domingo, 21 de fevereiro de 2016

Evangelho no lar – uma analise a luz da doutrina espírita.

Ao se  falar em evangelho no lar devemos esclarecer o que é “evangelho”, o qual podemos sintetizar que  significa "boa mensagem", "boa notícia" ou "boas-novas", derivando da palavra grega ευαγγέλιον, euangelion (eu, bom, -angelion, mensagem).
A palavra grega "euangelion" deu também origem ao termo "evangelista" para a língua portuguesa. Pode-se definir também  como um gênero de literatura do cristianismo primitivo que contam a vida de Jesus, a fim de preservar seus ensinamentos ou revelar aspectos da natureza de Deus; de forma literal.
           A pratica do “Evangelho no lar” é utilizada desde a Época de Cristo, onde a iniciou nas  praças públicas e avançou da casas dos “cristãos”.
“O culto do Evangelho no lar não é uma inovação. É uma necessidade em toda parte, onde o cristianismo lança raízes de aperfeiçoamento e  sublimação.  A Boa Nova seguiu da manjedoura para as praças públicas e avançou  da casa humilde de Simão Pedro para a glorificação de Pentecostes.  A palavra do Senhor soou, primeiramente, sob o tato simples de  Nazaré e, certo, se fará ouvir, de novo, por nosso intermédio, antes  de tudo, no circulo dos nossos familiares e afeiçoados, com os quais  devemos atender as obrigações que nos competem no tempo. Quando o ensinamento do Mestre vibra entre as quatro paredes de um templo doméstico, os pequeninos sacrifícios tecem a felicidade comum”[1] (XAVIER/ EMMANUEL .p.51. 1999)[i]
Assim o evangelho no lar é uma reunião dos integrantes da família (e vizinhos ou pessoas afins), onde se estuda os ensinamentos de Jesus, no espiritismo baseamo-nos  no “Evangelho Segundo o Espiritismo”[2]. Sua prática norteia-nos a reflexões sobre nossa conduta diária e a adequação de nossos atos dentro dos princípios cristãos, sob esta ótica  podemos afirmar que , efetua  uma higienização do períspirito[3]  e   da Psicosfera[4]  do lar.
A obra literária “O Evangelho Segundo o Espiritismo” aborda os Evangelhos canônicos[5] sob o prisma da Doutrina Espírita, enfatizando a aplicação dos princípios da moral cristã e de questões de ordem religiosa como a da prece e da caridade.
Pode-se questionar como Allan Kardec[6], conhecido por seu ceticismo e pensamento racional e após codificar o “Livro dos espíritos”[7] afirmava  que o espiritismo não é uma religião,  todavia aparentemente se contra diz lançando  a obra “Evangelho Segundo o Espiritismo”; dando de certa forma um “teor” religioso à Doutrina Espírita.
No “O Evangelho Segundo o Espiritismo” traduzido por  J. Herculano Pires[8]  no capitulo “Explicação”  nos informa que  o livro  foi elaborado  através comunicação   dos “guias”  para Kardec no dia nove de agosto de 1.863. :
"Esse livro de doutrina terá influência considerável, porque explana questões de interesse capital. Não somente o mundo religioso encontrará nele as máximas de que necessita, como as nações, em sua vida prática, dele haurirão instruções excelentes. Fizeste bem ao enfrentar as questões de elevada moral prática, do ponto de vista dos interesses gerais, dos interesses sociais e dos interesses religiosos.  Na mesma pagina Herculano Pires   repete as informações contidas na obra “Obras póstumas”  informando sobre  a comunicação posterior, ocorrida em  14 de setembro de 1863,  a qual os Guias  declaravam à  Kardec: “Nossa ação, principalmente a do Espírito da Verdade, é constante ao teu redor, e de tal maneira, que não a podes negar. Assim não entrarei em detalhes desnecessários, sobre o plano da tua obra, que, segundo os meus conselhos ocultos, modificaste tão ampla e completamente”. Logo adiante acentuavam: “Com esta obra, o edifício começa a libertar-se dos andaimes, e já podemos ver-lhe a cúpula a desenhar-se no horizonte.[...]” (PIRES  P. 6. 2003)[ii]
Conforme Herculano Pires reproduzindo as afirmações de Kardec em “Obras Póstumas”, O livro seria  publicado, inicialmente, com o título de “Imitação do Evangelho.” Kardec explica: “Mais tarde, por força das observações reiteradas do Sr. Didier[9] e de outras pessoas, mudei-o para Evangelho Segundo o Espiritismo” . (PIRES. P. 6. 2003)
Kardec em “Obras póstumas” complementa: “Esse livro das doutrinas terá uma influência considerável; nele abordas questões capitais, e não só o mundo religioso nele encontrará as máximas que lhe são necessárias, mas a vida prática das nações nele haurirão excelentes instruções. Fizeste bem em abordar questões de alta moral prática do ponto de vista dos interesses gerais, dos interesses sociais e dos interesses religiosos. A dúvida deve ser destruída; a Terra e as suas populações civilizadas estão preparadas; já faz bastante tempo que os teus amigos de além-túmulo a desbravaram; lança, pois, a semente que te confiamos, porque é tempo de que a Terra gravite na ordem irradiante das esferas, e que saia, enfim, da penumbra e dos nevoeiros intelectuais. Acaba a tua obra, e contem com a proteção de teu guia, nosso guia de todos, e com o concurso devotado de teus mais fiéis Espíritos, no número dos quais queira muito sempre me contar.”( KARDEC. P.371[10].2000)[iii]
Para se entender o Evangelho Segundo o Espiritismo, temos de  ler as demais obras e seus complexos contextos, assim , sob essa ótica citamos Emmanuel no livro Doutrina de Luz [iv]“ninguém poderá afirmar que Kardec fosse o autor do Espiritismo. Este é de todos os tempos e situações da humanidade. Entretanto, é ele o missionário da renovação cristã”(XAVIER  p. 61. 1990:).
O Evangelho do lar efetuado com a obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo” diferencia-se notadamente das outras religiões devido ao seu conteúdo esclarecedor e as preces que nele contem. Nesse livro Kardec sabiamente nos norteia com oração para inicio e fim da reunião, e nos ensina a analisar as questões sociais através das preces direcionadas a cada situação de vida.
“[...] Os homens correm atrás dos bens terrenos, como se os pudessem guardar para sempre. Mas aqui  não  há ilusões, e logo  eles  se  apercebem  de  que  conquistaram  apenas  sombras, desprezando os únicos bens sólidos e duráveis, os únicos que  lhes aproveitariam  na morada celeste, e que lhes podiam abrir as portas dessa morada. Tende piedade dos que não ganharam o reino dos céus. Ajudai-os com as vossas preces, porque a prece aproxima o homem do Altíssimo, é o traço de união entre o céu e a terra. Não o esqueçais!” [11] (KARDEC.  P. 32.  2003)
 Allan Kardec, no cap. XXVII da obra  “A prece conforme o evangelho segundo o espiritismo” destaca a importância da prece no  do Evangelho no Lar:
“O Espiritismo faz compreender a ação da prece, explicando o processo da transmissão do pensamento, quer o ser por quem se ora venha ao nosso chamado, quer o nosso pensamento chegue até ele. Para compreender o que se passa nessa circunstância, convém imaginar que todos os seres, encarnados e desencarnados, se acham mergulhados no mesmo fluido universal que enche o Espaço, tal qual o estamos, neste planeta, na atmosfera. Aquele fluido recebe uma impulsão da vontade. É o veículo do pensamento, tal qual o ar é o veículo do som, com a diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, ao passo que as do fluido universal se estendem ao infinito.” (KARDEC.  P.51.1969) [v]
Na obra Psicografada por Allan Kardec (espírito) através do médium Frederico Júnior[12] em 1889, na Sociedade espírita “Fraternidade” [13]   mostra-nos a necessidade da leitura apurada e da dialética  dentro do evangelho do lar :
“Se o Evangelho não se tornar realmente em vossos espíritos um broquel, quem vos poderá socorrer, uma vez que a Revelação tende a absorver todas as consciências, emancipando o vosso século? Se o Evangelho nas vossas mãos apenas tem a serventia dos livros profanos, que deleitam a alma e encantam o pensamento, quem vos poderá socorrer no momento dessa revolução planetária que já se faz sentir, que dará o domínio da Terra aos bons, preparados para o seu desenvolvimento, que ocasionará a transmigração dos obcecados e endurecidos para o mundo que lhes for próprio? [...]Permita Deus que os espíritas a quem falo, que os homens a quem foi dada a graça de conhecer em espírito e verdade a Doutrina do Cristo, tenham a boa-vontade de me compreender — a boa-vontade de ver nas minhas palavras unicamente o interesse do amor que lhes consagro   (JUNIOR/KARDEC . 1889).
Concluímos esse artigo com a frase de Humberto Campos (espírito) na obra de Francisco Xavier: “Brasil Coração do Mundo, Pátria do evangelho”[vi]:
“Nessa abençoada tarefa de espiritualização, o Brasil caminha na  vanguarda. O material a empregar nesse serviço não vem das fontes de  produção originariamente terrena e sim do plano invisível, onde se elaboram  todos os ascendentes construtores da Pátria do Evangelho.”[14] (XAVIER/CAMPOS. P.8.2011)

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