sábado, 4 de abril de 2015

''A TRANSIÇÃO PLANETÁRIA E A TRANSIÇÃO SENTIMENTAL'' -                               (por André Sobreiro)

   Estudando o 3º capítulo da majestosa obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, descobrimos que o planeta em que vivemos é um mundo de expiação e provas e, segundo Santo Agostinho (nas chamadas “Instruções dos Espíritos” do mesmo capítulo), estaríamos em transição (adaptação) para a categoria dos mundos regeneradores. Há ainda outras três categorias de orbes habitados, a saber:

- Mundos primitivos
- Mundos felizes (ou ditosos)
- Mundos celestes (ou divinos)

   Explicando o termo já citado, a transição pela qual estamos passando é a fase de adaptação na qual o planeta se prepara para o novo estágio evolutivo que se aproxima.

   Nosso objetivo, porém, é abordar as transições sentimentais, pelas quais possivelmente estejamos passando.

   Visando o aprofundamento da nossa reflexão, lembremo-nos das palavras do Amigo Sublime... 
Nas notas do evangelista Mateus (capítulo VI, versículo 21) Jesus nos diz:

   - Pois onde estiver o teu tesouro, ali estará também o teu coração.

   Somando as informações citadas até agora, perguntamos: onde está o nosso coração? 
Em qual das cinco categorias de mundos habitados estamos, em termos sentimentais?

   Criaturas há, em nosso planeta, cujo coração ainda se encontra “ancorado” aos mundos primitivos. 
Esses irmãos ainda almejam a vingança quando ofendidos, planejam assassinatos, guerras que diziam milhares (e até milhões...) de vidas, buscam fortunas... 
Mesmo que, em consequência, milhares de pessoas nada tenham em sua mesa. 
Em todas as situações, visam sempre o melhor para si, mesmo que a maioria perca com as suas decisões.

   Seria essa a nossa atual situação sentimental?

   Também há criaturas em nosso planeta cujo mundo sentimental parece mais maleável, são mais sensíveis aos revezes, aos padecimentos morais... Já conseguem sentir a dor das pessoas (embora nem sempre se compadeçam das mesmas), lhes pesa muito os momentos de dificuldade. 

Segundo Santo Agostinho (mesma obra, mesmo capítulo), são os espíritos em expiação, caídos do sistema de Capela muitos milênios antes da encarnação de Jesus.

   Estaríamos nesse estágio sentimental?

   Existem irmãos nossos na Terra que já passaram, há muito tempo, por essa fase expiatória de seus sentimentos. Já se encontram em marcha para o aprendizado do amor, já pensam de forma coletiva, e antes no próximo do que em si mesmos. 

Já nem cogitam mais a vingança e, se não conseguem retribuir a ofensa recebida com um ato de amor, oferecem ao verdugo uma singela mas sincera prece.

   Esses espíritos têm seus sentimentos já nos mundos regeneradores, não obstante esteja o planeta Terra na transição para essa categoria de mundos.

   Reflitamos... 
Se o planeta está em transição, haveria espíritos cujos sentimentos reflitam esse momento de adaptação? Existem sentimentos transitórios?

   Sim! E chamam-se conflitos!

   Por exemplo, o conflito entre o que fazemos e o que deveríamos fazer.

   O apóstolo Paulo, em sua epístola aos Efésios (IV, 22 a 24), nos fala sobre a simbologia do homem novo e do homem velho. Pois esses dois personagens estão lutando em nosso mundo íntimo, gerando o conflito. 

O homem novo (espírito evangelizado, renovado) querendo nascer, e o homem velho (instintivo, grosseiro, imoral) que não quer morrer. 
Inegavelmente, em um grande número de vezes, esse conflito íntimo gera traumas e culpas que demandam grandes somas de tempo para o seu tratamento.

   Também não podemos esquecer o versículo 18 do 7º capítulo da carta de Paulo aos Romanos, que reflete esse conflito:

   - Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço.
   Para ilustrar os irmãos cujos sentimentos parecem já estar nos mundos felizes (ditosos), citaremos alguns exemplos de trabalhadores do Cristo, de abnegação extrema:

   - Joanna de Ângelis
   - Bezerra de Menezes
   - Paulo de Tarso
   - Emmanuel, etc.

   Essas criaturas pouco (ou nada) têm de materialidade em seu perispírito, não mais necessitando das encarnações dolorosas para a sua remissão.

   Alcançaram altos postos de trabalho na seara de Jesus, por méritos próprios. 

E esse mérito consiste do imenso amor que os mesmos têm por seus irmãos em sofrimento. 

Pagam sempre o mal com o bem, não tendo inimigos diretos. Seus desafetos são os irmãos menores que não simpatizam com o Evangelho.

   Coordenam imensas equipes de trabalho, cujas responsabilidades partem sempre da experiência de seu líder. Os mais conhecidos exemplos são:

   - Emmanuel e sua equipe de evangelizadores
   - Dr. Bezerra e sua equipe médica, etc.

   E o Cristo (ou os Cristos)? 
Em que categoria de mundos se encaixam os sentimentos de um Cristo?

   O amor do Cristo pelo seu rebanho não tem comparação ou analogia! 
Não há categoria de orbe habitado que se possa comparar com os sentimentos que Jesus nutre por nós. 
E essa falta de analogia foi citada pelo próprio Cristo (João, XVIII: 36):

   - O meu reino não é desse mundo.

   E esse amor é o fator que estimula o progresso, tanto dos mundos, quanto dos seus habitantes.

   Foi o amor que fez com que passássemos da fase primitiva para a fase expiatória dos nossos sentimentos. 
É esse mesmo sentimento, que em essência emana do próprio Deus, que nos está pondo em conflito, possibilitando a nossa regeneração sentimental. 
E é ele (o amor) que nos levará à sublimação sentimental, tão necessária nas fases mais agudas do nosso progresso.
André Luiz Iesi Sobreiro é professor de ensino fundamental, dirigente espírita e expositor. Frequenta o Centro Espírita "Portal de Luz", em Severínia.

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