domingo, 07 de agosto de 2016
''A ALMA''
Pergunta: O que é a alma?
Resposta dos Espíritos — Um
Espírito encarnado.
Pergunta: O que era a alma, antes de unir-se ao corpo?
Resposta dos Espíritos —
Espírito.
Pergunta: As almas e os Espíritos são, portanto, uma e a mesma coisa?
Resposta dos Espíritos — Sim, as
almas não são mais que Espíritos. Antes de ligar-se ao corpo, a alma é um dos
seres inteligentes que povoam o mundo invisível, e depois reveste
temporariamente um invólucro carnal, para se purificar e esclarecer.
Pergunta: Há no homem outra coisa, além da alma e do corpo?
Resposta dos Espíritos — Há o liame
que une a alma e o corpo.
Pergunta: Qual é a natureza desse liame?
Resposta dos Espíritos — Semi
material; quer dizer, um meio-termo entre a natureza do Espírito e a do
corpo.
E isso é necessário, para que eles
possam comunicar-se.
E por meio desse liame que o Espírito
age sobre a matéria, e vice-versa.
Comentário de Allan Kardec: O homem é, assim, formado de três partes essenciais:
1°) O corpo, ou ser material, semelhante aos dos animais e animado pelo mesmo princípio vital;
2°) A alma. Espírito encarnado, do qual o corpo é a habitação;
3°) O perispírito.
Princípio intermediário, substância
semi material, que serve de primeiro envoltório ao Espírito e une a alma
ao corpo. Tais são, num fruto, a semente, a polpa e a casca.
Pergunta: A alma é independente do princípio vital?
Resposta dos Espíritos — O corpo
não é mais que o envoltório, sempre o repetimos.
Pergunta: O corpo pode existir sem a alma?
Resposta dos Espíritos — Sim; e
não obstante, desde que o corpo deixa de viver, a alma o abandona. Antes do
nascimento não há uma união decisiva entre a alma e o corpo, ao passo que, após
o estabelecimento dessa união, a morte do corpo rompe os liames que a unem a
ele, e a alma o deixa.
A vida orgânica pode animar um corpo
sem alma, mas a alma não pode habitar um corpo sem vida orgânica.
Pergunta: O que seria o nosso corpo, se não tivesse alma?
Resposta dos Espíritos — Uma
massa de carne sem inteligência; tudo o que quiserdes, menos um homem.
A divergência de opiniões sobre a natureza da alma provém
da aplicação particular que cada qual faz desse vocábulo. Uma língua perfeita,
em que cada ideia tivesse a sua representação por um termo próprio, evitaria
muitas discussões; com uma palavra para cada coisa, todos se entenderiam.
Segundo uns, a alma é o princípio da
vida orgânica material; não tem existência própria e se extingue com a vida: é
o puro materialismo.
De acordo com esta opinião, a alma
seria um efeito e não uma causa.
Outros pensam que a alma é o princípio da inteligência, agente universal de que cada ser absorve uma porção.
Segundo estes, não haveria em todo o
universo senão uma única alma, distribuindo fagulhas para os diversos seres
inteligentes, durante a vida; após a morte, cada fagulha volta à fonte comum,
confundindo-se no todo, como os córregos e os rios retornam ao mar de onde
saíram.
De acordo com esta opinião, a alma
universal seria Deus e cada ser uma porção da Divindade; é esta uma variedade
do Panteísmo.
Segundo outros, enfim, a alma é um ser
moral, distinto, independente da matéria e que conserva a sua individualidade
após a morte.
Esta concepção é incontestavelmente a
mais comum, a ideia desse ser que sobrevive ao corpo se encontra em estado de
crença instintiva, entre todos os povos, qualquer que seja o seu grau de
civilização. Essa doutrina, para a qual a alma é causa e não efeito
é a dos espiritualistas.
Sem discutir o mérito dessas opiniões
e não considerando senão o lado linguístico da questão, diremos que essas três
aplicações da palavra alma constituem três idéias distintas, que
reclamariam cada uma um termo diferente.
Essa palavra tem, portanto,
significação tríplice, e cada qual está com a razão, segundo o seu ponto de
vista ao lhe dar uma definição; a falha se encontra na língua, que não dispõe
de mais de uma palavra para três idéias.
Para evitar confusões, seria
necessário restringir a acepção da palavra alma a uma de suas
idéias.
Escolher esta ou aquela é indiferente,
simples questão de convenção, e o que importa é esclarecer. Pensamos que o mais
lógico é tomá-la na sua significação mais vulgar, e por isso chamamos
ALMA ao ser imaterial e individual que existe em nós e sobrevive
ao corpo.
Seja como for, há um fato
incontestável, pois resulta da observação: é que os seres orgânicos possuem uma
força íntima que produz o fenômeno da vida, enquanto essa força existe; que a
vida material é comum a todos os seres orgânicos, e que ela independe da
inteligência e do pensamento; que a inteligência e o pensamento são faculdades
próprias de certas espécies orgânicas; enfim, que, entre as espécies orgânicas
dotadas de inteligência e pensamento, há uma dotada de um senso moral especial
que lhe dá incontestável superioridade perante as outras, e que é a espécie
humana.
Retirado do‘Livro dos Espíritos’ –
Allan Kardec
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