Mensagem de Clara Nunes:
Acordei num Barco cheio de Flores
Pelas mãos caridosas de Francisco Cândido Xavier, Clara Nunes rompeu o silêncio do túmulo e veio consolar os seus entes queridos narrando, com detalhes, os seus últimos momentos na Terra, assim como a sua chegada ao plano espiritual e, ainda, os seus planos para o futuro.
Clara Nunes, devido às suas músicas com base no afro-brasileiro, era uma sensível mística e a Umbanda enchia-lhe a alma, porém, alcançou Kardec, através de suas obras, bem como as psicografadas por Francisco Cândido Xavier, sendo que a leitura dos livros de André Luiz lhe emocionava que chegava às lágrimas.
Passemos à apreciação da página que, certamente, nos enriquecerá mais espiritualmente, agradecendo aos familiares de Clara por esta gentileza:
Mensagem:
“Querida Maria, eu pressentia que o encontro, através de notícias, seria primeiramente com você. Somente você teria suficiente disposição para viajar de Caetanópolis até aqui, no objetivo de atingir o nosso intercâmbio.
Descrever-lhe o que se passou comigo é impossível agora.
Aquela anestesia suave que me fazia sorrir se transformou numa outra espécie de repouso que me fazia dormir.
Sonhava com vocês todos e me via de regresso à infância.
Cantava. Era uma alegria que me situava num mundo fantástico.
Melodias e cores, lembranças e vozes se mesclavam e eu me perdia naquele êxtase desconhecido.
Não cuidava de mim. Lembrava-me dos que ficavam, mas ainda não sabia se a mudança seria definitiva.
Conte ao nosso querido Paulo a minha experiência.
Tantos dias no descanso, ignorando o que vinha a ser tudo aquilo que se me apresentava à imaginação, por fantasia que desconhecia como deslindar.
Peço a você solicitar ao Paulo me perdoe se lhes transmito as presentes notícias com a fidelidade possível.
Acordei num barco engalanado de flores, seguida de outras embarcações nas quais muitos irmãos entoavam hinos que me eram estranhos, hinos em que o amor por Iemanjá era a tônica de todas as palavras.
Os amigos que me seguiam falavam de libertação e vitória.
Muito pouco a pouco, me conscientizei e passei, da euforia ao pranto de saudade porque a memória despertara para a vida, na retaguarda e o nosso Paulo se fazia o centro de minhas recordações.
Queria-o ali naquela abordagem maravilhosa, pois os barcos se abeiravam de certa praia encantadoramente enfeitada de verde nas plantas bravas que a guarneciam.
Quando o barco que me conduzia ancorou suavemente, uma entidade de grande porte se dirigiu a mim com paternal bondade e me convidou a pisar na terra firme.
Ali estavam o meu pai Manoel e a nossa mãezinha Amélia.
Os abraços que nos assinalavam as lágrimas de alegria pareciam sem fim.
Era muita saudade acumulada no coração.
Ali, passei ao convívio de meus pais e os meus guardiões retornavam ao mar alto.
Retomei a nossa vida natural e em companhia de meu pai Manoel pude rever você e os irmãos todos, comovendo-me ao abraçar a nossa Valdemira que me pareceu um anjo preso ao corpo.
Querida irmã, não disponho das palavras exatas que me correspondam as emoções.
Peço a você reconfortar o nosso Paulo e dizer-lhe que não perdi o sonho de meu filhinho que nascesse na Terra de nossa união e de nosso amor.
O futuro é luz de Deus.
Quem sabe virá para nós uma vida renovada e diferente, na qual possamos realmente pertencer-nos para as mais lindas realizações?
Você diga ao meu poeta e meu beletrista querido que estou contente por vê-lo fortalecido e resistente, exceção feita aos copinhos que ele conhece e que estou vendo agora um tanto aumentados.
Desejo que ele saiba que o meu amor pelo esposo e noivo permanente que ele continua sendo para mim está brilhando em meu coração, em meu coração que continua cantando fora do outro coração que me prendia.
A cigarra, por vezes, canta com tanta persistência em louvor de Deus e da Natureza que se perde nas cordas que lhe coordenam a cantiga, caindo ao chão desencantada.
O meu coração da vida física não suportou a extensão das melodias que me faziam viver e, uma simples renovação para tratamento justo, me fez repousar nas maravilhas diferentes a que fui conduzida.
Espero que o nosso Paulo consiga ouvir-me nestas letras.
Agradeço a ele as atitudes dignas com que me acompanhou até o fim do corpo, tanto quanto agradeço a você e as nossas irmãs e irmãos o respeito com que me honraram a memória abstendo-se de reclamações indébitas junto aos médicos humanitários que se dispuseram a servir-nos.
Querida irmã, continuem com o nosso grupo em Caetanópolis, o irmão José Viana e o Dr. Borges estão conquistando valiosas experiências.
Muitas saudades e lembranças a todos os nossos e pra você um beijo fraternal com as muitas saudades de sua, Clara.”
(Mensagem psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, em 15-9-1984, Uberaba – MG)
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