O Espírito

Rompeu-se a grade.
Pássaro livre plana, plana...
No solo profundo,
Partiu-se o grilhão de pedra,
A fonte corre, corre...
O livro continha letras enfileiradas,
Corrente encarcerando a ideia.
Mas a ideia era chama e fugiu...
Cântico que persistes nas lonjuras do céu,
Onde a garganta que te soltou a melodia das masmorras de sombra
Para a festa dos sóis?
Perfume que vagas, aéreo,
Onde a flor que te vazou a essência da terra limitada
Para o espaço infinito?
Quem és, luz que esgarçaste a bruma de todas as prisões?
Ave, regato, pensamento, som, aroma,
Tudo que voa no sem fim,
Alga consciente e imóvel, no oceano do tempo,
Sou eu,
O Espírito que transcende os estágios da carne e as máscaras da morte,
Para ser um triunfo
O pólen do Universo!

Espírito: Caetano Pero Neto
Médium: Francisco Cândido Xavier
Livro: Antologia dos Imortais