sexta-feira, 3 de abril de 2015

                                 ''A Alma''


Pergunta: O que é a alma?
Resposta dos Espíritos — Um Espírito encarnado.

Pergunta: O que era a alma, antes de unir-se ao corpo?
Resposta dos Espíritos — Espírito.

Pergunta: As almas e os Espíritos são, portanto, uma e a mesma coisa?
Resposta dos Espíritos — Sim, as almas não são mais que Espíritos. Antes de ligar-se ao corpo, a alma é um dos seres inteligentes que povoam o mundo invisível, e depois reveste temporariamente um invólucro carnal, para se purificar e esclarecer.

Pergunta: Há no homem outra coisa, além da alma e do corpo?
Resposta dos Espíritos — Há o liame que une a alma e o corpo.

Pergunta: Qual é a natureza desse liame?
Resposta dos Espíritos — Semi material; quer dizer, um meio-termo entre a natureza do Espírito e a do corpo. 
E isso é necessário, para que eles possam comunicar-se. 
E por meio desse liame que o Espírito age sobre a matéria, e vice-versa.

Comentário de Allan Kardec: O homem é, assim, formado de três partes essenciais:

1°) O corpo, ou ser material, semelhante aos dos animais e animado pelo mesmo princípio vital;

2°) A alma. Espírito encarnado, do qual o corpo é a habitação;

3°) O perispírito. 
Princípio intermediário, substância semi material, que serve de primeiro envoltório ao Espírito e une a alma ao corpo. Tais são, num fruto, a semente, a polpa e a casca.

Pergunta: A alma é independente do princípio vital?
Resposta dos Espíritos — O corpo não é mais que o envoltório, sempre o repetimos.

Pergunta: O corpo pode existir sem a alma?
Resposta dos Espíritos — Sim; e não obstante, desde que o corpo deixa de viver, a alma o abandona. Antes do nascimento não há uma união decisiva entre a alma e o corpo, ao passo que, após o estabelecimento dessa união, a morte do corpo rompe os liames que a unem a ele, e a alma o deixa. 
A vida orgânica pode animar um corpo sem alma, mas a alma não pode habitar um corpo sem vida orgânica.

Pergunta: O que seria o nosso corpo, se não tivesse alma?
Resposta dos Espíritos — Uma massa de carne sem inteligência; tudo o que quiserdes, menos um homem.

A divergência de opiniões sobre a natureza da alma provém da aplicação particular que cada qual faz desse vocábulo. Uma língua perfeita, em que cada ideia tivesse a sua representação por um termo próprio, evitaria muitas discussões; com uma palavra para cada coisa, todos se entenderiam.

Segundo uns, a alma é o princípio da vida orgânica material; não tem existência própria e se extingue com a vida: é o puro materialismo. 
De acordo com esta opinião, a alma seria um efeito e não uma causa.

Outros pensam que a alma é o princípio da inteligência, agente universal de que cada ser absorve uma porção. 
Segundo estes, não haveria em todo o universo senão uma única alma, distribuindo fagulhas para os diversos seres inteligentes, durante a vida; após a morte, cada fagulha volta à fonte comum, confundindo-se no todo, como os córregos e os rios retornam ao mar de onde saíram. 
De acordo com esta opinião, a alma universal seria Deus e cada ser uma porção da Divindade; é esta uma variedade do Panteísmo.

Segundo outros, enfim, a alma é um ser moral, distinto, independente da matéria e que conserva a sua individualidade após a morte. 
Esta concepção é incontestavelmente a mais comum, a ideia desse ser que sobrevive ao corpo se encontra em estado de crença instintiva, entre todos os povos, qualquer que seja o seu grau de civilização. Essa doutrina, para a qual a alma é causa e não efeito é a dos espiritualistas.

Sem discutir o mérito dessas opiniões e não considerando senão o lado linguístico da questão, diremos que essas três aplicações da palavra alma constituem três idéias distintas, que reclamariam cada uma um termo diferente. 
Essa palavra tem, portanto, significação tríplice, e cada qual está com a razão, segundo o seu ponto de vista ao lhe dar uma definição; a falha se encontra na língua, que não dispõe de mais de uma palavra para três idéias.

Para evitar confusões, seria necessário restringir a acepção da palavra alma a uma de suas idéias.
 
Escolher esta ou aquela é indiferente, simples questão de convenção, e o que importa é esclarecer. Pensamos que o mais lógico é tomá-la na sua significação mais vulgar, e por isso chamamos ALMA ao ser imaterial e individual que existe em nós e sobrevive ao corpo.

Seja como for, há um fato incontestável, pois resulta da observação: é que os seres orgânicos possuem uma força íntima que produz o fenômeno da vida, enquanto essa força existe; que a vida material é comum a todos os seres orgânicos, e que ela independe da inteligência e do pensamento; que a inteligência e o pensamento são faculdades próprias de certas espécies orgânicas; enfim, que, entre as espécies orgânicas dotadas de inteligência e pensamento, há uma dotada de um senso moral especial que lhe dá incontestável superioridade perante as outras, e que é a espécie humana.


Retirado do‘Livro dos Espíritos’ – Allan Kardec

                          ''O homem: corpo, alma, perispírito''





Que é um ser humano?
- Um ser composto de uma alma e de um corpo, isto é, de espírito e carne.

Que é, então, a alma?
- É o princípio de vida em nós. A alma do homem é um Espírito encarnado; é o princípio da inteligência, da vontade, do amor, a sede da consciência e da personalidade.

Que é o corpo?
- O corpo é um envoltório de carne, composto de elementos materiais, sujeitos à mudança, à dissolução e à morte.

O corpo é, então, inferior à alma?
- Sim, porque ele é apenas sua vestimenta.

É necessário então desprezar o corpo, já que ele é inferior à alma?
- De maneira alguma: nada é desprezível. 
- O corpo é o instrumento de que a alma tem necessidade para realizar seu destino; o operário não deve desprezar o instrumento com o qual ganha seu sustento.

A alma está encerrada no corpo ou é o corpo que está contido na alma?
- Nem uma nem outra coisa. 
- A alma, que é espírito, não pode ficar encerrada num corpo; ela irradia por fora, como a luz através do cristal da lâmpada. 
- Nenhum corpo pode mantê-la materialmente cativo; ela pode exteriorizar-se.

Como está unida a alma ao corpo, o espírito à carne?
- Por meio de um elemento intermediário, chamado corpo fluídico ou perispírito, que participa, ao mesmo tempo, da alma e do corpo, do espírito e da carne e os vincula, de alguma forma, um ao outro.

Que quer dizer a palavra perispírito?
- Esta palavra quer dizer: o que está em torno do Espírito. 
- Da mesma forma que o fruto está contido num envoltório muito delgado chamado perisperma, o Espírito está envolvido por um corpo muito sutil denominado perispírito.

Como o perispírito pode unir a carne ao Espírito?
- Penetrando-os e permitindo se interpenetrarem. 
- O perispírito comunica-se com a alma através de correntes magnéticas e com o corpo por meio do fluido vital e do sistema nervoso, que lhe serve, de certa forma, de transmissor.

Então, o homem é, na realidade, composto de três elementos constitutivos?
- Sim, esses três elementos são: o corpo, o espírito e o perispírito.

Quando e onde começa essa união da alma e do corpo?
- No momento da concepção, e se torna definitiva e completa por ocasião do nascimento.

A alma se separa do perispírito, quando se separa do corpo?
- Nunca. 
- O perispírito é sua vestimenta fluídica indispensável. 
- O perispírito precede a vida presente e sobrevive à morte. 
- É ele que permite aos Espíritos desencarnados materializar-se, isto é, aparecer aos vivos, falar-lhes, como acontece por vezes nas reuniões espíritas.

O perispírito é então um corpo fluídico semelhante a nosso corpo material?
- Sim. 
- É um organismo fluídico completo; é o verdadeiro corpo, as verdadeiras formas humanas, a que não muda em sua essência. 
- Nosso corpo material se renova a cada instante; seus átomos se sucedem e se reformam; nosso rosto se transforma com a idade; o corpo fluídico propriamente dito não se modifica materialmente; ele é nossa verdadeira fisionomia espiritual, o princípio permanente de nossa identidade e de nossa estabilidade pessoal.

Onde, então, o perispírito encontrou seu fluido?
- No fluido universal, isto é, na força primordial, etérea. 
- Cada mundo tem seus fluidos especiais, tomados ao fluido universal; cada Espírito tem seu fluido pessoal, em harmonia com o do mundo que ele habita e seu próprio estado de adiantamento.


Retirado do livro 'Síntese Doutrinária' – Léon Denis