quarta-feira, 29 de junho de 2016

                     ''Os três conselhos''


Um casal de jovens recém-casados era muito pobre e vivia de favores num sítio do interior. 
Um dia, o marido fez a seguinte proposta à esposa:
Querida, vou sair de casa e viajar para bem longe, arrumar um emprego e trabalhar até que tenha condições de voltar e dar-lhe uma vida mais digna e confortável. 
Não sei quanto tempo ficarei distante de casa. 
Só lhe peço uma coisa: Espere-me! Enquanto estiver fora, seja-me fiel, que o serei a você.
Assim sendo, o jovem partiu. Andou muitos dias a pé, até que encontrou um fazendeiro que estava precisando de alguém para ajudá-lo em sua fazenda. Ofereceu-se para trabalhar e foi aceito, mas não sem antes propor o seguinte pacto ao seu empregador:
Patrão, peço-lhe só uma coisa: Deixe-me trabalhar pelo tempo que quiser e, quando achar que devo ir embora, dispensa-me das minhas obrigações. Não quero receber meu salário. Só lhe peço que o coloque na poupança até o dia em que for embora. Quando sair, recebo meu dinheiro e sigo meu caminho.
Tudo combinado, o jovem trabalhou por vinte anos, sem férias nem descanso. Após esse tempo, chegou para o patrão e cobrou-lhe o contrato feito há vinte anos:
Quero meu dinheiro, pois estou voltando para minha casa.
O patrão, então, disse-lhe:
Tudo bem, fizemos um acordo e vou cumpri-lo, só que, antes, quero fazer-lhe uma proposta: pode escolher entre receber todo o seu dinheiro ou aceitar três conselhos meus e ir embora. Vá para seu quarto, pense durante a noite e depois me responda.
O rapaz pensou durante dois dias. Procurou o patrão e disse-lhe:
Quero os três conselhos.
O patrão, então, falou-lhe:
Primeiro: Nunca tome atalhos em sua vida. Caminhos mais curtos e desconhecidos podem custar sua vida.
Segundo: Não seja curioso para aquilo que é mal, pois a curiosidade poderá ser-lhe mortal.
Terceiro: Jamais tome decisões em momentos de ódio e de dor. Poderá arrepender-se e ser tarde demais.
Após dar-lhe os três conselhos, o patrão disse-lhe:
Rapaz, aqui tem três pães, dois para comer durante a viagem e o terceiro para comer com sua esposa, quando chegar a casa.
Assim, o rapaz partiu, deixando a fazenda, depois de vinte anos longe de casa e da esposa que tanto amava. Andou durante o primeiro dia e encontrou um viajante, que lhe perguntou:
Para onde vai?
Respondeu-lhe:
Para um lugar muito distante, que fica a mais de vinte dias de caminhada por esta estrada.
O viajante aconselhou-o:
Este caminho é muito longo, conheço um atalho que vai encurtar bastante sua viagem.
O rapaz ficou contente e começou a seguir pelo atalho, quando se lembrou do primeiro conselho do seu patrão. Então, voltou e seguiu seu caminho. Dias depois, soube que aquilo era uma emboscada.
Após alguns dias de viagem, achou uma pensão na beira da estrada, onde se hospedou. De madrugada, acordou assustado com um grito estarrecedor. Levantou-se, rapidamente, sem saber de onde vinham os gritos e do que se tratava. Recordou-se do segundo conselho. Voltou, deitou-se e dormiu.
Ao amanhecer, o dono da hospedagem perguntou-lhe se não havia ouvido um grito e ele disse-lhe que sim.
O hospedeiro questionou-lhe:
Não ficou curioso?
Não!
O hospedeiro falou-lhe:
É o único que vai sair vivo daqui, pois sou louco e grito durante a noite. Quando o hóspede sai, eu o mato.
E mostrou-lhe vários cadáveres.
O rapaz seguiu sua longa caminhada, ansioso por chegar a sua casa.
Depois de muitos dias e muitas noites de caminhada, já ao entardecer, viu, entre as árvores, a fumaça saindo da chaminé de sua casinha. Andou um pouco mais e logo notou, entre os arbustos, a silhueta da sua esposa. O dia estava escurecendo, mas viu que sua mulher não estava só. Andou mais um pouco e percebeu que havia um homem entre suas pernas, a quem estava acariciando os cabelos.
Ao presenciar aquela cena, seu coração derreteu-se de ódio e amargura e decidiu ir ao encontro dos dois para matá-los sem piedade. Respirou fundo e apressou os passos. Lembrou-se, então, do terceiro conselho. Parou, refletiu e resolveu dormir aquela noite ali mesmo.
No dia seguinte, tomaria uma decisão. Ao amanhecer, já com a cabeça fria, pensou:
Não vou matar minha esposa e nem seu amante. Voltarei para meu patrão e lhe pedirei que me aceite de volta. Antes, quero dizer à minha mulher que fui fiel a ela.
Dirigiu-se à porta da casa e bateu. Quando sua esposa apareceu, reconheceu o marido, atirou-se no seu pescoço e abraçou-o afetuosamente. Tentou afastá-la, mas não conseguiu. Com lágrimas nos olhos, disse-lhe:
Fui-lhe fiel e você me traiu!
Ela, espantada, respondeu-lhe:
Como?! Não o traí muito pelo contrário. Esperei-o durante esses vinte anos!
Ele perguntou-lhe:
E aquele homem a quem estava acariciando?
Ela disse-lhe:
É nosso filho! Quando foi embora, descobri que estava grávida e, hoje, ele está com vinte anos de idade.
Então ele entrou, conheceu seu filho, abraçou-o e contou-lhes toda a sua história, enquanto a esposa preparava-lhes o café. Sentaram-se para tomá-lo e comeram o último pão. Após a oração de agradecimento e lágrimas de emoção, ele abriu o pão. Ao parti-lo, ali estava todo o seu dinheiro!

sexta-feira, 24 de junho de 2016

                  A arte dos elogios

A baixa autoestima é vista como uma espécie de carência de vitaminas emocionais para as crianças e adultos.
Preocupados com o desenvolvimento dos seus filhos e com suas conquistas, alguns pais exageram na hora dos elogios.
Criança viciada em elogios se torna problema na escola. Ela sempre ficará na dependência da aprovação verbal dos professores.
Adulada em excesso e sem motivo, a criança cresce esperando o mesmo de todas as pessoas.
Hoje, ela espera o afago verbal dos pais, dos professores. Amanhã será do chefe, da namorada ou do namorado para se sentir bem.
É que o excesso de elogios, e nem sempre verdadeiros, gera insegurança e não autoestima.
O educador, escritor e pai de cinco filhos, Paul Kropp, de Toronto, estabeleceu alguns itens que acredita importantes para aumentar a autoconfiança dos nossos filhos, sem correr o risco de sermos demasiadamente generosos em elogios, sejam eles merecidos ou não:
1. Inclua seu filho no que você estiver fazendo. E lembre-se de que nem tudo precisa ser perfeito no trabalho dele.
Deixe a criança experimentar, agir, auxiliar. Pequenas tarefas falam de responsabilidade e amadurecimento.
2. Não apresente ao seu filho obstáculos grandes demais. A dificuldade das tarefas atribuídas às crianças deve ir aumentando aos poucos.
3. Não corra para ajudar o seu filho. Dê a ele a chance de experimentar a frustração.
A frustração faz parte do mundo real e a criança deve aprender, desde cedo, a lidar com ela.
4. Certifique-se de que ele tenha desafios fora de casa: grupos de excursão, equipes de natação, aulas de música.
5. Elogie os resultados finais com sensatez. Quando descobrir nos olhos de seu filho que ele está satisfeito com algo que fez, não seja severo na crítica.
Finalmente, para ajudar a criança a desenvolver uma noção real de seu valor:
Preste atenção ao que seu filho faz ou diz - você não precisa concordar, mas tem de ouvir.
Encontre tempo suficiente para desenvolverem projetos juntos, sem perder de vistas as habilidades da criança.
Lembre-se de que não são os falsos elogios que constroem a identidade de seu filho, mas sim a atividade e o sucesso.
Os elogios, por si mesmos, não levam os filhos a crescer e buscar novos desafios. E para aquele que sabe o que quer, não serão uma ou duas críticas que o irão abater.
Por tudo isso os pais, que conhecem seus filhos, devem usar de bom senso. Elogios e críticas bem dosadas, aliadas ao tempo e esforço pessoal, possibilitam a autoconfiança e a consciência do próprio valor.
O falso elogio enche a criança de expectativas irreais. A falta deles acaba por desvalorizá-la e deprimir.
Quando a criança precisa de um elogio para elevar a sua autoestima, terá dificuldades para aprimorar o seu caráter porque estará sempre na dependência do que os outros pensam. Estará buscando aprovação e não aprimoramento.
Incentivar é permitir a possibilidade da experiência, do erro e do acerto. Eis o caminho ideal para a correta formação do caráter dos nossos filhos.

terça-feira, 21 de junho de 2016

                         CRISTO


                3 – Jesus não veio destruir a lei, o que quer dizer: a lei de Deus. Ele veio cumpri-la, ou seja: desenvolvê-la, dar-lhe o seu verdadeiro sentido e apropriá-la ao grau de adiantamento dos homens. Eis porque encontramos nessa lei o princípio dos deveres para com Deus e para com o próximo, que constitui a base de sua doutrina. Quanto às leis de Moisés propriamente ditas, ele, pelo contrário, as modificou profundamente, no fundo e na forma. Combateu constantemente o abuso das práticas exteriores e as falsas interpretações, e não podia fazê-las passar por uma reforma mais radical do que as reduzindo a estas palavras: “Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo”, e ao acrescentar: “Esta é toda a lei e os profetas”.

                Por estas palavras: “O céu e a terra não passarão, enquanto não se cumprir até o último jota”, Jesus quis dizer que era necessário que a lei de Deus fosse cumprida, ou seja, que fosse praticada sobre toda a terra, em toda a sua pureza, com todos os seus desenvolvimentos e todas as suas conseqüências. Pois de que serviria estabelecer essa lei, se ela tivesse de ficar como privilégio de alguns homens ou mesmo de um só povo? Todos os homens, sendo filhos de Deus, são, sem distinções, objetos da mesma solicitude.
                4 – Mas o papel de Jesus não foi simplesmente o de um legislador moralista, sem outra autoridade que a sua palavra. Ele veio cumprir as profecias que haviam anunciado o seu advento. Sua autoridade decorria da natureza excepcional do seu Espírito e da natureza divina da sua missão. Ele veio ensinar aos homens que a verdadeira vida não está na Terra, mas no Reino dos Céus, ensinar-lhes o caminho que os conduz até lá, os meios de se reconciliarem com Deus, e os advertir sobre a marcha das coisas futuras, para o cumprimento dos destinos humanos. Não obstante, ele não disse tudo, e sobre muitos pontos limitou-se a lançar o germe de verdades que ele mesmo declarou não poderem ser então compreendidas. Falou de tudo, mas em termos mais ou menos claros, de maneira que, para entender o sentido oculto de certas palavras, era preciso que novas idéias e novos conhecimentos viessem dar-nos a chave. Essas idéias não podiam surgir antes de um certo grau de amadurecimento do espírito humano. A ciência devia contribuir poderosamente para o aparecimento e o desenvolvimento dessas idéias. Era preciso, pois, dar tempo à ciência para progredir.

                         O ESPIRITISMO



O Espiritismo é a nova ciência que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e suas relações com o mundo material. 
Ele nos mostra esse mundo, não mais como sobrenatural, mas, pelo contrário, como uma das forças vivas e incessantemente atuantes da natureza, como a fonte de uma infinidade de fenômenos até então incompreendidos, e por essa razão rejeitados para o domínio do fantástico e do maravilhoso. 
É a essas relações que o Cristo se refere em muitas circunstâncias, e é por isso que muitas coisas que ele disse ficaram ininteligíveis ou foram falsamente interpretadas. 
O Espiritismo é a chave que nos ajuda a tudo explicar com facilidade A lei do Antigo Testamento está personificada em Moisés, a do Novo Testamento, no Cristo. 
O Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus. Mas não está personificado em ninguém, porque ele é o produto do ensinamento dado, não por um homem, mas pelos Espíritos, que são as vozes do céu, em todas as partes da Terra e por inumerável multidão de intermediários. 
Trata-se, de qualquer maneira, de uns seres  coletivos, compreendendo o conjunto dos seres do mundo espiritual, cada qual trazendo aos homens o tributo de suas luzes, para fazê-los conhecer esse mundo e a sorte que nele os espera. 
Da mesma maneira que disse o Cristo: “Eu não venho destruir a lei, mas dar-lhe cumprimento”. Também diz o Espiritismo: “Eu não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe cumprimento”. 
Ele nada ensina contrário ao ensinamento do Cristo, mas o desenvolve, completa e explica, em termos claros para todos, o que foi dito sob forma alegórica. 
Ele vem cumprir, na época predita, o que o Cristo anunciou, e preparar o cumprimento das coisas futuras. 
Ele é, portanto, obra do Cristo, que o preside, assim como preside ao que igualmente anunciou: a regeneração que se opera e que prepara o Reino de Deus sobre a Terra.

domingo, 19 de junho de 2016

DEIXA QUE OS MORTOS ENTERREM 

SEUS MORTOS

E disse a outro: segue-me. 
Ao que ele respondeu: 

Senhor; permite que vá primeiramente sepultar meu pai. 
E Jesus lhe disse: Deixa que os mortos enterrem seus mortos; e tu, porém, vai e anuncia o reino de Deus.
Além dos doze apóstolos, Jesus Cristo teve também outros setenta discípulos diretos, os quais, ao ouvirem dele um discurso que consideram demasiadamente pesado, o abandonaram.
Entretanto, outras convocações foram feitas por ele; porém cada um dos convocados dava uma desculpa para não segui-lo, principalmente depois de ele ter dito que "as aves do céu têm seus ninhos, as raposas os seus covis, mas ele não tinha onde reclinar a cabeça".
Na citação acima, tudo indica que o convidado não gostou muito daquela recomendação e foi primeiramente sepultar o corpo de seu pai, perdendo assim a oportunidade de participar de uma das mais fulgurantes missões já desempenhadas no mundo material. 
Esta passagem evangélica convida o homem a uma reflexão mais profunda, pois este não pode acreditar que as palavras do Mestre representassem uma censura a um homem que, por dever de piedade filial, considerava um imperativo sepultar o corpo de seu pai.
Jesus certamente deixou mais um de seus edificantes ensinamentos, demonstrando que a vida espiritual é a verdadeira vida, ao passo que a vida temporária que é usufruída no mundo é equivalente à morte, pois nela o Espírito encarnado perde, transitoriamente, a liberdade e a atividade que desfruta, quando livre do corpo. 
Deste modo, o Mestre sempre colocou as coisas de Deus acima de qualquer cogitação, e não poderia ser de outra maneira; por isso, quando lhe vieram dizer que sua mãe e seus irmãos estavam esperando para vê-lo, disse: "Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam.


Jesus viveu entre os homens para desempenhar uma missão transcendental, qual seja a de implantar uma nova revelação e, portanto, não poderia ficar cingido aos limites acanhados da família terrena. 
Referia-se à humanidade em geral, pois todos eram seus irmãos, e aspirava, com este seu exemplo, formar uma só imensa família, como "um rebanho sob a égide de um só pastor".
Consequentemente, jamais poderia ficar confinado ao âmbito de alguns familiares, quando a sua missão tinha um cunho universal ao abranger toda a humanidade.
A respeito da passagem de Lucas, pode-se afirmar que no mundo existem os mortos e os "mortos". 
Os primeiros são os que se dedicam às coisas da alma, que tratam de aprimorar seus Espíritos que, ao desencarnarem, elevam-se para planos mais elevados da Espiritualidade; os segundos são os que se distanciam das coisas morais e espirituais, que submetem a alma a serviço do corpo, dando prioridade à satisfação dos sentidos e às coisas transitórias do mundo.
Um outro homem, convocado pelo Mestre, respondeu-lhe: "Senhor, permita que vá antes dizer adeus aos de minha casa". 
A este Jesus disse: "Aquele que, tendo posto a mão no arado, olhar para trás não é apto para o reino de Deus". 
Estas palavras de Jesus não objetivavam prescrever aos homens que, como condição indispensável, renunciassem às exigências e necessidades da existência humana; que rompessem os laços familiares; que deixassem de cumprir as obrigações que ela lhes impusessem, inclusive aquelas de sepultar os restos mortais de um ente querido, ou de despedir-se de seus familiares, quando tivessem que realizar uma viagem.
O que acontece é que o homem, ao procurar desvendar o sentido exato contido no ensinamento evangélico, esbarra sempre com os inconvenientes da letra que mata. 
Não houve, por parte do Mestre, qualquer secura de coração, desprestigiando a manutenção dos laços tão brandos da família e da fraternidade. 
O que ele ensinou, por estas palavras, é que: "quem toma do arado para rasgar o solo, para que nele seja lançada a semente generosa que produz frutos, não pare no meio da jornada, devendo sempre caminhar para a frente, pois aquele que fica à margem do caminho, não é digno de trabalhar na sua seara".






                                 PERTURBAÇÃO ESPÍRITA


É o fenômeno que ocorre no momento de transição da vida corporal para a espiritual.
Nesse instante, a alma experimenta um torpor que paralisa momentaneamente as suas faculdades, neutralizando, ao menos uma parte, as sensações.
Essa perturbação pode ser considerada o estado normal no instante da morte e persistir por tempo indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos, dependendo da evolução de cada um.
Aquele que já está purificado se reconhece quase que imediatamente, pois se libertou da matéria, antes mesmo que cessasse a vida do corpo, enquanto o homem carnal, cuja consciência ainda não está pura, sofre por muito mais tempo a influência da matéria.
O conhecimento do Espiritismo exerce uma grande influência na amenização e até mesmo significativa redução desse período, porque o Espírito adentra essa situação conhecendo-a antecipadamente.
Quanto menos conhecimento o Espírito tiver da vida espiritual, tanto mais se apega à matéria, mesmo sentindo que esta lhe foge; quer retê-la, em vez de a abandonar, resiste com todas as forças, podendo prolongar essa luta, por dias, semanas até meses.
É certo que, nesse momento, o Espírito não goza de toda a lucidez, dado o estado de perturbação que se antecipa à morte; mas nem por isso sofre menos, e o vácuo em que se acha e a incerteza do que lhe sucederá agravam-lhe as angústias.
Por fim, sobrevém a morte, mas ainda não está tudo terminado, visto que a perturbação continua.
Ele sente que vive, mas não define se material ou espiritualmente; continua lutando, até que as últimas ligações do perispírito tenham-se rompido.
Contudo, a prática do bem, a elevação moral e a pureza de consciência sempre serão os fatores preponderantes para minimizar as vicissitudes desta contingência.
Há casos, particularmente nos de mortes violentas, suicídio, suplício, acidente e ferimentos graves, em que o Espírito vê-se diante de uma situação peculiar: surpreende-se, não crê esteja morto embora veja seu corpo, sabe-o ser dele e não compreende o porquê dessa separação.
A perturbação espírita após a morte, a rigor nada tem de penosa para o homem de bem.
É calma e serena, semelhante a um despertar tranquilo, ao contrário daquele cuja consciência encontra-se saturada de ansiedades e angústias.
Finalmente vale lembrar que nos casos de morte coletiva, nem todos os que dela tenham participado se reveem imediatamente.
Na perturbação que a ela se segue, cada um vai para o seu lado e não se preocupa senão com aquele com os quais guarda interesses particulares.


SEPARAÇÃO DA ALMA E DO CORPO: 


Ao contrário do que se presume a separação da alma e do corpo não é dolorosa.
A rigor, o corpo, frequentemente sofre mais durante a vida do que no momento da morte, principalmente quando a enfermidade sua causadora tenha sido dolorosa.
Neste caso o momento final leva à cessação das dores e são um prazer para o Espírito que vê chegar o fim do exílio na terra.
Quando a morte é lenta e por esgotamento da vitalidade orgânica, é muito comum o Espírito afastar-se quase sem o perceber: é como uma lâmpada que se apaga por falta de energia.
Na separação, os laços que retinham o Espírito se desatam, não se rompem e ele se afasta gradualmente e não como um pássaro que escapa subitamente libertado.
E é ainda o Espiritismo que vem ensinar que, dependendo da elevação alcançada pelo Espírito, o instante da morte pode, ou não, ser doloroso, e que os sofrimentos, algumas vezes experimentados, são um bálsamo para o Espírito, que vê chegar o momento supremo de sua libertação.
Assim é que a separação, no momento da morte, será tanto mais penosa para o Espírito, quanto maior tiver sido o
seu apego à matéria e, ao contrário, será tanto mais suave, quanto maior tiver sido o seu desprendimento das coisas terrenas.
Nos casos de morte violenta o Espírito, colhido de improviso, fica aturdido, sentindo, pensando e acreditando-se vivo, prolongando essa ilusão até que compreenda o seu estado.
Para aqueles mais evoluídos, a situação transitória pouco dura.
Para outros menos evoluídos, a situação se prolonga por mais tempo.
Ao aproximar-se do momento da morte, a alma sente muitas vezes que se desatam os liames que a prendem ao corpo e então emprega todos os seus esforços para rompê-los de uma vez.
Assim, já parcialmente desprendida, goza por antecipação o futuro a desenrolar-se ante ela.
Estabeleçamos como princípio, alguns casos:
1 - Se no momento em que se extingue a vida orgânica o desprendimento do perispírito fosse completo, a alma nada sentiria absolutamente.
2 - Se, nesse momento, a coesão do perispírito e do corpo físico estiver no auge de sua força, produz-se uma espécie de ruptura que reage dolorosamente sobre a alma.
3 - Se esta coesão for fraca, a separação torna-se fácil e opera-se sem abalo.
Ao se reconhecer na nova vida no mundo dos Espíritos, aquele que fez o mal pelo simples desejo de fazê-lo, sente-se constrangido por tê-lo feito.
Para o homem de bem a situação é outra; ele se sente aliviado de um grande peso, porque não receia nenhum olhar perciguidor.

                                       ''ALMA APÓS A MORTE''


É muito natural que um leigo em assuntos de espiritualidade alimente a curiosidade de saber em que se transforma a alma no instante da morte.
Allan Kardec define a alma sendo o Espírito encarnado. 
Assim, é natural que, no instante da desencarnação, a alma volte a ser Espírito, conservando a sua individualidade e seu perispírito, guardando a mesma aparência da última encarnação.
Individualidade, portanto, seria a consciência de si, sem ponderar o tempo, ou seja, o "eu sou".
Contudo, há que se observar o atual estágio do despertamento espiritual do homem, no qual a aparência física se constitui no fator preponderante para o reconhecimento das individualidades; isto é possível, uma vez que o perispírito conserva a forma da última encarnação, facilitando assim o reconhecimento dos membros de um determinado grupo.
Não tem fundamento a hipótese dos que conjecturam que após a morte a alma retorna a um todo universal. 
Quando estás numa assembleia, fazes parte integrante da mesma, e não obstante conservas a tua individualidade.
A individualização ainda se evidencia quando esses seres provam a sua identidade através de sinais incontestáveis, de detalhes pessoais relativos à vida terrena, e que podem ser constatados; ela não pode ser posta em dúvida quando eles se manifestem por meio das aparições.
A individualidade da alma foi teoricamente ensinada como um artigo de fé, mas o Espiritismo a torna patente e, de certa maneira, material.
Com efeito, extrinsecamente essa individualidade é constatada pelo aspecto do seu perispírito, em tudo semelhante ao seu corpo somático, e intrinsecamente por conservar todas as suas qualidades e tendências, pelo desejo de ir para um mundo melhor e pelas recordações impregnadas de doçura ou amargor, segundo o emprego que tenha dado á vida.

Os Dez Mandamentos da Serenidade

1. Só por hoje tratarei de viver exclusivamente este meu dia, sem querer resolver os problemas da minha vida todos de uma vez.

2. Só por hoje terei o máximo cuidado com o meu modo de tratar os outros:
-delicado nas minhas maneiras;
-não criticar ninguém;
-não pretenderei melhorar ou disciplinar ninguém senão a mim.

3. Só por hoje me sentirei feliz com a certeza de ter sido criado para ser feliz não só no outro mundo, mas também neste.

4. Só por hoje me adaptarei às circunstâncias, sem pretender que as circunstâncias se adaptem todas aos meus desejos.

5. Só por hoje dedicarei dez minutos do meu tempo a uma boa leitura, lembrando-me que assim como é preciso comer para sustentar meu corpo, assim também a leitura é necessária para alimentar a vida da minha alma.

6. Só por hoje praticarei uma boa ação sem contá-la a ninguém.

7. Só por hoje farei uma coisa de que não gosto e se for ofendido nos meus sentimentos procurarei que ninguém o saiba.

8. Só por hoje farei um programa bem completo do meu dia. Talvez não o execute perfeitamente, mas em todo o caso, vou fazê-lo. E me guardarei bem de duas calamidades: a pressa e a indecisão.

9. Só por hoje ficarei bem firme na fé de que a Divina Providência se ocupa de mim, mesmo se existisse só eu no mundo – ainda que as circunstâncias manifestem o contrário.

10. Só por hoje não terei medo de nada. Em particular, não terei medo de gozar do que é belo e não terei medo de crer na bondade.

Papa João XXIII

Incorporação no médium desdobrado

O processo de materialização de ordem superior não pode acontecer, pela barreira imposta por um campo mental espesso, originado pelos encarnados presentes.

 "Toxinas" retornavam ao gabinete onde se encontrava o médium. 

A espiritualidade responsável optou pelo desdobramento do servidor encarnado e, Áulus foi solicitado a auxiliar magneticamente na transferência de energias do seu vaso físico para o perispírito. 

Enquanto o vaso físico entrava na mais profunda prostração, o perispírito evidenciava maior vitalidade e lucidez. 

O períspírito receberia um roupão ectoplásmico possibilitando o atendimento aos doentes, que seria feito através da incorporação da enfermeira. 


NÃO RETARDES O BEM

A dádiva tem força de lei, em todos os domínios da Criação.

A flor dá naturalmente do seu perfume, e o animal, em sistema de compulsória, oferece cooperação ao homem, através do suor em que se consome. 

A criatura generosa dá concurso fraterno, pelos recursos da caridade, sem esperar petição alguma, e o usurário desencarnado cede, constrangido pelos mecanismos da herança todas as posses que acumulou.

Isso ocorre porque no fundo, todos os bens da vida pertencem a Deus, que no-los empresta visando ao nosso próprio enriquecimento.

Desenvolve, quanto possível, a tua capacidade de auxiliar, porquanto, no tamanho de teu sentimento, podes ser o amparo material, ainda que ligeiro, no labor da beneficência: a palavra que esclarece e consola no combate da luz contra o assalto das trevas; a presença amiga que insufla a esperança ou o braço acolhedor que sustenta o companheiro atormentado pela exaustão.

Recorda,porém, que existe o momento perfeito de auxiliar, seja ele conhecido como sendo a ocasião da necessidade, a sugestão do trabalho, o propósito de ajudar ou o impulso da intuição.

Aproveita o ensejo de ser útil, com a inteligência de quem sabe que é preciso plantar hoje para colher amanhã.

Para isso, no entanto, é imperioso te desfaças de todas as exigências. 

Não temas farpas de censura, em torno de tua dádiva, e nem taxes a tua bondade com impostos de gratidão. 

O amor não cobra pedágio seja a quem for que passe por ele recebendo serviço.

Ajuda com alegria de quem se honra com a faculdade de acrescentar as alegrias de que Deus dotou o Universo; sobretudo, não permitas que a oportunidade de auxiliar se deteriore em suas mãos. 

A dádiva retardada tem gosto de recusa, tanto quanto a refeição inaproveitada fere o equilíbrio do paladar.. 

Auxilia quanto, como onde e sempre que possas para o erguimento do bem comum.

Não esperes que a desencarnação obrigue outros a distribuir aquilo que podes dar hoje, no amparo aos semelhantes, para a construção de tua própria felicidade, de vez que tudo aquilo que damos à vida, na pessoa do próximo, é justamente aquilo que a vida nos restitui.

Estude e Viva
Emmanuel/Francisco Cândido Xavier 
André Luiz/Waldo Vieira