segunda-feira, 22 de junho de 2015

14ª AULA - CURSO PREPARATÓRIO DE ESPIRITISMO - FEESP


Uma vez ocorrida à morte, que destino dar ao corpo, que já não pode entreter a vida?

Enterra-lo ou cremá-lo são as alternativas mais comuns. Agora, está em evidência a questão da doação e transplantes de órgãos, que ajudam a prolongar a vida daqueles que dependem desse gesto para sua sobrevivência. Pode-se, até mesmo, pensar na doação de todo o corpo para estudos científicos, mormente nos cursos de Medicina, como uma terceira hipótese.

Analisemos, porém, as duas primeiras alternativas, à luz da Doutrina Espírita.

Pois bem, diz-se que os gauleses abandonavam os corpos de seus soldados mortos no campo de batalha, para espanto dos outros povos que com eles combatiam, visto que só se importavam com a alma.

O costume, no Ocidente, porém, é de sepultar o corpo, no processo também chamado de inumação (do latim in-em húmus-a terra, o chão). Trata-se na verdade de um hábito muito antigo que remonta à era pré-histórica, do último período quando, há cerca de 30.000 anos, criou-se todo um ritual de sepultamento, que demonstra até mesmo que o homem daquele período, de alguma forma, já pensava na vida d’além-túmulo.

Mas, segundo estudos arqueológicos, foi no período neolítico (a idade da pedra polida), por volta de 7.000 a 5.000 anos atrás, que o homem começou a incinerar os corpos de seus mortos, em um ou outro agrupamento.

E, mais recentemente, na idade do bronze e do ferro, passou-se à disseminação mais ampla desse costume. Assim surgiu a cremação, costume presente em muitos povos do Oriente, principalmente Índia e Japão.

No Ocidente, porém, ela ainda é praticada como uma opção, por falta de espaço nos cemitérios existentes e pelo nosso apego ao corpo material.

A cremação, todavia, nada tem de prejudicial ao Espírito, visto que apenas o corpo é consumido pelo fogo, depois de observados todos os trâmites legais para o ato e o tempo de espera, que varia de 24 a 72 horas, em média. O processo de desligamento do Espírito, em relação ao corpo biológico, tem início, como revelaram os Espíritos a Kardec, algum tempo antes do suspiro final e se faz gradualmente.

Nunca é uma separação brusca, pois se assemelha à união do Espírito ao corpo, no momento da encarnação, que se opera célula a célula.

O que é preciso ter em mente para a cremação, em linhas gerais, é o apego do indivíduo á matéria, sua formação cultural e religiosa, isto é, a maneira como encara a morte.

Na verdade, o corpo sem vida orgânica não transmite nenhuma sensação física ao Espírito e qualquer reflexo que o Espírito sinta, em razão da cremação, será de ordem moral e não material. É certo que alguns Espíritos ficam mais tempo “ligados” ao corpo que deixaram, muitas vezes acompanhando até mesmo o processo de sua decomposição. Contudo, o liame é apenas mental e não físico, de sorte que qualquer sensação que lhes advenha daí, só pode ser moral ou psíquica.

Diante disso, torna-se fundamental a preparação para a morte, como faziam os antigos egípcios, desde o nascimento do ser. É necessário um esforço de auto renovação, assim como a prática desinteressada do bem.

Além disso, um certo arrebatamento psíquico e um decidido desapego antecipado dos laços materiais serão essenciais no momento da opção pela cremação, não deixando dúvidas quanto ao que se deve fazer do corpo após a morte.

No que diz respeito ao transplante, também há registros muito antigos dessa prática. Na Índia, há mais de 2.000 anos, praticavam-se transplantes autógenos, isto é, com partes do corpo do próprio indivíduo, em relação a nariz, orelhas e lábios. Em Alexandria, no Egito, lesões na face e outras partes do corpo eram corrigidas com transplantes de pele.

A atual legislação brasileira, ou seja, a Lei nº. 9.434, de 04.02.97, regulamentada pelo Decreto nº. 2.268, de 30.0.97, dispõe acerca da doação de órgãos e transplantes, permitindo a retirada de órgãos de doadores presumidos, que seriam aqueles que não declararam expressamente seu desejo de não os doar. Já se pensa, porém, em modificar tal previsão legal, para que a retirada de órgãos se faça apenas com a autorização prévia da família do morto, se este não se dispôs a fazê-lo em vida.

A questão começou a ganhar importância, nos tempos atuais, com o primeiro transplante de coração realizado pelo Dr. Cristian Barnard, na cidade do Cabo, na África do Sul, nos idos de 1967, surgindo daí a discussão dos aspectos científicos, ético e moral que envolvem a questão.

Enfrentou-se, em primeiro lugar, a questão da rejeição do organismo do receptor em relação ao órgão transplantado.

A Ciência então, desenvolveu-se novas técnicas e drogas anti-rejeição bem sucedidas na maioria dos casos.

Hoje, porém, as preocupações da sociedade localizam-se mais nos aspectos éticos da questão, principalmente no que diz respeito ao diagnóstico de morte.

Do ponto de vista científico, é a morte encefálica que define o quadro de irreversibilidade de uma enfermidade, levando em pouco tempo à falência múltipla dos órgãos do indivíduo. Nesse caso, não há qualquer esperança de retorno à vida. E a possibilidade de erro de diagnóstico é remotíssima, em face do progresso da Ciência Médica, que tem por meta aplicar todos os meios ao seu alcance para dilatar a vida.

No momento em que é diagnosticada a morte encefálica, faz-se necessária a retirada dos órgãos passíveis de aproveitamento no processo de transplante, pois, “no estágio atual da Ciência, a cessação irreversível de todas as funções vitais torna inviável o aproveitamento de órgãos para transplante, principalmente no que diz respeito a órgãos vitais”, até porque é o encéfalo quem comanda as demais funções do organismo.

A Doutrina Espírita define a causa da morte como “a exaustão dos órgãos”(L.E. 68). E a morte, propriamente dita, bem definida por Kardec, “é apenas a destruição do corpo” (L.E.. 155a).

Contudo, enquanto o corpo puder servir aos fins para os quais foi criado, é sempre louvável a doação e o transplante, até porque não acarreta nenhum dano ao perispírito do doador, que passa para o mundo espiritual íntegro. Aliás, só benefícios lhe traz o ato, mormente pela alegria e pela gratidão do receptor e de seus familiares, em relação ao prolongamento de sua vida. Trata-se de um ato de caridade: um gesto de amor ao próximo, acima de tudo.

Kardec lembra que “as descobertas da ciência glorificam Deus, em lugar de O rebaixar”; elas não destroem senão o que os homens edificam sobre ideias falsas que eles fizeram de Deus” (A Gênese, cap I, item 55). A Ciência busca continuamente a melhoria da vida do homem na Terra. E os transplantes de órgãos são um exemplo disso.

Ademais, não cai uma folha de uma árvore sem que se cumpra a vontade de Deus. Assim é que nos cabe fazer a nossa parte no auxílio ao próximo, à luz do Evangelho de nosso Divino Mestre Jesus.


Parte B: AS BEM-AVENTURANÇAS

Jesus, quando aqui esteve, trouxe-nos inúmeras lições. Lições de bondade, humildade, pacifismo, abnegação, renúncia e amor.

Para que tivéssemos gravados até hoje em nossa memória, Lucas e Mateus em seus Evangelhos relatam-nos que Jesus, na cidade de Cafarnaum, no alto de um monte, deu-nos talvez, a mais bela explanação sobre a forma de nos elevarmos até Deus nosso Pai.

É uma lição de Amor, que nos traz sob a forma de um sermão.

Conhecido como Sermão do Monte, dá-nos as bem-aventuranças necessárias para que possamos crescer para Deus. Para melhor entendermos o seu significado, vamos encontrar no capítulo 5 do Evangelho segundo Mateus. “Vendo Jesus aquela multidão, subiu a um monte e tendo-se sentado, aproximaram-se dele os seus discípulos”. E ele abrindo a sua boca os ensinara dizendo:

Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus.

Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a Terra.

Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.

Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.

Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.

Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus.

Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.

Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem, e mentindo disserem todo o mal contra vós, por causa de mim.

“Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que existiram antes de vós”.

Bem-aventurados os aflitos, por quê?

Quais as causas das nossas aflições?

São atuais essas aflições ou são anteriores a essa nossa passagem pelo planeta Terra como espíritos encarnados?

Será que, no passado longínquo ou num passado tão remoto assim, não afligimos a outros, em nossas intemperanças?

Será que Deus é que nos aflige?

Ora, hoje todos nós sabemos que tivemos muitas existências aqui ou em outros orbes. Que causamos males, até mesmo a nós. Daí o motivo por que, muitas vezes, sentimo-nos solitários.

Nossos amigos espirituais, nunca nos abandonam, entretanto, nós devemos passar por certas situações e compreendendo o porquê delas, saberemos então, comportar-nos com mais humildade.

Humildade necessária, para que possamos alcançar o Reino de Deus.

Bem-aventurados os humildes. Bem-aventurados os mansos.

E o que é mansuetude? Será que todos nós temos já em nossos corações implantado esse desejo de nos modificarmos assim, ao passarmos por situações, por circunstâncias concretas, quando achamos que fomos agredidos?

Mansuetude é conquista. Nosso espírito, aos poucos, vai conquistando algumas virtudes. Não só o ser manso, mas também ser caridoso. Ser amoroso, ser benevolente, ser pacífico...

Bem-aventurados os pacíficos. Por quê? Porque é um dos atributos que devemos buscar.

Em um planeta tão conturbado com guerras, violências e vícios, devemos olhar os outros com olhos de paz. Paz que é uma conquista íntima do Espírito. Paz que devemos buscar, orando e vigiando nossos pensamentos. Paz que buscamos quando desejamos servir a Jesus, nosso divino Mestre e Salvador.

Paz que temos quando cumprimos as nossas tarefas do dia-a-dia, quando cumprimos nossas tarefas de educadores dos nossos semelhantes, pelo exemplo que possamos e devemos dar em todas as circunstâncias que nos envolvem. Paz de espírito é uma conquista que devemos buscar. Aos poucos e sempre.

Ao nos perguntarmos: “E quando nos ofendem no mais íntimo do nosso ser?”  Devemos orar por aqueles que nos caluniam. Devemos orar por aqueles que, com esses atos e gestos, só ofendem a si mesmos. Devemos orar a Deus, nosso Pai, a oração que Jesus nos deixou, compreendendo cada frase, cada palavra.

Deus concede-nos a cada dia, a cada hora, a oportunidade de nos modificarmos para o bem, Concede-nos a oportunidade de compreendermos as belíssimas lições que Jesus nos deixou.

E bem-aventurados aqueles que desejam se modificar. Bem-aventurados os que desejam evoluir para Deus. Bem-aventurados os mansos, os pacíficos, os pacificadores. E muito mais, ainda, aqueles que são injuriados por servirem a Jesus.

Esses têm reservado seu lugar ao lado do Mestre. São os seus discípulos. Discípulos são alunos bem-amados, que desejam seguir, ouvir e praticar as lições do Mestre. E quando seguirem sem queixas, quando sofrerem resignadamente terão o galardão do puro, do justo, do bom, do humilde, do discípulo de Jesus.

Nós todos, hoje, sabemos que os bem-aventurados puros de coração são aqueles que seguem a vontade de Deus.

Deus deseja que subamos para Ele, com o coração sem mácula, sem nódoa, sem manchas.

Manchas, marcas, nódoas que adquirimos no passado, em que éramos ignorantes do conhecimento do Evangelho de Jesus. Marcas ficam e manchas apagamos. Apagamos manchas e marcas quando desejamos nos modificar para o bem. Apagamos manchas e nódoas quando amamos a nós mesmos; quando passamos a compreender melhor o nosso próximo.

E se, por enquanto, só sabemos ou só podemos amar aos nossos filhos, nossos familiares, nossos amigos mais próximos, já teremos alcançado um progresso.

Quem sabe se, já nessa encarnação, não ampliamos nosso círculo de amor?...

Tenhamos todos nós, como um roteiro de vida, como uma página a ser lida e relida muitas vezes, o Sermão da Montanha.

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