domingo, 5 de julho de 2015

A reencarnação fortalece os laços de família (III)


Vejamos agora as conseqüências da doutrina anti-reencarcionista. 
Ela, necessariamente, anula a preexistência da alma. 
Sendo estas criadas ao mesmo tempo que os corpos, nenhum laço anterior há entre elas, que, nesse caso, serão completamente estranhas umas às outras. 
O pai é estranho a seu filho. 
A filiação das famílias fica assim reduzida à só filiação corporal, sem qualquer laço espiritual. 
Não há então motivo algum para quem quer que seja glorificar-se de haver tido por antepassados tais ou tais personagens ilustres. 
Com a reencarnação, ascendentes e descendentes podem já se terem conhecido, vivido juntos, amado, e podem reunir-se mais tarde, a fim de apertarem entre si os laços de simpatia.

Isso quanto ao passado. 
Quanto ao futuro, segundo um dos dogmas fundamentais que decorrem da não-reencarnação, a sorte das almas se acha irrevogavelmente determinada, após uma só existência. 
A fixação definitiva da sorte implica a cessação de todo progresso, pois desde que haja qualquer progresso já não há sorte definitiva. 
Conforme tenham vivido bem ou mal, elas vão imediatamente para a mansão dos bem-aventurados, ou para o inferno eterno. 

Ficam assim, imediatamente e para sempre, separadas e sem esperança de tornarem a juntar-se, de forma que pais, mães e filhos, mandos e mulheres, irmãos, irmãs e amigos jamais podem estar certos de se verem novamente; é a ruptura absoluta dos laços de família.
Com a reencarnação e progresso a que dá lugar, todos os que se amaram tornam a encontrar-se na Terra e no espaço e juntos gravitam para Deus. 
Se alguns fraquejam no caminho, esses retardam o seu adiantamento e a sua felicidade, mas não há para eles perda de toda esperança. 
Ajudados, encorajados e amparados pelos que os amam, um dia sairão do lodaçal em que se enterraram. 
Com a reencarnação, finalmente, há perpétua solidariedade entre os encarnados e os desencarnados, e, daí, estreitamento dos laços de afeição.

Em resumo, quatro alternativas se apresentam ao homem, para o seu futuro de além-túmulo: 
1ª, o nada, de acordo com a doutrina materialista; 
2ª, a absorção no todo universal, de acordo com a doutrina panteísta; 
3ª, a individualidade, com fixação definitiva da sorte, segundo a doutrina da Igreja; 
4ª, a individualidade, com progressão indefinita, conforme a Doutrina Espírita. Segundo as duas primeiras, os laços de família se rompem por ocasião da morte e nenhuma esperança resta às almas de se encontrarem futuramente. 

Com a terceira, há para elas a possibilidade de se tornarem a ver, desde que sigam para a mesma região, que tanto pode ser o inferno como o paraíso. 

Com a pluralidade das existências, inseparável da progressão gradativa, há a certeza na continuidade das relações entre os que se amaram, e é isso o que constitui a verdadeira família.

          


(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. IV, itens 21 a 23.)

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