''Os Anjos da Guarda Segundo André Luiz''
Os Espíritos tutelares encontram-se em todas as esferas.
Os anjos da sublime vigilância, analisados em sua excelsitude divina,
seguem-nos a
longa estrada evolutiva.
Desvelam-se por nós, dentro das Leis que nos regem, todavia, não
podemos esquecer que nos movimentamos todos em círculos
multidimensionais.
A cadeia de ascensão do espírito vai da intimidade do abismo à suprema
glória celeste.
Será justo lembrar que estamos plasmando nossa individualidade
imperecível no espaço e no tempo, ao preço de continuadas e difíceis
experiências.
A idéia de um ente divinizado e perfeito, invariavelmente ao nosso lado,
ao dispor de nossos caprichos ou ao sabor de nossas dívidas, não
concorda com a Justiça.
Que governo terrestre destacaria um de seus ministros mais sábios e
especializados na garantia do bem de todos para colar-se,
indefinidamente, ao destino de um só homem, quase sempre renitente cultor de complicados enigmas e necessitado, por isso mesmo, das mais severas lições da vida?
Porque haveria de obrigar-se um arcanjo a descer da Luz Eterna para
seguir, passo a passo, um homem deliberadamente egoísta ou
preguiçoso?
Tudo exige lógica, bom-senso.
Anjo, segundo a acepção justa do termo, é mensageiro.
Ora, há mensageiros de todas as condições e de todas as procedências e,
por isso, a antigüidade sempre admitiu a existência de anjos bons e
anjos maus.
Anjo de guarda, desde as concepções religiosas mais antigas, é uma
expressão que define o Espírito celeste que vigia a criatura em nome de
Deus ou pessoa que se devota infinitamente a outra, ajudando-a e
defendendo-a.
Em qualquer região, convivem conosco os Espíritos familiares de nossa
vida e de nossa luta.
Dos seres mais embrutecidos aos mais sublimados, temos a corrente de
amor, cujos elos podemos simbolizar nas almas que se querem ou que se
afinam umas com as outras, dentro da infinita gradação do progresso.
A família espiritual é uma constelação de Inteligências, cujos membros
estão na Terra e nos Céus.
Aquele que já pode ver mais um pouco auxilia a visão daquele que ainda
se encontra em luta por desvencilhar-se da própria cegueira.
Todos nós, por mais baixo nos revelemos na escala da evolução,
possuímos, não longe de nós, alguém que nos ama a impelir-nos para a
elevação.
Isso podemos verificar nos círculos da matéria mais densa.
Temos constantemente corações que nos devotam estima e se
consagram ao nosso bem.
De todas as afeições terrestres, salientemos, para exemplificar, a
devoção das mães.
O espírito maternal é uma espécie de anjo ou mensageiro, embora muita
vez circunscrito ao cárcere de férreo egoísmo, na custódia dos filhos.
Além das mães, cujo amor padece muitas deficiências, quando
confrontado com os princípios essenciais da fraternidade e da justiça,
temos
afetos e simpatias dos mais envolventes, capazes dos mais altos
sacrifícios por nós, não obstante condicionados a objetivos por vezes
egoísticos.
Não podemos olvidar, porém, que o admirável altruísmo de amanhã
começa na afetividade estreita de hoje, como a árvore parte do embrião.
Todas as criaturas, individualmente, contam com louváveis devotamentos
de entidades afins que se lhes afeiçoam.
A orfandade real não existe.
Em nome do Amor, todas as almas recebem assistência onde quer que se
encontrem.
Irmãos mais velhos ajudam os mais novos.
Mestres inspiram discípulos.
Pais socorrem os filhos.
Amigos ligam-se a amigos.
Companheiros auxiliam companheiros.
Isso ocorre em todos os planos da Natureza e, fatalmente, na Terra, entre
os que ainda vivem na carne e os que já atravessaram o escuro
passadiço da morte.
Os gregos sabiam disso e recorriam aos seus gênios invisíveis.
Os romanos compreendiam essa verdade e cultuavam os numes
domésticos.
O gênio guardião será sempre um Espírito benfazejo para o protegido,
mas é imperioso anotar que os laços afetivos, em torno de nós, ainda se
encontram em marcha ascendente para mais altos níveis da vida.
Com toda a veneração que lhes devemos, importa reconhecer, nos
Espíritos familiares que nos protegem, grandes e respeitáveis heróis do
bem, mas ainda singularmente distanciados da angelitude eterna.
Naturalmente, avançam em linhas enobrecidas, em planos elevados,
todavia, ainda sentem inclinações e paixões particulares, no rumo da
universalização de sentimentos.
Por esse motivo, com muita propriedade, nas diversas escolas religiosas,
escutamos a intuição popular asseverando: - “nossos anjos de guarda
não combinam entre si”, ou, ainda, “façamos uma oração aos anjos de
guarda”, reconhecendo-se, instintivamente, que os gênios familiares de
nossa intimidade ainda se encontram no campo de afinidades específicas,
e precisam, por vezes, de apelos à natureza superior para atenderem a
esse ou àquele gênero de serviço.
Texto retirado do livro “Entre a Terra e o Céu” (André Luiz / Chico Xavier) – Cap. 33 (Aprendizado
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