quinta-feira, 9 de julho de 2015

Fazer o Bem sem Ostentação

Tende cuidado em não praticar as boas obras diante dos homens, para serem vistas, pois, do contrário, não recebereis recompensa de vosso Pai que está nos céus. - Assim, quando derdes esmola, não trombeteeis, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. 
Digo-vos, em verdade, que eles já receberam sua recompensa. 
- Quando derdes esmola, não saiba a vossa mão esquerda o que faz a vossa mão direita; - a fim de que a esmola fique em segredo, e vosso Pai, que vê o que se passa em segredo, vos recompensará.
(S. MATEUS, cap. VI, vv. 1 a 4.)
Tendo Jesus descido do monte, grande multidão o seguiu.
 - Ao mesmo tempo, um leproso veio ao seu encontro e o adorou, dizendo: Senhor, se quiseres, poderás curar-me. 
- Jesus, estendendo a mão, o tocou e disse: Quero-o, fica curado; no mesmo instante desapareceu a lepra.
 - Disse-lhe então Jesus: abstém-te de falar disto a quem quer que seja; mas, vai mostrar-te aos sacerdotes e oferece o dom prescrito por Moisés, a fim de que lhes sirva de prova.
(S. MATEUS, cap. VIII, vv. 1 a 4.)
Em fazer o bem sem ostentação há grande mérito; ainda mais meritório é ocultar a mão que dá; constitui marca incontestável de grande superioridade moral, porquanto, para encarar as coisas de mais alto do que o faz o vulgo, mister se torna abstrair da vida presente e identificar-se com a vida futura; numa palavra, colocar-se acima da Humanidade, para renunciar à satisfação que advém do testemunho dos homens e esperar a aprovação de Deus. Aquele que prefere ao de Deus o sufrágio dos homens prova que mais fé deposita nestes do que na Divindade e que mais valor dá à vida presente do que à futura. Se diz o contrário, procede como se não cresse no que diz.
Quantos há que só dão na esperança de que o que recebe irá bradar por toda a parte o benefício recebido! Quantos os que, de público, dão grandes somas e que, entretanto, às ocultas, não dariam uma só moeda! Foi por isso que Jesus declarou: "Os que fazem o bem ostentosamente já receberam sua recompensa." Com efeito, aquele que procura a sua própria glorificação na Terra, pelo bem que pratica, já se pagou a si mesmo; Deus nada mais lhe deve; só lhe resta receber a punição do seu orgulho.
Não saber a mão esquerda o que dá a mão direita é uma imagem que caracteriza admiravelmente a beneficência modesta. Mas, se há a modéstia real, também há a falsa modéstia, o simulacro da modéstia. Há pessoas que ocultam a mão que dá, tendo, porém, o cuidado de deixar aparecer um pedacinho, olhando em volta para verificar se alguém não o terá visto ocultá-la. Indigna paródia das máximas do Cristo! Se os benfeitores orgulhosos são depreciados entre os homens, que não será perante Deus? Também esses já receberam na Terra sua recompensa. Foram vistos; estão satisfeitos por terem sido vistos. E tudo o que terão.
E qual poderá ser a recompensa do que faz pesar os seus benefícios sobre aquele que os recebe, que lhe impõe, de certo modo, testemunhos de reconhecimento, que lhe faz sentir a sua posição, exaltando o preço dos sacrifícios a que se vota para beneficiá-lo? Oh! para esse, nem mesmo a recompensa terrestre existe, porquanto ele se vê privado da grata satisfação de ouvir bendizer-lhe do nome e é esse o primeiro castigo do seu orgulho. As lágrimas que seca por vaidade, em vez de subirem ao Céu, recaíram sobre o coração do aflito e o ulceraram. Do bem que praticou nenhum proveito lhe resulta, pois que ele o deplora, e todo benefício deplorado é moeda falsa e sem valor.
A beneficência praticada sem ostentação tem duplo mérito. Além de ser caridade material, é caridade moral, visto que resguarda a suscetibilidade do beneficiado, faz-lhe aceitar o benefício, sem que seu amor-próprio se ressinta e salvaguardando-lhe a dignidade de homem, porquanto aceitar um serviço é coisa bem diversa de receber uma esmola. Ora, converter em esmola o serviço, pela maneira de prestá-lo, é humilhar o que o recebe, e, em humilhar a outrem, há sempre orgulho e maldade. A verdadeira caridade, ao contrário, é delicada e engenhosa no dissimular o benefício, no evitar até as simples aparências capazes de melindrar, dado que todo atrito moral aumenta o sofrimento que se origina da necessidade. Ela sabe encontrar palavras brandas e afáveis que colocam o beneficiado à vontade em presença do benfeitor, ao passo que a caridade orgulhosa o esmaga. A verdadeira generosidade adquire toda a sublimidade, quando o benfeitor, invertendo os papéis, acha meios de figurar como beneficiado diante daquele a quem presta serviço. Eis o que significam estas palavras: "Não saiba a mão esquerda o que dá a direita."

                           

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. Livro eletrônico gratuito em http://www.febnet.org.br.
      Encontro com a Realidade

O ego iludido busca sobreviver, utilizando-se de inúmeros mecanismos de fuga da realidade, e expressa-se usando variadas máscaras, a fim de não se deixar identificar.
No inter-relacionamento pessoal apresenta-se disfarçado, ora exigente em relação aos outros ou excessivamente severo para consigo mesmo, projetando os seus conflitos ou introjetando as suas aspirações não realizadas. Subconscientemente possui conceitos incorretos sobre si mesmo, não se dispondo à coragem de enfrentar a realidade, superando-a, quando negativa, ou aprimorando- a, se favorável.
Fixando-se na ilusão dos conflitos, cuida de apresentar-se de forma conciliadora – a atitude subconsciente com o que gostaria realmente de ser e a aparência conveniente – expressando-se como pessoa feliz, realizada.
Em razão do desgaste dos valores éticos na sociedade, o medo de desvelar-se a outrem gera reações e subterfúgios, nos quais procura compensações psicológicas, que não são plenificadoras. Porque os seus alicerces são frágeis, logo ruem as construções de bem-estar que se aparenta possuir, tombando-se em angústias reprimidas e agressões, por transferência emocional, para compensação íntima.
Há uma gama expressiva de atitudes humanas que estão longe de serem legítimas e resultam de posturas opostas à sua realidade.
Ressalvadas algumas exceções, que ocorrem nos idealistas não apaixonados nem extremistas, a maioria dos que vociferam contra, seja o que for, mascara desejos subconscientes, que reprime por falta de valor moral para expressá-los com nobreza.
O indivíduo puritano, que fiscaliza a má conduta alheia, projeta o estado interior que procura combater noutrem, porque não se dispõe a fazê-lo em si.
O crítico mordaz, persistente, de olhar clínico para os erros e misérias dos outros, é portador de insegurança pessoal, mantendo um grande desprezo por si próprio e compensando-se na agressão.
Quem se identifica normalmente com as dores e aflições, a humildade exagerada, portanto inautêntica, exterioriza, inconscientemente, um estado paranóico, ao lado de insopitável desejo de chamar a atenção para si.
Aquele que sempre racionaliza todas as ocorrências, encontrando justificativas para os próprios insucessos e erros, teme-se, sem estrutura emocional para libertar-se dos conflitos.
Sem agressividade nem pieguismo, ou ânsia de confissões injustificáveis, desvela-te aos teus irmãos, aos teus amigos, a fim de que eles se descontraiam e se te apresentem como são.
Não pretendas ser o censor das vidas, perturbando os jogos das pessoas com a apresentação das tuas verdades. Se lhes tiras o suporte de sustentação, tens o que oferecer-lhes em termo de comportamento e segurança?
Vigia-te, pois, e descontrai-te, deixando-te identificar pelos valores grandiosos e pelas deficiências, assim facilitando aos que convivem contigo o mesmo ato de desvelamento e confiança.
Somente com pessoas que conhecemos, podemos sentir-nos realmente bem.

                            

FRANCO, Divaldo Pereira. Momentos de Saúde. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 17.

               REGISTRO DA VIDA


Não despreze seu corpo.

Um músico não interpreta a melodia, usando instrumento desafinado.

Todos nós, quando encarnados na Terra, somos viajores, no carro do corpo
físico.

Para que lado abre você a janela da própria observação? 

Para o campo ou para o charco?

 Para o abismo ou para o Céu?

Se uma árvore singela nasce para produzir e auxiliar, porque teria a criatura
humana de corporificar-se no mundo, unicamente para férias?

Viver para que?

Para aprendermos a viver bem e a viver para o Bem.

André Luiz
Chico Xavier

        TENSÃO EMOCIONAL


Não raro, encontramos, aqui e ali, os irmãos doentes por desajustes emocionais.

Quase sempre, não caminham. 
Arrastam-se. 
Não dialogam. 
Cultuam a queixa e a lamentação.

E provado está que na Terra, a tensão emocional da criatura encarnada se dilata com o tempo.

Insegurança, conflito íntimo, frustração, tristeza, desânimo, cólera, inconformidade e apreensão, com outros estados negativos da alma, espancam sutilmente o corpo físico, abrindo campo a moléstia de etiologia obscura, à força de se repetirem constantemente, dilapidando o cosmo orgânico.

Se conseguires aceitar a existência de Deus e a prática salutar dessa ou daquela religião em que mais te reconfortes, preserva-te contra semelhantes desequilíbrios.

Começa, aceitando a própria vida, tal qual é, procurando melhora-la com paciência.

Aprenda a estimar os outros, como se te apresentem, sem exigir-lhes mudanças imediatas.

Dedica-te ao trabalho em que te sustentes, sem desprezar a pausa de repouso ou o entretenimento em que se te restaurem as energias.

Serve ao próximo, tanto quanto puderes.

Detém-te lado melhor das situações e das pessoas, esquecendo o que te pareça inconveniente ou desagradável.

Não carregues ressentimentos.

Cultiva a simplicidade, evitando a carga de complicações e de assuntos improdutivos que te furtem a paz.

Admite o fracasso por lição proveitosa, quando o fracasso possa surgir.

Tempera a conversão com o fermento da esperança e da alegria.

Tanto quanto possível, não te faças problema para ninguém, empenhando-te a zelar por ti mesmo.

Quando a lembrança do passado não contenha valores reais, olvida o que já se foi, usando o presente na edificação do futuro melhor.

Se o inevitável acontece, aceita corajosamente as provas em vista, na certeza de que todas as criaturas atravessam ocasiões de amarguras e lágrimas.

Oferece um sorriso de simpatia e bondade, seja a quem for.

Quanto à morte do corpo, não penses nisso, guardando a convicção de que ninguém existiu no mundo sem a necessidade de enfrenta-la.

E, trabalhando e servindo sempre, sem esperar outra recompensa que não seja a bênção da paz na consciência própria, nenhuma tensão emocional te criará desencanto ou doença, de vez que se cumpres o teu dever com sinceridade, quando te falte força Deus te sustentará e onde não possas fazer todo o bem que desejas realizar Deus fará sempre a parte mais importante.

Emmanuel
Chico Xavier

Mensagem de TIRADENTES: 

Não fui um Herói

Dos infelizes protagonistas da Inconfidência Mineira, no dia 21 de abril de todos os anos, aqueles que podem excursionar pela Terra volvem às ruínas de Ouro Preto, a fim de se reunirem entre as velhas paredes da casa humilde do sítio da Cachoeira, trazendo a sua homenagem de amor à personalidade do Tiradentes.
Nessas assembléias espirituais, que os encarnados poderiam considerar como reuniões de sombras, os preitos de amor são mais expressivos e mais sinceros, livres de todos os enganos da História e das hipocrisias convencionais.
Ainda agora, compareci a essa festividade de corações, integrando a caravana de alguns brasileiros desencarnados, que para lá se dirigiu associando-se às comemorações do proto mártir da emancipação do País.
Sem me alongar nos lances descritivos, acerca dos seus tesouros do passado, objeto da observação de jornalistas e escritores de todos os tempos, devo dizer que, na noite de hoje, a casa antiga dos Inconfidentes tem estado cheia das sombras dos mortos. Aí fui encontrar, não segundo o corpo, mas segundo o espírito, as personalidades de Domingos Vidal Barbosa, Freire de Andrada, Mariano Leal, José Joaquim da Maia, Cláudio Manuel, Inácio Alvarenga, Dorotéia de Seixas, Beatriz Francisca Brandão, Toledo Pisa, Luís de Vasconcelos e muitos outros nomes, que participaram dos acontecimentos relativos à malograda conspiração.
Mas, de todas as figuras veneráveis ao alcance dos meus olhos, a que me sugeria as grandes afirmações da pátria era, sem dúvida, a do antigo alferes Joaquim José da Silva Xavier, pela sua nobre e serena beleza. Do seu olhar claro e doce, irradiava-se toda uma onda de estranhas revelações, e não foi sem timidez que me acerquei da sua personalidade, provocando a sua palavra.
Falando-lhe a respeito do movimento de emancipação política, do qual havia sido o herói extraordinário, declinei minha qualidade de seu ex-compatriota, filho do Maranhão, que também combatera, no passado, contra o domínio dos estrangeiros. .
– “Meu amigo – declarou com bondade -, antes de tudo, devo afirmar que não fui um herói e sim um Espírito em prova, servindo simultaneamente à causa da liberdade da minha terra. Quanto à Inconfidência de Minas, não foi propriamente um movimento nativista, apesar de ter aí ficado como roteiro luminoso para a independência da pátria. Hoje, posso perceber que o nosso movimento era um projeto por demais elevado para as forças com que podia contar o Brasil daquela época, reconhecendo como o idealismo eliminou em nosso espírito todas as noções da realidade prática; mas, estávamos embriagados pelas idéias generosas que nos chegavam da Europa, através da educação universitária. E, sobretudo, o exemplo dos Estados Americanos do Norte, que afirmaram os princípios imortais do direito do homem, muito antes do verbo inflamado de Mirabeau, era uma luz incendiando a nossa imaginação. O Congresso de Filadélfia, que reconheceu todas as doutrinas democráticas, em 1776, afigurou-se-nos uma garantia da concretização dos nossos sonhos. Por intermédio de José Joaquim da Maia procuramos sondar o pensamento de Jefferson, em Paris, a nosso respeito; mas, infelizmente, não percebíamos que a luta, como ainda hoje se verifica no mundo, era de princípios. O fenômeno que se operava no terreno político e social era o desprezo do absolutismo e da tradição, para que o racionalismo dirigisse a Vida dos homens. Fomos os títeres de alguns portugueses liberais, que, na colônia, desejavam adaptar-se ao novo período histórico do Planeta, aproveitando-se dos nossos primeiros surtos de nacionalismo. Não possuíamos um índice forte de brasilidade que nos assegurasse a vitória, e a verdade só me foi intuitivamente revelada quando as autoridades do Rio mandaram prender-me na rua dos Latoeiros.”
– E nada tendes a dizer sobre a defecção de alguns dos vossos companheiros? – perguntei.
– “Hoje, de modo algum desejaria avivar minhas amargas lembranças. Aliás, não foi apenas Silvério quem nos denunciou perante o Visconde de Barbacena; muitos outros fizeram o mesmo, chegando um deles a se disfarçar como um fantasma, dentro das noites de Vila Rica, avisando quanto à resolução do governo da província, antes que ela fosse tomada publicamente, com o fim de salvaguardar as posições sociais de amigos do Visconde, que haviam simpatizado com a nossa causa. Graças a Deus, todavia, até hoje, sinto-me ditoso por ter subido sozinho os vinte degraus do patíbulo.”
– E sobre esses fatos dolorosos, não tendes alguma impressão nova a nos transmitir?
E os lábios do Herói da Inconfidência, como se receassem dizer toda a verdade, murmuraram estas frases soltas:
– “Sim…..a Sala do Oratório e o vozerio dos companheiros desesperados com a sentença de morte…a Praça da Lampadosa, minha veneração pelo Crucifixo do Redentor e o remorso do carrasco…… a procissão da Irmandade da Misericórdia, os cavaleiros, até o derradeiro impulso da corda fatal, arrastando-me para o abismo da Morte…”
E concluiu:
-“Não tenho coisa alguma a acrescentar às descrições históricas, senão minha profunda repugnância pela hipocrisia das convenções sociais de todos os tempos.”
– É verdade – acrescentei -, reza a História que, no instante da vossa morte, um religioso, falou. sobre o tema do Eclesiastes – “Não atraiçoes o teu rei, nem mesmo por pensamentos.”
E terminando a minha observação com uma pergunta, arrisquei:
-Quanto ao Brasil atual, qual a vossa opinião a respeito?
-“Apenas a de que ainda não foi atingido o alvo dos nossos sonhos. A nação ainda não foi realizada para criar-se uma linha histórica, mantenedora da sua perfeita independência. Todavia, a vitalidade de um povo reside na organização da sua economia e a economia do Brasil está muito longe de ser realizada. A ausência de um interesse comum, em favor do País, dá causa não mais à derrama dos impostos, mas ao derrame das ambições, onde todos querem mandar, sem saberem dirigir a si próprios.”
Aos meus ouvidos emocionados ecoavam as notas derradeiras da música evocativa e dos fragmentos de orações que rodeavam o monumento do Herói, afigurando-se-me que Vila Rica ressurgira, com os seus coches dourados e os seus fidalgos, num dos dias gloriosos do Triunfo Eucarístico; mas, aos poucos, suas luzes se amorteceram no silêncio da noite, e a velha cidade dos conspiradores entrou a dormir, no tapete glorioso de suas recordações, o sono tranqüilo dos seus sonhos mortos.
Postado por Fernando Rossit

                       

Livro: Crônicas de Além-túmulo, espírito Humberto de Campos, psicografia de Chico Xavier.

Como agem os Vampiros Espirituais

Certa noite, cansado do Umbral, resolvi ir à festa. 
Entrei, sem a menor dificuldade, numa boate e me aproximei de um casal. 
Sentados na área externa do ambiente, o homem e a mulher tomam suas bebidas em grandes goles e riam descontroladamente, visivelmente embriagados.
– É agora! – Disse, animado
Simplesmente colei neles me beneficiando do álcool que fortemente exalavam. 
Ainda não era suficiente para o meu próprio “barato” e os influenciei para que comprassem mais bebida.
O homem se levantou e foi até o bar, enquanto que a mulher, para a minha alegria, tirou da bolsa um maço de cigarros, mas não encontrava o isqueiro. 
Agitada, começou a vasculhar a bolsa, mas eu, o localizando, dei meu comando e logo ela acendeu o seu cigarro.
Aspirei profundamente a fumaça, ainda quente de seus pulmões, relaxando com minha parceira da noite.
Após uns minutos, avistei duas jovens, que eram bem mais vantajosas. 
Elas se dirigiram ao banheiro e peguei carona, pois sabia que o melhor estava por vir.
Ciente de suas intenções, distraí as duas mulheres que estavam na porta, fazendo com que elas desistissem e voltassem para a pista. 
Fiquei de sentinela, enquanto uma delas colocava sobre a pia um estojo espelhado com pó, oferecendo à amiga. 
Tudo sob controle, as duas se revezaram, limparam os narizes, lavaram as mãos e saíram.
Ainda não estava satisfeito. 
Foi então que segui um casal nada discreto, indo em direção à ala reservada somente aos casais. 
Facilmente os induzi à prática sexual, aproveitando-me das energias genésicas e disputando com outros, que grudaram em seus órgãos sexuais como lobos sobre um pedaço de carne.
Estava quase satisfeito – já bebera, fumara, experimentara as sensações do sexo, mas me faltava um pouco mais de emoção.
Deixei a casa noturna e peguei carona com uma turma de homens que planejavam um jogo, com aposta alta.
Na casa havia tudo o que eu já consumira. 
Fiquei na bebida e de olho no jogo. 
Percebi, pela conversa, qual era o indivíduo mais vulnerável e decidi atormentá-lo. 
Até agora eu apenas usufruíra, mas estava na hora de mais emoção e à custa dos panacas.
Célio era o seu nome. Faltava pouco para se divorciar. 
A esposa estava farta de suas noitadas, bebedeiras e das dívidas que contraíra. 
Eu o achei o alvo perfeito. 
Ele havia pedido dinheiro emprestado a um amigo, prometendo dividir com ele o prêmio e se perdesse, lhe pagaria uma caixa de bebidas.
Eu fiz de tudo para que Célio ganhasse a aposta. 
Confundi a cabeça dos jogadores, fiz com que trocassem as cartas, enfim, tudo entre xingamentos e brigas. 
Por fim, deixei que os ânimos se acalmassem para que Célio voltasse para casa… outra hora acertaria o que devia ao amigo.
Queria vê-lo em cena com a esposa, que o esperava, sem dormir, com os nervos alterados.
Nem bem entrara e Joana iniciou a discussão, o culpando, como sempre, por suas aventuras. 
Célio quis tranquiliza-la mostrando o dinheiro sujo e fazendo novas promessas de que tudo melhoraria, mas a mulher estava intratável e eu, eu dei uma forcinha, é claro. 
Para resumir, finalmente Joana pediu o divórcio e o resto, ah, o resto é resto; o que importa é que dei muita risada!
Já era de manhã e minha próxima parada foi na padaria, sendo que, logicamente eu não poderia comer, mas me fartaria através dos comilões. 
Me juntei a uma família, que fazia seu desjejum – um casal e dois filhos, dois meninos. 
A mesa era farta e eu abrira-lhes ainda mais o apetite. 
Comeram e beberam até não poderem mais e eu, igualmente estava cheio, cheio daquela energia toda.
Àquela hora, as lojas já estavam se abrindo. 
Para encerrar o meu passeio fui ao Shopping. 
Não foi difícil de localizar alguma madame. 
Acompanhei uma mulher bem vestida e a fiz parar em frente a uma vitrine de sapatos e bolsas. 
Agucei o seu interesse, dando dicas de sapatos e bolsas mais caros, sugestionando sua mente a se recordar dos cartões de crédito que ainda poderia usar.
Eu me sentia muito bem. 
Fiz a dondoca usar e abusar dos cartões. 
Ela estava feliz e eu, mais ainda, pois me alimentava de sua compulsão e euforia.
Agora era hora de voltar ao Umbral. 
Estavam me chamando e já me dava por satisfeito.
– Ah se estes encarnados soubessem como e o quanto podem ser manipulados! 
Eles podem e eu, quem disse que eu não posso? 
Vou, mas chamarei para o próximo passeio meus parceiros, assim nos divertiremos todos juntos! 
Afinal, tem para todos!
Autoria: Sylvinha Gonçalves. 02.07.2015.

Mensagem de Clara Nunes: 

Acordei num Barco cheio de Flores


Pelas mãos caridosas de Francisco Cândido Xavier, Clara Nunes rompeu o silêncio do túmulo e veio consolar os seus entes queridos narrando, com detalhes, os seus últimos momentos na Terra, assim como a sua chegada ao plano espiritual e, ainda, os seus planos para o futuro.
Clara Nunes, devido às suas músicas com base no afro-brasileiro, era uma sensível mística e a Umbanda enchia-lhe a alma, porém, alcançou Kardec, através de suas obras, bem como as psicografadas por Francisco Cândido Xavier, sendo que a leitura dos livros de André Luiz lhe emocionava que chegava às lágrimas.
Passemos à apreciação da página que, certamente, nos enriquecerá mais espiritualmente, agradecendo aos familiares de Clara por esta gentileza:
Mensagem:
Querida Maria, eu pressentia que o encontro, através de notícias, seria primeiramente com você. Somente você teria suficiente disposição para viajar de Caetanópolis até aqui, no objetivo de atingir o nosso intercâmbio.
Descrever-lhe o que se passou comigo é impossível agora. 
Aquela anestesia suave que me fazia sorrir se transformou numa outra espécie de repouso que me fazia dormir. 
Sonhava com vocês todos e me via de regresso à infância. 
Cantava. Era uma alegria que me situava num mundo fantástico. 
Melodias e cores, lembranças e vozes se mesclavam e eu me perdia naquele êxtase desconhecido. 
Não cuidava de mim. Lembrava-me dos que ficavam, mas ainda não sabia se a mudança seria definitiva. 
Conte ao nosso querido Paulo a minha experiência. 
Tantos dias no descanso, ignorando o que vinha a ser tudo aquilo que se me apresentava à imaginação, por fantasia que desconhecia como deslindar. 
Peço a você solicitar ao Paulo me perdoe se lhes transmito as presentes notícias com a fidelidade possível.
Acordei num barco engalanado de flores, seguida de outras embarcações nas quais muitos irmãos entoavam hinos que me eram estranhos, hinos em que o amor por Iemanjá era a tônica de todas as palavras. 
Os amigos que me seguiam falavam de libertação e vitória. 
Muito pouco a pouco, me conscientizei e passei, da euforia ao pranto de saudade porque a memória despertara para a vida, na retaguarda e o nosso Paulo se fazia o centro de minhas recordações. 
Queria-o ali naquela abordagem maravilhosa, pois os barcos se abeiravam de certa praia encantadoramente enfeitada de verde nas plantas bravas que a guarneciam. 
Quando o barco que me conduzia ancorou suavemente, uma entidade de grande porte se dirigiu a mim com paternal bondade e me convidou a pisar na terra firme. 
Ali estavam o meu pai Manoel e a nossa mãezinha Amélia. 
Os abraços que nos assinalavam as lágrimas de alegria pareciam sem fim. 
Era muita saudade acumulada no coração. 
Ali, passei ao convívio de meus pais e os meus guardiões retornavam ao mar alto.
Retomei a nossa vida natural e em companhia de meu pai Manoel pude rever você e os irmãos todos, comovendo-me ao abraçar a nossa Valdemira que me pareceu um anjo preso ao corpo. 
Querida irmã, não disponho das palavras exatas que me correspondam as emoções. 
Peço a você reconfortar o nosso Paulo e dizer-lhe que não perdi o sonho de meu filhinho que nascesse na Terra de nossa união e de nosso amor. 
O futuro é luz de Deus. 
Quem sabe virá para nós uma vida renovada e diferente, na qual possamos realmente pertencer-nos para as mais lindas realizações? 
Você diga ao meu poeta e meu beletrista querido que estou contente por vê-lo fortalecido e resistente, exceção feita aos copinhos que ele conhece e que estou vendo agora um tanto aumentados. 
Desejo que ele saiba que o meu amor pelo esposo e noivo permanente que ele continua sendo para mim está brilhando em meu coração, em meu coração que continua cantando fora do outro coração que me prendia.
A cigarra, por vezes, canta com tanta persistência em louvor de Deus e da Natureza que se perde nas cordas que lhe coordenam a cantiga, caindo ao chão desencantada. 
O meu coração da vida física não suportou a extensão das melodias que me faziam viver e, uma simples renovação para tratamento justo, me fez repousar nas maravilhas diferentes a que fui conduzida. 
Espero que o nosso Paulo consiga ouvir-me nestas letras. 
Agradeço a ele as atitudes dignas com que me acompanhou até o fim do corpo, tanto quanto agradeço a você e as nossas irmãs e irmãos o respeito com que me honraram a memória abstendo-se de reclamações indébitas junto aos médicos humanitários que se dispuseram a servir-nos. 
Querida irmã, continuem com o nosso grupo em Caetanópolis, o irmão José Viana e o Dr. Borges estão conquistando valiosas experiências. 
Muitas saudades e lembranças a todos os nossos e pra você um beijo fraternal com as muitas saudades de sua, Clara.
                         

(Mensagem psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, em 15-9-1984, Uberaba – MG)

O assunto é muito interessante e atual, e muitos jovens sofrem verdadeiro bombardeio psicológico por causa dessas práticas.
Toda e qualquer opinião que se possa emitir sobre assuntos polêmicos como esse deve ser pautada na imparcialidade.

Galera, se liga!

Muita gente quando fala a respeito de tatuagens e piercings termina por expressar uma opinião pessoal e preconceituosa.

Há muitos anos vinculava-se tatuagem e outros tipos de adereço a marginais e pessoas de má vida. 
Do mesmo jeito que muitos ainda acreditam que aqueles que mantêm relações homo afetivas são pessoas promíscuas e aberrações da natureza.
          
Comportamentos promíscuos independem de sexo, ou do uso de tatuagens ou piercings.
         
Esses preconceitos estão muito vinculados a questões culturais de muitos e muitos anos, e também à ignorância a respeito do assunto.
          
Sabemos que o que atrai os espíritos são os nossos pensamentos, isso é algo indiscutível.
         
Piercings e tatuagens não definem o caráter de ninguém, muito menos as companhias espirituais.
Existem pessoas tatuadas que têm pensamentos terríveis, com isso atraem espíritos desajustados para seu convívio mental.
         
Da mesma forma, muitos que não usam tatuagens e piercings estão sujeitos às influências espirituais de acordo com o que pensam.
         
Toda atração é regida pela lei natural de sintonia.
         
Ocorre muitas vezes, que o bom-senso é colocado de lado e o exagero termina por comandar essa ou aquela prática de vida.
         
O bom-senso é algo que depende da condição evolutiva de cada espírito.
         
Galera! Devemos amadurecer e entender que todos nós somos responsáveis por nossas escolhas.
         
Proponho uma reflexão acerca desse tema baseada na “Parábola do Bom Samaritano”, que adaptei em parte, para melhor expressar a ideia.
        
Narra o evangelista Lucas que Jesus Cristo, certa vez, procurado por um doutor da lei, este lhe perguntou: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?

Percebendo o objetivo da indagação, Jesus limitou-se a indagar: 
O que está escrito na lei? Como lês?
A réplica do escriba não tardou: 
Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao próximo como a ti mesmo.

Face ao acerto da resposta, o Senhor lhe disse: Respondeste bem; faze isso e desfrutarás da vida eterna.
O inquiridor, entretanto, não ficou satisfeito e para justificar-se, aventurou nova pergunta: Quem é o meu próximo?

A fim de elucidar melhor a questão, o Cristo propôs-lhe uma parábola, dizendo:
Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos de salteadores, os quais, após despojá-lo de tudo, espancaram-no, deixando-o moribundo à margem da estrada.

Coincidentemente, descia pelo mesmo caminho um sacerdote. 
Vendo-o, passou de largo.
Logo a seguir, descia um levita, cujo procedimento não foi diferente daquele do sacerdote.

Entretanto, dentro em pouco surgiu um samaritano tatuado e usando piercings que vendo o homem naquele estado deplorável moveu-se de íntima compaixão e, descendo de sua cavalgadura, levou-o a uma hospedaria, onde continuou a cuidar dele.

Tendo que partir, no dia seguinte, deu dois dinheiros ao hospedeiro, recomendando-lhe que continuasse a dar assistência ao doente, prontificando-se a pagar, em sua volta, tudo aquilo que excedesse à importância deixada.

Após ensinar essa parábola, indagou Jesus: 
Qual destes três te parece que foi o próximo do homem que havia sido vítima dos salteadores? E merecendo do doutor da lei a seguinte resposta: 
O que usou de misericórdia para com ele.

Diante desse discernimento aduziu o Senhor: Vai, e faze da mesma maneira.

O jovem tatuado e usuário de piercings é nosso próximo?
         
Não é o uso de tatuagens e piercings que garante, ou não, as bênçãos espirituais.
        
O que determina o equilíbrio do espírito é o amor que ele semeia aonde estiver.
Finalizando, podemos citar Jesus novamente, quando o Mestre afirma: A cada um será dado conforme as suas obras.

Paulo, o querido apóstolo dos gentios, assevera: Tudo é lícito, mas nem tudo me convém.
Cabe ao jovem refletir junto aos pais e às pessoas de sua estima, se as escolhas de hoje não trarão complicações amanhã.
Se desejamos ser respeitados como adultos, precisamos aprender a aceitar as consequências de nossas escolhas.
          
Valeu!!!

(Adeilson Salles)