''UM SUICIDA:''
- Ajudem-me, por favor!
Ajudem-me! Está aí alguém?
- Estou eu. Que queres?
- Que me ajudem a apanhar o meu corpo! Está todo em bocadinhos!
- Sofreste algum desastre?
- Pior, bem pior: atirei-me para a linha do comboio, mas logo depois
arrependi-me! Tenho que apanhar os bocados para reconstituir o meu
corpo!
- E o que te levou a atirares para a frente do comboio?
- A vida… as desilusões… o cansaço… a doença… Nem eu mesmo
sei, afinal! Sempre vivi assim, porque não continuar?
- Mas quando chegaste a essa conclusão já foi demasiado tarde…
- Por isso quero reparar!
- Acreditas em Deus?
- Acredito… mas um instante de loucura todos podem ter!
- Sabes que a tua atitude foi muito grave… Da lei de Deus faz parte o
‘Não matarás’, e essas palavras abrangem a própria vida que Deus nos
concedeu!
- Mas se eu conseguir apanhar já todos os pedaços do meu corpo, Ele
perdoa-me, não te parece?
- Meu irmão, vamos ser racionais: alguma vez leste ou soubeste de
algum caso como o teu, em que a vitima se tenha recomposto?
- Então… eu morri mesmo?!
- O teu corpo, sim, mas tu, ser eterno criado por Deus, continuas a
viver.
- E agora? Vou ser julgado? Vou ser condenado?
- Queres castigo maior que esse de estares há tanto tempo a tentares
socorrer o que restou do teu corpo?
- Há muito tempo, sim, embora por vezes me pareça que foi mesmo
agora que o comboio me apanhou!
- Queres saber ao certo? Que dia pensas ser hoje?
- O ano eu lembro-me: 1972… Acho que estamos em Outubro… mas o
dia…
- Já passou muito tempo, meu querido. Na Terra, hoje, estamos no ano
de 2006: Julho de 2006! Há 34 anos que estás a tentar o impossível!
- Que grande castigo!
- Um castigo que impuseste a ti próprio, porque Deus não castiga…
Ele é um Pai de Amor maravilhoso que dá a cada um de nós as
oportunidades de que necessitemos para repararmos os erros cometidos.
Confia!
- Então… e agora?
- Deixa-te adormecer. Estão aqui mensageiros de Deus que te levarão
para um hospital das almas… Serás lá melhor socorrido e aconselhado…
Mas vai orando sempre, pedindo ao Senhor que perdoe o teu acto tão
tresloucado, de que, afinal, foste tu próprio a maior vitima!... E não penses
mais no teu corpo: o pensamento é criador e de cada vez que recordares o
teu gesto voltas a sentir e a sofrer da mesma maneira!
- E foi isso que aconteceu este tempo todo, não foi?
- Foi… Agora tenta dormir, para que quando despertes estejas mais
recomposto… Pensa em Deus e em perdão, para te tranquilizares…
Dorme… dorme…
A entidade adormece e é retirada.
Entretanto, aqui fica-nos uma dúvida: ela ter-se-ia mesmo suicidado e
o seu corpo teria ficado estraçalhado como o afirmou? Então, como é que
se podia manifestar assim? Nas leituras que temos feito sobre os suicidas,
qualquer um deles fica com o perispírito afetado pelo ato tresloucado.
Esta entidade, depois dos 34 anos que decorreram teria o equilíbrio
necessário para se manifestar como o fez? Estaria descrevendo um outro
caso, de que teria participado? Seria animismo, do médium?
O importante era esclarecer e foi o que fizemos, mas a dúvida subsiste
ainda e não a conseguimos esclarecer.
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