sexta-feira, 17 de abril de 2015

FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO
10ª Aula - PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS - RETORNO A VIDA CORPORAL
Parte A - PRELÚDIO DO RETORNO - UNIÃO DA ALMA AO CORPO - IDÉIAS INATAS – ENCARNAÇÕES NOS DIFERENTES MUNDOS
Sabemos que o princípio da reencarnação não é novo, ele é sabido desde a mais alta antiguidade.
Os fatos espíritas, sendo uma lei da Natureza são de todos os tempos.
Equivocadamente, os antigos (filósofos indianos e egípcios) admitiam a reencarnação de Espíritos humanos retornando aos corpos de animais, ou seja, o fenômeno da Metempsicose, pensamento posteriormente corroborado pelo filósofo grego, Pitágoras.
A Doutrina Espírita, através dos Espíritos, rejeita de maneira mais absoluta esse pensamento, considerando que entre outros fatos, isso seria retroceder, e o Espírito não retrocede.
A reencarnação ensinada pelos Espíritos está fundada sobre a marcha ascensional da natureza e a progressão do homem em sua própria espécie.
Os Espíritos aos nos trazerem esclarecimentos sobre a pluralidade das existências corporais, renovam e elucidam uma doutrina existente desde as primeiras idades do mundo e que permanece ate nossos dias no pensamento inato de muitas pessoas.
Os Espíritos da Codificação nos mostram a reencarnação de forma racional em consonância com as leis progressistas da natureza, e mais próxima da sabedoria do Criador, portanto, sem superstições.
Aqueles que rejeitam a pluralidade das existências, como explicam as diferentes aptidões existentes em cada criatura humana?
Responderiam, talvez, que se as almas são desiguais, é porque Deus as fez assim.
Então, por que essa superioridade inata concedida a alguns?
Essa parcialidade, esse favorecimento estará de acordo com a justiça e com o amor de Deus dedica a todas as criaturas?
Joana de Angelis nos fala no livro “Estudos Espíritas”: ...”A reencarnação é a mais excelente demonstração da Justiça Divina, em relação aos infratores das Leis, na trajetória humana, facultando-lhes a oportunidade de ressarcirem numa os erros cometidos nas existências transatas”.
Prelúdio do Retorno.
Nas perguntas 330 a 343, de LE, encontramos os esclarecimentos que nos levam a ter uma visão sobre o preparo dos Espíritos para a reencarnação, constando as diferentes situações dos Espíritos na erraticidade com relação ao retorno a vida corporal:
Uns pressentem que o momento de reencarnar se aproxima, porém não sabe quando isso ocorrerá.
Outros permanecem alheios à necessidade da reencarnação, e nem a compreende Alguns podem antecipar sua volta ao corpo físico, solicitando-a em suas preces; pode também retardá-la, sofrendo
assim, as consequências do seu ato.
Mesmo quando felizes em uma condição mediana na Espiritualidade, nela não podem permanecer indefinidamente, pela necessidade de progresso.
De acordo com as experiências pelas quais o Espírito deva passar, é designado para ele corpo condizente.
Poderá, também, pedir um corpo com imperfeições que o ajudará no seu adiantamento, mas nem sempre é dele essa escolha.
Contudo, poderá recusar o corpo escolhido por ele, mas por isso, terá que sofrer mais do que aquele que não tentou nenhuma prova. (LE, 335a).
Há casos em que a união do Espírito a determinado corpo, poderá ser
imposto por Deus.
O instante da reencarnação é um momento solene para o Espírito, que em sua perturbação natural, sabe que vai voltar a este mundo, mas não sabe se será vencedor em suas provas.
O prelúdio da reencarnação é uma espécie de agonia para o Espírito.
No momento da reencarnação, dependendo da esfera que o Espírito habite, seus afetos o acompanharão, encorajando-o, e muitas vezes, até o seguem durante a sua vida corpórea.
A UNIÃO DA ALMA AO CORPO
Na fecundação o ovulo é considerado um elemento passivo, pois fica parado, é o espermatozóide que vai ate o óvulo utilizando o movimento de seu flagelo para se movimentar.
Quando o espermatozóide entra no óvulo, forma-se o zigoto que é a peça principal para a formação orgânica do novo organismo, pois seu corpo se formará a partir do zigoto.
Em que momento a alma se une ao corpo?
- A união começa na concepção, mas não se completa senão no momento do nascimento.
Desde o momento da concepção, o Espírito designado para tomar determinado corpo a ele se liga por um laço fluídico, que se vai encurtando cada vez mais, até o instante em que a criança vem à luz; o grito que então se escapa de seus lábios anuncia que a criança entrou para o número dos vivos e dos servos de Deus. (LE, 344)
O momento da concepção é aquele quando o espermatozóide (célula sexual masculina), após avançar em corrida frenética, encontra o óvulo (célula sexual feminina) e ao penetrá-lo, funde seus núcleos.
Após esse fenômeno, começa-se a divisão celular e o Espírito reencarnante inicia a sua ligação fluídica, molécula a molécula.
Uma vez ligado ao corpo, o Espírito nunca será substituído por outro naquele corpo.
O que pode acontecer é uma renúncia do espírito ao corpo, por sua fragilidade em enfrentar a prova iminente.
Nesse caso, a criança não vinga.
Se o corpo escolhido por um Espírito morrer antes do nascimento, esse Espírito escolherá outro, mas nem sempre de maneira imediata; o Espírito tem seu tempo para escolha.
Normalmente essas mortes ocorrem por fragilidade da matéria.
Esses casos de mortes, que podemos chamar como prematuras ocorrem mais como provas para os pais do que para o Espírito propriamente dito.
Uma vez da união ao corpo da criança, como “homem”, o Espírito pode sentir-se infeliz pela escolha e desejar ter outra vida.
Porém, o fator escolha não é considerado no momento, porque o Espírito não se lembra da escolha, mas pode recorrer ao suicídio, se achar a carga pesada demais.
No intervalo entre a concepção e o nascimento o Espírito não goza de todas as suas faculdades numa totalidade, pois ele ainda não está encarnado, apenas ligado ao corpo.
A partir do instante da concepção, o Espírito é tomado de perturbação, que o adverte de que lhe soou o momento de começar nova existência corpórea.
Essa perturbação cresce de continuo até ao nascimento.
Nesse intervalo, seu estado é quase idêntico ao de um Espírito
encarnado durante o sono.
À medida que, a hora do nascimento se aproxima, suas idéias se apagam, assim como a lembrança do passado, se apaga desde que entra na vida.
Essa lembrança, porém, lhe volta pouco a pouco, ao retomar ao estado de Espírito.
Esse estado de perturbação é maior no nascimento do que no desencarne.
Ao nascer o Espírito não recobra imediatamente a plenitude das suas faculdades.
Elas se desenvolvem gradualmente com os órgãos.
O Espírito se acha numa existência nova; preciso é que aprenda a servir-se dos instrumentos de que dispõe.
As idéias lhe voltam pouco a pouco, como a uma pessoa que desperta e se vê em situação diversa da que ocupava na véspera.
O feto em si, não tem uma alma uma vez que a encarnação está para ocorrer, mas ele está ligado a ela.
A vida intrauterina é como uma planta que vegeta.
O aborto pode dar consequências graves tanto para o Espírito como para os pais.
É considerado crime em qualquer época da gestação, perante aos olhos de Deus.
O aborto causa a interrupção de uma programação espiritual e faz com que o Espírito não se sinta amado e não entenda o que está acontecendo ou, por que ele foi rejeitado.
No caso de risco de vida da mãe, é preferível que a criança seja sacrificada, uma vez que a mãe já está encarnada.
Esse feto deve ser tratado com todo respeito que qualquer encarnado o teria após desencarne.
Em tudo tem a mão de Deus, e é necessário respeitarmos suas obras.
Quando uma criança, já no ventre da mãe, não tem possibilidades de viver a função dela, é como prova para os pais.
Existem também, o que poderíamos chamar, ou o que chamamos de crianças natimortas, essas crianças jamais tiveram um Espírito designado ao seu corpo.
Pode chegar ao tempo normal do nascimento, mas não efetiva a vida. Toda criança que sobrevive, tem necessariamente um Espírito encarnado.
Resumindo desde o início da vida, que se dá no momento da concepção, a responsabilidade é grande, pois já
temos um Espírito destinado a esse ser que se aproxima de nos através de um filho, e tem sua missão.
Idéias Inatas As idéias inatas são o resultado dos conhecimentos adquiridos nas existências anteriores, são idéias que se conservam
no estado de intuição, para servirem de base a aquisição de outras novas.
Encontramos uma série de casos de pessoas que nasceram em condições precárias e, no entanto, conquistaram destaques na ciência, na política, nas artes e em outros ramos do conhecimento humano.
Observamos também a existência de crianças precoces que, desde pequeninas, conseguem tocar instrumentos musicais, fazem cálculos com precisão, ou possuem conhecimentos que são compatíveis aos de um adulto.
Diante disso, questionamos:
Como se dão tais fatos, se não buscarmos a resposta na reencarnação?
Só através dela é que sentimos a Justiça do Criador, dando a todos a oportunidade de conquista da elevação espiritual.
Como Espírito encontra-se em constante evolução, acumula de encarnação em encarnação conhecimentos, habilidades e ao reencarnar num novo corpo mantém, de forma inata, o que conquistou em existências anteriores.
Na reencarnação há um esquecimento de nossa personalidade do passado, não nos permitindo saber, salvo em condições excepcionais, quem fomos ontem.
Os nossos conhecimentos adquiridos ficam adormecidos, porém não de maneira absoluta, porque senão a cada reencarnação teríamos que começar todo o aprendizado.
Ocorre, também, que numa existência desenvolvemos mais nosso potencial intelectual e em outra mais o lado moral.
A cada nova existência o Espírito tem como ponto de partida o que aprendeu na vida anterior, acrescido certamente do que desenvolveu quando se encontrava no Plano Espiritual.
Nada do que aprendemos se perde, tudo fica arquivado em nos; só vamos acumulando conhecimentos.
Encarnações nos Diferentes Mundos Encontramos na questão 132 do LE que o objetivo da encarnação é que cheguemos à perfeição.
Assim observamos que vivemos num mundo onde se encontram encarnados Espíritos dos mais diferentes graus, tanto intelectuais quanto moral.
Este mundo, como sabemos, é um mundo de provas e expiações, onde a dor supera a felicidade; o mal supera o bem e que para conquistarmos a perfeição a que estamos destinados, podemos entender que necessitamos de muitas encarnações que serão neste orbe, como em outros, de acordo com nossa condição intelecto-moral.
E por estar em constante evolução, o Espírito jamais retrograda, porém pode acontecer que não consiga acompanhar a evolução de um determinado orbe para reencarnar novamente nele, dessa forma terá, para seu próprio benefício, a oportunidade de encarnar numa nova morada.
Exemplificando: sabemos que a Terra só evoluirá para um planeta de regeneração, quando a sua destinação assim indicar e que então os Espíritos que nela reencarnarem terão atingido um grau mais elevado de inteligência e amor.
Assim sendo, os Espíritos que não conseguirem esta evolução, aqui certamente não reencarnarão.
Poderá também acontecer que um Espírito já voltado para bem, peça para encarnar em um planeta mais inferior a sua evolução como missão, para levar seus conhecimentos intelectuais e (ou) morais.
No LE, questões 180 a 183, temos:
Ao passar de um planeta para outro, o Espírito conservará a sua inteligência e todas as aquisições que obteve, porém pode não ter condições de manifestá-las, dependendo do corpo que escolher.
O estado físico e moral dos seres vivos não são sempre os mesmos em cada mundo, porque os mundos também estão determinados à lei do progresso e todos se iniciaram da mesma forma que a Terra.
Há mundos onde o Espírito deixa de revestir corpos materiais, e tem por envoltório o perispírito, que é tão etéreo que para nos é como se não existisse.
O perispírito modifica-se quando o Espírito encarna em outro mundo,
ou seja, ele se reveste na matéria própria desse mundo.
Portanto, “Nossas diferentes existências corporais não se passam só na Terra, mas nos diferentes mundos; a que passamos neste globo não é primeira, nem a última e é uma das mais materiais e das mais distanciadas da perfeição”. (LE, 172).
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos, questões 172 a 178, 218 a 221-a, 222, 330 a 360.
FRANCO, Divaldo - Joanna D’Angelis - Estudos Espíritas - item 8.
EMMANUEL, Francisco Cândido Xavier- Palavras de Emmanuel- item 41.
Parte B - CAUSAS ANTERIORES DAS AFLIÇÕES
“Mas se há males, nesta vida, de que o homem é a própria causa, há também outros que, pelo menos em aparência, são estranhos a sua vontade e parece golpeá-los por fatalidade.
Assim, por exemplo, a perda de entes queridos e dos que sustentam a família. Assim também os acidentes que nenhuma previdência pode evitar; os reveses da fortuna, que frustram todas as medidas de prudência; os flagelos naturais; e ainda as doenças de nascença, sobretudo aquelas que tiram aos infelizes a possibilidade de ganhar a vida pelo trabalho; as deformidades, a idiotia, e imbecilidade, etc.” (ESE, cap. V, item 6).
Aflição, segundo o Dicionário Houaiss:
1) estado daquele que está aflito
2) sentimento de persistente dor física ou moral; ânsia, agonia, angústia
3) profundo sofrimento
Quando o sofrimento nos visita, devemos fazer a reflexão das suas causas, visando estabelecer se são atuais ou anteriores a esta vida, mesmo tendo os esquecimentos do passado, fica-nos uma lembrança, uma intuição.
“Que todos que são atingidos no coração pelas vicissitudes e decepções da vida, interroguem friamente sua consciência; que remontem progressivamente a fonte dos males que os afligem, e verão se, o mais frequentemente, não podem dizer: Se eu tivesse feito tal coisa eu não estaria em tal situação”. (ESE, cap. V item 4).
Muitas vezes praticamos algum delito, mas conseguimos escapar das punições humanas por não haver provas suficientes, ou porque certas faltas não são puníveis nos códigos penais, ou porque a crueldade e a ingratidão foram praticadas dentro do lar, não havendo denúncia para gerar um processo.
Mas diante da Lei de Deus, nada passa sem resgate, desde a mais leve a mais grave das faltas; quem semeia, tem que colher.
“Os sofrimentos produzidos por causas anteriores são sempre como os decorrentes de causas atuais, uma consequência natural da própria falta cometida.
Quer dizer que, em virtude de uma rigorosa justiça distributiva, o homem
sofre aquilo que fez os outros sofrerem.
Se ele foi duro e desumano, poderá ser por sua vez, tratado com
dureza e desumanidade; se foi orgulhoso, poderá nascer numa condição humilhante; se foi avarento, ou se empregou mal a sua fortuna, poderá ver-se privado do necessário; se foi mau filho, poderá sofrer com os próprios filhos e assim por diante”. (ESE, cap. V item 7).
Não podemos esquecer que nem todos os sofrimentos pelos quais passamos, são consequências de faltas cometidas; pode tratar-se de provas escolhidas por nós quando do nosso planejamento reencarnatório, visando acabar nossa purificação e acelerar nosso adiantamento.
Disso podemos dizer que toda expiação serve como prova, mas nem toda prova é uma expiação.
Como diz Kardec no ESE, cap. V item 9:
“Mas provas e expiações são sempre sinais de uma inferioridade relativa, pois aquele que é perfeito não precisa de ser provado.
Um Espírito pode, portanto, ter conquistado um certo grau de elevação, mas querendo avançar mais, solicita uma missão, uma tarefa, pela qual será tanto mais recompensado, se sair vitorioso, quanto mais penosa tiver sido a luta“.
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. V itens 6 a 10.

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