quinta-feira, 9 de abril de 2015



''Os Anjos Segundo o Espiritismo''

Que haja seres dotados de todas as qualidades atribuídas aos anjos, não restam dúvidas.
A revelação espírita neste ponto confirma a crença de todos os povos, mas nos faz conhecer, ao mesmo tempo, a origem e natureza de tais seres.
As almas ou Espíritos são criados simples e ignorantes, isto é, sem conhecimentos e sem consciência do bem e do mal, porém, aptos para
adquirirem tudo o que lhes falta.
O trabalho é o meio de aquisição, e o fim - que é a perfeição - é para todos o mesmo.
Conseguem-no mais ou menos prontamente em virtude do livre-arbítrio e na razão direta dos seus esforços; todos têm os mesmos graus a
percorrer, o mesmo trabalho a concluir.
Deus não aquinhoa melhor a uns do que a outros, porquanto é justo, e, visto serem todos seus filhos, não têm predileções.
Ele lhes diz: Eis a lei que deve constituir a vossa norma de conduta; só ela pode levar-vos ao fim; tudo que lhe for conforme é o bem; tudo que lhe
for contrário é o mal. Tendes inteira liberdade de observar ou infringir esta lei, e assim sereis os árbitros da vossa própria sorte.
Deus, portanto, não criou o mal; todas as suas leis são para o bem, e foi o próprio homem quem criou esse mal, infringindo essas leis; se ele as
observasse, escrupulosamente, jamais se desviaria do bom caminho.
Entretanto, a alma, qual criança, é inexperiente nas primeiras fases da existência, e por isso ela é falível.
Não lhe dá Deus essa experiência, mas dá-lhe meios de adquiri-la.
Assim, um passo em falso, no caminho do mal, é um atraso para a alma, que, sofrendo-lhe as conseqüências, aprende à sua custa o que importa
evitar.
Deste modo, pouco a pouco, se desenvolve, aperfeiçoa e avança na hierarquia espiritual até ao estado de Espírito puro ou anjo.
Os anjos são, pois, as almas dos homens chegados ao grau de perfeição que a criatura comporta, fruindo em sua plenitude a prometida felicidade.
Antes, porém, de atingir o grau supremo, gozam de felicidade relativa ao seu adiantamento, felicidade que consiste, não na ociosidade, mas nas
funções que a Deus apraz confiar-lhes, e por cujo desempenho se sentem felizes, tendo ainda nele um meio de progresso.
A Humanidade não se limita à Terra; ela habita inúmeros mundos que no Espaço circulam; já habitou aqueles que desapareceram e habitará os
que se formarem.
Tendo-a criado de toda a eternidade, Deus jamais cessa de criá-la.
Muito antes que a Terra existisse e por mais remota que a suponhamos, outros mundos haviam, nos quais Espíritos encarnados percorreram as
mesmas fases que ora percorrem os de mais recente formação, atingindo seu fim antes mesmo que houvéramos saído das mãos do Criador.
De toda a eternidade tem havido, pois, Espíritos puros ou anjos; mas, como a sua existência humana se passou num infinito passado, eis que os
supomos como se tivessem sido sempre anjos de todos os tempos.
Realiza-se assim a grande lei de Unidade da Criação; Deus nunca esteve inativo e sempre teve Espíritos puros, experimentados e esclarecidos,
para transmissão de suas ordens e direção do Universo, desde o governo dos mundos até os mais ínfimos detalhes.
Tampouco teve Deus necessidade de criar seres privilegiados, isentos de obrigações; todos, antigos ou novos, adquiriram suas posições na luta e
por mérito próprio; todos, enfim, são filhos de suas obras.
E, desse modo, completa-se com igualdade a Soberana Justiça do Criador.

Texto retirado do livro “O Céu e o Inferno - A Justiça Divina Segundo o Espiritismo” – Allan Kardec


''Os Anjos da Guarda Segundo André Luiz''

Os Espíritos tutelares encontram-se em to­das as esferas.
Os anjos da sublime vigilância, analisados em sua excelsitude divina,
 seguem-nos a
longa estrada evolutiva.
Des­velam-se por nós, dentro das Leis que nos regem, todavia, não 
podemos esquecer que nos movimen­tamos todos em círculos
multidimensionais.
A cadeia de ascensão do espírito vai da intimidade do abismo à suprema
 glória celeste.
Será justo lembrar que estamos plasmando nossa individualidade 
imperecível no espaço e no tempo, ao preço de continuadas e difíceis 
experiên­cias.
A idéia de um ente divinizado e perfeito, invariavelmente ao nosso lado,
 ao dispor de nossos caprichos ou ao sabor de nossas dívidas, não 
con­corda com a Justiça.
Que governo terrestre desta­caria um de seus ministros mais sábios e 
especia­lizados na garantia do bem de todos para colar-se, 
indefinidamente, ao destino de um só homem, qua­se sempre renitente cultor de complicados enigmas e necessitado, por isso mesmo, das mais severas lições da vida?
Porque haveria de obrigar-se um arcanjo a descer da Luz Eterna para 
seguir, passo a passo, um homem deliberadamente egoísta ou 
preguiçoso?
Tudo exige lógica, bom-senso.
Anjo, segundo a acepção justa do termo, é mensageiro.
Ora, há mensageiros de todas as condições e de todas as procedências e,
 por isso, a antigüidade sempre admitiu a existência de anjos bons e
anjos maus.
Anjo de guarda, desde as con­cepções religiosas mais antigas, é uma 
expressão que define o Espírito celeste que vigia a criatura em nome de
Deus ou pessoa que se devota infini­tamente a outra, ajudando-a e
 defendendo-a.
Em qualquer região, convivem conosco os Espíritos fa­miliares de nossa 
vida e de nossa luta.
Dos seres mais embrutecidos aos mais sublimados, temos a corrente de 
amor, cujos elos podemos simbolizar nas almas que se querem ou que se
afinam umas com as outras, dentro da infinita gradação do pro­gresso.
A família espiritual é uma constelação de Inteligências, cujos membros 
estão na Terra e nos Céus.
Aquele que já pode ver mais um pouco au­xilia a visão daquele que ainda 
se encontra em luta por desvencilhar-se da própria cegueira.
Todos nós, por mais baixo nos revelemos na escala da evolução, 
possuímos, não longe de nós, alguém que nos ama a impelir-nos para a 
elevação.
Isso pode­mos verificar nos círculos da matéria mais densa.
Temos constantemente corações que nos devotam estima e se 
consagram ao nosso bem.
De todas as afeições terrestres, salientemos, para exemplificar, a 
devoção das mães.
O espírito maternal é uma espécie de anjo ou mensageiro, embora muita 
vez circunscrito ao cárcere de férreo egoísmo, na custó­dia dos filhos.
Além das mães, cujo amor padece muitas deficiências, quando 
confrontado com os princípios essenciais da fraternidade e da justiça, 
temos
afetos e simpatias dos mais envolventes, capazes dos mais altos 
sacrifícios por nós, não obstante condicionados a objetivos por vezes 
egoís­ticos.
Não podemos olvidar, porém, que o admi­rável altruísmo de amanhã 
começa na afetividade estreita de hoje, como a árvore parte do embrião.
Todas as criaturas, individualmente, contam com louváveis devotamentos
 de entidades afins que se lhes afeiçoam.
A orfandade real não existe.
Em nome do Amor, todas as almas recebem assistên­cia onde quer que se 
encontrem.
Irmãos mais ve­lhos ajudam os mais novos.
Mestres inspiram dis­cípulos.
Pais socorrem os filhos.
Amigos ligam-se a amigos.
Companheiros auxiliam companheiros.
Isso ocorre em todos os planos da Natureza e, fatalmente, na Terra, entre
 os que ainda vivem na carne e os que já atravessaram o escuro
passadiço da morte.
Os gregos sabiam disso e recorriam aos seus gênios invisíveis.
Os romanos compreendiam essa verdade e cultuavam os numes 
domésticos.
O gênio guardião será sempre um Espírito benfazejo para o protegido, 
mas é imperioso anotar que os laços afetivos, em torno de nós, ainda se
encon­tram em marcha ascendente para mais altos níveis da vida.
Com toda a veneração que lhes devemos, importa reconhecer, nos 
Espíritos familiares que nos protegem, grandes e respeitáveis heróis do 
bem, mas ainda singularmente distanciados da an­gelitude eterna.
Naturalmente, avançam em linhas enobrecidas, em planos elevados,
 todavia, ainda sen­tem inclinações e paixões particulares, no rumo da 
universalização de sentimentos. 
Por esse mo­tivo, com muita propriedade, nas diversas escolas religiosas,
 escutamos a intuição popular asseve­rando: - “nossos anjos de guarda 
não combinam entre si”, ou, ainda, “façamos uma oração aos an­jos de 
guarda”, reconhecendo-se, instintivamente, que os gênios familiares de 
nossa intimidade ainda se encontram no campo de afinidades específicas,
 e precisam, por vezes, de apelos à natureza superior para atenderem a 
esse ou àquele gênero de serviço.

Texto retirado do livro “Entre a Terra e o Céu” (André Luiz / Chico Xavier) – Cap. 33 (Aprendizado
                                                           ''O UMBRAL''

Após receber tão valiosas elucidações, aguçava-se-me o desejo de intensificar a aquisição de conhecimentos relativos a diversos problemas que a palavra de Lísias sugeria. 
As referências a espíritos do Umbral mordiam-me a curiosidade. 
A ausência de preparação religiosa, no mundo, dá motivo a dolorosas perturbações. 
Que seria o Umbral? 

Conhecia, apenas, a ideia do inferno e do purgatório'>purgatório, através dos sermões ouvidos nas cerimônias católico-romanas a que assistira, obedecendo a preceitos protocolares. 

Desse Umbral, porém, nunca tivera notícias.
Ao primeiro encontro com o generoso visitador, minhas perguntas não se fizeram esperar. Lísias ouviu-me, atencioso, e replicou:

- Ora, ora, pois você andou detido por lá tanto tempo e não conhece a região?
Recordei os sofrimentos passados, experimentando arrepios de horror.
- O Umbral - continuou ele, solícito - começa na crosta terrestre. 
É a zona obscura de quantos no mundo não se resolveram a atravessar as portas dos deveres sagrados, a fim de cumpri-los, demorando-se no vale da indecisão ou no pântano dos erros numerosos. 
Quando o espírito reencarna, promete cumprir o programa de serviços do Pai; entretanto, ao recapitular experiências no planeta, é muito difícil fazê-lo, para só procurar o que lhe satisfaça ao egoísmo. 
Assim é que mantidos são os mesmo ódios aos adversários e a mesma paixão pelos amigos. Mas, nem o ódio é justiça, nem a paixão é amor. 
Tudo o que excede, sem aproveitamento, prejudica a economia da vida. 
Pois bem: todas as multidões de desequilibrados permanecem nas regiões nevoentas, que se seguem aos fluidos carnais. 
O dever cumprido é uma porta que atravessamos no Infinito, rumo ao continente sagrado da união com o Senhor. 
É natural, portanto, que o homem esquivo à obrigação justa, tenha essa bênção indefinidamente adiada.
Notando-me a dificuldade para apreender todo o conteúdo do ensinamento, com vistas à minha quase total ignorância dos princípios espirituais, Lísias procurou tornar a lição mais clara:
- Imagine que cada um de nós, renascendo no planeta; somos portadores de um fato sujo, para lavar no tanque da vida humana. 
Essa roupa imunda é o corpo causal, tecido por nossas mãos, nas experiências anteriores. Compartilhando, de novo, as bênçãos da oportunidade terrestre, esquecemos, porém, o objetivo essencial, e, ao invés de nos purificarmos pelo esforço da lavagem, manchamo-nos ainda mais, contraindo novos laços e encarcerando-nos a nós mesmos em verdadeira escravidão. 
Ora, se ao voltarmos ao mundo procurávamos um meio de fugir à sujidade, pelo desacordo de nossa situação com o meio elevado, como regressar a esse mesmo ambiente luminoso, em piores condições? 
O Umbral funciona, portanto, como região destinada a esgotamento de resíduos mentais; uma espécie de zona pulgatorial, onde se queima a prestações o material deteriorado das ilusões que a criatura adquiriu por atacado, menosprezando o sublime ensejo de uma existência terrena.
A imagem não podia ser mais clara, mais convincente.
Não havia como disfarçar minha justa admiração. 
Compreendendo o efeito benéfico que me traziam aqueles esclarecimentos, Lísias continuou:
- O Umbral é região de profundo interesse para quem esteja na Terra. Concentra-se, aí, tudo o que não tem finalidade para a vida superior. E note você que a Providência Divina agiu sabiamente, permitindo se criasse tal departamento em torno do planeta. Há legiões compactas de almas irresolutas e ignorantes, que não são suficientemente perversas para serem enviadas a colônias de reparação mais dolorosa, nem bastante nobres para serem conduzidas a planos de elevação. Representam fileiras de habitantes do Umbral, companheiros imediatos dos homens encarnados, separados deles apenas por leis vibratórias. Não é de estranhar, portanto, que semelhantes lugares se caracterizem por grandes perturbações. Lá vivem, agrupam-se, os revoltados de toda espécie. Formam, igualmente, núcleos invisíveis de notável poder, pela concentração das tendências e desejos gerais. Muita gente da Terra não recorda que se desespera quando o carteiro não vem, quando o comboio não aparece? Pois o Umbral está repleto de desesperados. Por não encontrarem o Senhor à disposição dos seus caprichos, após a morte do corpo físico, e, sentindo que a coroa da vida eterna é a glória intransferível dos que trabalham com o Pai, essas criaturas se revelam e demoram em mesquinhas edificações. "Nosso Lar" tem uma sociedade espiritual, mas esses núcleos possuem infelizes, malfeitores e vagabundos de várias categorias. É zona de verdugos e vítimas, de exploradores e explorados.
Valendo-me da pausa, que se fizera espontânea, exclamei, impressionado:
- Como explicar? 
Então não há por lá defesa, organização? 
Sorriu o interlocutor, esclarecendo:
- Organização é atributo dos espíritos organizados. 
Que quer você? 
A zona inferior a que nos referimos é qual a casa onde não há pão: todos gritam e ninguém tem razão. 
O viajante distraído perde o comboio, o agricultor que não semeou não pode colher. 
Uma certeza, porém, posso dar-lhe: - não obstante as sombras e angústias do Umbral, nunca faltaram lá à proteção divina. 
Cada espírito lá permanece o tempo que se faça necessário. 
Para isso, meu amigo, permitiu o Senhor se erigissem muitas colônias como esta, consagradas ao trabalho e ao socorro espiritual.
- Creio, então - observei -, que essa esfera se mistura quase com a esfera dos homens.
- Sim - confirmou o dedicado amigo -, e é nessa zona que se estendem os fios invisíveis que ligam as mentes humanas entre si o plano está repleto de desencarnados e de formas pensamento dos encarnados, porque, em verdade, todo espírito, esteja onde estiver, é um núcleo irradiante de forças que criam, transformam ou destroem, exteriorizadas em vibrações que a ciência terrestre presentemente não pode compreender. 
Quem pensa, está fazendo alguma coisa alhures. 
E é pelo pensamento que os homens encontram no Umbral os companheiros que afinam com as tendências de cada um. 
Toda alma é um ímã poderoso. Há uma extensa humanidade invisível, que se segue à humanidade visível. 
As missões mais laboriosas do Ministério do Auxílio são constituídas por abnegados servidores, no Umbral, porque se a tarefa dos bombeiros nas grandes cidades terrenas é difícil, pelas labaredas e ondas de fumo que os defrontam, os missionários do Umbral encontram fluídos pesadíssimos emitidos, sem cessar, por milhares de mentes desequilibradas, na prática do mal, ou terrivelmente flageladas nos sofrimentos retificadores. 
É necessária muita coragem e muita renúncia para ajudar a quem nada compreende do auxílio que se lhe oferece.
Interrompera-se Lísias. Sumamente impressionado, exclamei:
- Ah! Como desejo trabalhar junto dessas legiões de infelizes, levando-lhes o pão espiritual do esclarecimento!
O enfermeiro amigo fixou-me bondosamente, e, depois de meditar em silêncio, por largos instantes, acentuou, ao despedir-se:
- Será que você se sente com o preparo indispensável a semelhante serviço?
André Luiz.