficas.
Nele entreviu, desde o início, o princípio de novas leis naturais; as que regem as relações do mundo visível e do mundo invisível; reconheceu na ação deste último uma das forças da Natureza, cujo conhecimento deveria lançar luz sobre uma multidão de problemas reputados insolúveis, e compreendeu-lhe a importância do ponto de vista religioso.
As suas principais obras espíritas são: “O Livro dos Espíritos”, para a parte filosófica, e cuja primeira edição surgiu em 18 de Abril de 1857; “O Livro dos Médiuns”, para a parte experimental e científica (Janeiro de 1861); “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, para a parte moral (Abril de 1864); “O Céu e o Inferno”, ou “A Justiça de Deus segundo o Espiritismo” (Agosto de 1865); “A Gênese, os Milagres e as Predições (Janeiro de 1868); “A Revista Espírita”, jornal de estudos psicológicos.
Allan Kardec fundou em Paris, a 1º de Abril de 1858, a primeira Sociedade Espírita regularmente constituída, sob o nome de “Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas”.
Casado com Amélie Gabrielle Boudet, não teve filhos.
Trabalhador infatigável, desencarnou no dia 31 de março de 1869, em Paris, da maneira como sempre viveu: trabalhando.
(“Obras Póstumas”, Biografia de Allan Kardec, edição IDE)
Locais relacionados a Allan Kardec, em Paris
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Rue de la Harpe: onde Kardec residiu quando retornou a Paris, com 18 anos, em 1822, após terminar seus estudos em Yverdon, na Suiça.
Rue de Sévres: onde Kardec fundou o Instituto Técnico Rivail, localizado no edifício de número 35, o qual funcionou de 1826 a 1834. Chegou a residir no Instituto junto com sua esposa.
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Rue des Martyrs: Kardec e sua esposa residiram nessa rua no prédio de número 8. Foi nesse local que ele escreveu sua primeira obra espírita “O livros dos espíritos”, em 1857. Realizava reuniões em seu apartamento, onde compareciam em torno de 20 pessoas.
Palais Royal: No dia 1 de abril de 1858, Kardec fundou a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, que realizou suas atividades durante dois anos, provisoriamente, nas galeiras Valois e Montpensier, localizadas nos prédios do Palais Royal.
tiquetone_Bateliere
Rue Tiquetone: onde residia a Sra. Japhet, sonâmbula. Kardec a consultou quando teve problemas na visão, tendo ficado quase cego.
Rue de la Grange-Bateliére: onde residia a Sra. Painemaison, que realizava reuniões com as “mesas girantes” em sua residência. Foi aí que Kardec assistiu, pela primeira vez, a uma reunião de manifestações de espíritos.
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Rue Rochechouart: onde residia a família Baudin, sendo médiuns as meninas Caroline e Julie Baudin, com 16 e 14 anos. Foi aí que Kardec começou a organizar as informações reveladas pelos espíritos durante as reuniões.
Rue de Lille: Local para onde foi transferida a Livraria Espírita e o escritório da Revista Espírita, em 1869. Essa rua é uma das laterais do famoso Museu D’Orsay. Kardec desencarnou enquanto fazia as arrumações para a mudança, no dia 31 de março do mesmo ano.
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Rue Sainte Anne: Kardec transferiu a sede da SPEE para essa rua, na Passagem Saint Anne, localizada no número 59, a partir de 1860. Também passou a residir nesse local, para onde transferiu também o escritório da “Revista Espírita”.
Kardec, obrigado!
Kardec, enquanto recebes as homenagens do mundo, pedimos vênia para associar o nosso preito singelo de amor aos cânticos de reconhecimento que te exalçam a obra gigantesca nos domínios da libertação espiritual.
Não nos referimos aqui ao professor emérito que foste, mas ao discípulo de Jesus que possibilitou o levantamento das bases do Espiritismo Cristão, cuja estrutura desafia a passagem do tempo.
Falem outros dos títulos de cultura que te exornavam a personalidade, do prestígio que desfrutavas na esfera da inteligência, do brilho de tua presença nos fastos sociais, da glória que te ilustrava o nome, de vez que todas as referências à tua dignidade pessoal nunca dirão integralmente o exato valor de teus créditos humanos.
Reportar-nos emos ao amigo fiel do Cristo e da Humanidade, em agradecimento pela coragem e abnegação com que te esqueceste para entregar ao mundo a mensagem da Espiritualidade Superior. E, rememorando o clima de inquietações e dificuldades em que, a fim de reacender a luz do Evangelho, superaste injúria e sarcasmo, perseguição e calúnia, desejamos expressar-te o carinho e a gratidão de quantos edificaste para a fé na imortalidade e na sabedoria da vida.
O Senhor te engrandeça por todos aqueles que emancipaste das trevas e te faça bendito pelos que se renovaram perante o destino à força de teu verbo e de teu exemplo!…
Diante de ti enfileiram-se, agradecidos e reverentes, os que arrebataste à loucura e ao suicídio com o facho da esperança; os que arrancaste ao labirinto da obsessão com o esclarecimento salvador; os pais desditosos que se viram atormentados por filhos insensíveis e delinquentes, e os filhos agoniados que se encontram na vala da frustração e do abandono pela irresponsabilidade dos pais em desequilíbrio e que foram reajustados por teus ensinamentos, em torno da reencarnação; os que renasceram em dolorosos conflitos da alma e se reconheceram, por isso, esmagados de angústia nas brenhas da provação, e os quais livraste da demência, apontando-lhes as vidas sucessivas; os que se acharam arrasados de pranto, tateando a lousa na procura dos entes queridos que a morte lhes furtou dos braços ansiosos, e aos quais abriste os horizontes da sobrevivência, insuflando-lhes renovação e paz, na contemplação do futuro; os que soergueste do chão pantanoso do tédio e do desalento, conferindo-lhes, de novo, o anseio de trabalhar e a alegria de viver; os que aprenderam contigo o perdão das ofensas e abençoaram, em prece, aqueles mesmos companheiros de Humanidade que lhes apunhalaram o espírito, a golpes de insulto e de ingratidão; os que te ouviram a palavra fraterna e aceitaram com humildade a injúria e a dor por instrumentos de redenção; e os que desencarnaram incompreendidos ou acusados sem crime, abraçando-te as páginas consoladoras que molharam com as próprias lágrimas…
Todos nós, os que levantaste do pó da inutilidade ou do fel do desencanto para as bênçãos da vida, estamos também diante de ti!… E, identificando-nos na condição dos teus mais apagados admiradores e como os últimos dos teus mais pobres amigos, comovidamente, em tua festa, nós te rogamos permissão para dizer: Kardec, obrigado!… Muito obrigado!…
Irmão X (espírito)
(Texto psicografado por F. C. Xavier e publicado em Reformador de outubro de 1985, p. 298.)
Resumo dos Principais Pontos da Doutrina Espírita


Autor: Allan Kardec
Fonte: O Livro dos Espíritos – Introdução – item 6
Os seres que se comunicam designam-se, a si mesmos, como o dissemos, sob o nome de Espíritos ou de Gênios, tendo pertencido, pelo menos alguns, a homens que viveram na Terra. Eles constituem o mundo espiritual, como nós constituímos, durante nossa vida, o mundo corporal.
Resumimos assim, em poucas palavras, os pontos mais importantes da Doutrina que eles nos transmitiram, a fim de respondermos mais facilmente a algumas objeções.
“Deus é eterno, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom.”
“Criou o universo, que compreende todos os seres animados e inanimados, materiais e imateriais.”
“Os seres materiais constituem o mundo visível ou corporal; os seres imateriais, o mundo invisível ou espírita, ou seja, dos Espíritos.”
“O mundo espírita é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistindo e sobrevivendo a tudo.”
“O mundo corporal é apenas secundário, poderia deixar de existir ou nunca ter existido, sem alterar a essência do mundo espírita.”
“Os Espíritos vestem temporariamente um corpo material perecível, cuja destruição pela morte lhes devolve a liberdade.”
“Entre as diferentes espécies de seres corporais, Deus escolheu a espécie humana para a encarnação dos Espíritos que atingiram um certo grau de desenvolvimento, o que lhe dá a superioridade moral e intelectual sobre os outros.”
“A alma é um Espírito encarnado, sendo o corpo apenas o seu envoltório.”
“Há três coisas no homem: 1ª) o corpo ou ser material semelhante ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital; 2ª) a alma ou ser imaterial, Espírito encarnado no corpo; 3ª) o laço que une a alma ao corpo, princípio intermediário entre a matéria e o Espírito.
“Assim, o homem tem duas naturezas: pelo corpo participa da natureza dos animais, dos quais tem os instintos; pela alma participa da natureza dos Espíritos.”
“O laço ou perispírito que une o corpo e o Espírito é uma espécie de envoltório semi material. A morte é a destruição do envoltório mais grosseiro. O Espírito conserva o segundo, que constitui para ele um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, mas que pode tornar-se algumas vezes visível e mesmo tangível, como ocorre no fenômeno das aparições.”
“O Espírito não é, portanto, um ser abstrato, indefinido, que somente o pensamento pode conceber; é um ser real, definido, que, em alguns casos, pode ser reconhecido, avaliado pelos sentidos da visão, da audição e do tato.”
“Os Espíritos pertencem a diferentes classes e não são iguais em poder, inteligência, saber e nem em moralidade. Os da primeira ordem são os Espíritos superiores, que se distinguem dos outros por sua perfeição, seus conhecimentos, sua proximidade de Deus, pela pureza de seus sentimentos e seu amor ao bem: são os anjos ou Espíritos puros. Os das outras classes não atingiram ainda essa perfeição; os das classes inferiores são inclinados à maioria das nossas paixões: ao ódio, à inveja, ao ciúme, ao orgulho, etc. Eles se satisfazem no mal; entre eles há os que não são nem muito bons nem muito maus, são mais trapaceiros e importunos do que maus, a malícia e a irresponsabilidade parecem ser sua diversão: são os Espíritos desajuizados ou levianos.”
“Os Espíritos não pertencem perpetuamente à mesma ordem. Todos melhoram ao passar pelos diferentes graus da hierarquia espírita. Esse progresso ocorre pela encarnação, que é imposta a alguns como expiação 15 e a outros como missão. A vida material é uma prova que devem suportar várias vezes, até que tenham atingido a perfeição absoluta. É uma espécie de exame severo ou de depuração, de onde saem mais ou menos purificados.”
“Ao deixar o corpo, a alma retorna ao mundo dos Espíritos, de onde havia saído, para recomeçar uma nova existência material, depois de um período mais ou menos longo, durante o qual permanece no estado de Espírito errante16.”
“O Espírito deve passar por várias encarnações. Disso resulta que todos nós tivemos muitas existências e que ainda teremos outras que, aos poucos, nos aperfeiçoarão, seja na Terra, seja em outros mundos.”
“A encarnação dos Espíritos se dá sempre na espécie humana; seria um erro acreditar que a alma ou o Espírito pudesse encarnar no corpo de um animal*.”
“As diferentes existências corporais do Espírito são sempre progressivas e o Espírito nunca retrocede, mas o tempo necessário para progredir depende dos esforços de cada um para chegar à perfeição.”
“As qualidades da alma17, isto é, as qualidades morais, são as do Espírito que está encarnado em nós; desse modo, o homem de bem é a encarnação do bom Espírito, e o homem perverso a de um Espírito impuro.”
“A alma tinha sua individualidade antes de sua encarnação e a conserva depois que se separa do corpo.”
“Na sua reentrada no mundo dos Espíritos, a alma reencontra todos aqueles que conheceu na Terra e todas as suas existências anteriores desfilam na sua memória com a lembrança de todo o bem e de todo o mal que fez.”
“O Espírito, quando encarnado, está sob a influência da matéria. O homem que supera essa influência pela elevação e pela depuração de sua alma aproxima-se dos bons Espíritos, com os quais estará um dia. Aquele que se deixa dominar pelas más paixões e coloca todas as alegrias da sua existência na satisfação dos apetites grosseiros se aproxima dos Espíritos impuros, porque nele predomina a natureza animal.”
“Os Espíritos encarnados habitam os diferentes globos do universo.”
“Os Espíritos não encarnados ou errantes não ocupam uma região determinada e localizada, estão por todos os lugares no espaço e ao nosso lado, vendo-nos numa presença contínua. É toda uma população invisível que se agita ao nosso redor.”
“Os Espíritos exercem sobre o mundo moral e o mundo físico uma ação incessante. Eles agem sobre a matéria e o pensamento e constituem uma das forças da natureza, causa determinante de uma multidão de fenômenos até agora inexplicável ou mal explicada e que apenas encontram esclarecimento racional no Espiritismo.”
“As relações dos Espíritos com os homens são constantes. Os bons Espíritos nos atraem e estimulam para o bem, sustentando-nos nas provações da vida e ajudando-nos a suportá-las com coragem e resignação. Os maus nos sugestionam para o mal; é um prazer para eles nos ver fracassar e nos assemelharmos a eles.”
“As comunicações dos Espíritos com os homens são ocultas ou ostensivas. As comunicações ocultas ocorrem pela influência boa ou má que exercem sobre nós sem o sabermos; cabe ao nosso julgamento discernir as boas das más inspirações. As comunicações ostensivas ocorrem por meio da escrita, da palavra ou outras manifestações materiais, muitas vezes por médiuns que lhes servem de instrumento.”
“Os Espíritos se manifestam espontaneamente ou por evocação. Podem-se evocar todos os Espíritos, tanto aqueles que animaram homens simples como os de personagens mais ilustres, qualquer que seja a época em que viveram, os de nossos parentes, amigos ou inimigos, e com isso obter, por meio das comunicações escritas ou verbais, conselhos, ensinamentos sobre sua situação depois da morte, seus pensamentos a nosso respeito, assim como as revelações que lhes são permitidas nos fazer.”
“Os Espíritos são atraídos em razão de sua simpatia pela natureza moral do ambiente em que são evocados. Os Espíritos superiores se satisfazem com reuniões sérias em que dominam o amor pelo bem e
o desejo sincero de receber instrução e aperfeiçoamento. A sua presença afasta os Espíritos inferiores que, caso contrário, encontrariam aí livre acesso e poderiam agir com toda a liberdade entre as pessoas levianas ou guiadas somente pela curiosidade. Em todos os lugares onde se encontram maus instintos, longe de obter bons conselhos, ensinamentos úteis, devem-se esperar apenas futilidades, mentiras, gracejos de mau gosto ou mistificações, visto que, freqüentemente, eles tomam emprestado nomes veneráveis para melhor induzir ao erro.”
“Distinguir os bons dos maus Espíritos é extremamente fácil. A linguagem dos Espíritos superiores é constantemente digna, nobre, repleta da mais alta moralidade, livre de toda paixão inferior; seus conselhos exaltam a sabedoria mais pura e sempre têm por objetivo nosso aperfeiçoamento e o bem da humanidade. A linguagem dos Espíritos inferiores, ao contrário, é inconsequente, muitas vezes banal e até mesmo grosseira; se por vezes dizem coisas boas e verdadeiras, dizem na maioria das vezes coisas falsas e absurdas por malícia ou por ignorância. Zombam da credulidade e se divertem à custa daqueles que os interrogam ao incentivar a vaidade, alimentando seus desejos com falsas esperanças. Em resumo, as comunicações sérias, no verdadeiro sentido da palavra, apenas acontecem nos centros sérios, cujos membros estão unidos por uma íntima comunhão de pensamentos, visando ao bem.”
“A moral dos Espíritos superiores se resume, como a de Cristo, neste ensinamento evangélico: ‘Fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem’, ou seja, fazer o bem e não o mal. O homem encontra neste princípio a regra universal de conduta, mesmo para as suas menores ações.”
“Eles nos ensinam que o egoísmo, o orgulho e a sensualidade são paixões que nos aproximam da natureza animal, prendendo-nos à matéria; que o homem que se desliga da matéria já neste mundo, desprezando as futilidades mundanas e amando o próximo, se aproxima da natureza espiritual; que cada um de nós deve se tornar útil segundo as capacidades e os meios que Deus nos colocou nas mãos para nos provar; que o forte e o poderoso devem apoio e proteção ao fraco, pois aquele que abusa de sua força e de seu poder para oprimir seu semelhante transgride a Lei de Deus. Enfim, ensinam que no mundo dos Espíritos nada pode ser escondido, o hipócrita será desmascarado e todas as suas baixezas descobertas; que a presença inevitável, em todos os instantes, daqueles com quem agimos mal é um dos castigos que nos estão reservados; que ao estado de inferioridade e de superioridade dos Espíritos equivalem punições e prazeres que desconhecemos na Terra.”
“Mas também nos ensinam que não há faltas imperdoáveis que não possam ser apagadas pela expiação. Pela reencarnação, nas sucessivas existências, mediante os seus esforços e desejos de melhoria no caminho do progresso, o homem avança sempre e alcança a perfeição, que é a sua destinação final.”
Este é o resumo da Doutrina Espírita, resultante do ensinamento dado pelos Espíritos superiores.