domingo, 19 de junho de 2016

DEIXA QUE OS MORTOS ENTERREM 

SEUS MORTOS

E disse a outro: segue-me. 
Ao que ele respondeu: 

Senhor; permite que vá primeiramente sepultar meu pai. 
E Jesus lhe disse: Deixa que os mortos enterrem seus mortos; e tu, porém, vai e anuncia o reino de Deus.
Além dos doze apóstolos, Jesus Cristo teve também outros setenta discípulos diretos, os quais, ao ouvirem dele um discurso que consideram demasiadamente pesado, o abandonaram.
Entretanto, outras convocações foram feitas por ele; porém cada um dos convocados dava uma desculpa para não segui-lo, principalmente depois de ele ter dito que "as aves do céu têm seus ninhos, as raposas os seus covis, mas ele não tinha onde reclinar a cabeça".
Na citação acima, tudo indica que o convidado não gostou muito daquela recomendação e foi primeiramente sepultar o corpo de seu pai, perdendo assim a oportunidade de participar de uma das mais fulgurantes missões já desempenhadas no mundo material. 
Esta passagem evangélica convida o homem a uma reflexão mais profunda, pois este não pode acreditar que as palavras do Mestre representassem uma censura a um homem que, por dever de piedade filial, considerava um imperativo sepultar o corpo de seu pai.
Jesus certamente deixou mais um de seus edificantes ensinamentos, demonstrando que a vida espiritual é a verdadeira vida, ao passo que a vida temporária que é usufruída no mundo é equivalente à morte, pois nela o Espírito encarnado perde, transitoriamente, a liberdade e a atividade que desfruta, quando livre do corpo. 
Deste modo, o Mestre sempre colocou as coisas de Deus acima de qualquer cogitação, e não poderia ser de outra maneira; por isso, quando lhe vieram dizer que sua mãe e seus irmãos estavam esperando para vê-lo, disse: "Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam.


Jesus viveu entre os homens para desempenhar uma missão transcendental, qual seja a de implantar uma nova revelação e, portanto, não poderia ficar cingido aos limites acanhados da família terrena. 
Referia-se à humanidade em geral, pois todos eram seus irmãos, e aspirava, com este seu exemplo, formar uma só imensa família, como "um rebanho sob a égide de um só pastor".
Consequentemente, jamais poderia ficar confinado ao âmbito de alguns familiares, quando a sua missão tinha um cunho universal ao abranger toda a humanidade.
A respeito da passagem de Lucas, pode-se afirmar que no mundo existem os mortos e os "mortos". 
Os primeiros são os que se dedicam às coisas da alma, que tratam de aprimorar seus Espíritos que, ao desencarnarem, elevam-se para planos mais elevados da Espiritualidade; os segundos são os que se distanciam das coisas morais e espirituais, que submetem a alma a serviço do corpo, dando prioridade à satisfação dos sentidos e às coisas transitórias do mundo.
Um outro homem, convocado pelo Mestre, respondeu-lhe: "Senhor, permita que vá antes dizer adeus aos de minha casa". 
A este Jesus disse: "Aquele que, tendo posto a mão no arado, olhar para trás não é apto para o reino de Deus". 
Estas palavras de Jesus não objetivavam prescrever aos homens que, como condição indispensável, renunciassem às exigências e necessidades da existência humana; que rompessem os laços familiares; que deixassem de cumprir as obrigações que ela lhes impusessem, inclusive aquelas de sepultar os restos mortais de um ente querido, ou de despedir-se de seus familiares, quando tivessem que realizar uma viagem.
O que acontece é que o homem, ao procurar desvendar o sentido exato contido no ensinamento evangélico, esbarra sempre com os inconvenientes da letra que mata. 
Não houve, por parte do Mestre, qualquer secura de coração, desprestigiando a manutenção dos laços tão brandos da família e da fraternidade. 
O que ele ensinou, por estas palavras, é que: "quem toma do arado para rasgar o solo, para que nele seja lançada a semente generosa que produz frutos, não pare no meio da jornada, devendo sempre caminhar para a frente, pois aquele que fica à margem do caminho, não é digno de trabalhar na sua seara".






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