quinta-feira, 9 de julho de 2015

Como agem os Vampiros Espirituais

Certa noite, cansado do Umbral, resolvi ir à festa. 
Entrei, sem a menor dificuldade, numa boate e me aproximei de um casal. 
Sentados na área externa do ambiente, o homem e a mulher tomam suas bebidas em grandes goles e riam descontroladamente, visivelmente embriagados.
– É agora! – Disse, animado
Simplesmente colei neles me beneficiando do álcool que fortemente exalavam. 
Ainda não era suficiente para o meu próprio “barato” e os influenciei para que comprassem mais bebida.
O homem se levantou e foi até o bar, enquanto que a mulher, para a minha alegria, tirou da bolsa um maço de cigarros, mas não encontrava o isqueiro. 
Agitada, começou a vasculhar a bolsa, mas eu, o localizando, dei meu comando e logo ela acendeu o seu cigarro.
Aspirei profundamente a fumaça, ainda quente de seus pulmões, relaxando com minha parceira da noite.
Após uns minutos, avistei duas jovens, que eram bem mais vantajosas. 
Elas se dirigiram ao banheiro e peguei carona, pois sabia que o melhor estava por vir.
Ciente de suas intenções, distraí as duas mulheres que estavam na porta, fazendo com que elas desistissem e voltassem para a pista. 
Fiquei de sentinela, enquanto uma delas colocava sobre a pia um estojo espelhado com pó, oferecendo à amiga. 
Tudo sob controle, as duas se revezaram, limparam os narizes, lavaram as mãos e saíram.
Ainda não estava satisfeito. 
Foi então que segui um casal nada discreto, indo em direção à ala reservada somente aos casais. 
Facilmente os induzi à prática sexual, aproveitando-me das energias genésicas e disputando com outros, que grudaram em seus órgãos sexuais como lobos sobre um pedaço de carne.
Estava quase satisfeito – já bebera, fumara, experimentara as sensações do sexo, mas me faltava um pouco mais de emoção.
Deixei a casa noturna e peguei carona com uma turma de homens que planejavam um jogo, com aposta alta.
Na casa havia tudo o que eu já consumira. 
Fiquei na bebida e de olho no jogo. 
Percebi, pela conversa, qual era o indivíduo mais vulnerável e decidi atormentá-lo. 
Até agora eu apenas usufruíra, mas estava na hora de mais emoção e à custa dos panacas.
Célio era o seu nome. Faltava pouco para se divorciar. 
A esposa estava farta de suas noitadas, bebedeiras e das dívidas que contraíra. 
Eu o achei o alvo perfeito. 
Ele havia pedido dinheiro emprestado a um amigo, prometendo dividir com ele o prêmio e se perdesse, lhe pagaria uma caixa de bebidas.
Eu fiz de tudo para que Célio ganhasse a aposta. 
Confundi a cabeça dos jogadores, fiz com que trocassem as cartas, enfim, tudo entre xingamentos e brigas. 
Por fim, deixei que os ânimos se acalmassem para que Célio voltasse para casa… outra hora acertaria o que devia ao amigo.
Queria vê-lo em cena com a esposa, que o esperava, sem dormir, com os nervos alterados.
Nem bem entrara e Joana iniciou a discussão, o culpando, como sempre, por suas aventuras. 
Célio quis tranquiliza-la mostrando o dinheiro sujo e fazendo novas promessas de que tudo melhoraria, mas a mulher estava intratável e eu, eu dei uma forcinha, é claro. 
Para resumir, finalmente Joana pediu o divórcio e o resto, ah, o resto é resto; o que importa é que dei muita risada!
Já era de manhã e minha próxima parada foi na padaria, sendo que, logicamente eu não poderia comer, mas me fartaria através dos comilões. 
Me juntei a uma família, que fazia seu desjejum – um casal e dois filhos, dois meninos. 
A mesa era farta e eu abrira-lhes ainda mais o apetite. 
Comeram e beberam até não poderem mais e eu, igualmente estava cheio, cheio daquela energia toda.
Àquela hora, as lojas já estavam se abrindo. 
Para encerrar o meu passeio fui ao Shopping. 
Não foi difícil de localizar alguma madame. 
Acompanhei uma mulher bem vestida e a fiz parar em frente a uma vitrine de sapatos e bolsas. 
Agucei o seu interesse, dando dicas de sapatos e bolsas mais caros, sugestionando sua mente a se recordar dos cartões de crédito que ainda poderia usar.
Eu me sentia muito bem. 
Fiz a dondoca usar e abusar dos cartões. 
Ela estava feliz e eu, mais ainda, pois me alimentava de sua compulsão e euforia.
Agora era hora de voltar ao Umbral. 
Estavam me chamando e já me dava por satisfeito.
– Ah se estes encarnados soubessem como e o quanto podem ser manipulados! 
Eles podem e eu, quem disse que eu não posso? 
Vou, mas chamarei para o próximo passeio meus parceiros, assim nos divertiremos todos juntos! 
Afinal, tem para todos!
Autoria: Sylvinha Gonçalves. 02.07.2015.

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