terça-feira, 21 de julho de 2015

     "Grupo Espírita da Prece"


Lembro-me bem. 
Foi em uma das derradeiras reuniões a que Chico compareceu no "Grupo Espírita da Prece", antes de recolher-se à sua casa, por problema de saúde.

Conversávamos, naquele sábado, descontraidamente. 
Enquanto autografava, de seus lábios fluíam apontamentos maravilhosos. 
Todos permanecíamos atentos a tudo que dele partisse.

De repente, um companheiro de fora entrou a falar sobre as dificuldades do Movimento Espírita. 
Referiu-se às polêmicas infindáveis através das páginas dos jornais... 
Observou que, em sua cidade, os centros espíritas eram quase todos rivais uns dos outros.

Até então sorrindo, notei que o semblante do Chico se fechara... 
Deixou que o amigo falasse, certamente aproveitando-se da ensancha para efetuar qualquer desabafo.

Sem nada dizer, recordei-me de certa palavra do médium no "À Sombra do Abacateiro", de nossa lavra, em seu diálogo com a inesquecível D. Yvonne do Amaral Pereira. 
A devotada medianeira de "Memórias de um Suicida" e tantas outras obras de singular valor doutrinário, interpretando o pensamento do Dr. Bezerra de Menezes, dissera que os espíritas no Brasil haviam conseguido uma proeza - tornar- se "inimigos íntimos"...

Quando, finalmente, levantando os olhos do último livro que autografava na noite-madrugada de sábado para domingo, Chico disse o que, de pronto, valendo-nos de um pedaço de papel sobre a mesa, registramos:

— O senhor tem razão... 
Os católicos não precisam mais preocupar-se conosco, nem os evangélicos... 
A continuar assim, os próprios espíritas se destruirão!...

Reflexivo, fomos para casa, lamentando que nós, os companheiros de ideal, não assimilemos de Chico o exemplo da tolerância fraterna, já que, em nenhuma oportunidade, em nossos longos anos de convivência com ele, o vimos tecer a menor crítica que fosse.

                

Nenhum comentário:

Postar um comentário