terça-feira, 31 de março de 2015

                        ''Laço de Luz''


''As provas na Terra apresentam sempre o lado de luz de que são mensageiras.'' Entretanto, para observá-lo, urge reconhecer os sinônimos espirituais de que essas mesmas provas se revestem, como sejam:''

''encargo difícil - privilégio;
''dever cumprido -senda libertadora;
''rotina - conquista de competência;
''solidão - tempo de pensar;
''contratempo - aviso benéfico;
''contrariedades no cotidiano - treino de paciência;
''tribulação de improviso - socorro específico;
''moléstia súbita - apoio de emergência;
'lesão congênita - corrigenda no espírito;
adversários - fiscais proveitosos;
crítica - apelo a burilamento;
censura - convite a reajuste;
ofensa - invocação à tolerância;
menosprezo - teste de amor;
tentação - curso de resistência;
fracasso - necessidade de revisão;
lar em discórdia - área de resgate;
parente complexo - dívida em cobrança;
obstáculo social - ensino de humildade;
deserção de afetos - renovação compulsória;
golpes - aulas para discernimento;
desilusão - visita da verdade;
prejuízo - identificação de pessoas;
decepções - informes claros;
renúncia - rumo certo;
crise - aferição de valor;
sacrifício - crescimento espiritual;

''Meditemos na significação oculta dos problemas com que somos defrontados no mundo e saibamos aproveitar, enquanto no Plano Físico, a nossa abençoada escola de elevação.''

''A SABEDORIA É O CAMINHO, O AMOR E FRATERNIDADE É A LUZ.''
''A FÉ REMOVE MONTANHAS.''
 ''Espírito-Emmanuel-Psicografia-Francisco Cândido Xavier''
 
JAIRROBERTOFERREIRA.BLOGSPOT.COM  /  JAIR.ROGE.BLOG.UOL.COM.BR

''Serviço de Caridade''


Calemo-nos diante da ofensa.

Auxiliemos aos companheiros de experiência, quanto se nos faça possível.

Abstenhamo-nos de maldizer, onde não possamos auxiliar.

Evitemos ressentimento ou azedume, quando o mal nos alveje.

Busquemos a conciliação fraterna, amparando, ainda mesmo de longe, aqueles que nos firam.

Desculpemos quantas vezes se fizerem necessárias, cada dia, exercitando-nos na prática do verdadeiro perdão.

Olvidemos os caprichos do “eu” que tantas vezes nos escravizam a escuras ilusões.

Aprendamos com a vida, para sermos mais úteis.

Multipliquemos as bênçãos do serviço, no campo das horas, conscientes de que o tempo é um empréstimo inestimável da Providência Divina.

Assim procedendo, estejamos certos de que cultivaremos a caridade para com o próximo e para conosco, de vez que, corrigindo em nós aquilo que nos aborrece nos outros, seguiremos, dia a dia, nos passos de Jesus, em nosso esforço de ascensão.

Emmanuel
In: ‘Recados da vida’ - Francisco Cândido Xavier

                  ''A Mediunidade e a Obsessão''                       (Parte 2/2)



A obsessão, como dissemos, é um dos maiores escolhos da mediunidade. 
É também um dos mais frequentes. 
Assim, nunca serão demais as providências para combatê-la. 
Mesmo porque, além dos prejuízos pessoais que dela resultam, constitui um obstáculo absoluto à pureza e à veracidade das comunicações. 
A obsessão, em qualquer dos seus graus, sendo sempre o resultado de um constrangimento, e não podendo jamais esse constrangimento ser exercido por um Espírito bom, segue-se que toda comunicação dada por um médium obsedado é de origem suspeita e não merece nenhuma confiança. 
Se, por vezes, se encontrar nela algo de bom, é necessário restringir-se a isso e rejeitar tudo o que apresentar o menor motivo de dúvida.


Reconhece-se a obsessão pelas seguintes características:

1) Insistência de um Espírito em comunicar-se queria ou não o médium, pela escrita, pela audição, pela tiptologia etc., opondo-se a que outros Espíritos o façam.

2) Ilusão que, não obstante a inteligência do médium, o impede de reconhecer a falsidade e o ridículo das comunicações recebidas.

3) Crença na infalibilidade e na identidade absoluta dos Espíritos que se comunicam e que, sob nomes respeitáveis e venerados, dizem falsidades ou absurdos.

4) Aceitação pelo médium dos elogios que lhe fazem os Espíritos que se comunicam por seu intermédio.

5) Disposição para se afastar das pessoas que podem esclarecê-lo.

6) Levar a mal a crítica das comunicações que recebe.

7) Necessidade incessante e inoportuna de escrever.

8) Qualquer forma de constrangimento físico, dominando-lhe à vontade e forçando-o a agir ou falar sem querer.

9) Ruídos e transtornos em redor do médium, causados por ele ou tendo-o por alvo.

Os motivos da obsessão variam segundo o caráter do Espírito. 
Às vezes é a prática de uma vingança contra pessoa que o magoou na sua vida ou numa existência anterior. 
Freqüentemente é apenas o desejo de fazer o mal, pois como sofre, deseja fazer os outros sofrerem, sentido uma espécie de prazer em atormentá-los e humilhá-los. 
A impaciência das vítimas também influi, porque ele vê atingido o seu objetivo, enquanto a paciência acaba por cansá-lo. 
Ao se irritar, mostrando-se zangado, a vítima faz precisamente o que ele quer. 
Esses Espíritos agem às vezes pelo ódio que lhes desperta a inveja do bem, e é por isso que lançam a sua maldade sobre criaturas honestas.

Há Espíritos obsessores sem maldade, que são até mesmo bons, mas dominados pelo orgulho do falso saber: têm suas idéias, seus sistemas sobre as Ciências, a Economia Social, a Moral, a Religião, a Filosofia. 
Querem impor a sua opinião e para isso procuram médiuns suficientemente crédulos para aceitá-las de olhos fechados, fascinando-os para impedir qualquer discernimento do verdadeiro e do falso. São os mais perigosos porque não vacilam em sofismar e podem impor as mais ridículas utopias. 
Conhecendo o prestígio dos nomes famosos não têm escrúpulo em enfeitar-se com eles e nem mesmo recuam ante o sacrilégio de se dizerem Jesus, a Virgem Maria ou um santo venerado. 
Procuram fascinar por uma linguagem empolada, mais pretensiosa do que profunda, cheia de termos técnicos e enfeitada de palavras grandiosas, como Caridade e Moral. 
Evitam os maus conselhos, porque sabem que seriam repelidos, de maneira que os enganados os defendem sempre, afirmando: Bem vês que nada dizem de mau. 
Mas a moral é para eles apenas um passaporte, é o de que menos cuidam. 
O que desejam antes de mais nada é dominar e impor as suas idéias, por mais absurdas que sejam. (1)

Como já dissemos, o fascinado recebe geralmente muito mal os conselhos. 
A crítica o aborrece, irrita e faz embirrar com as pessoas que não participam da sua admiração. Suspeitar do seu obsessor é quase uma profanação, e é isso o que o Espírito deseja, que se ponham de joelhos ante as suas palavras.

As imperfeições morais do obsedado são frequentemente um obstáculo à sua libertação. 
Só podemos dar aqui alguns conselhos gerais, porque não há nenhum processo material, nenhuma fórmula, sobretudo, nem qualquer palavra sacramental que tenham o poder de expulsar os Espíritos obsessores. O que falta em geral ao obsedado é força fluídica suficiente. 
Nesse caso a ação magnética de um bom magnetizador pode dar-lhe uma ajuda eficiente. 
A subjugação corpórea tira quase sempre ao obsedado as energias necessárias para dominar o mau Espírito. 
É por isso necessária à intervenção de uma terceira pessoa, agindo por meio do magnetismo ou pela força da sua própria vontade. 
Na falta do concurso do obsedado, essa pessoa deve conseguir ascendente sobre o Espírito. 
Além disso, é sempre bom obter, por um médium de confiança, os conselhos de um Espírito superior ou do seu anjo da guarda
Como não há pior cego do que o que não quer ver, quando se reconhece a inutilidade de todas as tentativas para abrir os olhos do fascinado, o melhor que se tem a fazer é deixá-lo com as suas ilusões. Não se pode curar um doente que se obstina na doença e nela se compraz.

Regra geral: quem quer que receba más comunicações espíritas, escritas ou verbais, está sob má influência; essa influência se exerce sobre ele, quer escreva ou não, isto é, seja ou não médium, creia ou não creia. 
A escrita oferece-lhe um meio de assegurar da natureza dos Espíritos em ação e de os combater, se forem maus, o que se consegue com maior êxito quando se chega a conhecer os motivos da sua atividade. Se a sua cegueira é bastante para não lhe permitir a compreensão, outros poderão lhe abrir os olhos.

Em resumo: o perigo não está no Espiritismo, desde que este pode, pelo contrário, servir-nos de controle e preservar-nos do risco incessante a que nos expomos sem saber. 
Ele está na orgulhosa propensão de certos médiuns a se considerarem muito levianamente instrumentos exclusivos dos Espíritos superiores, e na espécie de fascinação que não lhes permite compreender as tolices de que são intérpretes. 
Mas mesmo os que não são médiuns podem se deixar envolver.



(1) Muitas pessoas aceitam com facilidade as comunicações assinadas por Jesus, Maria, João, Paulo e outras figuras exponenciais da Religião e da História, esquecidas das advertências doutrinárias. Mensagens com assinaturas dessa espécie são sempre suspeitas, pois Espíritos que habitualmente se comunicam conosco são, pela própria lei de afinidade, mais próximos de nós. (N. do T.) 


Fonte: O Livro dos Médiuns – Allan Kardec
(Cap. 23 – Da Obsessão)
Tradução: José Herculano Pires

            ''A Mediunidade e a Obsessão'' (Parte 1/2)


No número das dificuldades que a prática do Espiritismo apresenta é necessário colocar a da obsessão em primeira linha. Trata-se do domínio que alguns Espíritos podem adquirir sobre certas pessoas. 

São sempre os Espíritos inferiores que procuram dominar, pois os bons não exercem nenhum constrangimento. 

Os bons aconselham, combatem a influência dos maus, e se não os escutam preferem retirar-se. 

Os maus, pelo contrário, agarram-se aos que conseguem prender. 

Se chegarem a dominar alguém, identifica-se com o Espírito da vítima e a conduzem como se faz com uma criança.

                                                           ''A Obsessão''

A obsessão apresenta característica diversas que precisamos distinguir com precisão, resultantes do grau do constrangimento e da natureza dos efeitos que este produz. 
A palavra obsessão é portanto um termo genérico pelo qual se designa o conjunto desses fenômenos, cujas principais variedades são: a obsessão simples, a fascinação e a subjugação.

A obsessão simples verifica-se quando um Espírito malfazejo se impõe a um médium, intromete-se contra a sua vontade nas comunicações que ele recebe, o impede de se comunicar com outros Espíritos e substitui os que são evocados.

Não se está obsedado pelos simples fato de ser enganado por um Espírito mentiroso, pois o melhor médium está sujeito a isso, sobretudo no início, quando ainda lhe falta a experiência necessária, como entre nós as pessoas mais honestas podem ser enganadas por trapaceiros. 
Pode-se, pois, ser enganado sem estar obsedado. 
A obsessão consiste na tenacidade de um Espírito do qual não se consegue desembaraçar.

Na obsessão simples o médium sabe perfeitamente que está lidando com um Espírito mistificador, que não se disfarça e nem mesmo dissimula de maneira alguma as suas más intenções e o seu desejo de contrariar. 
O médium reconhece facilmente a mistificação, e como se mantém vigilante raramente é enganado. Assim, esta forma de obsessão é apenas desagradável e só tem o inconveniente de dificultar as comunicações com os Espíritos sérios ou com os de nossa afeição.

Podemos incluir nesta categoria os casos de obsessão física, que consistem nas manifestações barulhentas e obstinadas de certos Espíritos que espontaneamente produzem pancadas e outros ruídos. Quanto a este fenômeno, remetemos o leitor ao capítulo 'Das manifestações físicas espontâneas, nº 82.'

                                                        ''A Fascinação''

A fascinação tem consequências muito mais graves. 
Trata-se de uma ilusão criada diretamente pelo Espírito no pensamento do médium e que paralisa de certa maneira a sua capacidade de julgar as comunicações. 
O médium fascinado não se considera enganado. 
O Espírito consegue inspirar-lhe uma confiança cega, impedindo-o de ver a mistificação e de compreender o absurdo do que escreve, mesmo quando este salta aos olhos de todos. 
A ilusão pode chegar a ponto de levá-lo a considerar sublime a linguagem mais ridícula. 
Enganam-se os que pensam que esse tipo de obsessão só pode atingir as pessoas simples, ignorantes e desprovidas de senso. 
Os homens mais atilados, mais instruídos e inteligentes noutro sentido, não estão mais livres dessa ilusão, o que prova tratar-se de uma aberração produzida por uma causa estranha, cuja influência os subjuga.

Dissemos que as consequências da fascinação são muito mais graves. 
Com efeito, graças a essa ilusão que lhe é conseqüente o Espírito dirige a sua vítima como se faz a um cego, podendo levá-lo a aceitar as doutrinas mais absurdas e as teorias mais falsas como sendo as únicas expressões da verdade. 
Além disso, pode arrastá-lo a ações ridículas, comprometedoras e até mesmo bastante perigosas. (1)

Compreende-se facilmente toda a diferença entre obsessão simples e a fascinação. 
Compreende-se também que os Espíritos provocadores de ambas devem ser diferentes quanto ao caráter. 
Na primeira, o Espírito que se apega ao médium é apenas um importuno pela sua insistência, do qual ele procura livrar-se. 
Na segunda, é muito diferente, pois para chegar a tais fins o Espírito deve ser esperto, ardiloso e profundamente hipócrita. 
Porque ele só pode enganar e se impor usando máscara e uma falsa aparência de virtude.

As grandes palavras como caridade, humildade e amor a Deus servem-lhe de carta de fiança. 
Mas através de tudo isso deixa passar os sinais de sua inferioridade, que só o fascinado não percebe; e por isso mesmo ele teme, mais do que tudo, as pessoas que vêem as coisas com clareza. 
Sua tática é quase sempre a de inspirar ao seu intérprete afastamento de quem quer que possa abrir-lhe os olhos. 
Evitando, por esse meio, qualquer contradição, está certo de ter sempre razão.

                                                         ''A Subjugação''

A subjugação é um envolvimento que produz a paralisação da vontade da vítima, fazendo-a agir malgrado seu. 
Esta se encontra, numa palavra, sob um verdadeiro jugo.

A subjugação pode ser moral ou corpórea. 
No primeiro caso, o subjugado é levado a tomar decisões freqüentemente absurdas e comprometedoras que, por uma espécie de ilusão considera sensatas: é uma espécie de fascinação. 
No segundo caso, o Espírito age sobre os órgãos materiais, provocando movimentos involuntários. 
No médium escrevente produz uma necessidade incessante de escrever, mesmo nos momentos mais inoportunos. 
Vimos subjugados que, na falta de caneta ou lápis, fingiam escrever com o dedo, onde quer que se encontre, mesmo nas ruas, escrevendo em portas e paredes.

A subjugação corpórea vai às vezes mais longe, podendo levar a vítima aos atos mais ridículos. Conhecemos um homem que, não sendo jovem nem belo, dominado por uma obsessão dessa natureza, foi constrangido por uma força irrestivel a cair de joelhos diante de uma jovem que não lhe interessava e pedi-la em casamento. 
De outras vezes sentia nas costas e nas curvas das pernas uma forte pressão que obrigava, apesar de sua resistência, a ajoelhar-se e beijar a terra nos lugares públicos, diante da multidão. 
Para os seus conhecidos passava por louco(2), mas estamos convencidos de que absolutamente não o era, pois tinha plena consciência do ridículo que praticava contra a própria vontade e sofria com isso horrivelmente.

Dava-se antigamente o nome de possessão ao domínio exercido pelos maus Espíritos, quando a sua influência chegava a produzir a aberração das faculdades humanas. 
A possessão corresponderia, para nós, à subjugação. 
Se não adotamos esse termo, é por dois motivos: primeiro, por implicar a crença na existência de seres criados para o mal e perpetuamente votados ao mal, quando só existem seres mais ou menos imperfeitos e todos eles suscetíveis de se melhorarem; segundo, por implicar também a ideia de tomada do corpo por um Espírito estranho, numa espécie de coabitação, quando só existe constrangimento. 
A palavra subjugação exprime perfeitamente a ideia. 
Assim, para nós, não existem possessos, no sentido vulgar do termo, mas apenas obsedados, subjugados e fascinados.



(1) A fascinação é mais comum do que se pensa. 
No meio espírita ela se manifesta de maneira ardilosa através de uma avalanche de livros comprometedores, tanto psicografados como sugeridos a escritores vaidosos, ou por meio de envolvimento de pregadores e dirigentes de instituições que se consideram devidamente assistidos para criticarem a Doutrina e reformularem os seus princípios. 
Muito comum este fato, que vem ocorrendo com espantosa intensidade no Brasil, em virtude da propagação da prática espírita sem o desenvolvimento paralelo do conhecimento doutrinário. 
Por toda parte aparecem publicações inoportunas, desviando a atenção do público dos problemas fundamentais do Espiritismo, excitando a imaginação e o orgulho de médiuns incultos que, ainda em desenvolvimento, se deixam empolgar pela vaidade pessoal, dando atenção aos elogios de companheiros menos avisados e sendo envolvidos por Espíritos pseudo-sábios, sistemáticos, imaginosos. 
Todo cuidado é pouco nesse terreno. (N. do T.)

(2) Manias trejeitos, esgares, tiques nervosos e estados permanente de irritação provêm em geral de subjugações corpóreas. 
Conta-se por milhares os casos de cura obtida em sessões espíritas. 
Os médicos espíritas, hoje numerosos, geralmente conhecem essa causa e encaminham os clientes a trabalhos apropriados. 
Os médicos não-espíritas continuam a dar de ombros e a rir do que não conhecem, como faziam os seus colegas do tempo de Pasteur a respeito das infecções. (N. do T.)


Fonte: O Livro dos Médiuns – Allan Kardec
(Cap. 23 – Da Obsessão)
Tradução: José Herculano Pires

                                    ''A Alma''


Pergunta: O que é a alma?
Resposta dos Espíritos — Um Espírito encarnado.

Pergunta: O que era a alma, antes de unir-se ao corpo?
Resposta dos Espíritos — Espírito.

Pergunta: As almas e os Espíritos são, portanto, uma e a mesma coisa?
Resposta dos Espíritos — Sim, as almas não são mais que Espíritos. Antes de ligar-se ao corpo, a alma é um dos seres inteligentes que povoam o mundo invisível, e depois reveste temporariamente um invólucro carnal, para se purificar e esclarecer.

Pergunta: Há no homem outra coisa, além da alma e do corpo?
Resposta dos Espíritos — Há o liame que une a alma e o corpo.

Pergunta: Qual é a natureza desse liame?
Resposta dos Espíritos — Semi material; quer dizer, um meio-termo entre a natureza do Espírito e a do corpo. 
E isso é necessário, para que eles possam comunicar-se. 
E por meio desse liame que o Espírito age sobre a matéria, e vice-versa.

Comentário de Allan Kardec: O homem é, assim, formado de três partes essenciais:

1°) O corpo, ou ser material, semelhante aos dos animais e animado pelo mesmo princípio vital;
2°) A alma. Espírito encarnado, do qual o corpo é a habitação;
3°) O perispírito. 
Princípio intermediário, substância semi material, que serve de primeiro envoltório ao Espírito e une a alma ao corpo. Tais são, num fruto, a semente, a polpa e a casca.

Pergunta: A alma é independente do princípio vital?
Resposta dos Espíritos — O corpo não é mais que o envoltório, sempre o repetimos.

Pergunta: O corpo pode existir sem a alma?
Resposta dos Espíritos — Sim; e não obstante, desde que o corpo deixa de viver, a alma o abandona. Antes do nascimento não há uma união decisiva entre a alma e o corpo, ao passo que, após o estabelecimento dessa união, a morte do corpo rompe os liames que a unem a ele, e a alma o deixa. 
A vida orgânica pode animar um corpo sem alma, mas a alma não pode habitar um corpo sem vida orgânica.

Pergunta: O que seria o nosso corpo, se não tivesse alma?
Resposta dos Espíritos — Uma massa de carne sem inteligência; tudo o que quiserdes, menos um homem.

A divergência de opiniões sobre a natureza da alma provém da aplicação particular que cada qual faz desse vocábulo. Uma língua perfeita, em que cada ideia tivesse a sua representação por um termo próprio, evitaria muitas discussões; com uma palavra para cada coisa, todos se entenderiam.

Segundo uns, a alma é o princípio da vida orgânica material; não tem existência própria e se extingue com a vida: é o puro materialismo. De acordo com esta opinião, a alma seria um efeito e não uma causa.

Outros pensam que a alma é o princípio da inteligência, agente universal de que cada ser absorve uma porção. 
Segundo estes, não haveria em todo o universo senão uma única alma, distribuindo fagulhas para os diversos seres inteligentes, durante a vida; após a morte, cada fagulha volta à fonte comum, confundindo-se no todo, como os córregos e os rios retornam ao mar de onde saíram. 
De acordo com esta opinião, a alma universal seria Deus e cada ser uma porção da Divindade; é esta uma variedade do Panteísmo.

Segundo outros, enfim, a alma é um ser moral, distinto, independente da matéria e que conserva a sua individualidade após a morte. 
Esta concepção é incontestavelmente a mais comum, a ideia desse ser que sobrevive ao corpo se encontra em estado de crença instintiva, entre todos os povos, qualquer que seja o seu grau de civilização. 
Essa doutrina, para a qual a alma é causa e não efeito é a dos espiritualistas.

Sem discutir o mérito dessas opiniões e não considerando senão o lado linguístico da questão, diremos que essas três aplicações da palavra alma constituem três idéias distintas, que reclamariam cada uma um termo diferente. 
Essa palavra tem, portanto, significação tríplice, e cada qual está com a razão, segundo o seu ponto de vista ao lhe dar uma definição; a falha se encontra na língua, que não dispõe de mais de uma palavra para três idéias.

Para evitar confusões, seria necessário restringir a acepção da palavra alma a uma de suas idéias. 
Escolher esta ou aquela é indiferente, simples questão de convenção, e o que importa é esclarecer.
 Pensamos que o mais lógico é tomá-la na sua significação mais vulgar, e por isso chamamos ALMA ao ser imaterial e individual que existe em nós e sobrevive ao corpo.

Seja como for, há um fato incontestável, pois resulta da observação: é que os seres orgânicos possuem uma força íntima que produz o fenômeno da vida, enquanto essa força existe; que a vida material é comum a todos os seres orgânicos, e que ela independe da inteligência e do pensamento; que a inteligência e o pensamento são faculdades próprias de certas espécies orgânicas; enfim, que, entre as espécies orgânicas dotadas de inteligência e pensamento, há uma dotada de um senso moral especial que lhe dá incontestável superioridade perante as outras, e que é a espécie humana.


Retirado do‘Livro dos Espíritos’ – Allan Kardec

                   ''O homem: corpo, alma, perispírito''





Que é um ser humano?
- Um ser composto de uma alma e de um corpo, isto é, de espírito e carne.

Que é, então, a alma?
- É o princípio de vida em nós. A alma do homem é um Espírito encarnado; é o princípio da inteligência, da vontade, do amor, a sede da consciência e da personalidade.

Que é o corpo?
- O corpo é um envoltório de carne, composto de elementos materiais, sujeitos à mudança, à dissolução e à morte.

O corpo é, então, inferior à alma?
- Sim, porque ele é apenas sua vestimenta.

É necessário então desprezar o corpo, já que ele é inferior à alma?
- De maneira alguma: nada é desprezível. O corpo é o instrumento de que a alma tem necessidade para realizar seu destino; o operário não deve desprezar o instrumento com o qual ganha seu sustento.

A alma está encerrada no corpo ou é o corpo que está contido na alma?
- Nem uma nem outra coisa. 
- A alma, que é espírito, não pode ficar encerrada num corpo; ela irradia por fora, como a luz através do cristal da lâmpada. 
Nenhum corpo pode mantê-la materialmente cativo; ela pode exteriorizar-se.

Como está unida a alma ao corpo, o espírito à carne?
- Por meio de um elemento intermediário, chamado corpo fluídico ou perispírito, que participa, ao mesmo tempo, da alma e do corpo, do espírito e da carne e os vincula, de alguma forma, um ao outro.

Que quer dizer a palavra perispírito?
- Esta palavra quer dizer: o que está em torno do Espírito. 
- Da mesma forma que o fruto está contido num envoltório muito delgado chamado perisperma, o Espírito está envolvido por um corpo muito sutil denominado perispírito.

Como o perispírito pode unir a carne ao Espírito?
- Penetrando-os e permitindo se interpenetrarem. O perispírito comunica-se com a alma através de correntes magnéticas e com o corpo por meio do fluido vital e do sistema nervoso, que lhe serve, de certa forma, de transmissor.

Então, o homem é, na realidade, composto de três elementos constitutivos?
- Sim, esses três elementos são: o corpo, o espírito e o perispírito.

Quando e onde começa essa união da alma e do corpo?
- No momento da concepção, e se torna definitiva e completa por ocasião do nascimento.

A alma se separa do perispírito, quando se separa do corpo?
- Nunca. 
- O perispírito é sua vestimenta fluídica indispensável. 
-O perispírito precede a vida presente e sobrevive à morte. 
- É ele que permite aos Espíritos desencarnados materializar-se, isto é, aparecer aos vivos, falar-lhes, como acontece por vezes nas reuniões espíritas.

O perispírito é então um corpo fluídico semelhante a nosso corpo material?
- Sim. 
- É um organismo fluídico completo; é o verdadeiro corpo, as verdadeiras formas humanas, a que não muda em sua essência. 
- Nosso corpo material se renova a cada instante; seus átomos se sucedem e se reformam; nosso rosto se transforma com a idade; o corpo fluídico propriamente dito não se modifica materialmente; ele é nossa verdadeira fisionomia espiritual, o princípio permanente de nossa identidade e de nossa estabilidade pessoal.

Onde, então, o perispírito encontrou seu fluido?
- No fluido universal, isto é, na força primordial, etérea. 
- Cada mundo tem seus fluidos especiais, tomados ao fluido universal; cada Espírito tem seu fluido pessoal, em harmonia com o do mundo que ele habita e seu próprio estado de adiantamento.


Retirado do livro 'Síntese Doutrinária' – Léon Denis