quarta-feira, 2 de março de 2016

Não julgues teu irmão (André Luiz)

Amigo.

Examina o trabalho que desempenhas.

Analisa a própria conduta.

Observa os atos que te definem.

Vigia as palavras que proferes.

Aprimora os pensamentos que emites.

Pondera as responsabilidades que recebeste.

Aperfeiçoa os próprios sentimentos.

Relaciona as faltas em que, porventura, incorreste.

Arrola os pontos fracos da própria personalidade.

Inventaria os débitos em que te inseriste.

Sê o investigador de ti mesmo, o defensor do próprio coração, o guarda de tua mente.

Mas, se não deténs contigo a função do juiz, chamado à cura das chagas sociais, não julgues o irmão do caminho, porque não existem problemas, absolutamente iguais, e cada espírito possui um campo de manifestações particulares.

Cada criatura tem o seu drama, a sua aflição, a sua dificuldade e a sua dor.

Antes de julgar, busca entender o próximo e compadece-te, para que a tua palavra seja uma luz de fraternidade no incentivo do bem.

E, acima de tudo, lembra-te de que amanhã, outros olhos pousarão sobre ti, assim como agora a tua visão se demora sobre os outros.

Então, serás julgado pelos teus julgamentos e medido, segundo as medidas que aplicas aos que te seguem.

Do livro "Comandos do amor"
Psicografia de Chico Xavier

Presente a você

“Se eu pudesse deixar algum presente a você, deixaria aceso o sentimento de amor à vida dos seres humanos.

Deixaria a consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo afora.

Deixaria a capacidade de escolher novos rumos.

Deixaria para você, se pudesse, o respeito àquilo que é indispensável: além do pão, o trabalho e a ação e, quando tudo mais faltasse, para você eu deixaria, se pudesse, um segredo: o de buscar no interior de si mesmo a resposta para encontrar a saída! ”

Mahatma Ghandi

Sessão Espírita (Parte 2 de 2)

– Como deverá agir o estudioso para identificar as entidades que se comunicam?
Emmanuel - Os Espíritos que se revelam, através das organizações mediúnicas, devem ser identificados por suas ideias e pela essência espiritual de suas palavras.
Determinados médiuns, com tarefa especializada, podem ser auxiliares preciosos à identificação pessoal, seja no fenômeno literário, nas equações da ciência, ou satisfazendo a certos requisitos da investigação; todavia, essa não é a regra geral, salientando-se que as entidades espirituais, muitas vezes, não encontram senão um material deficiente que as obriga tão-só ao indispensável, no que se refere à comunicação.
Devemos entender, contudo, que a linguagem do Espírito é universal, pelos fios invisíveis do pensamento, o que, aliás, não invalida a necessidade de um estudo atento acerca de todas as ideias lançadas nas mensagens, guardando-se muito cuidado no capítulo dos nomes ilustres que porventura as subscrevam.
Nas manifestações de toda natureza, porém, o crente ou o estudioso do problema da identificação, não pode dispensar aquele sentido espiritual de observação que lhe falará sempre no imo da consciência.

– É justo que o espiritista, depois de sofrer pela morte a separação de um ente amado, provoque a comunicação dele nas sessões medianímicas?
Emmanuel - O espiritista sincero deve buscar o conforto moral, em tais casos, na própria fé que lhe deve edificar intimamente o coração.
Não é justo provocar ou forçar a comunicação com esse ou aquele desencarnado. Além de não conhecerdes as possibilidades de sua nova condição na esfera espiritual, deveis atender ao problema dos vossos méritos.
O homem pode desejar isso ou aquilo, mas há uma Providência que dispõe no assunto, examinando o mérito de quem pede e a utilidade da concessão.
Qualquer comunicado com o Invisível deve ser espontâneo, e o espiritista cristão deve encontrar na sua fé o mais alto recurso de cessação do egoísmo humano, ponderando quanto à necessidade de repouso daqueles a quem amou, e esperando a sua palavra direta, quando e como julguem os mentores espirituais conveniente e oportuno.

– Há estudiosos da Doutrina que se afastam das reuniões, quando as mesmas não apresentam fenômenos. Como se deve proceder para com eles?
Emmanuel - Os que assim procedem testemunham, por si mesmo, plena inabilitação para o verdadeiro trabalho do Espiritismo sincero. Se preferem as emoções transitórias dos nervos ao serviço da auto-iluminação, é melhor que se afastem temporariamente dos estudos sérios da Doutrina, antes de assumirem qualquer compromisso. A compreensão do Espiritismo ainda não está bastante desenvolvida em seu mundo interior, e é justo que prossigam em experiências para alcançá-la.
O êxito dos esforços do plano espiritual, em favor do Cristianismo redivivo, não depende da quantidade de homens que o busquem, mas da qualidade dos trabalhadores que militam em suas fileiras.

– Devem ser intensificadas no Espiritismo as sessões de fenômenos mediúnicos?
Emmanuel - São muito poucos ainda, os núcleos espiritistas que se podem entregar à prática mediúnica com plena consciência do serviço que têm em mãos; motivo por que é aconselhável a intensificação das reuniões de leitura, meditação e comentário geral para as ilações morais imprescindíveis no aparelhamento doutrinário, a fim de que numerosos centros bem-intencionados não venham a cair no desânimo ou na incompreensão, por causa de um prematuro comércio com as energias do plano invisível.

– Considerando que numerosos agrupamentos espíritas se formam apenas para doutrinação das entidades perturbadas, do plano invisível, quais os mais necessitados de luz: os encarnados ou os desencarnados?
Emmanuel - Tal necessidade é comum a uns e outros. É justo que se preste auxílio fraterno aos seres perturbados e sofredores, das esferas mais próximas da Terra; entretanto, é preciso convir que os Espíritos encarnados carecem de maior porcentagem de iluminação evangélica que os invisíveis, mesmo porque, sem ela, que auxílio poderão prestar ao irmão ignorante e infeliz? A lição do Senhor não nos fala do absurdo de um cego a conduzir outros cegos?
Por essa razão é que toda reunião de estudos sinceros, dentro da Doutrina, é um elemento precioso para estabelecer o roteiro espiritual a quantos deseje o bom caminho.
A missão da luz é revelar com verdade serena. O coração iluminado não necessita de muitos recursos da palavra, porque na oficina da fraternidade bastará o seu sentimento esclarecido no Evangelho. A grande maravilha do amor é o seu profundo e divino contágio. Por esse motivo, o Espírito encarnado, para regenerar os seus irmãos da sombra, necessita iluminar-se primeiro.

Fonte: Pelo Espírito 'Emmanuel'
Do livro "O Consolador" - Ed. FEB
Psicografia de Francisco Cândido Xavier

Sessão Espírita (Parte 1 de 2)

– Como deveremos entender a sessão espírita?
Emmanuel - A sessão espírita deveria ser, em toda parte, uma cópia fiel do cenáculo fraterno, simples e humilde do Tiberíades, onde o Evangelho do Senhor fosse refletido em espírito e verdade, sem qualquer convenção do mundo, de modo que, entrelaçados todos os pensamentos na mesma finalidade amorosa e sincera, pudesse a assembleia constituir aquela reunião de dois ou mais corações em nome do Cristo, onde o esforço dos discípulos será sempre santificado pela presença do seu amor.

– Como deve ser conduzida uma sessão espírita, de sua abertura ao encerramento?
Emmanuel - Nesse sentido, há que considerar a excelência da codificação kardequiana; contudo, será sempre útil a lembrança de que as reuniões doutrinárias devem observar o máximo de simplicidade, como as assembleias humildes e sinceras do Cristianismo primitivo, abstendo-se de qualquer expressão que apele mais para os sentidos materiais que para a alma profunda, a grande esquecida de todos os tempos da Humanidade.

– Será aconselhável a determinação de dias da semana para a realização normal das sessões espíritas?
Emmanuel - Qualquer dia e hora podem ser consagrados ao bom trabalho da fraternidade e do bem, sempre que necessário; mas, nas reuniões dedicadas ao esforço doutrinário, faz-se imprescindível a metodização de todos os trabalhos em dias e horas prefixados.

– Nas sessões, os dirigentes e os médiuns têm uma tarefa definida e diferente entre si?
Emmanuel - Nas reuniões doutrinárias, o papel do orientador e do instrumento mediúnico devem estar sempre identificados na mesma expressão de fraternidade e de amor, acima de tudo; mas, existem características a assinalar, para que os serviços espirituais produzam os mais elevados efeitos, salientando-se que os dirigentes das sessões devem ser o raciocínio e a lógica, enquanto o médium deve representar a fonte de água pura do sentimento. É por isso que, nas reuniões onde os orientadores não cogitam da lógica e onde os médiuns não possuem fé e desprendimento, a boa tarefa é impossível, porque a confusão natural estabelecerá a esterilidade no campo dos corações.

– Os agrupamentos espiritistas podem ser organizados sem a contribuição dos médiuns?
Emmanuel - Nas reuniões doutrinárias, os médiuns são úteis, mas não indispensáveis, porque somos obrigados a ponderar que todos os homens são médiuns, ainda mesmo sem tarefas definidas, nesse particular, podendo cada qual sentir e interpretar, no plano intuitivo, a palavra amorosa e sábia de seus guias espirituais, no imo da consciência.

– Por que motivo a doutrinação e a evangelização nas reuniões espiritistas beneficiam igualmente os desencarnados, se a estes seria mais justo o aproveitamento das lições recebidas no plano espiritual?
Emmanuel - Grande número de almas desencarnadas nas ilusões da vida física, guardadas quase que integralmente no íntimo, conservam-se, por algum tempo, incapazes de apreender as vibrações do plano espiritual superior, sendo conduzidas por seus guias e amigos redimidos às reuniões fraternas do Espiritismo evangélico, onde, sob as vistas amoráveis desses mesmos mentores do plano invisível, se processam os dispositivos da lei de cooperação e benefícios mútuos, que rege os fenômenos da vida nos dois planos.

– Muita gente procura o Espiritismo, queixando-se de perseguições do Invisível. Os que reclamam contra essas perturbações estão, de algum modo, abandonados de seus guias espirituais?
Emmanuel - A proteção da Providência Divina estende-a a todas as criaturas. A perseguição de entidades sofredoras e perturbadas justifica-se no quadro das provações redentoras, mas, os que reclamam contra o assédio das forças inferiores dos planos adstritos ao orbe terrestre, devem consultar o próprio coração antes de formularem as suas queixas, de modo a observar se o Espírito perturbador não está neles mesmos.
Há obsessores terríveis do homem, denominados “orgulho”, “vaidade”, “preguiça”, “avareza”, “ignorância” ou “má-vontade”, e convém examinar se não se é vítima dessas energias perversoras que, muitas vezes, habitam o coração da criatura, enceguecendo-a para a compreensão da luz de Deus. Contra esses elementos destruidores faz-se preciso um novo gênero de preces, que se constitui de trabalho, fé, esforço e boa vontade.

Fonte: Pelo Espírito 'Emmanuel'
Do livro "O Consolador" - Ed. FEB
Psicografia de Francisco Cândido Xavier

PRECE PELA FAMÍLIA

A minha família, Senhor, é um pequeno jardim plantado entre as tribulações do mundo e onde colho, diariamente, as flores da alegria e as bênçãos do refazimento.

Quando juntos, a vida corre harmoniosa e serena qual se fôssemos um pequeno mundo à parte, isolados do torvelinho humano pelos laços inquebrantáveis da simpatia, do carinho e da compreensão mútua...

No entanto, sei que tudo se transforma, se altera, se dilui e se recompõe nem sempre da forma como desejamos.

Aqueles que eu amo, Senhor, hoje amparados em meu coração pelos laços de sublime afeto, amanhã poderão se encontrar em experiências das quais não me será permitido fazer parte... Enfrentarão, talvez, tempestades e angústias que não poderei aplacar, por mais queira; encontrarão desenganos que meus cuidados serão incapazes de afastar e conhecerão, quem sabe, pessoas que os levarão para longe de mim, deixando um ninho vazio e lembranças, apenas, de um tempo feliz e melhor...

Hoje, quando olho para minha família e me embriago entre afagos e carícias, não devo mais esquecer que eles, assim como eu, Te pertencem, para que Tu, Divino Condutor, os guie pelos caminhos que melhor lhes auxiliem a evolução, caminhos estes que nem sempre serão os meus caminhos...

Por isso, embora grato pela felicidade que me proporcionastes ao permitir que tantos corações queridos renascessem junto de mim, rogo-lhe não permita que o egoismo me isole com eles em meu ninho de amor, transformando-os em bonecos de deliciosa manipulação e fazendo-os sofrer mais tarde, quando o vento da provação afastar para bem distante a minha possibilidade de protegê-los, agravando com isso os sofrimentos que por ventura venham a experimentar.

Rogo-lhe, Senhor, igualmente, que eu jamais deixe de anotar junto a mim os outros irmãos de jornada, nem sempre aquinhoados pela mesma sorte, a vagar desprovidos do pão da ternura e do bálsamo do amor e da compreensão.

Abra meus olhos, Pai, para a vida em torno, a fim de que eu assinale a presença de tantas outras almas merecedoras de todo o meu carinho e atenção, do modo como eu dispenso carinho e atenção aos meus familiares, para que um dia, quando chegar o momento de entregar os meus amados à vida, eu não sucumba, infeliz e vazio, entre o remorso, a saudade e a solidão.

Assim seja!

                                               André Luiz

Necessário prestar atenção ao que sentimos..

''Casos de Chico Xavier''

Certa manhã, quando ainda trabalhava na Fazenda de Criação do Ministério da Agricultura, em Pedro Leopoldo, Chico caminhava para o trabalho, atravessando largo trecho do campo no rumo do escritório, meditando sobre os trabalhos mediúnicos a que se confiava.
As exigências eram sempre muitas.
Como agir para equilibrar-se na tarefa?
Surgiam doentes, pedindo socorro...
Aflitos rogavam consolação...
Curiosos reclamavam esclarecimentos...
Ateus insistiam pela obtenção de fé...
Os problemas eram tantos!
Quando curvava a cabeça, desanimado, aparece-lhe Emmanuel e aponta-lhe um quadro a pequena distância.
Era um lavrador ativo, manejando uma enxada ao sol nascente.
— Reparou? – disse ele ao Médium – guiada pelo cultivador, a enxada apenas procura servir.
Não pergunta se o terreno é seco ou pantanoso, se vai tocar o lodo ou ferir-se entre pedras...
Não indaga se vai cooperar em sementeira de flores, batatas, milho ou feijão... Obedece ao lavrador e ajuda sempre...
Logo após, fez uma pausa e considerou:
— Nós somos a enxada nas mãos de Jesus, o Divino Semeador.
Aprendamos a servir sem indagar.
Chico, tocado pelo ensinamento, experimentou iluminada renovação interior, e disse:
— É verdade! O desânimo é um veneno...
— Sim, – concluiu o orientador – a enxada que foge à glória do trabalho, cai na tragédia da ferrugem. Essa é a Lei.
O benfeitor despediu-se e o Médium abraçou o trabalho, naquele dia, de coração feliz e a alma nova.
- Do livro Lindos Casos de Chico Xavier – Ramiro Gama

                  ''REFLITA''

Infertilidade: um mal dos tempos modernos?

Tema sempre atual, a infertilidade preocupa e abala muitas famílias. É considerado infértil todo casal que, após um ano de relações sem o uso de métodos anticoncepcionais, não consegue gerar um filho, ou ainda, na ocorrência de gravidez, levar a gestação até o nascimento do bebê.
Os fatores que possibilitam uma provável infertilidade são muitos: a causa pode ser feminina (alterações anatômicas nos órgãos reprodutivos – útero, trompas ou ovários – e problemas hormonais), masculina (alterações – acusadas no espermograma – ou disfunções no aparelho reprodutor masculino), mista (abrangendo tanto o homem quanto a mulher) ou ainda não ter causas aparentes.
Após esse período de um ano, que pode ser reduzido para seis meses caso a mulher tenha mais de 35 anos, a infertilidade necessita de esclarecimentos médicos e apoio de familiares e até mesmo terapêutico para que o casal consiga compreender e aceitar a situação e, então, procurar o tratamento mais adequado.
Mas como entender o porquê desses problemas, principalmente sob o aspecto espiritual? Essa preocupação esteve na programação do Mednesp, o congresso da Associação Médico-Espírita do Brasil, realizado em 2009, em Porto Alegre (RS), com palestra proferida pelo dr. Décio Iandoli Júnior, cirurgião do aparelho digestivo e membro da AME-Mato Grosso do Sul, com o qual a Folha Espírita conversou.
Folha Espírita – O número de casais inférteis parece ter aumentado de uns anos para cá. Isso faz parte do atual momento planetário?
Décio Iandoli Júnior – Eu penso que as mudanças sociais, principalmente no que se refere ao papel da mulher, é o mais importante fator gerador desse aumento da infertilidade. Antigamente, as mulheres eram criadas para casar e ter filhos, assim, contraíam matrimônio e tinham filhos muito antes dos 35 anos de idade. Porém, isso mudou bastante, pois as mulheres vão estudar, entram no mercado de trabalho, alcançam seus objetivos profissionais para, então, pensar em ter filhos, levando essa decisão para uma idade em que a sua fertilidade, por questões biológicas, está em declínio. Isso, sem dúvida, gera essa maior frequência de casais que não conseguem engravidar.
FE – Casais com taxas normais de hormônios e perfeito funcionamento das glândulas reprodutivas apresentam dificuldade para engravidar. Como entender?
Décio – Existe uma porcentagem considerável de casais inférteis cuja causa biológica não é encontrada. Creio que nesses casos é preciso que se levem em consideração hipóteses dentro do paradigma espiritualista, sempre lembrando que não existem pessoas iguais, e que toda generalização leva ao erro. Acredito que desequilíbrios no centro de força genésico do homem, da mulher, ou de ambos, provocados por atitudes de desajuste ligadas ao sexo e à maternidade ou paternidade, nesta ou em outras vidas, podem ser a causa da infertilidade, provocando a impossibilidade de gerar descendentes e impondo uma prova a ser vencida pelo casal, ou seja, uma lição a ser aprendida.
FE – Por conta de problemas para gerar filhos, alguns casais resolvem partir para a adoção e logo em seguida conseguem engravidar. Como explicar esse fato?
Décio – Esses casos são um bom exemplo de atitudes terapêuticas, ou seja, através de uma ação positiva, conseguem corrigir os desequilíbrios energéticos, causados por lesões perispiríticas, e “curam” a disfunção biológica como consequência. Não só a adoção, mas também qualquer trabalho meritório, principalmente junto a crianças, ou qualquer outra ação caridosa que possa anular os desajustes do passado podem levar ao mesmo resultado da adoção, ou seja, reverter a infertilidade, pois, eliminando-se a causa, desaparece o efeito.
FE – Procedimentos de inseminação artificial e fertilização in vitro são aceitos no paradigma médico-espírita?
Décio – O paradigma médico-espírita é incondicionalmente a favor da vida e vê como legítimo o desejo de gerar descendentes biológicos e passar pela incrível experiência da gravidez, pois sabemos que a motivação para esse desejo é bastante complexa e envolve fatores biológicos, sociais, conjugais e espirituais. Sendo assim, somos a favor de todo esforço legítimo de dar a esses casais a oportunidade de ter seus filhos biológicos.
O que não podemos entender nem aceitar é o paradoxo que temos observado nos grupos de reprodução assistida, onde o embrião, tão desejado e obtido com tanto esforço, sofrimento e dispêndio financeiro, é tão desprezado e desqualificado a partir do momento em que se consegue uma gestação de sucesso. Descartar embriões ou utilizá-los para qualquer fim que não a reprodução, a chamada “redução”, em que são mortos os embriões “excedentes” implantados no útero, são atos contra a vida e a dignidade humana, tomados, justamente, por aqueles que lutam para promovê-la, o que, em minha opinião, pode ampliar os “débitos” daqueles que estão envolvidos no problema e na sua solução.
Lutamos pela normatização ética da reprodução humana assistida, disciplinando a geração dos embriões, produzindo-se e implantando-se no útero apenas aqueles que se pretenda utilizar e promovendo a adoção dos embriões já formados e cujos pais não desejem utilizá-los. Alguns países da Europa já tomaram essas atitudes.
FE – Como entender a infertilidade do ponto de vista espiritual?
Décio – Sabemos, pela lei de causa e efeito, que tudo o que vivenciamos hoje tem uma causa no passado. Porém, sabemos também que um número enorme de variáveis, que supera em muito a nossa capacidade de compreensão, está agindo para que estejamos exatamente onde estamos hoje. Dessa forma, nossa capacidade de identificar e entender os motivos de nossas vicissitudes é bastante reduzido.
O fato de certos casais viverem essa angústia de não poder ter filhos biológicos pode até estar relacionado com fatores que nem mesmo imaginamos e que podem estar ligados às condições de transição do planeta e não ao carma específico de cada um. Quem pode saber? Sendo assim, o que nos resta é trabalhar para superar nossas dores e dificuldades, trabalhar para gerar conforto e desenvolvimento a nós mesmos, ao nosso grupo familiar e a toda a humanidade, de acordo com as oportunidades que a vida nos dá, sem nunca esquecer, entretanto, que a responsabilidade de nossas escolhas não pode ser transferida a quem quer que seja, e que a coerência de nossos atos com nossos ideais deve ser procurada incessantemente. Creio que isso vale para os médicos, para os pacientes, mas também, e principalmente, para todos aqueles que já têm consciência das leis naturais que nos foram comunicadas pelo mestre Jesus e que foram tão bem esclarecidas pela Doutrina Espírita. A estes cabe também a responsabilidade de propagar a necessidade da luta pelos direitos dos mais desamparados e impedidos de defender seus direitos. Cabe aos mais conscientes a tarefa de disseminar o amor e de erradicar a ignorância, não perdendo a oportunidade de expor, aonde quer que vá, sua posição bem clara e firme de defesa à vida seja qual for a forma em que ela se apresente.
Seremos julgados por aquilo que fizermos, e o juiz de cada um é sua própria consciência. Por mais que tentemos nos abster, ela nos acompanha aonde quer que possamos ir. Portanto, se não podemos fugir, só nos resta lutar.

Fonte: Giovana Campos/ Folha Espírita

MÉDICOS E HOSPITAIS COMEÇAM A ADOTAR A ESPIRITUALIDADE...


Há uma revolução em curso na medicina que mudará para sempre a forma de tratar o paciente. Médicos e instituições hospitalares do mundo todo começam a incluir nas suas rotinas de maneira sistemática e definitiva a prática de estimular nos pacientes o fortalecimento da esperança, do otimismo, do bom humor e da espiritualidade.


O objetivo é simples: despertar ou fortificar nos indivíduos condições emocionais positivas, já abalizadas pela ciência como recursos eficazes no combate a doenças. Esses elementos funcionariam, na verdade, como remédios para a alma – mas com repercussões benéficas para o corpo. No Brasil, a nova postura faz parte do cotidiano de instituições do porte do Instituto do Coração (InCor), em São Paulo, da Rede Sarah Kubitschek e do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), no Rio de Janeiro, três referências nacionais na área de reabilitação física. Nos Estados Unidos, o conceito integra a filosofia de trabalho, entre outros centros, do Instituto Nacional do Câncer, um dos mais importantes pólos de pesquisa sobre a enfermidade do planeta, e da renomada Clínica Mayo, conhecida por estudos de grande repercussão e tratamentos de primeira linha.

A adoção desta postura teve origem primeiro na constatação empírica de que atitudes mais positivas traziam benefício aos pacientes. Isso começou a ser observado principalmente em centros de tratamento de doenças graves como câncer e males que exigem do indivíduo uma força monumental. No dia-a-dia, os médicos percebiam que os doentes apoiados em algum tipo de fé e que mantinham a esperança na recuperação de fato apresentavam melhores prognósticos. A partir daí, pesquisadores ligados principalmente a essas instituições iniciaram estudos sobre o tema.


Hoje há dezenas deles. Um exemplo é um trabalho publicado na edição da revista científica BMC Câncer sugerindo que o otimismo é um fator de proteção contra o câncer de mama. “Verificamos que mulheres expostas a eventos negativos têm mais risco de contrair a doença do que aquelas que apresentam maiores sentimentos de felicidade e positivismo”, explicou Ronit Peled, da Universidade de Neguev, de Israel, autor da pesquisa. Na última edição do Annals of Family Medicine – publicação de várias sociedades científicas voltadas ao estudo de medicina da família – há outra mostra do que vem sendo obtido. Uma pesquisa divulgada na revista revelou que homens otimistas em relação à própria saúde de alguma forma ficaram mais protegidos de doenças cardiovasculares. Os cientistas acompanharam 2,8 mil voluntários durante 15 anos. Eles constataram que a incidência de morte por infarto ou acidente vascular cerebral foi três vezes menor entre aqueles que no início estavam mais confiantes em manter uma boa condição física. Provas dos efeitos da adoção da espiritualidade na melhora da saúde também começaram a surgir. Nos estudos sobre o tema, a prática aparece associada à redução da ansiedade, da depressão e à diminuição da dor, entre outras repercussões.

A partir de informações como essas, os cientistas resolveram identificar o que levava a esse impacto. Chegaram basicamente a duas razões. Uma é de natureza comportamental. Em geral, quem é otimista, tem esperança e cultiva alguma fé costuma ter hábitos mais saudáveis. Além disso, essas pessoas seguem melhor o tratamento. “Uma postura positiva leva a gestos positivos. Os pacientes se cuidam mais, alimentam-se bem, fazem direito a fisioterapia, mesmo que ela seja dolorosa”, explica a clínica geral carioca Cláudia Coutinho.

A outra explicação tem fundamento biológico. Está provado que a manutenção de um estado de espírito mais seguro e esperançoso desencadeia no organismo uma cadeia de reações que só trazem o bem. “Se o paciente é otimista, encara um problema de saúde como um desafio a ser vencido. Nesse caso, as alterações ocorridas no corpo poderão ser usadas a seu favor”, explica o pesquisador Ricardo Monezi, do Instituto de Medicina Comportamental da Universidade Federal de São Paulo. O bom humor, por exemplo, é capaz de promover o aumento da produção de hormônios que fortalecem o sistema de defesa, fundamental quando o corpo precisa lutar contra inimigos. Além disso, o riso provoca relaxamento de vários grupos musculares, melhora as funções cardíacas e respiratórias e aumenta a oxigenação dos tecidos.

É esse arcabouço de informações que permite hoje o uso, na prática, da espiritualidade, do otimismo, da esperança e do bom humor como recursos terapêuticos dentro da medicina. Nos Estados Unidos, por exemplo, pesquisadores da Universidade do Alabama preparam-se para começar a aplicar um tratamento batizado de “terapia da esperança”. O sistema consiste em ajudar os pacientes a construir e a manter a esperança diante da doença. “O primeiro passo é auxiliá-los a encontrar um objetivo importante que dê sentido a suas vidas. Depois, aumentar a motivação para alcançá-lo e orientá-los sobre os caminhos a serem seguidos”, explicou à ISTOÉ Jennifer Cheavens, da Universidade de Ohio e participante do grupo que desenvolveu a novidade.

Desde que recebeu o diagnóstico de câncer no intestino, no ano passado, a consultora de marketing carioca decidiu que manter o bom humor seria sua grande arma. “Claro que em alguns momentos eu fiquei triste. Mas resolvi que não me deixaria abater e que continuaria a rir muito”, lembra ela, autora do livro Câncer: sentença ou renovação?

Essa construção é feita com base em técnicas usadas na terapia cognitivo-comportamental, cujo objetivo é treinar o indivíduo a pensar e a agir de forma diferente para conseguir lidar de modo mais eficiente diante de condições adversas. O treinamento é feito com duas sessões semanais realizadas durante dois meses. A terapia será usada em portadores de deficiências visuais e nas pessoas responsáveis por seus cuidados. “Acreditamos que ela ajudará muito na redução da depressão e de outros problemas associados à perda da visão. Os pacientes ficarão mais motivados a lutar contra as dificuldades e a participar dos trabalhos de reabilitação”, explicou à ISTOÉ Laura Dreer, professora do departamento de oftalmologia da Universidade do Alabama, nos EUA.

No Brasil, a inclusão da ferramenta na prática médica está mudando a rotina dos hospitais. No Instituto de Ortopedia, no Rio de Janeiro, por exemplo, o trabalho médico é acompanhado pelo suporte psicológico, dedicado especialmente a fortalecer uma atitude mais positiva. O trabalho, claro, não é simples. Os pacientes costumam ser vítimas de traumas medulares ocorridos em situações como acidentes ou quedas. De uma hora para outra, têm a vida totalmente limitada. “Por isso, precisamos ajudá-los a enfrentar a nova situação. Eles têm de passar por uma reabilitação física e emocional”, explica a psicóloga Fátima Alves, responsável pelo grupo. E quem faz isso usando o otimismo e a esperança como armas sai ganhando. “Mostramos principalmente aos mais descrentes que a postura positiva no enfrentamento da doença é um remédio”, afirma Tito Rocha, coordenador da unidade hospitalar do instituto. Em breve, eles abrirão um grupo para incentivar o cultivo da espiritualidade pelos doentes.

Talvez o símbolo mais emblemático do fim do preconceito da medicina ocidental contra questões relativas à emoções e espiritualidade seja o que está acontecendo na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a mais tradicional do País. A instituição sediou um evento para mostrar aos profissionais de saúde a importância de recursos como a espiritualidade e o bom humor na recuperação de pacientes. O curso foi ministrado pelo geriatra Franklin dos Santos, professor de pós-graduação da disciplina de emergências médicas da universidade. No programa, houve um bom espaço para ensinar os médicos e enfermeiros a usarem essas ferramentas. “Discutimos como isso deve ser aplicado na prática”, diz o médico, que tem dado palestras pelas escolas de medicina do País inteiro.

Nos Estados Unidos, também há um esforço para treinar os profissionais de saúde. Só para se ter uma idéia, o Instituto Nacional de Câncer americano criou uma espécie de guia para orientar médicos, enfermeiros e psicólogos sobre como usar a espiritualidade do paciente a seu favor. Todo esse interesse é o sinal mais patente de que a revolução vai durar. Por isso, ninguém deve se surpreender se quando chegar ao consultório médico for indagado sobre suas condições de saúde, obviamente, mas também sobre sua relação com a espiritualidade ou disposição de esperança.

“Questões como essas devem começar a ser cada vez mais levantadas”, defende Brick Johnstone, professor de psicologia médica da Universidade Missouri-Columbia, nos EUA.

FONTE: REVISTA ISTO É - EDIÇÃO 2025
ADRIANA PRADO /GREICE RODRIGUES E CILENE PEREIRA

A Doença Tem Um Propósito?


doença-696x435Você já se perguntou por que ficamos doentes? Será por acaso? Será por azar? Será por castigo?
Ninguém gosta de ficar doente. Entre a saúde e a doença, preferimos estar saudáveis. Você percebe que aí existem pelo menos dois aspectos da dualidade? De um lado a saúde e do outro a doença. E, em seguida, a nossa preferência por um dos polos.
Vivemos em um mundo caracterizado pela dualidade. É o claro e o escuro, o quente e o frio, o Yang e o Yin (princípios do Taoísmo, uma filosofia oriental), a vida e a morte, o Bem e o Mal, o positivo e o negativo, o masculino e o feminino, o gostar e o não gostar, o querer e o não querer. Estamos completamente imersos na dualidade. E sempre nos falta algo, nos sentimos incompletos, imperfeitos, insuficientes. O que será que nos falta? O que é que tanto tentamos compensar com bens materiais, com divertimento, com comida, álcool, drogas, sexo, sem deixar de mencionar tudo que usamos para nos abastecer de provisões narcísicas, como conhecimento, títulos, sensação de poder, honrarias, elogios que nos vêm do outro.
Quando nos sentimos aceitos, integrados, nos sentimos bem. Quando o outro nos acolhe, nós nos sentimos amados, nos sentimos maiores, melhores, mais completos. Parece que a separação que existia entre o “Eu” e o “Ele” ou entre o “Nós” e os “Outros” se esvai, se dissipa, deixa de existir. E essa é uma sensação maravilhosa porque temos a sensação que somos uma Unidade.
Essa separação, essa visão que as coisas são duais, é criada pela mente humana. É ela que entende a realidade como dividida em polaridades opostas. Esses dois polos não existem separadamente, um precisa do outro para existir. Eles são opostos e complementares, eles se unem para fazer o todo, o Um, a Unidade.
A Unidade é o que todos buscamos e ela só pode ser obtida pela conjunção dos opostos.
Todos temos uma sombra, que são aqueles aspectos que afastamos o mais possível de nós mesmos; são os aspectos que não desejamos ver, que não queremos reconhecer que existem dentro de nós. Temos muito medo de nossa sombra. Gostaríamos de expurgar essa sombra porque acreditamos que, somente assim, nós e nosso mundo nos tornaremos bons e felizes. Entretanto, acontece justamente o contrário. A sombra contém tudo aquilo que nós e nosso mundo precisamos para chegar à Unidade. Precisamos da nossa sombra para nos integrar. Caso contrário, seremos apenas metades. Metades as-sombra-das o tempo todo. Assombradas pela outra metade.
E o que a sombra tem a ver com a saúde e a doença? Acontece que é a sombra o que nos torna doentes. A sombra nos faz adoecer porque ela é o que está nos faltando.
Vou citar um livro que explica isso muito bem. “Todo sintoma é um aspecto da sombra que se precipitou no corpo físico. É no sintoma que se manifesta aquilo que nos falta… O sintoma usa o corpo como um instrumento para fazer a pessoa tornar-se outra vez um todo…Se uma pessoa se recusa a viver um princípio em sua consciência, esse princípio desce para o nível do corpo e aparece então com sintoma. Dessa maneira, a pessoa é obrigada a viver e, a despeito de tudo, a manifestar o próprio princípio que rejeitou. É assim que o sintoma providencia a totalidade do indivíduo, ele é o substituto físico do que falta à alma.”*
As doenças se manifestam através dos sintomas. Quando somos obrigados a conviver com nossos sintomas, a lidar com eles, a nos perguntar de onde vêm e por que existem, temos a oportunidade de enxergar e reconhecer aquilo que nos falta integrar dentro de nós em nosso caminho em direção à Unidade. E esse é nosso maior propósito. Voltar à Unidade.
Podemos dizer, portanto, que o caminho de cura é sempre aquele que nos torna mais conscientes de nós mesmos e, portanto, é o que nos leva da polaridade à Unidade.
Diante disso, como ficam suas ideias a respeito da saúde e da doença? Será que as doenças têm um propósito? Devemos combater ou abraçar nossos sintomas? Preferimos estar doentes ou saudáveis?