''Deve-se Expor a Vida por um Malfeitor?''
''Acha-se em perigo de morte um homem; para o salvar tem um outro que expor a vida.''
''Sabe-se, porém, que aquele é um malfeitor e que, se escapar, poderá cometer novos crimes.''
''Deve, não obstante, o segundo arriscar-se para o salvar?''
''Questão muito grave é esta e que naturalmente se pode apresentar ao espírito.''
''Responderei, na conformidade do meu adiantamento moral, pois o de que se trata é de saber se se deve expor a vida, mesmo por um malfeitor.''
''O devotamento é cego; socorre-se um inimigo; deve-se, portanto, socorrer o inimigo da sociedade, a um malfeitor, em suma.''
''Julgais que será somente à morte que, em tal caso, se corre a arrancar o desgraçado?''
''E, talvez, a toda a sua vida passada. Imaginai, com efeito, que, nos rápidos instantes que lhe arrebatam os derradeiros alentos de vida, o homem perdido volve ao seu passado, ou que, antes, este se ergue diante dele.''
''A morte, quiçá, lhe chega cedo demais; a reencarnação poderá vir a ser-lhe terrível.''
''Lançai-vos, então, ó homens; lançai-vos todos vós a quem a ciência espírita esclareceu; lançai-vos, arrancai-o à sua condenação e, talvez, esse homem, que teria morrido a blasfemar, se atirará nos vossos braços.''
''Todavia, não tendes que indagar se o fará, ou não; socorrei-o, porquanto, salvando-o, obedeceis a essa voz do coração, que vos diz:''
"Podes salvá-lo, salva-o!" - Lamennais. (Paris, 1862.)''
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. Capítulo 11. Livro eletrônico gratuito em http://www.febnet.org.br.
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