quarta-feira, 29 de abril de 2015

                                           ''HOMENAGEM A MONSENHOR ALBINO''


Padre Albino: Vida dedicada ao interesse social e humanitário
Escrito por Nilce Lodi - DiarioWeb
Ter, 22 de Janeiro de 2013 02:00
Catanduva apresenta boa qualidade de vida. 
Entretanto, nem tudo são flores. 
Apesar de sua importância econômica possui os mesmos problemas de qualquer centro urbano. 
Afinal, um século é muito pouco para uma cidade que, ao longo desse tempo, não parou um só instante de experimentar o novo, recriar formas, inaugurar caminhos.
Hoje, as praças e as ruas não são mais as mesmas dos tempos de Pe. Albino. 

Ruas foram retificadas e praças remodeladas. 
O dinamismo da fase inicial arrefeceu após os primeiros decênios. 
Entretanto, com a chegada da estrada de ferro em 1910, o desenvolvimento dos serviços bancários e do comércio consolidou a emancipação financeira e a hegemonia de Catanduva que, finalmente obteve status de sede municipal.

A carreira sacerdotal de Pe. Albino desenvolveu-se em dois planos: como sacerdote em Portugal e como pároco de Catanduva, na diocese de São José do Rio Preto. 

Como líder e autoridade, esteve presente e atuante nas realizações da comunidade, enfrentou seus problemas básicos e interferiu no desenvolvimento da cidade.
Albino Alves da Cunha e Silva (1882-1973) nasceu em Portugal, a 21 de setembro de 1882, filho de Avelino Alves da Cunha e Silva e de Ana Joaquina da Mota e Andrade, natural da freguesia de Codessoso, Conselho de Celorico de Basto, província do Minho. 

Em sua infância, mostrou-se ativo, inteligente, com senso de responsabilidade. Tornou-se conhecido e admirado por todos. Estudou nas cidades de Amarante e Guimarães.
Atraído por Deus, seguiu a vocação sacerdotal, contrariando a vontade do pai, que queria vê-lo formado em Direito, porém realizando o sonho da mãe, que era ver o filho sacerdote.

Estudou no Seminário de Braga e aí se ordenou sacerdote, em setembro de 1905, aos 23 anos de idade. Assumiu a administração da paróquia na sua terra natal, a freguesia de Codessoso. 
Em 1910, se instalou em Portugal a República e a separação da Igreja e do Estado. 
O clero perseguido, padre Albino teve que fugir. 
Em 21/09/1912, com 30 anos de idade e 7 de sacerdócio, condenado à prisão, foi obrigado a fugir a pé, de Celorico a Braga, indo desta cidade de trem até Monção onde através do rio Minho conseguiu passar para a cidade espanhola de Tui, tendo no porto de Vigo embarcado no vapor “Zelândia” rumo ao Brasil.

Pe. Albino contou com a intercessão do jesuíta José Coelho da Rocha, vigário da Paróquia de São José em Rio Preto e também fugitivo de Portugal, junto ao arcebispo-bispo de São Carlos, dom José Marcondes Homem de Melo. 

Foi nomeado coadjutor do Padre João Carrelli, na paróquia de Jaboticabal; e depois, coadjutor na paróquia de Jaú. Em seguida, foi transferido para a paróquia de Barra Bonita, onde permaneceu 4 anos, como vigário.

A Paróquia de Catanduva, primitivamente chamada São Domingos de Cerradinho, criada em 1915, era até então eclesiasticamente subordinada à paróquia de Tabapuã. Seu primeiro vigário foi o reverendo padre Maurício Caputo, italiano de Salermo, que ficou em Catanduva até 1918. Padre Albino, nomeado para a paróquia de Catanduva, tomou posse em 28/04/1918. 

Os primeiros tempos na cidade foram difíceis, com poucos amigos.
De temperamento reservado e austero, foi recebido com frieza e certa prevenção, mas logo ganhou a confiança do povo e das autoridades civis e religiosas, não com palavras, mas com trabalhos, realizações e vida exemplar. 

Viveu 55 anos em Catanduva, até sua morte, ocorrida a 19/09/1973, aos 91 anos de idade, dois dias antes de completá-los, por insuficiência respiratória.
O empenho pela criação da diocese
Conhecedor da deficiência numérica de sacerdotes na diocese de Rio Preto, padre Albino esteve em Roma em 1949, onde, com o cardeal Mazella, conseguiu a vinda dos senhores padres doutrinários para a cidade, que assumiram o então recém-criado Santuário Nossa Senhora Aparecida, atual Catedral da diocese de Catanduva.

Monsenhor Albino colaborou ativamente pela criação da diocese de Catanduva, com a criação e instalação da Paróquia de Santo Antonio.
A beatificação do monsenhor
Por sua atuação e testemunhos de milagres, padre Albino está em processo de beatificação, que tem duas etapas – a diocesana e a romana. 

Na primeira etapa, o bispo investiga sobre a vida, virtudes, fama de santidade e possíveis milagres. Encerrada a etapa diocesana do processo, este será encaminhado ao Vaticano, à Congregação para as Causas dos Santos, que dá inicio à fase romana.

A beatificação é o primeiro passo rumo à canonização; o título de beato quer dizer que é permitido prestar-lhe culto público, mas limitado a algumas regiões, enquanto o Santo é venerado em toda a Igreja. 

Bastante eloquentes são os seus exemplos e a sua bondade - exemplos de humildade e caridade.
É impossível resumir a intensa atividade desenvolvida pelo Pe. Albino em seus 91 anos de existência, porem é mister reconhecer seu papel na luta para promover a mudança dos costumes e praticas. 

Sua obra é suficiente para credenciar seu nome ao respeito, à admiração e ao reconhecimento de todos.
A Fundação Padre Albino
O empenho pela criação da diocese A beatificação do monsenhor CIDADES As obras de Pe. Albino são hoje administradas pela “Fundação Padre Albino” que, em seu início, em 1926, se chamava “Associação Beneficente de Catanduva”. 

A partir de 1968 se transformou na atual “Fundação Padre Albino”. 
Foi criada com a preocupação da promoção social e com a melhoria da condição de vida dos mais necessitados, especialmente dos doentes. 
Catanduva criou o Museu Padre Albino a 8.05.1997 em homenagem a esse grande homem.
Vida dedicada ao interesse social e humanitário
Pe. Albino semeou idéias, conquistou colaboradores que partilharam de seu entusiasmo e determinação. 

É impressionante a versatilidade com que elegeu as áreas sociais, educativas e de saúde para atuar. Idealizou e incentivou a criação de obras associativas, culturais, filantrópicas, religiosas e de saúde. 

Nos púlpitos das igrejas e capelas espalhados por toda a paróquia, entregou-se à obra de evangelização, semeando, batizando ou confessando, e à procura de donativos para suas obras de caridade.
Ideias novas sobre obras de caridade eram debatidas e exaltadas por Pe. Albino, que criou um clima por demais favorável às realizações em beneficio dos mais necessitados, dos idosos, dos doentes e das crianças.

Do trabalho e da abnegação de todos foram criadas as belas e beneficentes obras que constituem orgulho para Catanduva. Sendo a Capela da paróquia de São Domingos muito pequena, Pe. Albino resolveu construir a Matriz de Catanduva, mais ampla e de bom tamanho, a partir de 1919. Em 1925, o pintor brasileiro Prof. Benedito Calixto foi contratado para decorar suas paredes e teto com belas passagens bíblica.

Em 26/06/1926 fundou a Santa Casa de Misericórdia, hoje “Hospital Padre Albino”.Em 1929, o Asilo (Lar) dos Velhos, transformado em 2001 no “Recanto Mons. Albino”, para o atendimento integral do idoso: moradia, alimentação, saúde, convivência social e familiar; localizada numa chácara doada pelo Rotary Clube de Catanduva. 

Fundou no dia 01/09/1939, a Vila de São Vicente, coma glomerado residencial, para homens e mulheres, transferido para o Recanto Monsenhor Albino em 2001. Criou também o Albergue Noturno; a Casa da Criança “Sinharinha Netto”; o Orfanato “Ortega Josué” e “Anita Costa”; o Educandário São José; adquiriu prédio para a Ação Católica e outro destinado à residência do bispo de Catanduva.

Se tudo isso não bastasse, vale o trabalho de repensar sua obra, tendo em vista o seu cotidiano, marcada com a abertura de novas propostas: o Colégio das Irmãs ou Colégio Nossa Senhora do Calvário; o Sanatório de Homens Tuberculosos, para 700 doentes. 

Pe. Albino construiu 13 igrejas e várias capelas nos arredores de Catanduva. Não se esqueceu das vilas adjacentes e fez erguer as capelas de Elisiário, Caputira e Quilombo Sete.
Realizou muito mais: o Santuário e Paróquia de Nossa Senhora Aparecida; o Ginásio “D. Lafayette”; o Seminário “Cesar de Bus”.

Promoveu o ensino universitário ao criar, em 1989, a A Faculdade de Medicina, FAMECA, na Santa Casa de Misericórdia de Catanduva, hoje Hospital Padre Albino; a Faculdade de Administração de Empresas (FAECA), em 1972; a Escola Superior de Educação Física e Desportos de Catanduva (ESEFIC), em 1973.

 Mais recentemente foram criados a Faculdade de Enfermagem de Catanduva (FEC), em 2000, e o curso de Direito, em 2002, instalado nas dependências da FAECA.
A partir de abril de 2007, as Faculdades da Fundação Padre Albinotransformaram-se em Faculdades Integradas Padre Albino. 

Construiu também um grande edifício, para a fabricação de soro fisiológico destinado ao uso exclusivo do Hospital. Nada queria para si. Ao comemorar em 1944, 25º aniversário de suas funções de pároco em Catanduva, foi agraciado com a doação de terras. 

Para aceitá-las estabeleceu condições: a escritura seria passada em nome da Associação Beneficente de Catanduva. E assim foi feito.
Dom Lafayette Libanio, bispo diocesano, em visita pastoral à paróquia de Catanduva, escreveu: “O Exmo. Mons. Albino faz do preceito: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, a sua vida heróica de sacerdote de Nosso Senhor Jesus Cristo.

 Na sua matriz e em suas obras de caridade, reina o espírito de caridade cristã. Tudo em ordem, graças a Deus”.
Em 1951, foi criado e instalado o Cabido Diocesano da Diocese de Rio Preto. 

O vigário de Catanduva, como já era Monsenhor, foi nomeado Cônego Catedrático do Cabid, Presidente e Protonotário Apostólico. 

O título de Monsenhor foi concedido pela Santa Sé, a pedido de dom Lafayette Libanio.Não gostava que o chamassem de Monsenhor ou Cônego: queria ser apenas o Padre Albino.

Recebeu da Câmara Municipal, o titulo de Cidadão Benemérito de Catanduva em 1968.
Pe. Albino sofreu 12 quedas e várias fraturas. Duas vezes, queda de avião. Passou por 7 grandes operações. Com 76 anos saiu a pé em busca de donativos para seus queridos pobres e caiu em um grande buraco, fraturando o fêmur da perna direita. Ficou hospitalizado por 6 meses. Sarou, mas ficou com uma perna mais curta do que a outra uns 3 ou 4 cm.


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