sábado, 5 de março de 2016

                ''UM SUICIDA:''

- Ajudem-me, por favor! 
Ajudem-me! Está aí alguém?
- Estou eu. Que queres?
- Que me ajudem a apanhar o meu corpo! Está todo em bocadinhos!
- Sofreste algum desastre?
- Pior, bem pior: atirei-me para a linha do comboio, mas logo depois 
arrependi-me! Tenho que apanhar os bocados para reconstituir o meu 
corpo!
- E o que te levou a atirares para a frente do comboio? 
- A vida… as desilusões… o cansaço… a doença… Nem eu mesmo 
sei, afinal! Sempre vivi assim, porque não continuar?
- Mas quando chegaste a essa conclusão já foi demasiado tarde…
- Por isso quero reparar!
- Acreditas em Deus?
- Acredito… mas um instante de loucura todos podem ter!
- Sabes que a tua atitude foi muito grave… Da lei de Deus faz parte o 
‘Não matarás’, e essas palavras abrangem a própria vida que Deus nos 
concedeu!
- Mas se eu conseguir apanhar já todos os pedaços do meu corpo, Ele 
perdoa-me, não te parece?
- Meu irmão, vamos ser racionais: alguma vez leste ou soubeste de 
algum caso como o teu, em que a vitima se tenha recomposto? 
- Então… eu morri mesmo?!
- O teu corpo, sim, mas tu, ser eterno criado por Deus, continuas a 
viver.
- E agora? Vou ser julgado? Vou ser condenado?
- Queres castigo maior que esse de estares há tanto tempo a tentares 
socorrer o que restou do teu corpo?
- Há muito tempo, sim, embora por vezes me pareça que foi mesmo 
agora que o comboio me apanhou!
- Queres saber ao certo? Que dia pensas ser hoje?
- O ano eu lembro-me: 1972… Acho que estamos em Outubro… mas o 
dia…
- Já passou muito tempo, meu querido. Na Terra, hoje, estamos no ano 
de 2006: Julho de 2006! Há 34 anos que estás a tentar o impossível! 
- Que grande castigo!
- Um castigo que impuseste a ti próprio, porque Deus não castiga… 
Ele é um Pai de Amor maravilhoso que dá a cada um de nós as 
oportunidades de que necessitemos para repararmos os erros cometidos.
Confia!
- Então… e agora?
- Deixa-te adormecer. Estão aqui mensageiros de Deus que te levarão 
para um hospital das almas… Serás lá melhor socorrido e aconselhado…
Mas vai orando sempre, pedindo ao Senhor que perdoe o teu acto tão 
tresloucado, de que, afinal, foste tu próprio a maior vitima!... E não penses 
mais no teu corpo: o pensamento é criador e de cada vez que recordares o 
teu gesto voltas a sentir e a sofrer da mesma maneira!
- E foi isso que aconteceu este tempo todo, não foi?
- Foi… Agora tenta dormir, para que quando despertes estejas mais 
recomposto… Pensa em Deus e em perdão, para te tranquilizares… 
Dorme… dorme… 
A entidade adormece e é retirada.
Entretanto, aqui fica-nos uma dúvida: ela ter-se-ia mesmo suicidado e 
o seu corpo teria ficado estraçalhado como o afirmou? Então, como é que
se podia manifestar assim? Nas leituras que temos feito sobre os suicidas, 
qualquer um deles fica com o perispírito afetado pelo ato tresloucado. 
Esta entidade, depois dos 34 anos que decorreram teria o equilíbrio 
necessário para se manifestar como o fez? Estaria descrevendo um outro
caso, de que teria participado? Seria animismo, do médium?
O importante era esclarecer e foi o que fizemos, mas a dúvida subsiste 
ainda e não a conseguimos esclarecer.

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