domingo, 10 de janeiro de 2016

UM  DIA  EU VOU  SABER

         Somos todos descendentes uns dos outros, queiramos ou não somos uma só família. Assim sentia eu, pois morei em um orfanato, órfão de pai e mãe (eu achava assim) estava sempre a espera que alguém me adotasse. Vinham pessoas de todos os lados, eu achando que iam me querer... Mas qual o que? Olhavam-me de lado e passavam.
          E eu pensava assim: não sou descendente dessa pessoa, ou melhor, o nosso sangue não é igual? Mas nada. Ninguém me queria. Atingi a adolescência e chegou a hora de me virar.
          O orfanato mesmo cuidou de me arrumar um emprego. Nesse emprego eu dormia, comia e afinal de contas morava. Só que eu continuava sendo rejeitado. Meus patrões me exploravam de todo jeito: eu trabalhava quase a exaustão. A comida era controlada. À noite eu sentia muito frio, no tempo do frio e muito calor quando era o verão. O cômodo era muito pequeno e eu resolvi fugir.
           Aí sim eu sofri, sofri muito. Primeiro de esquina em esquina, procurava as pessoas, mas elas se esquivavam. Pedia algum dinheiro e elas às vezes me davam, às vezes não. Continuava a andar sem rumo até que eu encontrei embaixo de um viaduto pessoas que, como eu também perambulava. Elas me ofereceram algo que gostei. Era craque. E foi assim, fiquei com elas e me tornei um viciado. Aí não conseguia ficar sem a droga e resolvi como as outras pessoas, roubar para sustentar a droga.
           Não fiz amizade real com ninguém, só pensava em suprir as minhas necessidades físicas. Alguém me denunciou por roubo e fui indiciado como ladrão. Fui preso varias vezes. Estava na prisão, revoltado comigo e com a vida, quando chegou alguém que queria me ver. Era um antigo colega do orfanato que em ofereceu a mão, me levou para a sua casa, me banhou, me olhou e orou para mim (ele se tornou evangélico).
            Tinha família formada com esposa, filhos e um netinho que acabou de nascer. Tudo na vida dele correu normalmente como manda a vida. Eu, porém era um pobre coitado sem nada. Ele me levou para a sua Igreja e lá fui recuperado. Cheguei até a fazer a leitura lá na frente do altar.
             Mas a droga já havia corroído em mim minha saúde física e comecei a sentir os efeitos funestos de sua ação. Adoeci gravemente, fui para o hospital e lá morri. Fui velado e sepultado por esse amigo, a quem devo todo meu respeito e gratidão.
             Hoje eu me acho em um hospital espiritual onde sou tratado. Vem sempre um pastor que dialoga comigo, me ajuda e me orienta.
             Pergunto a ele o porquê de certas situações, por exemplo: porque eu não tive a mesma sorte de meu colega que como eu foi criado num orfanato e que teve uma vida tão boa? Porque eu sofri tanto, se nada fiz por merecer?  Ele diz que um dia eu vou saber, mas que por enquanto ainda não posso, porque estou me recuperando.
            Hoje tive a oportunidade de escrever nessa reunião, auxiliado por esse pastor e ajudado por uma mulher que diz ser a minha mãe.
            Obrigado a todos.
   
            Eduardo Noronha. 
                                                        
 Psicografia recebida em 2015.                                     

 Médium: Catarina.

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